Trump anuncia Susie Wiles como chefe de gabinete da Casa Branca

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O presidente eleito Donald Trump nomeou Susie Wiles, diretora da campanha eleitoral do republicano, como chefe de gabinete da Casa Branca, tornando-a a primeira mulher a ocupar o influente cargo. Susie é amplamente reconhecida, tanto dentro quanto fora do círculo próximo de Trump, por ter conduzido a campanha mais disciplinada e bem executada até o momento e era vista como a principal candidata à posição.

 

Susie evitou o foco das atenções ao longo da campanha e não quis falar no microfone enquanto Trump comemorava sua vitória na madrugada de quarta-feira, 6. Ela resistiu ao título formal de diretora de campanha, evitando se tornar alvo, considerando o histórico de Trump de trocar pessoas nesse papel.

 

Essa contratação é a primeira grande decisão de Trump como presidente eleito e um teste fundamental para sua próxima administração, pois ele precisa rapidamente formar a equipe que ajudará a administrar o governo federal.

 

Embora Susie não tenha muita experiência no governo federal, ela tem uma relação próxima com Trump. Durante a campanha, ela conseguiu o que poucos outros conseguiram: ajudar a controlar os impulsos de Trump - não por meio de críticas ou repreensões, mas conquistando seu respeito e mostrando que ele se saía melhor quando seguia seu conselho do que quando o ignorava.

 

Oito anos atrás, Trump desconsiderou o planejamento cuidadoso de sua equipe de transição e, em vez disso, contratou uma mistura de assessores de campanha, familiares e líderes republicanos, resultando em um primeiro ano de mandato repleto de conflitos internos que dominaram a cobertura da nova administração. Muitos especialistas consideram esse erro inicial como algo que prejudicou um presidente novato em Washington e no governo.

 

Trump teve quatro chefes de gabinete - incluindo um em caráter interino por um ano - durante seu primeiro mandato, num recorde de rotatividade de pessoal. Muitos assessores foram dispensados, enquanto outros se envolveram em disputas ideológicas dentro de uma Casa Branca marcada por divisões.

 

Aliados de Trump esperam que a escolha de Susie seja um sinal de que o presidente eleito busca construir uma equipe mais coesa, embora ainda menos convencional que a de seus antecessores democratas ou republicanos. Trump, que prometeu em 2016 contratar "apenas as melhores pessoas", afirmou repetidamente que seu maior erro no primeiro mandato foi ter contratado as pessoas erradas, algo que ele atribui à sua falta de experiência em Washington.

 

Agora, segundo Trump, ele conhece as "melhores pessoas" e sabe quem evitar em sua administração. "Susie é dura, inteligente, inovadora e é universalmente admirada e respeitada. Susie continuará trabalhando incansavelmente para Fazer a América Grande Novamente", disse Trump em um comunicado. "É uma honra merecida ter Susie como a primeira mulher chefe de gabinete da história dos Estados Unidos. Não tenho dúvidas de que ela deixará nosso país orgulhoso."

 

Elo-chave para alianças

 

Susie Wiles é uma estrategista republicana de longa data baseada na Flórida, que comandou as campanhas de Trump no estado em 2016 e 2020, além da campanha vitoriosa do governador Ron DeSantis em 2018. Antes disso, ela administrou a campanha de Rick Scott para governador da Flórida em 2010 e foi gerente da campanha presidencial do ex-governador de Utah, Jon Huntsman, em 2012. Ela também trabalhou nos gabinetes dos ex-prefeitos de Jacksonville, John Delaney e John Peyton.

 

Chris LaCivita, que, junto com Susie, atuou como gerente de fato da campanha, a descreveu como uma pessoa que promove a inclusão nas conversas, busca a opinião dos outros e é extremamente leal. "Susie é funcionalmente diferente, pois possui a rara habilidade de trabalhar em várias questões importantes ao mesmo tempo", disse LaCivita à Associated Press.

 

Susie foi encarregada de ter as conversas mais difíceis com Trump e em cada decisão crucial. Ela se relacionava bem com a família de Trump e desenvolveu relações com Robert F. Kennedy Jr. e Elon Musk, posicionando-se como um elo-chave para as novas alianças de Trump. "Ela consegue lidar com qualquer ego que surgir em seu caminho", disse LaCivita. "E ela faz isso de maneira direta, estando sempre atenta aos detalhes."

 

Ele acrescentou: "A honestidade e a lealdade são os recursos mais importantes na política, e Susie tem ambos em abundância."/Associated Press.

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A Procuradoria-Geral da República (PGR) se posicionou contra o pedido de revogação da prisão preventiva do general da reserva Mário Fernandes. O militar é acusado de participar de um plano golpista para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva em 2022 e está preso desde 19 de novembro.

Em manifestação enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) na terça-feira, 24, o procurador-geral Paulo Gonet argumentou que não houve fatos novos para justificar a liberdade de Fernandes. Segundo a PGR, a prisão está fundamentada em elementos que demonstram risco concreto à ordem pública.

"Os pontos trazidos na manifestação da defesa, portanto, não afastam os elementos que fundamentaram a decretação da prisão preventiva. Ao revés, a prisão decretada está amparada em elementos que traduzem o risco concreto à ordem pública, notadamente ante a apontada posição de grande ascendência do Requerente em relação aos demais investigados", argumentou Gonet.

