Tudo o que você precisa saber antes da premiação do Oscar 2024

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A corrida do Oscar 2024 entra na reta final e os vencedores serão conhecidos no domingo, 10. O Teatro Dolby, em Los Angeles, nos Estados Unidos, será palco da cerimônia da 96ª edição do Oscar, com organização da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.

 

Veja a seguir os principais destaques deste ano, para que você possa se preparar para a grande noite do cinema.

 

Quando vai ser o Oscar?

 

A cerimônia da 96ª edição do Oscar acontece no domingo, 10 de março, às 20h, no horário de Brasília.

 

Como assistir?

 

A premiação será transmitida na TV a cabo, pela TNT, e no streaming, na HBO Max (agora Max). O tapete vermelho começa uma hora antes da cerimônia, às 19h.

 

Quem irá se apresentar?

 

Pela quarta vez, o apresentador Jimmy Kimmel será anfitrião do evento. Quanto às performances musicais, estão confirmadas, até o momento:

 

- O ator Ryan Gosling canta I'm Just Ken, trilha de seu personagem em Barbie

 

- Os irmãos Billie Eilish e Finneas O'Connell apresentam What Was I Made For?, canção do mesmo filme

 

- A cantora Becky G sobe ao palco com The Fire Inside, composição de Diane Warren para o longa Flamin' Hot: O Sabor Que Mudou a História

 

- O músico Jon Batiste apresenta It Never Went Away, faixa de seu documentário, American Symphony

 

- O músico Scott George, do povo indígena Osage, celebra Wahzhazhe (A Song For My People), da trilha sonora de Assassinos da Lua das Flores, ao lado de um grupo de cantores Osage

 

Quem teve mais indicações?

 

A lista é liderada por Oppenheimer, com 13 indicações. Em seguida, estão Pobres Criaturas, com 11 indicações, e Assassinos da Lua das Flores, com 10. Barbie fica em quarto lugar, com 8 indicações.

 

Quem são os favoritos?

 

As outras premiações relacionadas ao cinema (o popular "termômetro do Oscar"), bem como a crítica especializada, vêm apontando que o grande filme do Oscar 2024 será Oppenheimer. O longa de Christopher Nolan sobre o pai da bomba atômica tende a vencer nas categorias de melhor filme e melhor diretor, principalmente, após ter faturado títulos correspondentes no SAG Awards (Sindicato dos Atores), no DGA Awards (Sindicato dos diretores), no Critics Choice Awards (Associação de críticos), no PGA Awards (Sindicato dos produtores), no britânico Bafta e, por fim, no Globo de Ouro.

 

Cillian Murphy, que dá vida ao protagonista J. Robert Oppenheimer, é favorito à estatueta de melhor ator - podendo ser desbancado, talvez, por Paul Giamatti, de Os Rejeitados, que conquistou o prêmio no Critics Choice e o Globo de Ouro de melhor ator em musical ou comédia (enquanto Murphy venceu como melhor em drama).

 

Já no que diz respeito à categoria de melhor atriz no Oscar, a luta está acirrada entre Lily Gladstone, pelo papel em Assassinos da Lua das Flores, e Emma Stone, por Pobres Criaturas. As duas faturaram estatuetas no Globo de Ouro, enquanto Emma foi favorita no Bafta e no Critics Choice, e Lily no SAG. Há, no entanto, possibilidade de surpresa na categoria, visto que a alemã Sandra Hüller vem sendo bastante elogiada pelo papel em Anatomia de uma Queda.

 

Nas categorias coadjuvante, Robert Downey Jr. levou todos os prêmios até agora, pelo papel em Oppenheimer. A atriz Da'Vine Joy Randolph fez o mesmo, por Os Rejeitados.

 

O que Oppenheimer tem de tão especial?

 

Com 13 indicações ao Oscar, Oppenheimer é um filme que se encaixa na fórmula apreciada pela premiação: é a biografia de um "herói" americano, e, ao mesmo tempo, um filme sobre a Segunda Guerra.

