Ação do golpe 'salta aos olhos' pela quantidade de provas, afirma Fux

Política
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O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que "salta aos olhos" a quantidade de provas contidas no processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros réus por tentativa de golpe de Estado e outros crimes. Essa quantidade de provas, no entanto, levou Fux a argumentar que não houve tempo suficiente para as defesas analisar todo o conjunto probatório.

Fux elogiou o relatório do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, que chamou de "muito denso". Também disse que houve um "trabalho exaustivo" por parte do colega de STF e disse que "a realidade ninguém conhecia melhor que ele".

"Procurei analisar cada detalhe de seu trabalho (relatório de Moraes), que é muito denso, e entender que até para mim elaborar esse voto foi motivo de extrema dificuldade. Não é um processo simples e já não seria pelo número de denunciados e de testemunhas. Mas salta aos olhos a quantidade de material probatório envolvido. Reportagem que foi ao ar em fevereiro de 2025 já indicava que a PF havia apreendido 1.200 equipamentos eletrônicos dos envolvidos e logrado extrair 255 milhões de mensagens de áudio e vídeo", declarou.

Fux afirmou que o "acusado precisa conhecer plenamente com a máxima profundidade todas as provas que foram produzidas contra si ou a seu favor, independente de suas matizes ideológicas". Também disse que "é imperativo" que as defesas conheçam todas as provas antes de iniciar a oitiva das testemunhas.

"Foi nesse contexto que as defesas alegaram cerceamento de defesa, em razão dessa disponibilidade tardia que apelidei de tsunami de dados. Sem indicação suficiente e antecedência minimamente razoável para a prática dos atos processuais. Não sou um expert no assunto, mas a quantidade chega a 70TB. Fui pesquisar e nem acreditei, porque são bilhões de páginas. E apenas em 30 de abril de 2025, mais de um mês após recebimento da denúncia e menos de 20 dias antes do início da oitiva das testemunhas foi proferida decisão deferindo acesso à íntegra de mídias", argumentou.

Fux questionou o período entre o recebimento da denúncia e o início do processo. Comparou com o caso do Mensalão, que demorou 5 anos entre o recebimento da denúncia e o julgamento.

"Transcorreram 161 dias entre o recebimento da denúncia, que diga-se de passagem, com primor de sua excelência, o PGR, contava com 272 páginas, e o início do julgamento. Cerca de 5 meses. Estou há 14 anos no STF, julguei processos complexos, como por exemplo o do mensalão.O processo levou dois anos para receber a denúncia e cinco anos para ser julgado", alegou.

Fux é o terceiro ministro a votar no julgamento contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e sete de seus aliados por crime de golpe de Estado. O placar está em 2 a 0 pela condenação, conforme os votos do ministro Alexandre de Moraes e Flávio Dino.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira, 19, que irá trabalhar com a Arábia Saudita, Egito e outros parceiros para estabilizar o Sudão, em publicação na Truth Social. Ele disse que o país enfrenta "atrocidades tremendas", tornou-se "o lugar mais violento da Terra" e vive "a maior crise humanitária do mundo", com escassez de alimentos e médicos.

Trump afirmou que líderes árabes, incluindo o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman, pediram que os EUA usem seu "poder e influência" para pressionar por um cessar-fogo imediato.

Segundo ele, o Sudão é "uma grande civilização corrompida, mas que pode ser restaurada" com coordenação internacional.

O ex-candidato presidencial do Chile Franco Parisi convidou na última terça-feira, 18, os vencedores do primeiro turno para participarem de seu programa no YouTube a fim de disputarem o seu eleitorado. Ele ficou em terceiro nas eleições do último domingo, 16, recebendo mais de 2,5 milhões de votos que serão essenciais para definir o próximo presidente do país.

Parisi é um economista que se descreve como outsider na política chilena, apesar de concorrer à presidência pela terceira vez. Ele ficou famoso por um programa de TV que apresentava com o irmão e agora comanda em seu próprio canal na internet o programa "Bad Boys", onde recebe convidados importantes da política chilena.

"Convido formalmente o candidato Kast e a candidata Jara para uma conversa no Bad Boys", disse durante uma entrevista à TV chilena. "Fazemos o programa e, em seguida, realizamos imediatamente uma consulta digital com o pessoal do PDG para saber se eles preferem o candidato A, o candidato B, um voto nulo ou um voto em branco", explicou ele.

PDG é o seu Partido de la Gente (Partido do Povo, em tradução livre). Sua ideia é fazer uma votação com os militantes do seu partido para decidir qual dos dois candidatos ele deveria apoiar para o segundo turno.

