Jason Miller, ex-conselheiro do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes neste domingo, 13. Em post nas redes sociais, Miller classificou Moraes como uma "ameaça à democracia".
"O Ministro da Suprema Corte do Brasil, Alexandre de Moraes, é a maior ameaça à democracia no Hemisfério Ocidental, e ele acha isso engraçado", afirmou, repercutindo um trecho da entrevista de Moraes à revista americana The New Yorker.
Miller já teve problemas com Moraes anteriormente. Em setembro de 2021, o ex-assessor de Trump foi abordado pela Polícia Federal no aeroporto de Brasília, no âmbito do inquérito no STF que apurava a atuação das chamadas "milícias digitais".
O americano é fundador da rede social Gettr, que passou a acolher extremistas em 2021 após bloqueios e suspensão de contas por parte de plataformas como Facebook e Twitter.
Miller foi o principal porta-voz de Trump durante a campanha presidencial de 2016 e a transição entre o governo Obama e o primeiro mandato do republicano. Posteriormente, em 2017, foi comentarista político na CNN americana mas deixou a emissora um ano depois. Em 2024, Miller deixou o cargo de CEO do Gettr para atuar como conselheiro na terceira campanha presidencial de Trump.
Entrevista
Na entrevista à The New Yorker, Moraes comentou sobre sua atuação como ministro do STF, em especial nas questões relativas à democracia e redes sociais. Para o magistrado, a ausência de regulamentação tornou as redes sociais propícias à disseminação de desinformação e discursos de ódio.
"Se Goebbels estivesse vivo e tivesse acesso ao X, estaríamos condenados", disse Moraes, referindo-se ao ministro da Propaganda da Alemanha nazista. "Os nazis teriam conquistado o mundo."
À revista, Moraes criticou o movimento político que denomina como "novo populismo digital extremista", termo cunhado pela tese que apresentou em um concurso público no qual pleiteou uma vaga como professor titular da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). "É um populismo altamente estruturado e inteligente. Infelizmente, no Brasil e nos Estados Unidos, ainda não aprendemos a revidar", disse o ministro.
Moraes afirmou ainda que as redes sociais devem respeitar as leis dos países em que estão disponíveis, comparando-as com as Companhias de Índias dos séculos 17 e 18. As companhias foram empresas fundadas pelas principais economias da Europa à época com o objetivo de garantir a exploração de recursos em suas colônias.
Segundo o ministro do STF, sem regulamentação, as plataformas lucram em detrimento dos países em que atuam, assim como as Companhias de Índias europeias. "Não só influenciam as pessoas, como geram a maior receita publicitária do mundo, o que lhes dá a força financeira para influenciar as eleições", afirmou Moraes. "Não querem respeitar a jurisdição de nenhum país, porque, na realidade, procuram ser imunes às nações."