 

Além disso, há a inquestionável qualidade técnica da direção de Nolan - cuja inclusão no hall dos vencedores também vem sendo prenunciada na indústria. A grandiosidade do que é visto em cena, somada à complexidade do embate interno do protagonista, explicam por que o filme é o favorito da temporada.

 

Algum filme pode desbancar Oppenheimer?

 

O Oscar costuma ser bastante previsível - mas vencedores inesperados não deixam de ser uma possibilidade. Dentre os concorrentes, a maior ameaça a Oppenheimer de Nolan parece ser Pobres Criaturas, do cineasta grego Yorgos Lanthimos. Os longas dividiram a atenção no Globo de Ouro: o primeiro venceu como melhor filme de drama e, o segundo, como melhor filme de musical ou comédia.

 

A derrocada da rivalidade 'Barbenheimer'

 

Apesar de ter divertido os cinéfilos com uma porção de memes bem-humorados, a rivalidade apelidada de 'Barbenheimer' (devido ao lançamento simultâneo de Barbie e Oppenheimer nos cinemas) não chegou até o Oscar.

A comédia dramática de Greta Gerwig sobre a famosa boneca loira (vivida por Margot Robbie) soma oito indicações ao prêmio, inclusive a de melhor filme, mas não trouxe para a temporada de premiações a mesma popularidade conquistada nas bilheterias mundiais. O longa não está cotado para vencer nenhuma das categorias principais, diferente de Oppenheimer, que deve sair da cerimônia com uma coleção de estatuetas douradas.

 

 

 

As polêmicas

 

Quando a lista de indicados ao Oscar 2024 foi divulgada, a ausência de certos nomes deu o que falar. As mais barulhentas foram a de Greta Gerwig na categoria de melhor direção e de Margot Robbie na categoria de melhor atriz, ambas por Barbie.

 

Na época, Ryan Gosling, indicado como melhor ator coadjuvante por seu papel no filme, divulgou um comunicado lamentando a exclusão das colegas, em que dizia estar decepcionado pela falta de reconhecimento às "duas pessoas que são as verdadeiras responsáveis por esse filme histórico que é sucesso mundial".

 

Outro esnobado foi Leonardo DiCaprio, pelo papel em Assassinos da Lua das Flores. Há também quem sentiu falta de menções a Sofia Coppola na 94ª edição do Oscar pela cinebiografia Priscilla, que retrata o relacionamento da então jovem Priscilla Presley com Elvis.

 

Os indicados em cartaz no cinema

 

Parte dos filmes indicados ao Oscar está em cartaz nos cinemas brasileiros. São eles: Anatomia de Uma Queda, Os Rejeitados, Pobres Criaturas, Vidas Passadas, Zona de Interesse, O Menino e a Garça, A Sala dos Professores, Dias Perfeitos e Eu, Capitão.

 

Os indicados disponíveis no streaming

 

E muitos dos filmes em destaque na premiação podem ser assistidos em casa. Produções como Oppenheimer, Assassinos da Lua das Flores, Barbie, A Sociedade da Neve, Maestro e Ficção Americana estão disponíveis em plataformas de streaming.

 

Lista de indicados ao Oscar 2024

 

Melhor Filme

 

- Ficção Americana

- Anatomia de uma Queda

- Barbie

- Os Rejeitados

- Assassinos da Lua das Flores

- Maestro

- Oppenheimer

- Vidas Passadas

- Pobres Criaturas

- Zona de Interesse

 

Melhor Direção

 

- Justine Triet, por Anatomia de uma Queda

- Martin Scorsese, por Assassinos da Lua das Flores

- Christopher Nolan, por Oppenheimer

- Yorgos Lanthimos, por Pobres Criaturas

- Jonathan Glazer, por Zona de Interesse

 

Melhor Ator

 

- Bradley Cooper, por Maestro

- Colman Domingo, por Rustin

- Paul Giamatti, por Os Rejeitados

- Cillian Murphy, por Oppenheimer

- Jeffrey Wright, por Ficção Americana

 

