Colômbia: ministro do Interior anuncia renúncia em meio a tensões no governo de Petro

Internacional
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O ministro do Interior da Colômbia, Juan Fernando Cristo, anunciou nesta segunda-feira, 10, sua renúncia ao cargo. "Tomei a decisão de deixar o cargo de ministro do Interior para participar sem restrições no debate político e impulsionar, de fora do governo, ideias" promovidas por ele, declarou em carta publicada em seu perfil no X.

"Apesar das dificuldades e da radicalização da controvérsia política, considero fundamental insistir na construção de um acordo nacional, que, nas atuais circunstâncias, deve se concentrar nas relações bilaterais com os Estados Unidos, na realização de eleições livres e transparentes em 2026", acrescentou Cristo. Segundo ele, "apesar de nossos inúmeros esforços", não foi possível terminar a implementação do plano de governo por conta de "tensões internas na equipe, dificultando a execução rápida" do que havia sido planejado.

Na noite deste domingo, 9, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, havia pedido a "renúncia formal" dos ministros e de outras autoridades de primeiro escalão do governo. "Haverá algumas mudanças no gabinete para alcançar maior conformidade com o programa ordenado pelo povo", escreveu o líder em seu perfil no X.

Tensões no governo colombiano aumentaram após Petro cobrar explicações públicas sobre o descumprimento de promessas, anunciando que todas as reuniões ministeriais seriam transmitidas pela TV. A medida gerou desconforto entre os ministros, levando Cristo a declarar que o gabinete é "insustentável". Ele foi o primeiro a sugerir renúncias para permitir que Petro fizesse mudanças no governo.

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O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, defendeu nesta segunda-feira, 10, no programa Roda Viva, soltar inocentes ou de quem teve participação mínima nos atos de 8 de janeiro como um caminho para "pacificar o País".

"Eu acho que na hora que você solta um inocente ou uma pessoa que não teve um envolvimento muito grande (no 8 de janeiro) é uma forma de você pacificar. Esse País precisa ser pacificado. Ninguém aguenta mais esse radicalismo. A gente vive atrás de culpados. Nós estamos precisando procurar quem ajude a resolver os problemas", afirmou Múcio.

O ministro reforçou sua posição sobre a necessidade de dosimetria nas punições dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Segundo ele, "tem gente que quebrou uma cadeira" e tem gente que "armou" o golpe.

"Se foi um golpe, quem organizou que pague. E aqueles que tomaram seus ônibus, estavam lá tirando foto do celular? Tinham os que entraram quebrando, tem os que ficaram do lado de fora. Tem de todo tipo. Você não pode condenar uma pessoa, dar a mesma pena a quem armou, a quem financiou, a uma pessoa que foi lá encher o movimento", disse ele.

A Polícia Federal concluiu o inquérito da Operação 18 Minutos, que investigou a suspeita de venda de sentenças judiciais no Tribunal de Justiça do Maranhão (TJ-MA), e indiciou 23 pessoas, entre desembargadores, juízes, advogados e servidores da Corte estadual, pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

O relatório final da investigação, de 174 páginas, foi enviado na quinta-feira, 6, para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), instância competente para julgar desembargadores. O relator do caso é o ministro João Otávio de Noronha.

Os desembargadores Nelma Celeste Souza Silva Sarney Costa, Antônio Pacheco Guerreiro Junior e Luiz Gonzaga Almeida e os juízes Alice de Sousa Rocha e Cristiano Simas de Sousa estão entre os indiciados pela PF. O Estadão pediu manifestação dos magistrados por meio da assessoria de imprensa do TJ do Maranhão, mas não houve resposta até a publicação deste texto.

A PF apontou no relatório o envolvimento dos magistrados em fraudes para a liberação de alvarás judiciais por meio da manipulação da distribuição de processos. Os investigadores dividiram os indiciados em três núcleos: o "judicial", formado pelos magistrados e por seus auxiliares; o "causídico", composto por advogados que agiriam em conluio com juízes e desembargadores para conseguir decisões; e o "operacional", responsável pela lavagem do dinheiro obtido nas negociações.

'Divisão de tarefas'

"A investigação identificou a existência de uma organização criminosa formada pelos núcleos judicial, causídico e operacional, em que magistrados, advogados e terceiros atuavam de forma estruturalmente ordenada, com clara divisão de tarefas, com o objetivo de obter vantagens de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais, dentre as quais, corrupção e lavagem de dinheiro", afirma a PF.

O ex-deputado federal Edilázio Júnior (PSD-MA) foi indiciado no núcleo operacional. Ele é genro da desembargadora Nelma Sarney. Mensagens obtidas na investigação indicam que Edilázio influenciou decisões da desembargadora. Procurado pelo Estadão, o ex-deputado não havia se manifestado até a noite de ontem. Quando o inquérito veio a público, ele negou irregularidades e se disse alvo de "ilações e elucubrações que buscam atingir a sua imagem política".

