'Detesto a ideia de que para ser escritor é preciso sofrer', diz Rosa Montero, estrela da Flip

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"Vocês são as pessoas mais carinhosas do mundo", disse, em português, a escritora Rosa Montero, assim que subiu ao palco do Auditório da Matriz na noite deste sábado, 2, na Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip 2025. Ela retribuía o amor do público, que lotou o espaço e a aplaudiu de pé.

O retorno de Rosa, hoje um dos grandes nomes da literatura espanhola, ocorre 21 anos depois de sua primeira passagem pelo evento. Em 2004, ela esteve aqui como uma escritora pouco conhecida, mas que ganhou o carinho do público com seu carisma e criatividade do livro que lançava na época: A Louca da Casa, recém reeditado pela Todavia.

Já neste ano, ela é considerada a grande estrela da festa, com outros quatro livros publicados no Brasil, todos pela mesma editora: A Boa Sorte, Nós, Mulheres, A Ridícula Ideia de Nunca Mais te Ver e O Perigo de Estar Lúcida. Este último, que discorre sobre a relação entre loucura e criatividade, deu tom ao início da conversa com o mediador Paulo Roberto Pires.

"Os romancistas são pessoas que não amadureceram totalmente", disse Rosa, completando que pessoas que precisam ler "para aguentar a vida, como acredito que são muitos de vocês" - sinalizou para a plateia - "são pessoas que não têm o cérebro desenvolvido de maneira adequada."

"O meu cérebro está o tempo todo imaginando coisas, que não servem para nada, que eu não controlo", continuou. Essas imagens, disse ela, nascem a partir do inconsciente, de onde vem os sonhos. De repente uma dessas imagens a emociona, a enche de curiosidade. É pela necessidade de saber mais sobre essas imagens que nascem os romances de Rosa.

Após ler um trecho de A Louca da Casa, Rosa discorreu sobre sua relação com a ficção, e como se dedicar mais a ela a ajudou a parar de ter crises de pânico, com os quais ela sofreu até os 30 anos. "A loucura é uma ruptura da narrativa comum. É uma sensação de solidão que não é compreensível, não se pode explicar", disse. "Tem psiquiátricos que dizem que um romance é um delírio controlado."

A escritora, que trabalhou por anos como jornalista e segue sendo colaboradora do El País, lembrou que estudou jornalismo porque pensava que precisava de uma ocupação que não a de romancista para se sustentar. Mas disse que isso acabou sendo importante: "Uma coisa essencial é não viver de literatura criativa porque ela precisa ser o mais livre possível. É preciso achar outra maneira de ganhar a vida."

Por mais que fale da loucura e dos transtornos mentais entre os escritores, Rosa diz que renega o estereótipo do escritor sempre em sofrimento. "Detesto essa ideia de que para ser escritor precisa sofrer muito. É mentira. Não é preciso sofrer muito para nada."

Rosa também discutiu a criação de seu livro A Ridícula Ideia de Nunca Mais Te Ver, em que aborda a morte de seu marido, Pablo Lizcano, em 2009, em diálogo com o diário de luto da cientista Marie Curie, que perdeu o marido, Pierre Curie, em um acidente de carruagem.

A escritora explicou que sua relação com a literatura não é a de escrever sobre a própria vida, mas, dois anos após a morte de Pablo, quando tomou contato com os escritos de Curie, sentiu que podia falar não só do próprio luto, mas do luto de todos.

A escritora também falou sobre a própria obsessão com a morte e o envelhecimento, como sentia medo de chegar à maturidade - algo que ela abordou em entrevista ao Estadão -, e como escrever foi o antídoto, aquilo que a ajudou a não ter medo da morte. Durante a mesa, Rosa ainda lembrou do início de sua formação acadêmica, nos anos 1970, que coincidiu com a transição democrática na Espanha.

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Um caminhão está atravessado na pista externa do Rodoanel Mário Covas, na altura do km 44, no trecho de Itapecerica da Serra, na região metropolitana de São Paulo, no sentido da Rodovia Presidente Dutra e do Sistema Anchieta-Imigrantes. Conforme informações da SPMar, o condutor do veículo foi vítima de sequestro na fim da madrugada desta quarta-feira, 12. Há interdição no local.