Ele fez algo semelhante em 2021, nas eleições disputadas por Kast e o atual presidente Gabriel Boric. Na ocasião, Parisi também ficou em terceiro lugar, mas com muito menos votos - quase 900 mil - e convidou os candidatos para o seu canal, mas apenas Kast aceitou.

O economista também conduziu uma votação interna com os militantes de seu partido antes de declarar apoio naquelas eleições, decidindo por Kast no dia anterior ao segundo turno.

Desta vez, a candidata Jeannette Jara, do Partido Comunista, manifestou interesse em participar, mas indicou que precisa verificar sua agenda. "Soube que ele nos convidou para o Bad Boys. Eu sei disso pela televisão. Vou pensar no assunto; eu gostaria de ir, mas também preciso analisar minha agenda", disse em entrevista a uma rádio local.

Já a equipe do conservador José Antonio Kast disse que está avaliando o convite. Nesta quarta, o candidato disse: "Participei do programa há quatro anos e me diverti muito. Outros candidatos não quiseram participar. Estamos considerando a possibilidade, mas hoje estou atendendo ao primeiro pedido de Franco Parisi: ir às ruas".

No dia seguinte ao primeiro turno deste ano, Parisi instou os dois candidatos a conquistar seus mais de 2,5 milhões de eleitores "nas ruas" e disse que não era o dono dos votos.

Os eleitores do outsider serão essenciais para decidir o segundo turno, que será em 14 de dezembro. Ainda mais essenciais no caso de Jara, que saiu em primeiro no último domingo, mas tem pouco espaço de crescimento.

Segundo analistas ouvidos pelo Estadão na segunda-feira, 17, os votos recebidos por Parisi não são ideológicos, mas sim representam uma população mais cansada dos candidatos tradicionais. Com isso, eles são mais imprevisíveis, embora a tendência é que eles prefiram a direita.

"Em algumas questões relacionadas aos direitos sociais e algumas das coisas que ele propõe, se alinham mais com as ideias de Jara, mas a maior parte de seu eleitorado está interessada em outras questões que estão mais em linha com ideias da direita", explicou Federica Sanchez Staniak, cientista política pela Pontifícia Universidade Católica do Chile.

"Meu chute é que os votos dele vão pro Kast porque é muito difícil que um voto anti-establishment vá para candidata do governo, por mais que ela diga que não é candidata do governo", apostou a professora da PUC-Rio Talita Tanscheit.

Por isso, para Jara, a busca pelos eleitores do outsider é essencial. Nesta quarta, a candidata comunista divulgou o seu plano no qual "soma" as propostas apresentadas pelos demais candidatos do primeiro turno, especialmente de Parisi e de Evelyn Matthei.

"Este exercício não busca nem implica o apoio dos outros candidatos; pelo contrário, representa um exercício sincero de valorização de boas ideias, independentemente de sua origem", escreveu a candidata.

Enquanto para Kast o cenário é mais favorável e o candidato pode se dar ao luxo de recusar o convite, diferentemente da última eleição. Além de contar com mais segurança com grande parte dos votos de Parisi, o conservador deve receber quase totalmente os votos de Johannes Kaiser e Matthei, respectivamente quarto e quinto lugar. Com isso, ele já terá quase 50% dos votos necessários para vencer.

O presidente dos EUA, Donald Trump, agradeceu o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, por manter os laços próximos entre as duas nações e reafirmou o aumento do investimento saudita em Washington para US$ 1 trilhão, em discurso no Fórum de Investimentos EUA-Arábia Saudita nesta quarta-feira.

Na ocasião, o republicano mencionou que a nomeação da Arábia Saudita como a aliada mais importante fora da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) é "um sinal de confiança". "A relação entre EUA e Arábia Saudita está ainda melhor porque tiramos a 'nuvem' do Irã, que era horrível e sauditas tiveram que conviver por muito tempo", alegou.

Trump defendeu que desde quando assumiu o comando da Casa Branca pela segunda vez foi o melhor período "que qualquer presidente já teve" e que é preciso continuar. Para ele, as tarifas são a melhor coisa que já aconteceu com os EUA e, por conta da política comercial adotada, as outras nações voltaram a respeitar os norte-americanos.

Sobre o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), o presidente dos EUA sugeriu "mentiras" pelo presidente do BC, Jerome Powell, e mencionou seu desejo de nomear o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, como chefe da instituição monetária. "Bessent quer continuar no Tesouro, mas o trabalho no Fed é o mais fácil possível. No caso do 'cara' Powell atual, ele dá as informações erradas porque não tem a mínima ideia de nada", disparou.