Defesas de réus do núcleo 4 isolam acusações da PGR e buscam minimizar a denúncia

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As defesas dos réus do núcleo de desinformação (núcleo 4) do plano de golpe buscam minimizar as acusações contra seus clientes e afastá-los da cadeia de comando da trama golpista. Os advogados apresentam nesta terça-feira, 14, os argumentos finais no processo.

O primeiro dia de julgamento foi reservado às sustentações orais da acusação e das defesas. A votação na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) está prevista para começar na quarta-feira, 15.

Os criminalistas têm uma missão difícil. Ao condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no mês passado, a Primeira Turma reconheceu a existência dos crimes narrados na denúncia, o que na prática torna o contexto desfavorável para os demais grupos de acusados.

No núcleo 4 estão sete denunciados que, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), ficaram responsáveis por "operações estratégicas de desinformação" e ataques ao sistema eleitoral e a instituições e autoridades.

O procurador-geral da República Paulo Gonet organizou as provas em uma linha do tempo. Gonet descreveu ações que, na avaliação dele, foram coordenadas com um único objetivo: manter Bolsonaro no poder em detrimento do resultado das eleições. Com isso, mesmo que todos os réus não tenham participado de todas as etapas do plano de golpe, cada um contribuiu, na parte que lhe cabia, para o objetivo final, na visão da PGR.

"É certo que dentro de uma organização criminosa os seus integrantes respondem pela totalidade dos ilícitos cometidos. Mesmo as condutas distantes cronologicamente são alcançadas pelas novas ações praticadas por outros integrantes, uma vez que dirigidas para a mesma finalidade", argumentou o procurador-geral ao pedir a condenação de todos os réus nesta terça.

As defesas, por sua vez, buscam isolar as acusações para tentar neutralizar a narrativa da Procuradoria-Geral da República. Os advogados sustentam que a PGR não comprovou a conexão entre a conduta dos réus e os crimes atribuídos a eles. Também alegam que seus clientes não tinham poder decisório nem influência suficiente para contribuir para o 8 de Janeiro.

Veja os argumentos das defesas:

Ailton Gonçalves Moraes Barros

O capitão reformado do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros foi acusado na denúncia de participar de uma campanha para pressionar os comandantes das Forças Armadas a aderir ao plano de golpe.

O defensor público Gustavo Zorteia da Silva, que representa o capitão, argumentou que ele lançou candidatura a deputado federal nas eleições de 2022 e, por ter pretensões políticas, não faria sentido apoiar propostas golpistas.

Mensagens recuperadas pela Polícia Federal mostram que Ailton conversou com o general Walter Braga Netto, então ministro da Casa Civil, sobre ataques aos comandantes militares.

Em um dos diálogos, em dezembro de 2022, Braga Netto afirma que a "culpa pelo que está acontecendo e acontecerá é do general Freire Gomes (então chefe do Exército)". "Omissão e indecisão não cabem a um combatente", acrescenta o ex-ministro.

Ailton responde: "Então vamos continuar na pressão e se isso se confirmar vamos oferecer a cabeça dele aos leões".

A defesa afirma que, apesar das mensagens, não há provas de que o capitão cumprisse efetivamente as ordens de Braga Netto.

"O quadro que se tem aqui é de penumbra probatória. Não se tem uma comprovação de que o réu Ailton coordenasse campanhas ofensivas contra comandantes militares ou outras autoridades que estivessem a resistir ao golpe", argumentou o defensor público.

Ângelo Martins Denicoli

A PGR afirma que o major da reserva do Exército Ângelo Martins Denicoli ajudou na produção, divulgação e amplificação de notícias falsas sobre o processo eleitoral e fez a interlocução com o influenciador argentino Fernando Cerimedo, responsável por uma transmissão ao vivo com ataques às urnas.

O advogado Zoser Hardman sustenta que não há provas contra o major. O criminalista disse que considera a denúncia "genérica" e que a PGR não aponta informações falsas ou documentos que ele teria produzido.

Hardman nega que Denicoli tivesse proximidade com Fernando Cerimedo. O major compartilhou o contato do influenciador com o tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens de Bolsonaro. Segundo o advogado, o número do argentino circulou em grupos no WhatsApp.

O criminalista também usou a sustentação oral para se contrapor à estratégia do procurador-geral de conectar as acusações.

"O dolo e culpa não se presume. O dolo tem que estar provado. Desde 1984 o Código Penal adotou a teoria finalista da ação. Ação dirigida para um fim, com dolo", rebateu o advogado.

"Quando você diz que 'integrou uma organização criminosa, todos os crimes serão também de sua responsabilidade', você está consagrando aqui uma responsabilidade penal de caráter objetivo."