Melhor Atriz

 

- Annette Bening, por NYAD

- Lily Gladstone, por Assassinos da Lua das Flores

- Sandra Hüller, por Anatomia de uma Queda

- Carey Mulligan, por Maestro

- Emma Stone, por Pobres Criaturas

 

Melhor Ator Coadjuvante

 

- Sterling K. Brown, por Ficção Americana

- Robert De Niro, por Assassinos da Lua das Flores

- Robert Downey Jr, por Oppenheimer

- Ryan Gosling, por Barbie

- Mark Ruffalo, por Pobres Criaturas

 

Melhor Atriz Coadjuvante

 

- Emily Blunt, por Oppenheimer

- Danielle Brooks, por A Cor Púrpura

- America Ferrera, por Barbie

- Jodie Foster, por NYAD

- Da'Vine Joy Randolph, por Os Rejeitados

 

Melhor Roteiro Original

 

- Justine Triet & Arthur Harari, por Anatomia de uma Queda

- David Hemingson, por Os Rejeitados

- Bradley Cooper & Josh Singer, por Maestro

- Sammy Burch, por Segredos de um Escândalo

- Celine Song, por Vidas Passadas

 

Melhor Roteiro Adaptado

 

- Cord Jefferson, por Ficção Americana

- Greta Gerwig & Noah Baumbach, por Barbie

- Christopher Nolan, por Oppenheimer

- Tony McNamara, por Pobres Criaturas

- Jonathan Glazer, por Zona de Interesse

 

Melhor Animação

 

- O Menino e a Garça

- Elementos

- Nimona

- Meu Amigo Robô

- Homem-Aranha: Através do Aranhaverso

 

Melhor Filme Internacional

 

- Eu, Capitão (Itália)

- Dias Perfeitos (Japão)

- A Sociedade da Neve (Espanha)

- A Sala dos Professores (Alemanha)

- Zona de Interesse (Reino Unido)

 

Melhor Documentário

 

- Bobi Wine: O Presidente do Povo

- A Memória Infinita

- As 4 Filhas de Olfa

- To Kill a Tiger

- 20 Dias em Mariupol

 

Melhor Documentário em curta-metragem

 

- O ABC da Proibição de Livros

- The Barber of Little Rock

- Island in Between

- A Última Loja de Consertos

- Nai Nai and Wài Pó

 

Melhor curta-metragem

 

- E Depois?

- Invincible

- Knight of Fortune

- Red, White & Blue

- A Incrível História de Henry Sugar

 

Melhor Curta de Animação

 

- Letter to a Pig

- Ninety-Five Senses

- Our Uniform

- Pachyderme

- War is Over! (inspirado pela música de John Lennon)

 

Melhor Trilha Sonora

 

- Ficção Americana

- Indiana Jones e a Relíquia do Destino

- Assassinos da Lua das Flores

- Oppenheimer

- Pobres Criaturas

 

Melhor Canção Original

 

- The Fire Inside, de Flamin' Hot

- I'm Just Ken, de Barbie

- It Never Went Away, de American Symphony

- Wahzhazhe (A Song for My People), de Assassinos da Lua das Flores

- What Was I Made For?, de Barbie

 

Melhor Som

 

- Resistência

- Maestro

- Missão: Impossível - Acerto de Contas Parte 1

- Oppenheimer

- Zona de Interesse

 

Melhor Design de Produção

 

- Barbie

- Assassinos da Lua das Flores

- Napoleão

- Oppenheimer

- Pobres Criaturas

 

Melhor Fotografia

 

- O Conde

- Assassinos da Lua das Flores

- Maestro

- Oppenheimer

- Pobres Criaturas

 

Melhor Maquiagem e Cabelo

 

- Golda

- Maestro

- Oppenheimer

- Pobres Criaturas

- A Sociedade da Neve

 

Melhor Figurino

 

