Alguns dos incêndios no Chile podem ter sido causados intencionalmente, diz governador

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Pelo terceiro dia, o Chile combate os incêndios florestais mais mortais de sua história recente, com vários pontos em chamas na região de Valparaíso, onde foram registradas pelo menos 112 mortes, e mais de 100 pessoas continuam desaparecidas em zonas devastadas pelo fogo.

 

"É a maior tragédia que tivemos desde o terremoto de 2010", disse o presidente Gabriel Boric, referindo-se ao terremoto de magnitude 8,8, seguido de um tsunami, que ocorreu em 27 de fevereiro daquele ano e deixou mais de 500 mortos. "Esses incêndios começaram em quatro pontos que acenderam simultaneamente", disse Rodrigo Mundaca, governador da região de Valparaíso, onde estão localizadas Viña del Mar e outras cidades afetadas.

 

As autoridades locais estão investigando a causa dos incêndios. Mais de 40 mil pessoas foram afetadas pela destruição total ou parcial de casas. As autoridades pediram às pessoas nas áreas afetadas pelos incêndios que deixassem as suas casas o mais rapidamente possível, enquanto as pessoas mais distantes dos incêndios foram orientadas a permanecer em casa, a fim de facilitar o trânsito de carros de bombeiros e ambulâncias.

 

Foram declarados toques de recolher em Viña del Mar e nas cidades vizinhas de Quilpé e Villa Alemana como parte de um esforço para evitar saques.

 

Qual a causa dos incêndios?

 

Rodrigo Mundaca, governador da região de Valparaíso, disse no domingo (4) acreditar que alguns dos incêndios podem ter sido causados intencionalmente, ecoando uma teoria que também foi mencionada no sábado, 3, por Boric.

 

"Esses incêndios começaram em quatro pontos que acenderam simultaneamente", disse Mundaca. "Como autoridades, teremos que trabalhar rigorosamente para descobrir quem é o responsável."

 

"É difícil pensar que possam existir pessoas tão miseráveis e sem coração capazes de causar tanta morte e dor, mas se essas pessoas existem, nós as procuraremos, as encontraremos e elas terão que enfrentar o repúdio não apenas da sociedade como um todo, mas também o peso total da lei", declarou Boric.

 

Nos últimos dois meses, o El Niño causou secas e altas temperaturas no oeste da América do Sul, o que também aumentou o risco de incêndios florestais.

 

Quantas pessoas estão desaparecidas?

 

Na noite de domingo, o Ministério do Interior elevou o número de mortos para 112, acrescentando que o Serviço Médico identificou 32 corpos, disse o subsecretário dessa pasta, Manuel Monsalve.

 

As autoridades da região de Valparaíso, no centro do país, solicitaram que se acelere o trabalho de investigação das mortes dado o alto número de pessoas denunciadas à polícia como desaparecidas.

 

Em entrevista coletiva, a prefeita de Viña del Mar, Macarena Ripamonti, informou que "190 pessoas ainda estão desaparecidas" na localidade.

Para limitar o tráfego nas áreas afetadas "e facilitar os trabalhos de socorro às vítimas e a remoção dos falecidos", foi implementado um novo toque de recolher em quatro comunas de Valparaíso, das 18h (horário local) até 10h de segunda-feira.

 

Quais são as regiões mais afetadas?

 

De acordo com o Serviço Nacional de Prevenção e Resposta a Desastres (Senapred), as chamas consumiram até agora 25.567 hectares nas regiões centrais do país Valparaíso, Metropolitana, O'Higgins, assim como ao sul do território, em Maule, La Araucanía e Los Lagos.

 

O fogo atingiu com maior intensidade ao redor da cidade de Viña del Mar, onde um famoso jardim botânico fundado em 1931 foi destruído pelas chamas no domingo. Pelo menos 1.600 pessoas ficaram sem casa.

 

O fogo foi controlado?

 

O diretor nacional do Senapred, Álvaro Hormazábal, destacou na manhã desta segunda-feira, 5, que há 34 incêndios em combate e 43 controlados. Além disso, afirmou que as "condições (meteorológicas) vão continuar complicadas", embora não tenham a mesma intensidade dos dias anteriores.

As condições chegaram a melhorar nas últimas horas com um fenômeno típico da costa do Pacífico, que produz muita nebulosidade, elevada umidade e diminui o calor, "o que ajuda a arrefecer o incêndio", embora "vá haver temperaturas elevadas até terça-feira", disse a ministra do Interior, Caroline Tohá.

 

Na região de Valparaíso, 1,3 mil soldados e voluntários civis estão destacados para ajudar no combate às chamas, mas também às vítimas que perderam tudo. (Com agências internacionais).

Em outra categoria

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou da ausência de espaço para mulheres falarem durante inauguração do Hospital Universitário do Ceará. Após chamar a atenção do cerimonial, Lula interrompeu seu discurso e passou o microfone para a secretária de Saúde do Ceará, Tânia Mara Coelho.

