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Medição da transparência e da corrupção é complexa, mas essencial, avaliam especialistas

Política
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A medição da transparência e da corrupção é uma tarefa complexa pois envolve um fenômeno social multidimensional e instável, avalia o cientista político e professor da Fundação Dom Cabral, Humberto Falcão. O assunto foi discutido durante a 9ª edição do Seminário Caminhos Contra a Corrupção, realizado pelo Estadão e o Instituto Não Aceito Corrupção (Inac).

"Os fatores são diversos e interligados, exigindo uma combinação de indicadores. Precisamos regionalizar as métricas e aprimorar as metodologias", sugeriu Falcão, questionando a relevância de um índice de percepção próprio para o Brasil.

O painel "Pesquisas e medição da transparência e da corrupção - cases e aprendizados", mediado pelo repórter especial e colunista do Estadão, Marcelo Godoy, contou com a participação de Falcão, além da jornalista, gerente de Projetos da Transparência Brasil, Marina Atoji, e da professora da Unesp e conselheira do Inac, Rita de Cassia Biason.

Marina Atoji abordou a complexidade do conceito de transparência, muitas vezes percebido como abstrato. "Transparência começa quando se sabe quem é responsável pelo quê", disse. Ela ressaltou as dificuldades na medição e a necessidade de parâmetros legais que determinem a publicação de informações, incluindo periodicidade e locais de divulgação.

"A métrica da percepção é uma das mais eficazes, pois é através dela que a sociedade civil consegue identificar rapidamente os avanços. O Ministério Público já comprovou isso em um ranking de transparência de municípios. Ninguém gosta de ser apontado como alguém que não promove transparência em seus negócios", explicou Marina, ao ressaltar a efetividade de incentivos como o ranqueamento.

A gerente de Projetos da Transparência Brasil ainda realçou a importância de se traçar a linha entre o que é público e o que é privado. Na avaliação dela, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) se tornou, em muitos casos, uma justificativa conveniente para esconder informações que deveriam ser públicas. Na avaliação de Marina, quando se trata de ver a administração pública de forma clara e acessível, o interesse público deve prevalecer sobre o direito à privacidade. "Se há interesse público, não há direito à privacidade", reforçou.

A professora da Unesp Rita de Cassia citou a visão comparativa do Brasil e seus vizinhos latino-americanos em termos de democracia e combate à corrupção. O Índice de Democracia de 2023 aponta o Brasil como intermediário, com um desempenho abaixo de países como Chile e Uruguai. Na avaliação da especialista, embora o Brasil tenha avançado em alguns períodos, a região como um todo enfrenta dificuldades devido a fatores históricos, legislações e acesso limitado à informação.

Rita afirmou que a dificuldade em distinguir o público do privado é uma das raízes da corrupção em muitos países da América Latina, que apresentam índices mais elevados de corrupção. Para a professora, a tradição na região de usar a máquina pública para beneficiar interesses pessoais. "É como se a administração pública fosse uma extensão da minha casa", avaliou.

Humberto Falcão destacou que a corrupção, mais do que um problema ético, representa um sério obstáculo financeiro ao desviar recursos essenciais. "Quando comparamos o Brasil com outros países, concluímos que a corrupção e a falta de transparência ainda são grandes desafios, apesar das políticas em vigor para combatê-las", afirmou. Para o cientista político, é fundamental medir a corrupção de forma objetiva.

"Se queremos ser eficazes na promoção da transparência, precisamos mensurar isso de maneira rigorosa". Para Falcão, a métrica da percepção é essencial uma vez que reflete a experiência de quem sofre com a corrupção.

O Seminário Caminhos Contra a Corrupção se consolidou como um dos principais espaços de debate nacional sobre transparência, integridade, compliance, ESG e o universo anticorrupção. Quase 80 mil pessoas acompanharam as duas últimas edições, em 2022 e 2023.

