'Beleza Fatal': o que se sabe sobre a primeira novela original da Max na América Latina

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Sim, Beleza Fatal será uma novela. A primeira produção do gênero da Max (que, até ontem se chamada HBO; entenda o que muda) na América Latina terá apenas 40 capítulos, formato costumeiramente usado para séries ou minisséries, e todos os elementos de uma produção do gênero: melodrama, ganchos típicos de folhetins televisivos e, principalmente, será feita, no geral, por profissionais - atores e diretores - criadores e crias do modo consagrado da TV aberta.

 

Escrita por Raphael Montes - autor do livro e da série Bom Dia, Verônica -, Beleza Fatal terá supervisão geral de Silvio de Abreu e direção de Maria de Médicis. Monica Albuquerque, também ex-TV Globo, está à frente da diretoria de gestão e talentos da Warner Bros. Discovery, ao qual a Max pertence.

 

Mais novela impossível, não? Vai além: terá como protagonistas atrizes e atores familiares para os fãs do gênero: Camila Pitanga, Giovanna Antonelli, Camila Queiroz, Herson Capri e Caio Blat.

 

Estreia

A novela não tem data certa de estreia, mas entrará no ar - ainda em formato a ser definido - antes de Dona Beja, outra novela brasileira que vem sendo produzida pela Max. Será uma história fechada, ou seja, não sofrerá com a influência da audiência, que tem poder de alterar o destino de tramas e personagens na televisão aberta.

 

Set e personagens de Beleza Fatal

A reportagem do Estadão visitou o set de Beleza Fatal em São Paulo no dia 20 de fevereiro. Embora a história se passe no Rio de Janeiro, boa parte das gravações, que devem se encerrar nas próximas semanas, ocorre em um imenso galpão que abrigava uma fábrica de turbinas na cidade de Osasco, vizinha de São Paulo.

 

É nesse galpão transformado em estúdios que estão montados os principais cenários de Beleza Fatal. Um deles é o da LolaLand, clínica de estética de Lola, a vilã interpretada por Camila Pitanga. Lola tem um segredo que remete à primeira fase da novela - condensada nos cinco primeiros capítulos.

Mulher que ascende socialmente, Lola consegue abrir sua clínica de estética, mas será vítima do desejo de vingança nutrido por sua sobrinha, Sofia, personagem de Camila Queiroz. Sofia entra na vida de Lola e passa a trabalhar em sua clínica com objetivo de revidar a prisão de sua mãe, vítima de uma injustiça de Lola. Entre uma e outra está Elvira Paixão, interpretada por Giovanna Antonelli, um tipo bem popular.

 

Camila Queiroz diz que Sofia tem tripla personalidade. "A busca dela por vingança vira uma obsessão e admiração. Até onde ela quer se vingar ou ser a Lola? Isso se confunde dentro dela. Ela sempre precisará dar um passo maior. Não é uma mocinha clássica", explica a atriz.

Para Camila Pitanga, sua personagem é retrato de uma classe dominante. "Lola é uma vilã passional. Ela é muito dissimulada para seus adversários, não tem pudor em humilhar ou destruir uma pessoa. Mas, aos olhos do público, é transparente. Isso deve gerar certa empatia com o telespectador", avalia Camila Pitanga.

 

Uma vilã clássica, portanto. Odete Roitman (Vale Tudo), Raquel (Mulheres de Areia), Carminha (Avenida Brasil) e Irene (Terra e Paixão) ganharam fãs e entraram para a história das telenovelas, mesmo com todo arsenal de maldades que usaram durante suas curtas vidas de oito meses, o tempo de uma novela.

 

Estética e padrões de beleza

Lola, entretanto, tem um elemento bastante atual: representa a procura literalmente desmedida pela estética de rosto e corpo. Tudo será possível em LolaLand, sua clínica decorada em tons de rosa, branco e dourado - e sempre com um champanhe no gelo à espera de seus clientes.

"Ela representa a artificialidade de quando você está presa no mundo da beleza padrão, de um tipo de aparência. É disso que ela vive", diz Camila.