"Como o cara que fez o roteiro dessa festa aqui não colocou no papel, ele esqueceu de uma coisa fundamental. Esqueceu de que é preciso colocar uma mulher para falar, e não apenas homens", afirmou o presidente durante o evento nesta quarta-feira, 19.

A fala em defesa de espaço às mulheres ocorre uma semana após Lula ter dito que colocou uma "mulher bonita" na articulação política porque quer ter uma boa relação com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) e Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). A fala aconteceu no último dia 10.

"É muito importante trazer aqui o presidente da Câmara e o presidente do Senado. Porque uma coisa que quero mudar, estabelecer relações com vocês. Por isso, coloquei essa mulher bonita para ser ministra de Relações Institucionais, porque não quero mais ter distância de vocês", disse o petista, se referindo à nova ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.

O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), homologou nesta quarta-feira, 19, o acordo entre o deputado federal André Janones (Avante-MG) e a Procuradoria- Geral da República (PGR) para encerrar a investigação que apurou um esquema de "rachadinha" no gabinete do parlamentar. O deputado se comprometeu a pagar R$ 131 mil de indenização à Câmara dos Deputados e R$ 26,3 mil de multa.

Janones foi acusado em novembro de 2023 de ser o operador do crime. Ele foi gravado pedindo que funcionários arcassem com suas despesas pessoais. Na época, o deputado negou que tivesse cometido crime e afirmou que se tratavam de denúncias vazias.

No acordo com a PGR, o deputado reconheceu que, no início de 2019, "devido ao fato de estar com o nome negativado no SPC e Serasa", recorreu a um de seus assessores parlamentares - Mário Celestino da Silva Junior - e pediu um cartão de crédito para custear despesas pessoais.

A Polícia Federal (PF) apresentou o relatório final do inquérito em setembro de 2024 e indiciou o deputado pelos crimes de corrupção, associação criminosa e peculato. Com a assinatura do acordo, a PGR deixou de apresentar denúncia, e o deputado não responderá a um processo no STF.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou nesta quarta-feira, 19, que cogita deixar o mandato de maneira definitiva, após o período de licença que pretende tirar da Câmara. O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) anunciou o afastamento temporário do cargo, mas ainda não enviou o pedido à Mesa Diretora da Casa.

"Sim, positivo. Cogito. Eu só vou ter tranquilidade de voltar ao Brasil quando Alexandre de Moraes não for mais ministro da Suprema Corte ou estiver sendo posto no devido lugar dele. Fora isso, não tenho a possibilidade de voltar ao Brasil", afirmou o deputado em entrevista à CNN Brasil, ao ser questionado se poderia deixar o mandato definitivamente.

Mais cedo, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, havia dado uma previsão de quatro meses para o retorno do parlamentar ao Brasil. Segundo o dirigente partidário, Eduardo será o candidato da sigla ao Senado nas próximas eleições pelo Estado de São Paulo.

"Vai ser nosso senador por São Paulo. A previsão é voltar daqui a quatro meses", disse Valdemar em entrevista à CNN.

Eduardo Bolsonaro afirmou nas redes sociais que é alvo de perseguição, e criticou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e a Polícia Federal (PF). O deputado era cotado para presidir a Comissão de Relações Exteriores da Câmara.

De acordo com o Regimento Interno da Câmara, parlamentares podem se licenciar, por tratamento de saúde, missões diplomáticas ou interesse particular. Quando o afastamento ocorre por interesse particular, como no caso de Eduardo, a licença é concedida sem remuneração. A legislação prevê que um deputado pode se afastar sem recebimento de salário por até 120 dias.

Apesar do anúncio, o deputado ainda não fez o pedido formal à Mesa Diretora. "Essas burocracias estão sendo feitas agora. Estou em contato com a minha assessoria, muita coisa para ver aqui ainda com relação a aluguel de casa, documentação, visto e, então, está meio que uma confusão aqui na minha vida. Neste momento, oficialmente, acredito que ainda não tenha sido impetrado o pedido de licença", disse Eduardo. A informação foi confirmada ao Estadão pela assessoria da Câmara.

O parlamentar afirmou ainda durante a entrevista que abriu mão de um "salário sensacional" e que sua situação financeira no país norte-americano não é "confortável". Eduardo recebe um salário de R$ 46.366,19.

Deputados do PSOL pediram à Mesa Diretora da Câmara que a licença de Eduardo seja negada e que a Casa declare abandono de mandato. Os parlamentares afirmam que o filho do ex-presidente "abusa das prerrogativas constitucionais" e que seu afastamento tem como objetivo "fugir da jurisdição brasileira e desempenhar atividades políticas no exterior, configurando, portanto, abandono de mandato". Eduardo está nos Estados Unidos desde fevereiro deste ano.