'Divertimento' emociona, mas é protocolar

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Nos últimos tempos, os cinemas estão bem interessados em contar histórias sobre maestros. O maior destaque foi o excepcional Tár (2023) - o melhor da leva - e depois seguiu com filmes como Maestro (2023), com Bradley Cooper; o francês Maestro(s) (2022), sobre a competição de pai e filho a partir da regência de uma orquestra; e, ainda, o documentário ¡Viva Maestro! (2022), o segundo melhor dessa seleção, sobre o maestro e violinista venezuelano Gustavo Dudamel.

 

Agora, a França coloca mais um filme nessa leva de produções sobre regentes com Divertimento, cinebiografia em cartaz nos cinemas. Com direção protocolar de Marie-Castille Mention-Schaar (Os Herdeiros), o longa conta a história de Zahia Ziouani (Oulaya Amamra), jovem francesa que decide quebrar padrões, ainda nos anos 1990, e ser uma das poucas maestrinas do país - e do mundo.

 

Direção protocolar, afinal, já que Divertimento é, de longe, o filme com menos vontade de arriscar nessa lista com outras quatro produções sobre a arte de reger orquestras. É inevitável tecer comparações, afinal, já que são histórias lançadas em um espaço de tempo curto, com similaridades em suas composições. Se medirmos com uma régua de criatividade, Tár está em uma ponta e Divertimento está no outro extremo. Não se cruzam. Ainda assim…

 

Composições

 

Mas, passado esse momento de comparação, não dá para dizer que Divertimento é um filme ruim. Mesmo sem ousadia, a diretora Marie-Castille Mention-Schaar sabe, principalmente, traçar as dificuldades na vida juvenil dessa jovem regente. A primeira hora do filme é a mais rica em composições: é quando vemos a personagem lutando para conquistar seu espaço, com piadas vindas de seus colegas sobre ela ser mulher e sobre a sua condição financeira.

 

Por mais que não tenham muito a ver um com outro, é difícil não pensar em Whiplash - Em Busca da Perfeição (2014) nesses momentos. A carreira de um aspirante a baterista de jazz ressurge em pensamentos quando vemos Zahia lutando incessantemente para ser reconhecida, para atingir a perfeição, para descobrir a própria linguagem e identidade. Lutas diferentes, em condições distintas, mas que colocam a música como algo inerente à vida, à existência.

 

Também é interessante a relação dela com o maestro Sergiu Celibidache (muito bem interpretado pelo franco-dinamarquês Niels Arestrup), escorregando em suas lições e tendo de sacudir a poeira após as broncas (e lições) que leva. "Música é vida", diz o velho maestro à jovem, em determinado momento, resumindo tudo o que acontecia até ali. Zahia, filha de imigrantes, vê a música como seu futuro, como sua possibilidade, como salvação.

 

Sessão da Tarde

 

O fato é que, no fim das contas, Divertimento privilegia a emoção contra a forma; a superação contra a história; o objetivo contra o caminho. A música é mais uma forma de promoção da superação dessa personagem do que algo usado a favor da narrativa. Bolero, de Ravel, por exemplo, é usado insistentemente nessa ideia de uma superação chegando.

 

É uma Sessão da Tarde francesa, que nunca se arrisca e que fica confortável em ser uma cinebiografia emocionante, na medida do possível, se contentando com o lugar-comum de um filme do gênero. A regência passa apenas como um detalhe. As dificuldades na área não são exploradas e acabam caindo em um generalismo estranho. Os desafios da jovem Zahia poderiam cair em outras profissões - professora, chef de cozinha, dona de negócio.

 

Nisso, Zahia acaba até se tornando um tanto quanto translúcida em sua existência. Mesmo sendo uma história real, Divertimento parece menos verdadeiro do que Tár, que consegue inserir a crueldade do dia a dia com efeitos mais reais e devastadores.

 

E é assim, entre a comoção da superação e a banalidade na forma como é contada, que Divertimento se cristaliza no final. O gosto pelo filme fica a cargo do espectador, que pode se entregar totalmente à jornada de superação e se emocionar de verdade, principalmente com um final que sabe como usar tudo o que foi contado até ali a favor da história, ou que pode se afastar, cansado de uma história tão banal depois de um período curto com tantas experimentações interessantes sobre a vida de maestros, reais ou não.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Três policiais fantasiados como personagens da série de videogames Super Mario Bros prenderam um suspeito de furto em um bloco de carnaval nas imediações do Parque Ibirapuera, na zona sul de São Paulo, nesta segunda-feira, 2. Como ele, foram recuperados dois celulares furtados.