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A Justiça do Peru condenou nesta terça-feira, 15, o ex-presidente Ollanta Humala, de 62 anos, a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro, após considerá-lo culpado por receber contribuições ilegais da construtora brasileira Odebrecht (atual Novonor) e do governo venezuelano durante suas campanhas eleitorais de 2006 e 2011. A defesa do ex-presidente disse que vai recorrer.

A sentença de ontem encerrou mais de três anos de audiências contra Humala. Sua mulher, a ex-primeira-dama Nadine Heredia, também foi condenada a 15 anos de cadeia, mas entrou pela manhã na Embaixada do Brasil em Lima e pediu asilo político.

A chancelaria peruana disse que os dois governos estariam "em constante comunicação" para resolver a situação. Cabe ao presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, aceitar ou não o pedido, e ao governo da presidente do Peru, Dina Boluarte, decidir se concede ou não um salvo-conduto para ela deixar o país.

Corrupção

Humala é apenas um de quatro ex-presidentes peruanos envolvidos no escândalo de corrupção da Odebrecht. Alejandro Toledo (2001-2006) foi condenado a mais de 20 anos de prisão, no ano passado, por receber subornos em troca de obras em seu governo.

Pedro Pablo Kuczynski (2016 - 2018) está em prisão domiciliar provisória, uma medida cautelar a pedido de uma equipe da Lava Jato peruana, que o investiga por corrupção durante o período em que ele foi ministro do governo de Toledo, por ter concedido duas licitações à empreiteira brasileira.

Alan García, que foi presidente do Peru por dois mandatos (1985-1990 e 2006-2011), se suicidou em 2019, depois de saber que seria preso preventivamente por conexão com os subornos da Odebrecht.

Acusações

Humala foi acusado de lavagem de ativos por ocultar o recebimento de US$ 3 milhões da Odebrecht em doações ilegais para a campanha de 2011, que o levou à presidência.

Mas, na campanha derrotada de 2006, o casal também teria desviado US$ 200 mil enviados pelo então presidente da Venezuela, Hugo Chávez. O ex-presidente nega ter recebido dinheiro de Chávez ou de qualquer empreiteira brasileira.

Em 2016, a Odebrecht admitiu ter feito pagamentos indevidos totalizando cerca de US$ 788 milhões para obter contratos de obras públicas em vários países da América Latina, incluindo o Peru.

Histórico

No entanto, a crise moral e de imagem da política peruana precede as propinas da Odebrecht. Em 2000, em meio a um escândalo de corrupção, o Congresso destituiu o então Alberto Fujimori por "incapacidade moral permanente". Ele estava no poder desde 1990 e havia enviado sua renúncia por fax do Japão, para onde fugiu dias antes de ser derrubado.

Extraditado do Chile, em 2009, Fujimori foi condenado a 25 anos de prisão por corrupção e crimes contra a humanidade. Após mais de uma década na cadeia, ele foi libertado em 2023 e morreu no ano passado, vítima de câncer. Sua filha, Keiko, tornou-se líder da oposição. Ela cumpriu 15 meses de prisão preventiva, entre 2018 e 2020, por envolvimento com a Odebrecht. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta terça-feira, 15, que pode facilitar a permissão de imigrantes que trabalham em fazendas e hotéis, pois são uma força de trabalho importante para os EUA. A declaração foi dada em entrevista à Fox Notícias (filial do México da Fox News),

"Estamos trabalhando em conjunto com o México para frear os cartéis. Estou me dando bem com (a presidente mexicana) Sheinbaum. Queremos ajudá-la com essa questão", acrescentou o republicano.

Trump ainda comentou que quer recuperar a posse americana do Canal do Panamá, o qual foi devolvido ao governo panamenho em 1977. "Estamos trabalhando com o Panamá agora sobre o canal", declarou.

A guerra de Donald Trump contra as universidades de elite dos EUA ganhou um novo capítulo nesta terça, 15, com o presidente americano ameaçando retirar a isenção fiscal de Harvard, instituição de ensino superior mais antiga e rica do país, que se recusa a mudar seus processos de contratação, de admissão de alunos e currículo, como exige Trump.