 

Na história, o antagonismo também se dá nessa questão. De um lado está LolaLand, onde tudo é possível. Do outro, a renomada clínica do cirurgião plástico Heitor Argento, personagem do ator Herson Capri. Uma espécie de Ivo Pitanguy. Aparelhos reais usados em centro cirúrgicos foram levados para o set de Beleza Fatal.

 

Capri, que trabalhou na TV Globo por 35 anos, onde fez novelas como Felicidade (203 capítulos) e Renascer (213 capítulos), recebe um personagem cujo arco dramático se desenvolve em 40 episódios. Uma oportunidade, segundo ele, de ser fiel ao seu feeling de ator.

 

"Eu sei para onde eu vou. Me dá mais confiança de ser mais profundo. Em uma novela aberta, muitas vezes, eu invisto em algo que, lá para frente, posso ter que mudar", diz.

 

A casa utilizada nas cenas da família de Átila Argento fica no Morumbi. O interior foi reproduzido com detalhes nos estúdios em Osasco. Fazem parte desse núcleo ainda os atores Marcelo Serrado, Murilo Rosa, Julia Stockler, Caio Blat e Augusto Madeira.

 

Desafio no streaming

Beleza Fatal, de Raphael Montes, terá um "piquezinho" de série, diz a diretora geral da novela, Maria de Médicis. Para Maria, que faz questão de reforçar que a produção é, de fato, uma novela, essa é uma característica do texto de Montes.

Isso tem a ver, obviamente, com o número de capítulos. Tudo deve ocorrer de maneira mais ágil na trama. "Não há cenas de 'oi, tudo bem?'. É tudo mais vibrante, compacto, e repleto de acontecimentos", afirma a diretora.

 

Sem a necessidade de retomar histórias a todo instante - como é de praxe nas novelas tradicionais -, o texto, acredita a diretora, se torna mais "rico", com diálogos realmente interessantes e profundos. Maria recebeu a novela inteira, antes mesmo de iniciar as gravações.

Herson Capri afirma estar na expectativa sobre como Beleza Fatal será recebida. Para ele, é um momento de transição. "Temos uma questão social. Nem todo mundo no Brasil pode ter assinatura de uma plataforma de streaming. Devia ser a educação, mas foram as novelas e a TV aberta que se tornaram um fator de integração nacional", diz o ator.

 

Para Capri, por outro lado, uma novela no streaming dará o poder de escolha ao espectador. Ele quer ou não assistir àquele conteúdo? "Com isso, pode-se ir mais profundamente em questões éticas, do racismo, da misoginia, do racismo, da homofobia. Todas essas questões estão colocadas em Beleza Fatal de uma maneira que eu nunca havia feito antes", analisa.

Para Maria de Médicis, a incursão das plataformas de streaming no gênero das telenovelas vai ajudar com que elas se popularizem entre o público. Outro desafio será a adaptação das plataformas em viabilizar orçamentos - a Globo, por exemplo, já tem uma fábrica de novelas estruturada - para que os custos de produção se tornem viáveis, sobretudo em obras maiores.

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Um avião da companhia aérea Latam solicitou prioridade de pouso no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) na noite de segunda-feira, 24, por "questão técnica", segundo informou a empresa. Foi o segundo caso do dia no terminal da Grande São Paulo. Mais cedo, a Gol também relatou problemas. Ambas as companhias disseram que os passageiros ficaram bem

"O pouso do voo LA3613 (São Luís-São Paulo/Guarulhos) ocorreu em completa segurança no destino e os passageiros desembarcaram sem intercorrências. A companhia reforça que adota todas as medidas de segurança técnicas e operacionais para garantir uma viagem segura para todos", disse a Latam.

No caso da Gol, o trajeto do voo G3 1033, entre o Santos Dumont (SDU) e Congonhas (CGH), também foi alterado em razão de problemas técnicos.

"O voo foi alternado para Guarulhos (GRU), onde pousou normalmente, sem qualquer intercorrência. Todos os clientes desembarcaram no aeroporto da Grande São Paulo e receberam as facilidades previstas pela Resolução 400 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Em nota, o Aeroporto Internacional de São Paulo informou que, em decorrência da necessidade de dois pousos com prioridade, foi ativado o plano de emergência para o acompanhamento da chegada de duas aeronaves. "Nenhuma ação extraordinária foi necessária."