"O motorista foi sequestrado.(Criminosos) mandaram o motorista atravessar o caminhão (na via). E ele está amarrado na cabine a um artefato caseiro. Estamos esperando a chegada do Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE)", disse a concessionária. Conforme informações iniciais da SPMar, ele foi abordado e levado por três criminosos, que posteriormente, após fazê-lo fugiram do local.

Segundo informações apuradas, o condutor do veículo informou ter sido vitima de assalto seguido de sequestro por volta das 04h da manhã, foi abordado por 3 indivíduos e obrigado a realizar manobra atravessando o veículo na pista e na sequencia evadiram-se.

A Secretaria da Segurança Pública do Estado disse que a Polícia Militar Rodoviária foi acionada ainda na madrugada desta quarta-feira para atender a ocorrência. Na ocasião, um motorista teria acionado o centro de controle da rodovia e informado que era vítima de sequestro e que havia explosivos na carreta.

Em razão disso, foi determinada a interdição das pistas no trecho, como medida preventiva para garantir a segurança dos usuários e das equipes de atendimento. O local foi devidamente sinalizado e isolado pelo Policiamento Rodoviário, e a ocorrência permanece em andamento. "O Esquadrão Antibombas do GATE foi acionado e segue para o local com apoio aéreo do helicóptero Águia", disse a SSP.

As autoridades competentes acompanham a operação e aguardam a chegada dos recursos especializados para a adoção das providências cabíveis. A orientação aos motoristas é evitar o local e utilizar vias alternativas. Há congestionamento do km 44 ao 31. A ocorrência permanece em andamento.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta terça-feira, 11, uma nova versão do mapa-múndi, com o estado do Pará no centro do planeta, como forma de valorizar a COP30, evento mundial que está acontecendo em Belém para debater o combate às mudanças climáticas.

O mapa está invertido ao que normalmente é mostrado, com o hemisfério sul na parte de cima e o hemisfério norte na parte de baixo. Em postagem nas redes sociais, o IBGE "afirma que é uma forma de valorizar Belém como capital simbólica do Brasil durante a COP, no mês em que o compromisso de construir uma transição ecológica justa e sustentável ganha destaque".

A representação também demarca o território do Brasil, da Amazônia, dos outros países que tem partes da maior floresta tropical do planeta e a "Amazônia Azul", a região do Oceano Atlântico que se projeta a partir do litoral até o limite exterior da Plataforma Continental brasileira, de exploração econômica exclusiva do Brasil.

A COP em Belém é a trigésima edição da "Conferência entre as Partes", evento anual realizado pela Organização das Nações Unidas para debater o combate às mudanças climáticas. O principal objetivo é chegar a acordos entre todos os países para evitar o aumento na temperatura média da terra em 1,5ºC em relação à média de antes do início da revolução industrial. É a primeira vez que uma COP ocorre no Brasil.

Em 2024, o IBGE havia publicado uma versão do mapa-múndi com o Brasil no centro, em versão atualizada do Atlas Geográfico Escolar. Na ocasião, a mudança gerou polêmica, com acusações nas redes sociais de que refletiria uma visão ideológica do ensino de geografia.

O presidente do IBGE, Márcio Pochmann, defendeu a decisão de colocar o Brasil no centro após as reações. "A centralidade dos países do Norte Global nas projeções cartográficas é expressão do projeto eurocentrista de modernidade Ocidental. A emergência do Sul Global acompanha o reposicionamento do Brasil no mapa-múndi", disse, nas redes sociais.

Tecnicamente, tanto o mapa com Belém no centro como o do Brasil são tão corretos quanto possível para representar uma superfície real que é esférica numa imagem plana. No espaço, não existe em cima e embaixo, portanto, os hemisférios norte e sul foram definidos apenas por convenção, enquanto qualquer lugar pode ser considerado o centro - outros países, como Austrália e Nova Zelândia também fazem mapas nos quais seus territórios aparecem no centro.

A Prefeitura de São Paulo tem até o dia 8 de dezembro para regulamentar o serviço de transporte de passageiros por motocicletas na capital paulista.

