Quais são as tendências para a cozinha? Designers internacionais mostram suas apostas em Milão

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Nascida em 1974 e, desde então, afirmando-se como feira referência em seu setor, a Eurocucina, mostra bienal de cozinhas paralela ao Salão do Móvel de Milão, reúne cerca de uma centena de expositores. São na maioria italianos - mas há também forte presença europeia em geral, sobretudo germânica -, que trazem em comum o alto nível tecnológico e de qualidade de seus produtos.

 

Edição após edição, o evento vem atestando a crescente importância da cozinha no desenho da casa contemporânea e também as mudanças de hábitos, formas e materiais, cores e tecnologias envolvidos em sua montagem. Em menos de quatro décadas, pelas lentes da Eurocucina, vimos a cozinha migrar de área isolada e fora do alcance dos olhos para um espaço de permanência, plenamente integrado à área social da casa. Como testemunhamos, também, a evolução de seu desenho, partindo de zonas de armazenamento, preparação e consumo, sempre separadas, para uma ilha capaz de absorver todas essas funções.

 

Sustentabilidade e minimalismo em alta

 

Em uma edição na qual o apelo sustentável e o minimalismo bateram forte na imaginação dos designers, nas cozinhas apresentadas este ano parece não haver lugar para desperdícios. Não apenas entre os elementos estruturais, mas também nas superfícies, nas quais o alumínio volta a ganhar espaço - material 100% reciclável, capaz de assegurar vida longa a qualquer projeto.

 

Na maioria das coleções apresentadas prevalece também a vontade de sintetizar o ambiente em uma única - e autossuficiente - ilha central com proporções estudadas, materiais nobres e desenho "à la carte". Quase como uma microarquitetura doméstica, voltada para o prazer de cozinhar e de conviver. E que, em tempos de temperaturas elevadas, está levando o cômodo a ultrapassar sua última fronteira: ou seja, a invadir o espaço externo e partilhar varandas, quintais e terraços.

 

Sempre preocupada em propor soluções que ampliem a interação diária com a cozinha, criando novas experiências, a designer e fundadora da italiana Valcucine, Gabriele Centazzo, cita como peça síntese de sua nova safra a cozinha Aritmética, que teve suas três áreas, de cozimento, lavagem e preparação, unificadas e reequipadas com a introdução de novos elementos de madeira.

 

Opostos que se atraem

 

Bahia é o lançamento da alemã Leich mais aguardado da temporada. A nova cozinha traz painéis de madeira folheada, que ganham ainda mais destaque graças a ranhuras verticais. Sua característica mais marcante, porém, é a combinação de dois aparentes opostos no desenho, o que resulta em uma simetria dentro da assimetria.

 

A alemã Häcker apresentou nesta edição nada menos do que sete modelos de cozinhas. Detalhes coloridos são o grande destaque, sobretudo diante do visual monocromático, ou metálico, dos demais expositores. Como ideia central, a marca quer permitir que os usuários integrem a cozinha livremente às demais áreas sociais da casa, de forma mais harmoniosa e holística.

 

Arquitetura vernacular combinada a desenho contemporâneo: esse é o novo foco de pesquisas do fabricante next125, que ganhou vida graças à sua colaboração com o arquiteto Francis Kéré. "O amor pela madeira, a paixão pelo design e pela arquitetura, e o fascínio pelo fogo e pelo cozinhar resultaram em um ambiente que exala o poder da natureza, orgânico e acolhedor, mas, ao mesmo tempo, isolado e convidativo", resume o arquiteto.

 

Muitas combinações ao ar livre

 

Já o K-Garden, desenvolvido e desenhado por Giuseppe Bavuso para a Ernestomeda, destina-se a pessoas cuja paixão pelo cozinhar vai além das próprias paredes da casa. A nova coleção trabalha em torno do conceito de balcões de trabalho, leves e componíveis, com elevado grau de personalização. Eles podem ser combinados e alinhados para formar verdadeiras ilhas em torno das quais os moradores podem compartilhar os prazeres de comer ao ar livre.

 

Segundo seu criador, no entanto, o K-Garden está longe de ser um produto para áreas externas frio e impessoal, destinado apenas a fornecer as funções técnicas de uma cozinha convencional. "Ele pode ser personalizado de acordo com cada local e finalidade. Seus componentes podem ser justapostos, criando infindáveis combinações. O que, aliás, faz muito sentido, já que cada cozinheiro é único", conclui Bavuso.

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Em decreto publicado nesta segunda-feira, 24, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) deu autorização para o início da extinção da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU), responsável pelo serviço de ônibus das regiões metropolitanas do Estado, como capital, Baixada Santista, Campinas, Sorocaba e Vale do Paraíba.

