Brasil reforça fronteiras com a Venezuela, que quer 75% do território da Guiana

Internacional
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O Ministério da Defesa intensificou a presença militar em Roraima às vésperas do referendo da Venezuela, que busca anexar a região do Essequibo, equivalente a 75% do território da Guiana. A disputa secular se intensificou nos últimos anos e chega ao ponto mais alto com a votação, marcada para o próximo domingo, 3.

 

Em nota, o ministério afirmou que monitora a crise e reforçou a presença militar na região. "As ações de defesa têm sido intensificadas na região da fronteira ao Norte do país promovendo maior presença militar", informou a pasta em nota.

 

O Itamaraty, por sua vez, expressou preocupação com a disputa entre os vizinhos, mas não deve se pronunciar sobre a votação promovida pela ditadura de Nicolás Maduro. "Do ponto de vista do Brasil, o referendo é um assunto interno da Venezuela", disse hoje a secretária do Ministério de Relações Exteriores para América Latina e Caribe, Gisela Padovan.

 

A secretária disse ainda que vê com "preocupação esse ambiente tensionado entre dois países vizinhos", mas que o Brasil está confiante que a disputa seja resolvida de forma pacífica.

 

Em meio à crise, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve aproveitar a viagem a Dubai para um encontro com o presidente da Guiana, Irfaan Ali, às margens da COP28, a conferência da ONU sobre o clima. Segundo fontes do governo brasileiro, a reunião está prevista para esta sexta-feira. A pauta não foi especificada, mas o Brasil já se ofereceu para tentar promover o diálogo entre os dois países.

 

A disputa

 

O território de 160 mil km² é administrado pela Guiana apesar da antiga reivindicação de Caracas pela região, que possui depósitos de petróleo e minerais, bacias hidrográficas e as famosas cataratas Kaieteur.

 

Localizada a oeste do rio Essequibo, a região representa 75% do território da Guiana e seus 125 mil habitantes - pouco mais de 15% dos 800 mil de todo o país - falam inglês.

 

Georgetown defende uma fronteira definida em 1899 por um tribunal de arbitragem e agora recorre à Corte Internacional de Justiça (CIJ), máximo órgão judicial das Nações Unidas, para validá-la.

 

Caracas, por sua vez, argumenta que o rio é a fronteira natural, como foi em 1777, quando era Capitania Geral do império espanhol e apela ao Acordo de Genebra. Assinado em 1966 (antes da independência da Guiana do Reino Unido), o acordo anula a decisão anterior e estabelece as bases para uma solução negociada, mas nunca houve consenso.

 

O referendo deste domingo contém cinco perguntas, incluindo a possível incorporação de Essequibo ao mapa nacional e a concessão de nacionalidade venezuelana aos 125 mil habitantes da região. O "sim" deve vencer por ampla margem, sem oposição, e embora a consulta não tenha consequências legais, as autoridades esperam que ela reforce a reivindicação territorial.

 

"Está surgindo a união de todos os venezuelanos em um grande consenso: defender a Venezuela", disse o presidente Nicolás Maduro na quarta-feira em um evento político. A Guiana, por sua vez, considera que o referendo é uma "violação das leis internacionais". (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), confirmou nesta sexta-feira, 20, a escolha do professor Elias Jabbour para a presidência do Instituto Pereira Passos, entidade de pesquisa da prefeitura da cidade voltada ao planejamento urbano.

Antes do convite para o cargo, Jabbour atuava na Diretoria de Pesquisas do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), em Xangai, na China. Chamada de "banco dos Brics", a instituição é presidida pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

O Brics é um grupo de países emergentes, do qual o Brasil faz parte, e que atua em conjunto em fóruns multilaterais.

Elias Jabbour também é integrante do comitê central do Partido Comunista do Brasil. "Geógrafo, economista, professor, autor de livros em economia política, mestre e doutor pela USP… Ufa! Mais uma fera que se junta ao time. Seja bem-vindo, Elias Jabbour", anunciou Eduardo Paes, nas redes sociais.

Professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), ele é especialista em socialismo e entusiasta do modelo chinês, Jabbour já recebeu o Special Book Award of China, o principal prêmio literário chinês concedido a estrangeiros. Ele foi reconhecido pelo pelo livro "China: o Socialismo do Século XXI", escrito em parceria com Alberto Gabriele e publicado em 2021.

Após o anúncio feito pelo prefeito, críticos de Paes e de Jabbour resgataram polêmicas do pesquisador. Durante participação no podcast Inteligência Ltda, em 2022, o professor afirmou defender a pena de morte, no regime socialista, aplicada àqueles que estiverem "a serviço de potências estrangeiras".

Jabbour diz que Estados revolucionários não devem permitir "subversão ao sistema", porque podem ver a experiência socialista "ir para o buraco". Ele disse que defende a pena de morte no socialismo porque "apenas os pobres morrem no capitalismo".