Em setembro, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) considerou inconstitucional o decreto municipal que proibia esse tipo de modal na cidade e estabeleceu prazo de 90 dias para que a Prefeitura regulamente a atividade, atualmente proibida nas vias paulistanas.

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) trava desde 2023 uma disputa judicial contra plataformas como 99 e Uber, que tentam implantar o serviço de transporte de passageiros por motocicleta em São Paulo. Nunes alega risco de aumento de acidentes, enquanto as empresas defendem a modalidade como alternativa de deslocamento em áreas desassistidas pelo transporte público.

O prefeito, no entanto, vem acumulando derrotas nesse embate. Depois de ter o decreto de 2023 declarado inconstitucional pelo TJ-SP, o Supremo Tribunal Federal (STF) também julgou inconstitucional a Lei nº 18.156/2025, sancionada em junho deste ano pelo governo paulista, que dava autonomia aos municípios para vetar ou autorizar o mototáxi e os aplicativos de moto.

Em ambos os casos, as decisões foram motivadas por uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) movida pela Confederação Nacional dos Serviços (CNS), que argumentou que a norma estadual invadia a competência da União para legislar sobre trânsito e transporte.

O relator, ministro Alexandre de Moraes, ao suspender a lei por liminar, apontou que a norma criava critérios e exigências não previstos na legislação federal e permitiria que os municípios regulamentassem o serviço de forma incompatível com o que estabelece a União. Todos os demais ministros acompanharam o voto pela inconstitucionalidade.

Nunes rebateu a decisão e afirmou não haver invasão de competência. "Se eles (ministros do STF) entendem que existe alguma lacuna na legislação federal - do meu ponto de vista, não há -, poderiam ter tido a sensibilidade de criar um ordenamento para que a gente preservasse vidas", disse o prefeito durante agenda na segunda, 10. Apesar de STF e TJ entenderem que a Prefeitura não tem poder de barrar o serviço, o tipo de transporte não está sendo oferecido porque a atividade ainda não está regulamentada.

Manobra via projeto de lei no Congresso

Questionada sobre como pretende regulamentar o serviço - se por meio de decreto ou com a realização de audiências públicas -, a Prefeitura não respondeu. A assessoria encaminhou à reportagem um áudio do prefeito, gravado em agenda nesta terça-feira, no qual ele afirma esperar a aprovação de um projeto de lei do deputado federal Maurício Neves (PP-SP), que pode barrar o serviço de transporte de passageiros por motocicleta.

A proposta estabelece condições para que os municípios possam oferecer o modal, desde que tenham baixos índices de mortes no trânsito e disponibilidade de leitos hospitalares para atender vítimas de acidentes. Como a capital tem um índice elevado, Nunes acredita que ficaria de fora da autorização.

"No Senado, eu já conversei com o presidente Davi Alcolumbre; na Câmara, com o presidente Hugo Motta. Temos levado todos os dados e estatísticas, mostrando a importância de aprovar essa lei", afirmou Nunes. "Eu tenho que correr contra o tempo para aprovar o projeto de lei do Maurício Neves e, com isso, salvar vidas", completou o prefeito, sem dar mais detalhes sobre o processo de regulamentação.

Comissão estudar fazer audiência pública no final do mês

A vereadora Renata Falzoni (PSOL), presidente da Subcomissão do Serviço de Transporte Individual de Passageiros por Motocicleta, dentro da Comissão de Trânsito, Transporte e Atividade Econômica, da Câmara Municipal de São Paulo, disse ao Estadão que uma audiência pública deverá ser marcada no final deste mês, em data ainda não definida.

"Já foi realizada, no primeiro semestre, uma audiência pública pela subcomissão, e, agora, pretendemos realizar uma audiência pública de encerramento", disse a parlamentar. Outras audiências públicas foram organizadas pela comissão presidida pela vereadora, mas todas foram realizadas no primeiro semestre deste ano. Caso o encontro de novembro seja confirmado, será o primeiro após a exigência da regulamentação pelo Judiciário.

"A ideia é que tenhamos um encerramento participativo, e é essa a importância de uma audiência pública: ouvir os atores envolvidos, a sociedade civil, empresas. Enfim, todos aqueles que pretendem se manifestar sobre a temática. Um desfecho democrático para selar os trabalhos intensos dessa subcomissão", completou.