O Ministério Público de Pernambuco (MP-PE) se manifestou favoravelmente a um pedido do dono da casa de apostas Esportes da Sorte, Darwin Henrique da Silva Filho, investigado na Operação Integration, para retirar do caso a juíza Andréa Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal de Pernambuco.

O empresário alega, por meio da defesa, que a magistrada é parcial na condução dos trabalhos, atropelou ritos processuais e já fez um pré-julgamento. Calado da Cruz, por sua vez, critica a "inércia do órgão ministerial", vislumbra um possível esquema de lavagem de dinheiro do jogo do bicho por meio de bets e tenta manter ampliado o escopo da operação que acabou atingindo outra casa de apostas, a Vaidebet, ligada ao cantor Gusttavo Lima.

Procurada pela reportagem para comentar o caso, a juíza não se manifestou.

Darwin Filho apresentou ao Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), em dezembro, uma exceção de suspeição contra a juíza. Caso o pedido seja julgado procedente, a magistrada fica impedida de continuar atuando no caso.

Nesta segunda-feira, 24, o Ministério Público de Pernambuco se manifestou sobre o pedido e concordou com o investigado afirmando que Andréa Calado da Cruz não tem condições de permanecer à frente do processo. Para os promotores de Justiça, "fatos e circunstâncias" da atuação da juíza "indicam claramente quebra da imparcialidade subjetiva e objetiva, bem como flagrante violação do sistema acusatório".

O MP-PE alega que ela "falta com a verdade", atua como "verdadeira magistrada investigadora" e tem "paixão pela investigação". O trabalho da Promotoria é liderado pelo coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Roberto Brayner.

"A magistrada se arvora implacável combatente da criminalidade, proferindo inconcebíveis acusações em face da atuação do Ministério Público, ao mesmo tempo em que manifesta juízo de prelibação [análise de admissibilidade, antes do mérito] sobre a culpabilidade dos investigados, violando o princípio da imparcialidade", diz o parecer.

A ação foi movida por Darwin, da pernambucana Esportes da Sorte, na esteira de uma briga que já resultou no arquivamento da investigação sobre a Vaidebet, casa de apostas paraibana de José André da Rocha Neto e de Aislla Rocha, próximos de Gusttavo Lima.

A Promotoria não viu indícios de crimes na operação da Vaidebet e pediu o arquivamento. A juíza foi contra e o caso subiu para apreciação da Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ), a chefia do MP de Pernambuco. A cúpula acompanhou o entendimento dos promotores e essa parte da investigação acabou arquivada. Durante a briga, a magistrada chegou a afirmar nos processos que o MP "protege interesses".

Ao destacar a necessidade de arquivamento da parte relacionada à Vaidebet, o MP reiterou a existência de "fortes indícios de práticas de atividades empresariais ilícitas" na operação da Esportes da Sorte. Agora, a bet investigada e os promotores concordam, em uma mesma ação, sobre a postura da juíza da 12ª Vara.

Após o arquivamento, a Polícia Civil de Pernambuco pediu a reabertura da investigação contra a Vaidebet, no fim de janeiro. Para os investigadores, liderados pelo delegado Paulo Gustavo Gondim, a compra de um helicóptero que pertencia à Esportes da Sorte realizada pelos donos da Vaidebet "demonstra mais uma vez o elo" entre os dois grupos.

A juíza Andréa Calado da Cruz deu encaminhamento à solicitação, no último dia 7 de fevereiro, e defendeu à PGJ novamente a continuidade das apurações.

"A autoridade policial apresentou indícios que sugerem uma tentativa clara de ocultação, com base em documentos que demonstram a falta de registro dos pagamentos e a circulação de bens entre empresas de forma suspeita. Isso é um indício que configura, sim, um padrão de dissimulação, tornando ainda mais plausível a acusação de lavagem de dinheiro, que não pode ser descartada apenas com base na argumentação incompleta. As evidências não podem ser ignoradas, e os elementos probatórios indicam que a verdadeira natureza dessas transações ainda precisa ser devidamente investigada", destacou.