Ainda de acordo com os investigadores, foram encontradas movimentações financeiras suspeitas, como depósitos sem identificação de origem e transferências fracionadas de valores, o que sugere a prática de lavagem de dinheiro envolvendo o grupo.

'Determinante'

Cunhada do ex-presidente José Sarney, a desembargadora Nelma Sarney teve, segundo a PF, uma participação "determinante para o sucesso da empreitada criminosa". Procurados, a desembargadora e o ex-presidente não se manifestaram.

A investigação da Operação 18 Minutos se debruçou sobre a expedição de alvarás judiciais que resultaram no levantamento de quase R$ 18 milhões do Banco do Nordeste para o pagamento de honorários advocatícios. Segundo a PF, desembargadores, juízes e advogados montaram um esquema para liberar os pagamentos e dividir o dinheiro.

O nome da operação faz referência ao fato de que, após uma das ordens judiciais investigadas ter sido expedida - determinando a liberação do dinheiro - apenas 18 minutos se passaram até que os investigados sacassem o valor.

O primeiro alvará suspeito foi expedido em 2015. Na época, Nelma Sarney era corregedora do TJ do Maranhão. Ela editou cinco portarias, no intervalo de um mês, determinando a redistribuição da ação contra o banco, até que o processo chegasse às mãos da juíza Alice de Sousa Rocha, também indiciada pela PF.

"Desse modo, considerando a participação fundamental da juíza Alice Rocha na expedição do alvará fraudulento de R$ 14 milhões em outubro de 2015, entende-se como crucial a atuação da desembargadora Nelma Sarney para que a empreitada criminosa fosse exitosa", afirma a PF no relatório.

O celular da desembargadora foi apreendido em agosto do ano passado, durante buscas da Operação 18 Minutos. A PF localizou conversas entre Nelma Sarney e o genro, o ex-deputado federal Edilázio Júnior, que também foi indiciado. As mensagens de WhatsApp indicam que ele tinha influência direta nas decisões da magistrada. Ele é apontado como "operador" do suposto esquema.

Em um dos diálogos, Edilázio afirma: "Conceder o efeito suspensivo em parte, tão somente para impedir qualquer levantamento até o julgamento do presente agravado de instrumento". Nelma Sarney copia a mensagem e envia para sua assessora, que redige a decisão nos mesmos termos.

Depósitos

As movimentações financeiras da desembargadora também chamaram atenção. A conta de Nelma Sarney recebeu 111 depósitos sem identificação de origem no período investigado. Além disso, segundo a PF, os gastos da magistrada no cartão de crédito são incompatíveis com sua renda e patrimônio. "É possível inferir que a sua despesa com cartão de crédito pode ter sido paga com recursos de origem ilícita, o que configura modalidade de lavagem de dinheiro", sustenta o relatório policial.

A desembargadora está afastada do TJ do Maranhão há um ano. O afastamento é anterior à Operação 18 Minutos, aberta no dia 14 de agosto do ano passado, e foi determinado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ela foi acusada de usar o cargo para ajudar um ex-assessor, com quem trabalhou entre 1991 e 2014, a ser aprovado em um concurso de cartórios no Estado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

No último vídeo postado em seu Instagram, neste domingo, 9, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode ser visto com o cotovelo enfaixado. Procurada pelo Estadão para comentar o curativo, a Presidência da República informou que o presidente arranhou o braço enquanto cumprimentava as pessoas de dentro do carro em Paramirim, no interior da Bahia, onde cumpria agenda na última sexta-feira, 7.

Lula participou da entrega de obras de saneamento e abastecimento de água no Estado. As ações integram o Programa Água Para Todos, parte do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e contam com recursos federais e do governo estadual.

Também na cidade baiana, Lula teve os dedos da mão esquerda presos na porta do carro. O presidente estava dentro do veículo, com o corpo inclinado para fora da janela traseira para cumprimentar moradores, e se segurava próximo à janela dianteira quando a porta dianteira do carro foi fechada por um segurança. Em vídeo do momento, que foi gravado por um apoiador e postado em redes sociais, Lula puxa o braço rapidamente e tira a mão que foi atingida pela porta.

Nesta segunda-feira, 12, o braço enfaixado apareceu em um vídeo em que Lula faz caminhada e incentiva os brasileiros a fazerem o mesmo.

O presidente tem previstas viagens por diferentes regiões do País nas próximas semanas. A programação faz parte de uma estratégia definida pelo ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, com o objetivo de promover agendas e aumentar a popularidade do governo.

Fazem parte do plano de viagens a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, o vice Geraldo Alckmin (PSB) e vários dos ministros de Estado.