O Hamas adiou indefinidamente nesta segunda-feira, 10, a libertação de reféns israelenses que deveriam deixar a Faixa de Gaza no próximo fim de semana. Segundo uma declaração do porta-voz do grupo terrorista, Abu Obeida, a medida foi tomada em razão de supostas violações do acordo de cessar-fogo com Israel.
Segundo o Hamas, Israel falhou em permitir o regresso dos civis palestinos ao norte da Faixa de Gaza e realizou bombardeios em todo o enclave durante o acordo de trégua. O grupo terrorista também acusa Israel de dificultar a entrada dos caminhões com ajuda humanitária.
O governo israelense afirma que apenas bombardeou carros que estavam em uma zona não permitida, mas permitiu a volta de palestinos ao norte do enclave. Um porta-voz do ministro da Defesa israelense, Israel Katz, classificou o anúncio do Hamas como "uma violação completa do acordo de cessar-fogo e do acordo de libertação de reféns". Katz afirmou que instruiu as Forças Armadas de Israel "a se prepararem em alerta máximo para todos os cenários possíveis em Gaza".
Logo em seguida, o Exército anunciou que começou a reforçar as áreas ao redor da Faixa de Gaza após o anúncio do Hamas. "A área será significativamente reforçada com forças adicionais para missões defensivas", afirmaram os militares, em comunicado.
A medida ameaça inviabilizar o acordo de trégua de seis semanas alcançado no mês passado, antes do início do governo de Donald Trump, nos EUA. Nas últimas semanas, diversas acusações das duas partes quase acabaram com a trégua, mas os mediadores conseguiram aparar as arestas.
Nesta fase do acordo, o Hamas se comprometeu a libertar 33 reféns capturados nos ataques terroristas de 7 de outubro de 2023 no sul de Israel, em troca de 2 mil prisioneiros palestinos. Cinco trocas foram realizadas até agora, com a libertação de 21 reféns e 730 prisioneiros palestinos. A próxima leva de libertações estava marcada para sábado, 8.
Segunda fase
As duas partes concordaram em iniciar as negociações para uma segunda parte da trégua, mas a situação ficou incerta. Caso um acordo seja alcançado para a próxima etapa, o Hamas libertaria o restante dos sequestrados vivos, principalmente soldados homens, em troca de mais prisioneiros e da "retirada completa" das forças israelenses de Gaza.
O grupo terrorista ressaltou que não libertaria os reféns restantes sem o fim da guerra e uma retirada israelense completa do território, enquanto o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, prometeu só encerrar a guerra após destruir as capacidades militares do Hamas.
As negociações sobre os detalhes deveriam ter começado na semana passada, mas Israel enviou autoridades ao Catar sem um mandato para negociar essa fase, de acordo com quatro autoridades israelenses, uma autoridade de um país mediador e um diplomata informado sobre as negociações, que falaram ao New York Times sob condição de anonimato para discutir o delicado cessar-fogo.
Reféns
Em uma eventual terceira fase, os corpos dos reféns restantes seriam devolvidos em troca de um plano de reconstrução de três a cinco anos que seria executado em Gaza sob supervisão internacional.
A última libertação de reféns, no sábado, aumentou ainda mais a pressão para Netanyahu, em razão da condição física dos sequestrados. Os israelenses Eli Sharabi, Ohad Ben Ami e Or Levy estavam claramente subnutridos e perderam muito peso.
Em comunicado, o fórum das famílias dos reféns israelenses apelou aos países mediadores para restaurarem o acordo existente. "As evidências recentes dos libertados, bem como as condições chocantes dos reféns soltos no sábado passado, não deixam margem para dúvidas - o tempo é essencial e todos os reféns devem ser resgatados com urgência desta situação horrível", afirmou o fórum, em comunicado. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Hamas adia soltura de reféns e Israel ameaça retomar guerra em Gaza
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