A defesa recebeu o pedido de reabertura com "estranheza" por entender que ele "não é novo" e que já foi devidamente enfrentado pela investigação.

Ao menos 130 arraias ticonha (Rhinoptera bonasus e R. brasilienses), uma espécie ameaçada de extinção, foram encontradas mortas na manhã desta terça-feira, 25, em São Vicente, no litoral de São Paulo. A principal hipótese desta mortandade é de que os animais tenham sido pescados, mas descartados em razão da ilegalidade da captura e também da sua comercialização. Elas foram localizadas em toda extensão da Praia de Itararé, desde as proximidades da Ilha Porchat até a Pedra da Feiticeira.

Professores e estudantes do campi de São Vicente da Universidade Estadual Paulista (Unesp), onde funciona o Instituto de Biociências, foram convocados e passaram o dia no local fazendo a remoção dos animais. As arraias foram levadas para os laboratórios da instituição e vão ser usadas, agora, para estudo e pesquisa. A reportagem do Estadão procurou a prefeitura de São Vicente e aguarda retorno.

O professor e pesquisador Rodrigo Domingues, docente da disciplina de Ecologia da Unesp, explica que é comum, nesta época do ano, cardumes de arraias ticonha se deslocarem pela costa do País. O comportamento, diz, pode estar associado ao ato de reprodução ou de obter alimentos. Por esse motivo, ele acredita que os animais tenham sido vítimas de uma pesca de arrasto, quando os pescadores estendem uma longa rede e fazem um movimento de arrastar a rede e capturar o máximo de peixes possível.

"As raias não têm valor econômico, não têm comércio para elas aqui. Além de tudo, é proibida a pesca delas. Se eles tivessem vendido essas espécies teriam cometido um crime", diz Domingues. "Então, provavelmente, essa pesca de arrasto deve ter acertado um grande cardume de arraia, os pescadores descartaram, e aí ficou espalhado raia pela praia inteira", acrescentou o docente, que também coordena o Laboratório de Genômica e Ecologia Marinha na Unesp.

Além de Domingues, outro docente e dois estudantes ajudaram na remoção das arraias. Só a equipe da Unesp recolheu 130 unidades do animal. O professor da universidade acredita que o número de mortos pode ser ainda maior, visto que, antes da chegada dos pesquisadores, outras arraias já tinham sido removidas por outras pessoas.

O cardume encontrado é heterogêneo, diz o pesquisador. Em uma primeira análise, os professores e estudantes da Unesp identificaram que havia, no grupo de arraias, indivíduos fêmeas, machos, juvenis e adultos. "No caso dessa captura, eles eram bastante misturados", diz o docente.

As ticonhas são de uma espécie de arraias ameaçadas de extinção, conforme a lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) e também do ICMBio, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.

"Tantos indivíduos sendo mortos de uma espécie que já se encontra de maneira vulnerável. Nossa preocupação é sempre nesse sentido. Você retirar uma boa parcela da população, sendo que já é a população de uma espécie que está ameaçada de extinção", lamenta o pesquisador, que defende uma maior fiscalização para esse tipo de pesca.

As arraias foram levadas ao laboratório da Unesp, onde passarão a ser objetos de estudo e investigação, como aspectos biológicos, do que estavam se alimentando e em qual estágio reprodutivo se encontravam. "Vão ser estudadas também se era uma estrutura majoritariamente formada por indivíduos adultos ou por indivíduos jovens, por exemplo", destaca o Domingues.

Os especialistas acreditam ter removido todos os indivíduos, mas fazem um alerta no caso de outros banhistas se depararem com uma arraia morta na beira da praia. "Alguns indivíduos mortos permaneceram ali na praia, só que, com a maré enchendo, numa altura que não dava mais para enxergar", diz. "Então, pode ainda ter o perigo ali de alguma criança brincando, ou mesmo algum adulto entrar na água, pisar nesse animal morto e acabar se ferindo com o ferrão. E é uma dor muito forte". No caso de encontrar uma arraia, a recomendação é acionar a Polícia Ambiental, orienta o docente da Unesp.