'Sertanejos não precisam da Globo': ausência de ídolos do estilo no Prêmio Multishow

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O canal Multishow é dono da premiação mais importante da música pop brasileira atualmente. A edição de 2023 ocorreu nesta terça-feira, 7, e, pela primeira vez, foi transmitida também pela TV Globo. Inúmeros artistas marcaram presença e, entre os premiados, estiveram Iza, Ludmilla e João Gomes. A transmissão destacou, desde o início, a diversidade de gêneros da música brasileira.

 

Nos bastidores, porém, uma ausência foi sentida: grandes sertanejos, que julgaram terem sido sub-representados nas categorias principais da premiação, deixaram de cantar no prêmio ou comparecer à festa. Ana Castela, indicada (mas não premiada) como Artista do Ano, também não compareceu. Em nota, porém, a assessoria da cantora disse que o fato aconteceu "por motivos pessoais". Leia mais abaixo.

 

Artistas de forró, pagode, funk, pop, axé, eletrônica e outros estilos se misturaram nas apresentações e na cerimônia. Os grandes sertanejos, geralmente protagonistas de seus megaeventos, não apareceram, com exceção de Simone Mendes e Michel Teló.

 

Um profissional que participou da produção contou ao Estadão que a cantora, maior sucesso sertanejo atualmente, cancelou na véspera. Como alternativa, Michel Teló foi realocado para se apresentar com Simone Mendes, a única sertaneja que cantaria no Prêmio Multishow. "O Teló pintou de última hora", disse.

 

"Há uma camada de orgulho deles (os sertanejos), uma coisa do tipo 'nós não precisamos da Globo'. Tanto que vai ter uma premiação própria para mostrar a autossuficiência do sertanejo. Eles, como indústria, tentando se mostrar independentes da necessidade de a Globo estar ali junto com eles como catapulta de sucesso" disse o profissional, que preferiu não se identificar.

 

Mas existe um esforço da Globo e do Multishow para dar destaque ao estilo musical mais popular do Brasil. "Há uma contradição. Por mais que o Multishow não seja um canal que priorize o sertanejo, dos últimos anos para cá há uma tendência de conexão com o gênero. O Circuito Sertanejo, esse ano, transmitiu seis rodeios, com duplas sertanejas grandes, relevantes, que boicotaram a premiação."

 

Em nota enviada ao Estadão, a assessoria do Multishow destacou esse fato, citando as categorias Hit do Ano, oferecida a Simone Mendes por Erro Gostoso, e outra criada especialmente para o gênero, Sertanejo do Ano. Esta última também premiou Simone.

 

Reclamação pública

 

Gustavo Mioto, namorado de Ana Castela e outro grande nome do sertanejo atual, chegou a falar indiretamente sobre o tema, sem citar o nome da premiação, à época da divulgação dos nomes indicados.

 

Na ocasião, ele fez uma publicação no X, antigo Twitter, citando uma parceria feita com a cantora Mari Fernandez, Eu Gosto Assim, e a época em que apresentou o programa TVZ no Multishow. "Não adianta, nada muda lá. Todo ano a mesma coisa", escreveu em outra postagem.

 

"Dito isso, vocês sabem quem eu acho que tem que ganhar tudo que está concorrendo e qualquer coisa fora disso está errado de novo", prosseguiu em um terceiro tuíte. "Pelo menos isso."

 

O Estadão entrou em contato com a assessoria de Gustavo Mioto para comentar sobre o tema, mas ainda não obteve retorno. O espaço segue aberto.

 

"A Ana não foi ao prêmio por questões pessoais, nada relacionado ao Gustavo. Ela é fã de muitos dos artistas que estavam lá ontem e se foram ganhadores foi por merecimento, porque foram votados. Inclusive havia representante dela lá caso ganhasse", disse a assessoria da cantora ao Estadão.

 

Mesmo assim, a suposta falta de representação no Prêmio Multishow passou a movimentar fãs de artistas contemporâneos relevantes e perfis influentes do gênero. O perfil Versinho, antigo Verso Sertanejo, que conta com mais de 1 milhão de seguidores no X, por exemplo, citou o caso em publicações feitas nesta terça.

 

"Se a Ana Castela não ganhar [a categoria] Artista do Ano, pode fechar esse prêmio", escreveu em uma delas. A categoria, por fim, premiou Iza. O perfil, então, citou o Prêmio Marília Mendonça, uma cerimônia focada apenas no sertanejo, que vem sendo colocada como uma "alternativa" às premiações em que os artistas, supostamente, estariam sendo invisibilizados.

 

O prêmio, que estava marcado para o dia 24 do último mês, conta com 13 categorias, incluindo Artista Solo Masculino, Artista Solo Feminino, Dupla Masculina, Dupla Feminina e Hit do Ano, mas foi adiado. Ainda não foi divulgada a nova data.

 

"Aí, sim, teríamos pessoas que acompanham e conhecem de sertanejo", apontou Versinho. "O caminho é esse mesmo: ter um prêmio exclusivo para o sertanejo, já que nenhum outro valoriza o principal gênero do país."

 

'Não precisam da Globo'

 

Italo Ribeiro, à frente do perfil Versinho, diz ao Estadão que acredita que os artistas "não precisam da Globo para fazer sucesso", apesar de avaliar que a relação entre a emissora e os artistas não irá ser afetada. "Acaba sendo um espaço grande de mídia", diz.