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) suspendeu o pagamento do auxílio-alimentação de R$ 10 mil para todos os servidores do Judiciário e magistrados, aprovado pela presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT), desembargadora Clarice Claudino da Silva na última quarta-feira. A decisão, do corregedor Mauro Campbell Marques, é de anteontem.

O TJ-MT não se manifestou sobre a decisão. Insatisfeitos com a PEC do corte de gastos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que põe em risco penduricalhos que engordam seus subsídios para muito além do teto do funcionalismo, os desembargadores do TJ-MT tinham resolvido se dar um presente de fim de ano. Para este mês, o auxílio-alimentação previsto foi de R$ 10 mil. Todos os magistrados de primeira e segunda instância em atividade receberiam o benefício turbinado. Servidores também seriam contemplados.

O TJ-MT tem 320 magistrados. O pagamento do auxílio-alimentação, apenas para eles, custaria R$ 3,2 milhões. O ato administrativo que aprovava o benefício informava que o valor seria "excepcional" e válido exclusivamente para o mês de dezembro. A partir de janeiro de 2025, o benefício seria de R$ 2 mil.

EM 2023. No ano passado, também em dezembro, foi concedido um bônus de R$ 6,9 mil aos servidores e magistrados do Estado.

O TJ-MT está entre os tribunais estaduais que mais gastam com juízes e desembargadores. Dados do CNJ, órgão que administra o Poder Judiciário, mostram que, em 2023, cada magistrado de Mato Grosso custou em média R$ 116,6 mil por mês.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu em almoço com seus ministros nesta sexta-feira, 20, que pretende fazer mudanças no primeiro escalão do governo. O petista, no entanto, evitou falar em nomes e cargos. Ele tem sido pressionado por aliados do Congresso a fazer mudanças a partir da eleição para presidentes da Câmara e do Senado em 2025.

A indicação do petista, segundo apurou o Estadão/Broadcast, foi relacionada à formação de sua aliança para disputar a eleição de 2026. O sentido seria que alguns políticos que hoje estão próximos a seu governo podem não querer apoiar seu grupo político no próximo pleito por terem bases eleitorais que o rejeitam.

No encontro, no Palácio da Alvorada, Lula indicou que vai mesmo desacelerar sua rotina depois dos dois procedimentos cirúrgicos aos quais foi submetido para tratar uma hemorragia intracraniana. Ele disse que, por amor a si mesmo e à primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, vai obedecer às ordens médicas, que restringem sua agenda pelos próximos 45 dias. O presidente pode fazer reuniões, mas compromissos mais cansativos como viagens provavelmente serão evitados.

Confraternização

Lula tinha em seus planos promover uma reunião ministerial, como costuma fazer nos finais de ano. São compromissos longos e extenuantes em que o presidente discursa mais de uma vez e ouve a todos, ou a quase todos, os auxiliares. Normalmente, essas reuniões duram um expediente inteiro.

O presidente, porém, ainda está se recuperando dos procedimentos que o forçaram a ficar dez dias em São Paulo. A reunião foi trocada por um encontro com cara de confraternização de fim de ano. O evento, marcado para 13h de ontem , durou aproximadamente duas horas.

No almoço de ontem, só duas pessoas fizeram pronunciamentos. Primeiro, Janja deu as boas-vindas aos presentes. Depois, foi a vez de Lula falar. O petista deu informações sobre sua saúde e mencionou resultados do governo neste ano.

Ele também falou de sua infância pobre e momentos de um passado mais recente em que esteve em risco. Falou do câncer na garganta que tratou depois do fim de seu primeiro governo e do problema no avião presidencial que o obrigou a ficar sobrevoando por horas o México gastando combustível para poder pousar em segurança, no começo de outubro deste ano. O petista usava um chapéu que escondia a região da cabeça onde foram feitas as operações.

O encontro de ontem teve menos recados políticos do que o Lula costuma dar quando reúne seus ministros. Ele pediu para os auxiliares continuarem mobilizados e divulgarem as ações do governo. O publicitário Sidônio Palmeira, marqueteiro de Lula em 2022, é cotado para assumir o ministério que cuida da comunicação do Executivo.

Lula também comemorou a aprovação dos projetos do pacote fiscal do governo pelo Congresso. O Legislativo teve uma semana especialmente corrida para votar as propostas. Há uma cobrança do mercado financeiro por cortes de despesas do governo. Esse é um dos fatores que fez o dólar subir nas últimas semanas. O presidente citou o esforço de ministros para promover as votações enquanto estava internado. Por fim, desejou feliz Natal e Ano Novo a todos, e disse que volta ao trabalho no começo de janeiro.

Um dos destaques do evento foi a participação do futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.