Com o desmonte da empresa de transporte, o serviço da EMTU será incorporado à Agência Reguladora de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp). A agência, que tinha como função inicial trabalhar com os contratos de concessão das rodovias, vem ganhando mais funções ao longo dos anos, como o gerenciamento de contratos do Executivo estadual com empresas de ônibus, trens e metrô.

Essa possibilidade de transferência do serviço já era debatida desde 2020, na gestão do então governador João Dória (PSDB). O motivo para a mudança é ajuste fiscal e equilíbrio das contas públicas. O governo diz que a iniciativa está dentro do plano São Paulo na Direção Certa, cujo objetivo é "modernizar a máquina pública".

Em nota, a gestão Tarcísio afirma que a mudança não altera os servic¸os prestados aos passageiros, nem a relac¸a~o do Estado com as concessiona´rias. Mas diz que a medida pode proporcionar modernização da frota, maior integração tarifária e operacional, e um monitoramento melhor feito pelo Centro de Gestão e Supervisão sobre os mais de 6,8 mil ônibus que circulam pela região metropolitana

"As medidas em curso visam a um transporte mais eficiente, seguro e ambientalmente sustenta´vel", diz o governo, em comunicado.

O decreto assinado nesta segunda determina que a EMTU apresente, em até sete dias, um plano de desmobilização, apresentando a medidas para a dissolução, liquidação e extinção da empresa, incluindo quais atividades devem ser continuadas e como devem prosseguir.

A empresa de transportes também deverá definir a destinação de acervo técnico, gestão de contratos que ainda estão em vigência e a redistribuic¸a~o das atividades de fiscalizac¸a~o, controle e regulac¸a~o dos servic¸os de transporte coletivo metropolitano.

O Conselho de Defesa dos Capitais do Estado (CODEC) vai receber o plano da EMTU e avaliar as propostas apresentadas. "A partir da aprovac¸a~o, as mudanc¸as sera~o implementadas gradualmente", diz o Executivo estadual.

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), chegou no período da tarde desta segunda-feira, 24, ao Supremo Tribunal Federal (STF) para se reunir com o presidente da Corte, Luís Roberto Barroso. Paes disse a jornalistas que o assunto do encontro é o controle da Linha Amarela, uma das vias expressas mais importantes do Rio de Janeiro e objeto de ação na Corte.

Barroso é relator do caso e está em suas mãos decidir sobre a manutenção de decisão liminar que suspendeu o cancelamento do contrato firmado com a Lamsa para gestão da Linha Amarela.

Em 2019, o então prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, cancelou o contrato de concessão firmado com a Lamsa para a gestão da via expressa, sem pagamento de indenização prévia. O contrato tinha validade até 2037. O cancelamento foi suspenso por liminar do ministro Luiz Fux em 2021, e o contrato segue vigente.

Em novembro, o Supremo decidiu que a matéria é constitucional e, portanto, de competência da Corte.

Entenda

O argumento de Crivella para encampação da Linha Amarela (ou seja, a retomada pelo poder público de um serviço já concedido à iniciativa privada) foi que o contrato não previa a indenização prévia e que havia "grave risco de lesão à ordem pública" na manutenção da concessão devido ao preço do pedágio e à suposta existência de desequilíbrio contratual em favor da concessionária, em patamar de R$ 1,6 bilhão (em valores nominais).

A matéria foi alvo de vaivém nos últimos anos, com liminares favoráveis e contrárias à Lamsa no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A última decisão no STJ foi para autorizar a encampação. Essa liminar foi contestada pela Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), que acionou o Supremo para barrar o cancelamento do contrato ou participar do devido processo administrativo para obter a indenização devida.

De início, o ministro Luix Fux, então presidente do Supremo, negou a reclamação, entendendo que a matéria seria infraconstitucional. Em 2021, ele reconsiderou sua posição e deu liminar favorável à Lamsa, para suspender o processo de encampação. Essa liminar segue vigente.

Fux chegou a enviar o caso para a conciliação entre a Lamsa e a prefeitura do Rio, mas as partes não chegaram a uma solução consensual e a ação voltou a julgamento.

Uma decisão da Justiça transfere uma área equivalente a mais de mil campos de futebol do Parque Nacional do Iguaçu, que pertence à União, para o Estado do Paraná. Estão nesta área nada menos que o trecho brasileiro das Cataratas do Iguaçu e o luxuoso Hotel das Cataratas, instalado no local desde 1958. Ainda cabe recurso, mas se a decisão for mantida, parte das verbas obtidas com o turismo nas Cataratas, que hoje vão para a União, ficarão para o Estado.