- Barbie

- Assassinos da Lua das Flores

- Napoleão

- Oppenheimer

- Pobres Criaturas

 

Melhor Edição

 

- Anatomia de uma Queda

- Os Rejeitados

- Assassinos da Lua das Flores

- Oppenheimer

- Pobres Criaturas

 

Melhores Efeitos Visuais

 

- Resistência

- Godzilla Minus One

- Guardiões da Galáxia Vol. 3

- Missão: Impossível - Acerto de Contas Parte 1

- Napoleão

Em outra categoria

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou uma ação movida pelo governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), para tentar derrubar trechos dos acordos firmados pela mineradora Braskem com órgãos públicos para reparar danos ambientais causados em Maceió.

O processo foi rejeitado por questões processuais. Cármen Lúcia considerou que a modalidade de ação usada pelo governador para contestar os acordos era inadequada.

"O que se busca, na presente arguição, é a revisão judicial daquela decisão homologatória judicial sem observância das normas processuais específicas", escreveu a ministra.

Em sua decisão, Cármen Lúcia fez a ressalva de que, "pela relevância do tema", novos pedidos de reparação de danos podem ser apresentados, considerando que os acordos foram firmados em um momento em que não havia dimensão exata dos danos causados pela Braskem.

"Cumpre ressaltar que a superveniência de situações fáticas não contempladas nos acordos, autoriza a reabertura de discussões e novos pedidos de reparação de danos, conforme se preveem em cláusulas dos acordos firmados que contemplam a realização de diagnóstico ambiental periódico destinado a atualizar os danos causados e apontar novas medidas a serem adotada", acrescentou.

O governador de Alagoas alega que os acordos perdoaram indevidamente sanções que deveriam ter sido impostas à empresa e abriram caminho para a Braskem "se tornar proprietária e explorar economicamente a região por ela devastada". Isso porque há cláusulas que preveem que a mineradora compre dos moradores imóveis nas áreas afetadas como forma de ressarcimento.

Bairros de Maceió sofrem desde 2018 com o afundamento do solo causado pela extração de sal-gema, usado na indústria química. Alguns deles precisaram ser totalmente desocupados.

Os acordos questionados foram firmados com o Ministério Público Federal, Ministério Público do Estado de Alagoas, Defensoria Pública de Alagoas, Defensoria Pública da União e Prefeitura de Maceió.

Em manifestação no processo, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, defendeu que, em sua avaliação, mesmo que assuma a propriedade dos imóveis em bairros devastados, a mineradora não está autorizada a explorar economicamente essas regiões.

O Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu nesta terça-feira, 25, que o porte de maconha para consumo próprio não é crime. Os ministros ainda debatem critérios objetivos para diferenciar usuários e traficantes, inclusive quantidade de droga. O julgamento deve ser concluído amanhã.

A decisão só passa ter efeitos práticos quando o julgamento for encerrado e o acórdão publicado.

A Lei de Drogas, aprovada em 2006, não pune o porte com pena de prisão. Com isso, os ministros declararam que esse não é um delito criminal, mas um ilícito administrativo. Prevaleceu a posição de que a dependência é um problema de saúde pública.

"Ninguém partiu da premissa de que a droga é positiva. Pelo contrário, estamos afirmando que se trata de uma infração. Mas é necessário que haja tratamento às pessoas viciadas", defendeu Gilmar Mendes, decano do STF e relator do processo.

Votaram a favor da descriminalização os ministros Gilmar Mendes, Rosa Weber (aposentada), Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Dias Toffoli e Cármen Lúcia.

Cristiano Zanin, Kassio Nunes Marques e André Mendonça foram contra a descriminalização.

O consumo de maconha não foi legalizado, ou seja, continua proibido na legislação. A diferença na prática é que quem for enquadrado como usuário não terá antecedentes criminais. "O que acho mais nefasto é a pecha de criminoso que se coloca no usuário e que o inibe de buscar ajuda nos casos de dependência", defendeu Dias Toffoli.