Trata-se de mais uma ação da Polícia Civil de empregar agentes disfarçados em meio a foliões para identificar crimes. A iniciativa já usou policiais vestidos de Chapolin, Power Rangers e padre.

O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, divulgou a ocorrência nas redes sociais. Ele publicou um vídeo que mostra três policiais conduzindo um homem a uma viatura da Polícia Civil.

Os agentes estavam fantasiados de Mario Bros, Luigi e Yoshi (o dinossauro). Os três são personagens da franquia de jogos da Nintendo. Veja o vídeo abaixo.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), o suspeito foi abordado ao sair de um bloco perto do Ibirapuera. O jovem de 28 anos carregava uma bolsa que continha dois celulares furtados.

Ele foi encaminhado ao 36º Distrito Policial (Vila Mariana) e foi autuado em flagrante por furto. As duas vítimas compareceram na delegacia e recuperaram os aparelhos.

Este é o segundo ano em que a Polícia Civil emprega a iniciativa de disfarçar policiais em meio aos foliões. A SSP-SP informou anteriormente ao Estadão que as fantasias são trocadas todos os dias, para que os agentes não sejam reconhecidos.

O efetivo é de cerca de 50 agentes, que atuam em rodízio. Eles já se fantasiaram de Chapolin, padre, Power Rangers e "cena do crime". Esse último foi uma policial que usava a faixa amarela e preta que costuma isolar áreas de delitos.

A ex-participante de reality shows Aritana Maroni foi presa em flagrante por tráfico de drogas na madrugada desta segunda-feira, 3, durante o carnaval em Salvador, na Bahia. A detenção ocorreu enquanto ela e duas amigas participavam de um bloco no Circuito Barra-Ondina. O Estadão tentou contato com a equipe da influenciadora, mas não teve retorno até a publicação da matéria.

Segundo informações da Polícia Civil da Bahia, a abordagem foi realizada por agentes da Polícia Militar, que encontraram drogas e R$ 115 em espécie com a ex-MasterChef. As três mulheres foram encaminhadas à delegacia, onde foram autuadas e permaneceram presas.

Aritana Maroni, de 46 anos, é filha do empresário Oscar Maroni e ganhou notoriedade ao participar de diversos reality shows. Em 2015, esteve na segunda edição do MasterChef Brasil, exibido pela Band, onde alcançou a oitava colocação. Em 2017, integrou o elenco de A Fazenda: Nova Chance, da TV Record, sendo eliminada na décima posição. Nos anos seguintes, participou de programas como Power Couple Brasil (2018), Troca de Esposas (2019) e Cozinhe se Puder (2022), onde ficou em terceiro lugar.

O trecho norte do Rodoanel de São Paulo está com cerca de um terço das obras concluídas. A construção, iniciada em 2013, sofreu várias interrupções e foi totalmente paralisada em 2018, sendo retomada em abril do ano passado.

Com 43,8 km de extensão, o trecho é o último a ser construído e vai completar a interligação de todo o grande anel viário que circunda a capital paulista. A conclusão está prevista para o segundo semestre de 2026.

O investimento, de R$ 3,4 bilhões, inclui 107 obras, sendo 44 pontes e 63 viadutos, além de sete túneis duplos. O Rodoanel Norte passa pela capital paulista, Arujá e Guarulhos. O principal objetivo é desviar grande parte do trânsito das marginais Tietê e Pinheiros.

O governo paulista também alega que foi necessária uma revisão no traçado original, que afetava áreas de preservação ambiental. Com a conclusão, serão interligados o trecho sul e o leste, fechando o anel viário de 177 quilômetros cuja construção começou há 27 anos - em 1998.

O novo trecho terá pedágios sem cabine, no sistema free-flow - os veículos não precisarão parar ou reduzir a velocidade.

Em entrevista à Rádio Eldorado, o engenheiro civil Ivan Carlos Maglio, pesquisador do Instituto de Estudos Avançados (IEA-USP), disse que o Rodoanel "continua sendo muito importante", mas alertou que a obra iniciada há 27 anos pode já não ser suficiente. "Toda obra tem um tempo de saturação e ela pode estar mais próxima", afirmou. Para o especialista, o ideal seria dar mais ênfase ao transporte ferroviário de cargas com a construção do Ferroanel Norte.