Na segunda-feira, 14, o presidente havia mandado suspender US$ 2,2 bilhões em verbas federais a Harvard como parte de sua cruzada contra a ideologia "woke" nas universidades americanas. As exigências de Trump, segundo a direção da universidade, incluíam restrições à liberdade de expressão, que eles não poderiam aceitar.

"Talvez Harvard devesse perder o status de isenção de impostos e ser tributada como uma entidade política, se continuar a promover 'doenças' políticas, ideológicas e inspiradas por terroristas? Lembrem-se, o status de isenção de impostos depende totalmente de (a instituição) agir de acordo com o interesse público", escreveu Trump em sua rede social.

Controle

O presidente também quer que a Universidade Harvard se desculpe por episódios recentes de "antissemitismo" na instituição - uma referência aos protestos pró-Palestina e contra a guerra na Faixa de Gaza que ocorreram em várias universidades americanas no ano passado.

Na semana passada, Harvard recebeu uma carta do governo exigindo reformas e relatórios de progresso de rotina sobre como elas estavam sendo implementadas, a fim de continuar a "manter" o relacionamento financeiro com o Estado. A direção da universidade rejeitou as exigências, o que levou o presidente a congelar o financiamento de US$ 2,2 bilhões.

Analistas acreditam que a decisão de Harvard fortalece a posição de outros atores que hesitam em resistir aos arroubos do presidente americano, como escritórios de advocacia, tribunais e empresas de mídia, além de outras universidades que também se tornaram alvo de Trump.

Harvard, no entanto, está em uma posição privilegiada para resistir à pressão da Casa Branca, com um fundo patrimonial que totaliza US$ 53 bilhões - maior que o PIB de 100 países. Outras instituições com fundos patrimoniais menores acabaram forçadas a fechar acordos com o governo para alterar suas políticas e programas de ensino.

Em março, a Universidade Columbia, pressionada pela perda de US$ 400 milhões em financiamento federal, cedeu ao governo e aceitou algumas exigências, como a remodelação de seu Departamento de Estudos do Oriente Médio, Sul da Ásia e África.

Resistência

Outras universidades da chamada "Ivy League", as instituições de elite no nordeste dos EUA, como Cornell e Northwestern, descobriram sobre as suspensões de repasse de recursos pela imprensa.

Em Princeton, o reitor Christopher Eisgruber disse que também teve verbas cortadas, mas sem que o governo comunicasse quais medidas esperava que a instituição tomasse.

Os cortes anunciados em Harvard representam parte dos US$ 9 bilhões em financiamento federal da universidade, sendo US$ 7 bilhões destinados aos 11 hospitais em Boston e Cambridge, no Estado de Massachusetts.

Os US$ 2 bilhões restantes são de bolsas de pesquisa, incluindo áreas como exploração espacial, diabetes, câncer, Alzheimer e tuberculose. Ainda não se sabe quais programas seriam afetados.

"A universidade não abrirá mão de sua independência ou de seus direitos constitucionais. Nem Harvard nem qualquer outra universidade privada pode permitir ser encampada pelo governo federal", escreveu o reitor de Harvard, Alan Garber, em carta ao governo.

Obama: universidade é exemplo para outras instituições

O ex-presidente Barack Obama elogiou a decisão da Universidade Harvard de recusar as exigências da Casa Branca em sua primeira postagem nas redes sociais criticando o governo de Donald Trump desde 20 de janeiro, dia da posse.

Obama, ex-aluno de Harvard, convocou outras instituições a seguir o exemplo. "Harvard estabeleceu um exemplo para outras instituições de ensino superior - rejeitando uma tentativa ilegal e desajeitada de sufocar a liberdade acadêmica, ao mesmo tempo que toma medidas concretas para garantir que todos os seus alunos possam se beneficiar de um ambiente de investigação intelectual, debate rigoroso e respeito mútuo", escreveu.

O ex-presidente, que se formou na Faculdade de Direito de Harvard em 1991, raramente critica o governo ou políticas governamentais nas redes sociais. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.