A pena para os usuários permanece a mesma prevista na legislação - advertência sobre os efeitos das drogas, prestação de serviços comunitários e participação em programas ou cursos educativos.

Os ministros também definiram que os recursos contingenciados do Fundo Nacional Antidrogas devem ser liberados e que parte deles deve ser usada em campanhas educativas sobre os malefícios das drogas.

Ao final do julgamento, houve dúvidas no STF sobre como enquadrar o voto do ministro Luix Fux. Ele defendeu que a Lei de Drogas constitucional, porque não pune o porte com prisão. O ministro também disse que não considera o porte de maconha crime.

"Todas as premissas que eu assentei aqui, considerando constitucional o artigo 28, são no sentido de que aquelas sanções são constitucionais, entretanto eu não considero crime o artigo 28. Eu considero que o artigo é constitucional, porque o legislador não impôs penas inerentes à criminalização do uso, de sorte que eu considero constitucional por isso", explicou ao final da sessão.

A tendência é que sua posição fique alinhada ao voto de Toffoli, que também já havia provocado confusão. Independente da interpretação final sobre o voto de Fux, o placar já está definido a favor da descriminalização.

Toffoli complementa voto

Na semana passada, o STF divulgou o posicionamento do ministro Dias Toffoli como uma divergência parcial - um voto para manter a legislação como está, com a ressalva de que, na avaliação dele, ela já não criminaliza o usuário.

Nesta terça, ao retomar o julgamento, ele pediu a palavra e esclareceu que a posição foi a favor da descriminalização do consumo, não apenas de maconha, mas de todas as drogas, o que consolidou a maioria.

"A descriminalização já conta com seis votos. O meu voto se soma ao voto da descriminalização. Hoje pela manhã Vossa Excelência (Barroso, presidente do STF) me perguntou como meu voto era para ser proclamado. Por isso, entendi por bem fazer essa complementação. Se eu não fui claro o suficiente, o erro é meu, de comunicador", afirmou Toffoli.

Como diferenciar usuários de traficantes

A segunda etapa do julgamento gira em torno da quantidade de droga que deve ser usada como parâmetro para distinguir o consumidor do traficante. As propostas apresentadas até o momento vão de 25 a 60 gramas. Os ministros vêm conversando para aprovar uma quantidade intermediária, de 40 gramas.

Esse é um ponto central porque, na avaliação dos ministros, vai ajudar a uniformizar sentenças e evitar abordagens preconceituosas. Estudos citados no plenário mostram que negros são condenados como traficantes com quantidades menores do que brancos. O grau de escolaridade também gera distorções nas condenações - a tolerância é maior com os mais escolarizados.

"A quantidade vem sendo utilizada, lamentavelmente, como uma forma de discriminação social", criticou Alexandre de Moraes.

A quantidade, no entanto, não será um parâmetro soberano, mas circunstancial. Outros elementos podem ser usados para analisar cada caso. Se uma pessoa for flagrada com uma balança de precisão, por exemplo, ela pode ser denunciada como traficante, mesmo que tenha consigo uma quantidade de droga abaixo do limite.

Crise com o Congresso

O julgamento aprofundou a animosidade entre o STF e o Congresso. A bancada evangélica reagiu em peso. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também chegou a se manifestar publicamente contra a interferência do Judiciário. Ele defende que a regulação das drogas cabe ao Legislativo e não deveria estar sendo discutida pelo Supremo.

Deputados e senadores debatem uma proposta de Rodrigo Pacheco para driblar o STF e incluir na Constituição a criminalização do porte de drogas, independente da quantidade. Uma comissão especial será criada para debater o texto.

"Nós estamos assumindo para nós problemas que não são nossos, por falência dos outros órgãos de deliberação da sociedade. E depois nos chamam de ativistas", criticou Toffoli nesta terça.

Veja como votou cada ministro:

A favor da descriminalização

Gilmar Mendes (relator)

"Despenalizar sim, mas mais do que isso: emprestar o tratamento da questão no âmbito da saúde pública e não no âmbito da segurança pública."

