Trump assina decreto para mudar normas eleitorais dos EUA e cita Brasil como bom exemplo

Internacional
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O presidente americano Donald Trump assinou uma ordem executiva nesta terça-feira, 25, para alterar normas eleitorais dos Estados Unidos, exigindo que as pessoas forneçam documentos comprovando que são cidadãos quando se registrarem para votar. O texto do decreto cita o exemplo do Brasil e da Índia como países que impõem proteções eleitorais.

 

"Apesar do autogoverno pioneiro, os Estados Unidos agora falham em impor proteções eleitorais básicas e necessárias empregadas por nações modernas e desenvolvidas, bem como por aquelas ainda em desenvolvimento. Índia e Brasil, por exemplo, estão vinculando a identificação do eleitor a um banco de dados biométrico, enquanto os Estados Unidos dependem amplamente da autodeclaração para cidadania", diz o decreto executivo assinado por Trump.

 

A ordem pede que a Comissão de Assistência Eleitoral exija que as pessoas apresentem prova de cidadania americana emitida pelo governo para se registrarem para votar, e orienta autoridades estaduais ou locais a registrar e verificar as informações. Sob essa ordem, os eleitores poderiam usar passaportes ou documentos de identidade para provar cidadania, mas não certidões de nascimento.

 

Ao The Washington Post, Wendy Weiser, vice-presidente de democracia do Brennan Center for Justice da New York University, disse que, se colocada em prática, a medida privaria milhões de pessoas que não têm acesso tão fácil a documentos que comprovem sua cidadania. O especialista argumentou que o decreto é ilegal, já que o presidente americano não teria poder para anular um estatuto aprovado pelo Congresso.

 

A mudança parece ter como alvo imigrantes ilegais, amplificando as queixas inverídicas de longa data de Trump sobre a integridade eleitoral. Nas eleições passadas, ele declarou, de forma falsa, que votos ilegais contribuíram para sua derrota na eleição de 2020 e no voto popular em 2016.

 

A ordem também tenta impedir que Estados contem cédulas de correio que os oficiais eleitorais recebem após o Dia da Eleição. No ano passado, 18 Estados permitiram que cédulas de correio que chegaram após o Dia da Eleição fossem contadas, desde que tivessem carimbo postal do Dia da Eleição.

 

Essa é uma prática comum em Estados que exigem que as cédulas de correio sejam postadas apenas no Dia da Eleição. Mas mesmo nas semanas após sua vitória decisiva em novembro, Trump continuou reclamando que as cédulas ainda estavam sendo contadas.

 

A ordem ameaça retirar o financiamento federal dos Estados que não cumprirem.

 

"Eleições livres, justas e honestas, sem fraudes, erros ou suspeitas, são fundamentais para manter nossa República constitucional", declarou a ordem. "O direito dos cidadãos americanos de terem seus votos devidamente contados e tabulados, sem diluição ilegal, é vital para determinar o vencedor legítimo de uma eleição."

 

Na assinatura, Trump - que ainda afirma falsamente que venceu a eleição de 2020 - observou que alguns podem não entender por que ele estava reclamando, já que ele venceu "de forma esmagadora" no ano passado.

 

"Há outros passos que tomaremos como próximos nas próximas semanas, e achamos que conseguiremos acabar tendo eleições justas", disse Trump na assinatura. "Este país está tão doente por causa da eleição, das eleições falsas e das eleições ruins, e vamos consertar isso de uma forma ou de outra." (Com agências internacionais)

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O Partido Liberal (PL) suspendeu o salário e as atividades do ex-presidente Jair Bolsonaro após ele começar a cumprir a pena de 27 anos de prisão à qual foi condenado.

O partido informa que vai cancelar as atividades e a remuneração de Bolsonaro, que é presidente de honra do partido, em razão da suspensão dos direitos políticos devido à condenação, "enquanto perdurarem os efeitos do acórdão condenatório na AP (ação penal) 2.668".

O partido diz que a medida é para cumprir a lei 9.096/95, cujo artigo 22 prevê que o partido deve "cancelar imediatamente" a filiação partidária de alguém em caso de morte, perda dos direitos políticos, expulsão, "outras formas previstas no estatuto, com comunicação obrigatória ao atingido no prazo de quarenta e oito horas da decisão" e "filiação a outro partido, desde que a pessoa comunique o fato ao juiz da respectiva Zona Eleitoral".

O salário de Bolsonaro é de R$ 33.873,67, segundo a prestação de contas do PL ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em agosto, o presidente nacional da legenda, Valdemar Costa Neto, consultou o advogado Marcelo Bessa sobre a possibilidade de manter a remuneração do ex-presidente mesmo com a prisão domiciliar.

Bessa fez um parecer em que conclui ser "juridicamente possível e recomendável que a empresa mantenha ativo o contrato de trabalho e o pagamento dos salários". Ele argumentou que não foi verificada nenhuma "restrição específica que impeça a atividade laboral remota" de Bolsonaro.