A defesa do general havia protocolado o pedido no dia 17 de dezembro, sustentando que ele cumpriu todas as medidas cautelares e que os fatos investigados ocorreram há dois anos. Além disso, alegaram que Fernandes não representa risco, sendo um militar da reserva sem histórico funcional negativo.

Entretanto, a PGR apontou o papel de liderança do general em um grupo de militares que planejou ações golpistas, incluindo o assassinato de Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF Alexandre de Moraes. Documentos mostram que Fernandes elaborou um plano detalhado para essas operações.

O plano, denominado "Punhal Verde e Amarelo", foi encontrado em um arquivo digital com instruções sobre armamento e estratégias, como envenenar Lula, de codinome "Jeca". O material teria sido criado no Palácio do Planalto em novembro de 2022.

Como integrante da Secretaria Geral da Presidência, Fernandes participou de reuniões que discutiram formas de manter Jair Bolsonaro no poder. Em uma delas, ocorrida em julho de 2022, ele defendeu ações golpistas antes das eleições de outubro daquele ano.

A PGR reforçou que a influência de Fernandes sobre outros investigados representa ameaça à investigação e à estabilidade democrática. Segundo Gonet, sua liberdade seria "um risco maior do que os fatos já apontam".

O STF, com Alexandre de Moraes como relator, deve decidir se mantém ou revoga a prisão preventiva do general, marcada por acusações que incluem a tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), convocou uma reunião com lideranças para a tarde desta quinta-feira, 26, três dias depois de o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino determinar o bloqueio de R$ 4,2 bilhões em emendas parlamentares que tem a assinatura de 17 líderes de bancadas.

Ainda na segunda-feira, 23, quando veio a público a decisão de Dino, alguns líderes já discutiam estratégias e desejavam convocar uma reunião emergencial naquele mesmo dia. Segundo Lira, a reunião tratará da eleição da Mesa Diretora da Casa, que será definida em fevereiro, com o retorno dos trabalhos legislativos em 2025.

Como mostrou o Estadão, parlamentares dizem que a ação do ministro tensionou novamente a relação entre Judiciário e Legislativo. O senador Ângelo Coronel (PSD-BA), relator do Orçamento de 2025, disse que só colocará essa matéria para votar quando as regras da emendas estiverem pacificadas e quando não houver "fogo cruzado" entre os Poderes.

Na decisão, Dino afirma que houve um "apadrinhamento" das emendas pelos líderes partidários, o que na prática impede a identificação dos parlamentares que efetivamente fizeram os pedidos de distribuição.

O ministro também determinou a abertura de um inquérito pela Polícia Federal (PF) para investigar a captura das emendas de comissão. Segundo Dino, em uma primeira análise, os fatos "desbordam, em muito, da Constituição, pois não se trata de normal exercício de autonomia institucional ou de saudável celebração de pactos políticos".

A decisão menciona a Operação Overclean, que investiga suspeitas de desvio de emendas em vários Estados. Em uma das ações, a Polícia Federal flagrou dinheiro vivo sendo transportado em um jatinho que voou de Salvador a Brasília. E uma operação deflagrada nesta segunda-feira, 23, prendeu políticos do interior da Bahia, além de um policial federal.

O Tribunal de Justiça de Mato Grosso contrariou o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão que administra o Poder Judiciário, e depositou o auxílio-alimentação de R$ 10 mil para juízes, desembargadores e servidores em dezembro.

O ministro Mauro Campbell Marques, corregedor do CNJ, mandou suspender o pagamento por considerar o valor exorbitante.

O Estadão pediu posicionamento do tribunal sobre a despesa e também sobre o descumprimento da decisão do Conselho Nacional de Justiça.

O Estadão apurou que, quando o Tribunal de Mato Grosso foi intimado da decisão, os valores estavam no banco para pagamento, o que teria impossibilitado o cumprimento da ordem do CNJ.

O Conselho Nacional de Justiça ainda deve deliberar, no plenário, sobre a devolução do dinheiro, que pode ser descontado nos próximos contracheques.

O Tribunal de Mato Grosso tem 320 magistrados. O pagamento ao auxílio-alimentação, apenas para eles, custou R$ 3,2 milhão.

O aumento no benefício foi autorizado pela desembargadora Clarice Claudino da Silva, presidente do Conselho da Magistratura, em provimento publicado no Diário de Justiça. O ato administrativo informa que o valor é "excepcional" e válido exclusivamente para o mês de dezembro. A partir de janeiro de 2025, o benefício será de R$ 2 mil.

No ano passado, também em dezembro, foi concedido um bônus de R$ 6,9 mil aos servidores e magistrados do Estado.

O Tribunal de Justiça de Mato Grosso está entre os tribunais que mais gastam com juízes e desembargadores. Dados do Conselho Nacional de Justiça mostram que, em 2023, cada magistrado de Mato Grosso custou em média R$ 116,6 mil por mês. O valor excede o limite constitucional do teto salarial dos servidores, que hoje é de R$ 44 mil, balizado pela remuneração dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).