 

Para Marcus Bernardes, jornalista à frente do Blognejo, perfil no Instagram dedicado ao assunto, a reação, realmente, teria sido gerada a uma suposta falta de reconhecimento a Ana Castela. Marcus, porém, não acredita que o Prêmio Marília Mendonça irá servir como um substituto ao Prêmio Multishow e nem que artistas deixarão de comparecer a programas da Globo.

 

"O sertanejo demonstra indignação e tudo mais, mas no fim das contas segue com o mesmo relacionamento", comenta. "E a Globo sabe o quanto o segmento sertanejo gera de repercussão. Prova disso é a quantidade de novelas rurais no ar ou em produção."

 

Para Italo, o Prêmio Marília Mendonça terá, sim, o potencial de "bater de frente" com outras cerimônias. "Talvez até abra os olhos deles para uma valorização maior do sertanejo. Infelizmente, chegou ao ponto de ter que criar uma premiação exclusiva", afirma.

 

Reação justa?

 

Marcus considera que seja justo cobrar pelo reconhecimento de Ana Castela, mas não acredita que o mercado leve em conta a visibilidade recebida integralmente. Como exemplo, ele cita a cantora Simone Mendes, premiada na categoria Hit e Sertanejo do Ano com Erro Gostoso, que, conforme o criador do Blognejo, não estaria tendo ampla repercussão em páginas do gênero.

 

"Existe uma mania frequente do sertanejo de reclamar de coisas que costumam ser colocadas contra o gênero e de se mobilizar através das redes sociais para esse tipo de reação e esta está sendo apenas mais uma delas", comenta. Marcus também cita a cantora Luísa Sonza, que, mesmo tendo ampla relevância, não foi reconhecida em nenhuma categoria.

 

Multishow disse ter dado destaque ao gênero com categoria própria e nomeações

 

Em nota, a assessoria do Prêmio Multishow disse que deu destaque ao gênero, citando a categoria Sertanejo do Ano, além de nomeações de artistas do estilo ao prêmio em outras categorias de destaque. Segundo a cerimônia, as indicações são feitas por um grupo de mais de 700 jurados ligados à indústria da música, que escolhem finalistas de todas as categorias e elegem os vencedores de 17.

 

Leia a nota completa:

 

"Nesta edição do Prêmio Multishow, o sertanejo ganhou uma categoria própria, além de ter sido representado em outras, como Hit do Ano e Artista do Ano, com indicações feitas pela Academia. O grupo de mais de 700 jurados, formado por pessoas ligadas à indústria da música, é responsável por eleger todos os finalistas das 23 categorias e os vencedores de 17 delas - os outros cinco ganhadores são eleitos pelo público. O prêmio de Hit do Ano foi para uma música sertaneja. Além disso, o gênero também foi celebrado no palco da cerimônia com uma performance musical com grandes nomes da música."

 

*Estagiária sob supervisão de Charlise de Morais

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Ainda hoje, muitos órgãos para transplante são transportados em embalagens que usam o gelo para manter refrigeração, sem controle preciso da temperatura. Pensando nisso e em outras demandas baseadas na realidade brasileira, pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) desenvolveram uma embalagem inteligente que promete mudar esse cenário.

O produto é equipado com um sistema de monitoramento em tempo real, via internet, que permite rastrear o órgão e detectar qualquer queda ou alteração de temperatura durante o transporte. A embalagem, além disso, possui uma autonomia de até 6 horas e conexão de backup para garantir a continuidade do processo em situações adversas.

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De acordo com a professora, existe uma perda estimada de 5% dos órgãos que são transportados a uma longa distância. As caixas, ela explica, precisam passar por diferentes ambientes, como aeroportos e táxis, onde muitas vezes a temperatura do ar-condicionado não é suficiente para manter a refrigeração adequada.

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A inovação é mais cara do que as embalagens padrão. A estimativa é de que chegue ao mercado por um valor entre R$ 10 mil e R$ 15 mil. "Mas, comparando com caixas desenvolvidas em outros países, é mais barata", assegura a pesquisadora. "Caixas (estrangeiras) que ainda usam gelox, mas são rastreadas são vendidas por R$ 80 mil no Brasil. Desenvolvemos o produto para ter uma caixa nossa, da qual possamos nos orgulhar e que, sobretudo, seja mais barata."

Recentemente, foi concluída a etapa de validação pré-clínica da nova embalagem por meio de um estudo de caso-controle. Nessa fase, foi feita uma comparação entre o modelo atualmente utilizado no Brasil e a proposta desenvolvida pelos pesquisadores. Segundo Bartira, os resultados demonstraram que a nova embalagem é segura para o transporte de órgãos e tecidos destinados a transplantes.

O produto ainda deve passar por outros testes com órgãos humanos e a expectativa é que esteja disponível no mercado no início de 2026. A embalagem começou a ser desenvolvida em 2017, sem nenhum tipo de apoio financeiro, e em 2020 recebeu um aporte da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

A tecnologia foi desenvolvida pela Unifesp, por meio da Escola Paulista de Enfermagem e da Escola Paulista de Medicina, em parceria com a São Rafael Câmaras Frigoríficas, Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) e o Centro de Tecnologia em Embalagem para Alimentos do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL).

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O tráfico fazia uso de satélites e embarcações com autonomia para travessias oceânicas, inclusive veleiros. Mais de 300 policiais federais e 50 policiais militares do estado de São Paulo dão cumprimento a quatro mandados de prisão preventiva, 31 de prisão temporária e 62 de busca e apreensão, em endereços de São Paulo, Rio de Janeiro, Maranhão, Pará e Santa Catarina. Até agora, 23 investigados foram presos.

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