Carlos Rocha

O engenheiro eletrônico Carlos César Moretzsohn Rocha, presidente do Instituto Voto Legal (IVL), é o único civil implicado no núcleo de desinformação.

Rocha foi denunciado porque os relatórios produzidos pelo IVL, sob supervisão dele, foram usados pelo PL, partido de Bolsonaro, para questionar o resultado das eleições de 2022. O PL pediu a anulação de parte dos votos alegando mau funcionamento de alguns modelos de urnas eletrônicas.

O advogado Melillo Dinis do Nascimento procurou apresentar o trabalho dele como técnico e, com isso, tentar descolar a auditoria feita pelo IVL de iniciativas políticas para desacreditar as urnas. "Auditar não é atacar", disse o advogado.

A defesa de Carlos Rocha também alega que ele não tem responsabilidade pelo uso que o PL fez dos relatórios produzidos pelo IVL. O contrato de prestação de serviços dava ao partido exclusividade sobre o uso do material. "Todo o material era pertencente ao Partido Liberal", argumentou Melillo Dinis.

Outro argumento é o de que Carlos Rocha foi denunciado, mas o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, não. "Foi o IVL que procurou a Justiça Eleitoral para fazer uma representação? Não, foi o PL. De maneira contraditória o presidente do PL não está acusado", destacou o advogado do engenheiro.

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Logo depois de anunciar que os investimentos sauditas nos Estados Unidos, hoje na casa de US$ 600 bilhões, "podem se tornar US$ 1 trilhão", o presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou que Washington e Riad firmaram um acordo que facilitará transferências de armamentos e ampliará a cooperação militar. Segundo ele, a Arábia Saudita será designada "aliado importante fora da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan)", status que aprofunda a relação de defesa, mas "não inclui uma garantia de segurança".

Trump afirmou que "um aliado mais forte e mais capaz promoverá os interesses de ambos os países e servirá ao mais alto interesse da paz", durante jantar de gala na Casa Branca ao lado do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, líder de fato do reino.

A categoria de aliado importante fora da Otan (MNNA, na sigla em inglês) concede benefícios em comércio de defesa, pesquisa conjunta, uso de estoques militares americanos e prioridade no recebimento de equipamentos excedentes, entre outras prerrogativas. Contudo, o próprio governo dos EUA destaca que o status é simbólico e não implica compromissos automáticos de proteção.

Com a decisão, a Arábia Saudita se somará a outros 19 países que já integram essa lista: Argentina, Austrália, Bahrein, Brasil, Colômbia, Egito, Israel, Japão, Jordânia, Quênia, Kuwait, Marrocos, Nova Zelândia, Paquistão, Filipinas, Catar, Coreia do Sul, Tailândia e Tunísia. Além deles, Taiwan é tratado como MNNA sob legislação específica.

O movimento ocorre após a sinalização de aprofundamento da parceria econômica e tecnológica. Na terça-feira, Trump também disse estar trabalhando para "aprovar envio de chips avançados para a Arábia Saudita".

A chefe do Museu do Louvre disse na quarta-feira, 19, que novas câmeras de vigilância e sistemas anti-intrusão serão instalados em breve após o roubo das joias da coroa no mês passado.

Segundo Laurence des Cars, as 100 câmeras estarão operacionais até o final de 2026 enquanto os sistemas anti-intrusão começarão a ser instalados em duas semanas.

Ela descreveu os sistemas como equipamentos que impedirão intrusos de se aproximarem dos edifícios do museu, mas não ofereceu detalhes específicos. As novas câmeras de vigilância tentarão garantir "proteção completa dos arredores do museu", disse des Cars.

"Após o choque, após a emoção, após a avaliação, é hora de agir", afirmou ao Comitê de Assuntos Culturais da Assembleia Nacional.

Ela disse que as instalações fazem parte de mais de 20 medidas emergenciais que serão implementadas. Também será criado o cargo de "coordenador de segurança" no museu, vaga que foi anunciada este mês.

No dia do roubo, ladrões levaram menos de 8 minutos para forçar a entrada através de uma janela na Galeria Apollo com a ajuda de um elevador de carga e roubar o tesouro de 88 milhões de euros.

Difícil para os ladrões?

Des Cars revelou alguns novos detalhes sobre a violação de segurança que permitiu o roubo de 19 de outubro, dizendo que as ferramentas elétricas usadas pelos ladrões para cortar as vitrines eram cortadores de disco destinados ao concreto.

"É um método que não havia sido imaginado de forma alguma" quando as vitrines na Galeria Apollo foram substituídas em 2019, disse ela. Na época, elas haviam sido projetadas principalmente para combater um ataque de dentro do museu com armas, acrescentou.