Prisão na PF

Bolsonaro está numa cela especial na Superintendência Regional da Polícia Federal em Brasília desde sábado, 22, quando foi preso preventivamente por ter tentado violar a tornozeleira eletrônica e levantar na Polícia Federal a suspeita de fuga.

Na terça-feira, 25, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes encerrou o processo e determinou o início do cumprimento da pena. Os demais condenados no "núcleo crucial" da trama golpista foram levados para unidades diversas das Forças Armadas e do sistema penitenciário.

Bolsonaro tem sido visitado pelos familiares na última semana, mediante autorização do STF. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que também recebe salário como presidente do PL Mulher (R$ 33.873,67), e os três filhos que moram no Brasil - o senador Flávio (PL-RJ) e os vereadores Carlos (PL-RJ) e Renan (SC) - foram vê-lo na PF.

Michelle tem enviado marmitas ao marido, levados por um de seus irmãos, Eduardo Torres, uma das principais companhias de Bolsonaro durante sua prisão domiciliar, uma vez que familiares podiam visitá-lo sem pedir autorização.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afirmou nesta quinta-feira, 27, no Annual Meeting realizado pela XP Asset Management, que o anúncio do nome que irá concorrer às eleições presidenciais do próximo ano deverá acontecer no início do próximo ano.

"Eu acredito que saberemos no início do ano que vem", respondeu ao mediador que questionou quem será o candidato da direita no próximo ano. Ele seguiu dizendo: "Precisamos ter um pouco de calma. O mercado é muito ansioso mesmo. O mercado gosta de precificar tudo muito rapidamente".

Durante sua fala, Tarcísio expressou compreensão pela preocupação do mercado e reconheceu a justificativa para tal preocupação: "O mercado está preocupado e tem razão para estar preocupado". Neste momento, ele citou que, em caso de reeleição do PT, o partido teria de fazer reformas ou o Brasil vai quebrar.

"Qual a alternativa que essa turma (PT) tem a oferecer para o Brasil?", questionou o governador de São Paulo, ressaltando que, se tiver mudança política ano que vem, entrará uma turma que "sabe exatamente o que fazer".

Sobre possíveis nomes da direita em 2026, Tarcísio disse que "não tem ninguém com essa ânsia de ser protagonista". "Não vamos entrar divididos, vamos estar unidos e seremos fortes", afirmou o governador.

Perguntado sobre a prisão de Jair Bolsonaro, Tarcísio disse é preciso resolver a situação do ex-presidente para pacificar o País. "Precisamos ajudar a grande liderança da direita que é Jair Bolsonaro para 2026", afirmou.

Congresso está disposto a entregar um projeto interessante

No evento, Tarcísio de Freitas afirmou que o atual Congresso é absolutamente reformista e disposto a entregar um projeto interessante para o País e que poucos presidentes tiveram habilidade de tornar o Congresso sócio das realizações.

Tarcísio também comentou que será fundamental que o próximo presidente governe com o Congresso. Além disso, ele ressaltou que o Brasil necessita de reforma orçamentária, que vai precisar desvincular receita e que a agenda que deve ser tocada pelo próximo mandatário precisa ser conhecida por todos.

O governador, durante a sua fala, disse ainda que uma eventual vitória da direita significa apreciação de câmbio, queda de inflação e juros. Segundo ele, a agenda que precisa ser tocada é conhecida, já que houve quatro anos de Paulo Guedes como ministro da Economia.

O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) afirmou, em postagem nas redes sociais nesta quinta-feira, 27, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou uma "crise acentuada" e que médicos foram acionados após episódios persistentes de soluços e refluxo ao longo do dia. Segundo ele, o quadro teria começado durante a noite.

"Acabo de receber a informação de que meu pai acaba de ter mais uma crise acentuada que já vinha se arrastando. Os médicos foram acionados nesta tarde (27) diante da persistência de soluços e refluxos que começaram durante a noite e continuaram ao longo do dia. Ele não vai sobreviver frente a essa injustiça", escreveu o filho do ex-presidente em seu perfil no X (antigo Twitter).

Até o momento, não houve atualização oficial sobre o estado de saúde do ex-presidente. O Estadão entrou em contato com a defesa e aguarda retorno.

Na manhã desta quinta, Bolsonaro recebeu a visita do filho Jair Renan Bolsonaro (PL), vereador de Balneário Camboriú (SC), e da mulher, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, onde ele cumpre pena pela trama golpista. Ela deixou o prédio sem falar com a imprensa. Jair Renan reiterou que o pai enfrenta crises de soluço constantes, incluindo um episódio ocorrido durante a madrugada.

"Ele está fragilizado. Está muito triste com tudo que está acontecendo", disse. "Eu vim tentar levantar o ânimo do meu velho", afirmou Jair Renan, que levou um livro de caça-palavras para o pai.