A decisão foi dada no último dia 5 pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), em uma ação movida pela União. O governo do Paraná considerou a decisão uma "grande vitória" do Estado. A Advocacia-Geral da União (AGU) diz que já foi intimada da sentença e vai entrar com recurso. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que detém a gestão do parque, disse que acompanha a questão e fornece as informações à AGU. Já a gestão do Polo Cataratas vê ameaça ao título de Patrimônio Natural da Humanidade, concedido pelas Nações Unidas.

O parque do Iguaçu é o segundo mais visitado do País, atrás apenas do Parque Nacional da Tijuca, no Rio, que tem o Corcovado e o Cristo Redentor. As cataratas, incluídas entre as sete maravilhas naturais do mundo, receberam 1,9 milhão de visitantes no ano passado, procedentes de 180 países.

A ação foi proposta em 2018 pela União pedindo o cancelamento de um registro feito pelo governo paranaense no cartório de Foz do Iguaçu, no qual alegava ter o domínio da área de 1.085 hectares. Já o governo federal alegou que se tratava de terra devoluta - sem uso privado - e, portanto, da União. A justiça de Foz do Iguaçu decidiu em favor da União, mas o Paraná entrou com recurso, levando o caso ao TRF.

"A área em disputa foi doada pela União a um particular chamado Jesus Val em 1910. Nove anos depois, o Estado comprou a área dessa pessoa e registrou no cartório de Foz do Iguaçu, fatos reconhecidos pelos desembargadores do TRF. É uma grande vitória do Paraná", diz o procurador Júlio da Costa Aveiro.

A AGU alega que na Constituição de 1988 foram mantidos como bens de domínio da União as "terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras", estabelecendo que "a faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional". Diz ainda que o Estado do Paraná não tem o domínio de fato da área que afirma ser sua.

Na decisão, o relator, desembargador Luiz Antonio Bonat, entendeu que, no momento em que a área foi titulada pelo particular, deixou de ser terra devoluta e que, portanto, a compra pelo governo do Paraná foi válida. O voto foi acompanhado pelos desembargadores João Pedro Gebran Neto e Gisele Lemke.

Conforme a PGE, a decisão representa um grande potencial financeiro ao Paraná. Uma das possibilidades é a destinação de parte das receitas da concessionária que administra os serviços turísticos do Parque do Iguaçu para o Estado. Atualmente, elas são direcionadas para o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável pela gestão da área total do parque.

Já a gestão local do parque diz, em nota, que a decisão do TRF focou apenas o interesse econômico, sem levar em conta os contratos que envolvem a gestão de toda a unidade. "Entendemos que isso tornaria os contratos nulos, causando imensos transtornos à operação turística, que precisaria ser interrompida até que a desafetação da área seja completada para que o Estado assuma a gestão do território." Ainda segundo a gestão, se não for revista, a medida pode prejudicar o turismo internacional. "O cancelamento do título de patrimônio natural da humanidade concedido pela Unesco é certo", diz.

Embora a área em disputa seja de pouco mais de mil hectares, o parque todo possui 169 mil hectares, na fronteira com a Argentina.

O governo do Paraná contesta a alegação de ameaça ao título de patrimônio da humanidade, lembrando que o Brasil aderiu à convenção da Unesco de 1972, de proteção ao patrimônio cultural e natural reconhecido internacionalmente. "Os compromissos envolvem toda a Federação, incluindo Estados e municípios, sem especificar que um bem declarado patrimônio mundial deva ser administrado ou pertencer exclusivamente à União", disse.

Em Foz do Iguaçu, o monitor de turismo Sandro Eudes Oliveira, que acompanha grupos em visitas às cataratas, diz que se preocupa com o futuro da atividade. "A gente ouve falar que, com a mudança haverá mais recursos para Foz, mas eu espero que não fique mais difícil trabalhar no parque, porque hoje já é complicado conseguir permissão."

A Câmara de Foz do Iguaçu vai realizar uma audiência pública para discutir os impactos da decisão judicial no município. "Eu chamei uma audiência pública para a gente discutir um dispositivo que permita que parte dos 7% que o Estado terá nas receitas do parque venha para Foz do Iguaçu", diz o vereador Bosco Foz (PL), autor da convocação.

Além das cataratas e do hotel cinco estrelas, o parque abriga 390 espécies de aves, 175 de peixes e 158 de mamíferos, inclusive uma das maiores populações de onças-pintadas que ainda vivem livres no Brasil. O animal é o símbolo do parque. A unidade de conservação tem a estrutura atual desde a retirada do último grupo de colonos, em 1978.