As imagens das câmeras do museu mostram que durante o roubo, as vitrines "se mantiveram notavelmente bem e não se despedaçaram", disse ela. "Os vídeos mostram o quanto foi difícil para os ladrões."

Des Cars enfatizou que a melhoria da segurança é uma prioridade do plano decenal "Louvre Nova Renascença", lançado no início deste ano, com um custo estimado de até 800 milhões de euros, para modernizar a infraestrutura, aliviar a superlotação e dar ao quadro da Mona Lisa uma galeria dedicada até 2031.

Com o Louvre sucumbindo sob o peso do turismo de massa, des Cars limitou o número diário de visitantes a 30.000 nos últimos anos.

A famosa pirâmide de vidro inaugurada em 1989 foi planejada para receber cerca de 4 milhões de visitantes por ano, ela lembrou. Este ano, mais de 8 milhões de pessoas visitaram o Louvre.

"A extensa modernização pela qual o Louvre passou na década de 1980 está agora tecnicamente obsoleta, com equipamentos que têm sido super utilizados por 40 anos", disse des Cars.

Na segunda-feira, o Louvre anunciou que estava fechando temporariamente alguns escritórios de funcionários e uma galeria pública porque eram estruturalmente frágeis.

Um ataque aéreo israelense contra um carro no sul do Líbano nesta quarta-feira, 19, matou uma pessoa e feriu 11, incluindo estudantes que estavam em um ônibus próximo, informaram o Ministério da Saúde e a mídia estatal.

O ataque na aldeia de Tiri ocorreu horas depois de um drone israelense ter atingido um campo de refugiados palestinos de Ein el-Hilweh, no sul do Líbano, que matou 13 pessoas e feriu várias outras. O ataque da noite de terça-feira, 18, foi o mais mortal entre as dezenas de ataques israelenses desde o cessar-fogo na guerra entre Israel e a milícia xiita radical libanesa Hezbollah, há um ano.

A agência de notícias estatal israelense informou que um ônibus escolar com alunos passava perto do carro atingido na manhã de quarta-feira. O motorista do ônibus e vários alunos ficaram feridos, segundo a reportagem. A identidade da pessoa que morreu no carro não foi divulgada imediatamente. As Forças Armadas de Israel não se pronunciaram nesta quarta-feira.

No campo de refugiados de Ein el-Hilweh, nos arredores da cidade portuária de Sidon, a vida parecia normal nesta quarta-feira, mas as autoridades libanesas impediram a entrada de jornalistas.

No local do ataque, paramédicos procuravam por restos mortais ao redor de um muro manchado de sangue. Vários carros estavam queimados e cacos de vidro e destroços estavam espalhados pelo chão.

Na noite de terça-feira, as Forças Armadas de Israel afirmaram ter atacado um centro de treinamento do grupo terrorista Hamas que estava sendo usado para preparar um ataque contra Israel e seu exército. Acrescentaram que o exército israelense continuará agindo contra o Hamas onde quer que ele opere.

O grupo terrorista Hamas condenou o ataque e negou, em comunicado, que o campo de esportes atingido fosse um de seus centros de treinamento.

No início deste ano, facções palestinas nos 12 campos de refugiados do Líbano começaram a entregar suas armas ao Estado libanês. O governo afirmou que também trabalhará no desarmamento do Hezbollah, mas o grupo rejeita a proposta enquanto Israel continuar ocupando diversas colinas ao longo da fronteira e realizando ataques quase diários.

Os Estados Unidos aumentaram recentemente a pressão sobre o Líbano para que este se empenhe mais no desarmamento do Hezbollah e cancelaram uma viagem planejada a Washington esta semana do comandante do exército libanês, general Rudolph Haikal.

Um oficial sênior do exército libanês disse à Associated Press que autoridades americanas ficaram irritadas com uma declaração do exército no domingo, 16, que culpava Israel por desestabilizar o Líbano e bloquear o destacamento militar libanês no sul do país. O oficial falou sob condição de anonimato, pois não estava autorizado a se pronunciar publicamente.

A mais recente guerra entre Israel e o Hezbollah começou em 8 de outubro de 2023, um dia depois de o Hamas atacar o sul de Israel, após o Hezbollah ter disparado foguetes contra Israel em solidariedade ao Hamas. Dois meses antes, Israel lançou um amplo bombardeio ao Líbano que enfraqueceu severamente o grupo Hezbollah, seguido por uma invasão terrestre.

Essa guerra, a mais recente de vários conflitos envolvendo o Hezbollah nas últimas quatro décadas, matou mais de 4 mil pessoas no Líbano, incluindo centenas de civis, e causou um prejuízo estimado em 11 bilhões de dólares, segundo o Banco Mundial. Em Israel, 127 pessoas morreram, incluindo 80 soldados. (Com informações da Associated Press)