Rosa Weber (aposentada)

"A dependência química e o uso de drogas são questões que se inserem no âmbito das políticas públicas de saúde e de reinserção social. Delimitada a questão como problema de saúde pública, tenho por desproporcional e utilização do aparato penal do Estado para a prevenção do consumo dos entorpecentes."

Alexandre de Moraes

"Quem conhece o Direito Penal, sabe que só é crime o que é apenado com reclusão e detenção e só é contravenção o que é apenado com prisão simples."

Luís Roberto Barroso

"O que nós queremos é evitar a discriminação entre ricos e pobres, entre brancos e negros. Nós queremos uma regra que seja a mesma para todos. E fixar uma qualidade impede esse tipo de tratamento discriminatório. Ninguém está legalizando droga."

Edson Fachin

"O dependente é vitima e não criminoso germinal. O usuário em situação de dependência deve ser tratado como doente."

Dias Toffoli

"Estou convicto de que tratar o usuário como um tóxico delinquente não é a melhor política pública."

Cármen Lúcia

"Neste quadro, há uma anomia definidora de critérios, que leva a uma desigualdade no tratamento pelo próprio Estado, que é obrigado pela Constituição a promover a igualdade, e além disso uma insegurança."

Contra a descriminalização

Cristiano Zanin

"Não tenho dúvida de que os usuários de drogas são vítimas do tráfico e das organizações criminosas, mas se o Estado tem o dever de zelar pela saúde de todos, tal como previsto na Constituição, a descriminalização, ainda que parcial das drogas, poderá contribuir ainda mais para o agravamento desse problema de saúde."

André Mendonça

"O legislador definiu que portar drogas é crime. Transformar isso em ilícito administrativo é ultrapassar a vontade do legislador. Nenhum país do mundo fez isso por decisão judicial."

Kassio Nunes Marques

"A grande preocupação da maioria das famílias brasileiras não é se o filho vai preso ou não. A preocupação é que a droga não entre na sua residência. Para isso, a lei tem hoje um fator inibitório. A sociedade brasileira precisa de instrumentos para se defender."

Descriminalização, despenalização e legalização

- Descriminalizar: uma ação deixa de ser considerada crime, ou seja, a atitude deixa de ter efeitos na esfera penal, mas ainda pode ser considerada como ilícito civil ou administrativo.

- Despenalizar: a pena de prisão é substituída por punições de outra natureza.

- Legalizar: um ato ou conduta passa a ser permitido por meio de legislação específica, que pode regulamentar a prática e determinar suas restrições e condições.

O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para reconhecer que o porte de maconha não é crime no País, se for para consumo próprio. Os ministros continuam debatendo critérios objetivos para diferenciar usuários e traficantes, como, por exemplo, quantidade de droga.

Isso não quer dizer que a maconha foi liberada no País, nem que haverá comércio legalizado da planta ou das flores prontas para consumo. A decisão do Supremo abarca somente o porte da substância, em quantidades que ainda serão decididas. A decisão só passará a ter efeitos práticos quando o julgamento for encerrado e o acórdão publicado.

A Lei de Drogas, aprovada em 2006, não pune o porte da substância com pena de prisão. Com isso, os ministros declararam que esse não é um delito criminal, mas um ilícito administrativo. Assim, quem for pego com maconha para uso pessoal não passaria a ter antecedentes criminais.

Na tarde desta terça-feira, 25, o ministro Dias Toffoli complementou seu voto da semana passada, que havia causado confusão de entendimento. Ele admitiu que não foi claro em seu voto e fez a retificação no julgamento, que foi retomado nesta terça.

Votaram a favor da descriminalização os ministros Gilmar Mendes, Rosa Weber (aposentada), Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Alexandre de Moraes e Dias Toffoli. Já os ministros Cristiano Zanin, Kassio Nunes Marques e André Mendonça foram contra a descriminalização.