'Pandemia mostrou ser possível adotar agenda sustentável', diz Edvaldo Nogueira

Política
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Dar continuidade ao protagonismo dos municípios no enfrentamento à crise sanitária; preparar as cidades para as demandas que virão no pós-pandemia, como a queda na arrecadação e crise no setor transporte coletivo; rediscutir o pacto federativo e colocar as cidades cada vez mais no caminho da sustentabilidade. Esses são alguns dos objetivos de Edvaldo Nogueira, que assumiu, anteontem, a presidência da Frente Nacional de Prefeitos (FNP). "A recuperação econômica no pós-pandemia tem de ouvir os municípios", disse ele ao Estadão. Aos 59 anos, ele está no quarto mandato como prefeito de Aracaju. Além da capital sergipana, Nogueira tem o desafio de liderar prefeitos de 412 cidades com mais de 80 mil habitantes, o que representa 61% da população e 74% do PIB brasileiro.

Como o sr. recebeu a decisão do Senado de incluir os repasses financeiros a Estados e municípios na CPI da Covid?

Do ponto de vista dos municípios, estamos tranquilos em relação a isso. Nós somos, entre os entes federados, aquele sobre onde recai mais fiscalização. O fundamental é que não haja politização da CPI para nenhum dos lados. Tem de ter objetivo claro e concreto.

Nesta semana, em audiência no Senado, o seu antecessor disse que era uma "cortina de fumaça". O sr. concorda?

Sim, é uma cortina de fumaça, mas os municípios não têm medo. Essa é a questão. Uma CPI que queira investigar contas de governos estaduais tem de ser feita na assembleia legislativa e uma CPI que queria investigar conta de município tem de ser feita no município. Isso é óbvio e também republicano. Então, de fato, é uma cortina de fumaça, mas que a mim, não me amedronta.

Acredita na possibilidade de ter uma relação harmoniosa com o presidente da República?

Vou trabalhar para que seja uma relação harmoniosa. A minha posição é de que a FNP não é política nem partidária. Vou pedir uma audiência virtual da nova diretoria da FNP com o presidente para que a gente possa discutir. Vou buscar estabelecer diálogo com o governo federal, com a Câmara, com o Senado.

Ao longo da pandemia, Bolsonaro questionou diversas vezes sobre o destino da verba repassada aos entes estaduais e municipais. Isso inflamou o debate?

Os munícipes sabem o que foi feito com os recursos repassados pelo governo federal. Foram aplicados na saúde, em hospitais de campanha, em leitos de UTI, em leitos de retaguarda, em vacinação, em funcionamento de postos de saúde, em contratação de pessoal. Os municípios são a base do sistema de saúde brasileiro. Quem sofre as maiores consequências do sistema de saúde são os municípios. É ali onde a pessoa adoece, onde busca leito e tratamento. A FNP tem clareza e certeza de que os prefeitos aplicam o dinheiro de maneira correta.

Nessa semana, a FNP buscou junto ao presidente do Senado a participação no comitê de enfrentamento à covid-19. Como está esse diálogo?

Nossa proposta é a de que se convide um prefeito representando as capitais e outro, as médias e pequenas cidades. Estamos esperando a resposta. Acho fundamental que os municípios tenham representatividade.

Na FNP, o senhor foi bastante atuante em discussões sobre o desenvolvimento sustentável das cidades. Como é possível avançar na agenda 2030 em meio à pandemia?

O desafio até setembro, pelo menos, é combater a pandemia. Essa é a tarefa principal. E nos prepararmos para o pós-pandemia, em que vão aparecer dois grandes temas, o econômico e a mobilidade urbana. Na questão da sustentabilidade, a própria pandemia mostrou que é possível que se tome medidas para alcançar a agenda 2030. Podemos falar em ônibus sustentáveis, introduzir novos modelos de combustível no transporte urbano. Na revisão dos planos diretores, o tema da sustentabilidade, da energia solar em prédios municipais e escolas. Isso poderia ser um projeto nacional. Quanto mais sustentável a cidade, mais forte ela se torna para enfrentar as crises.

Esses serão os desafios para sua gestão na FNP?

Principalmente a questão do desenvolvimento econômico no pós-pandemia. Precisamos buscar uma nova proposta de desenvolvimento para o Brasil. E os municípios serão muito importantes porque a pandemia mostrou como o protagonismo no sentido da realização é dos municípios. Então, os municípios têm de ser chamados à mesa em qualquer projeto de desenvolvimento econômico. A recuperação econômica no pós-pandemia tem de ouvir os municípios brasileiros. Segundo, considero muito importante a questão da saúde no pós-pandemia. O sistema de saúde vai ter uma avalanche de problemas que ficaram represados. É preciso que o sistema seja olhado de maneira muito especial. Para isso, precisa de recursos. Outros desafios são a mobilidade urbana, o pacto federativo e a situação tributária no Brasil.

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As Forças de Defesa de Israel (IDF) e a Agência de Segurança Israelense (ISA) atingiram "dezenas de alvos terroristas" em toda a Faixa de Gaza, incluindo comandantes do Hamas, segundo informações divulgadas por Israel nesta quarta-feira, 19, via Telegram.

"Os ataques foram conduzidos para danificar as capacidades militares e governamentais das organizações terroristas e para remover ameaças ao Estado de Israel e seus cidadãos", menciona o comunicado.

De acordo com a mensagem, foram mortos o chefe do governo do Hamas, Essam Al-Da'alis, o chefe de segurança interna do grupo, Muhammad Al-Jamasi, o responsável por assuntos de interiores, Mahmoud Abu-Wutfa, o ministro da Justiça, Ahmed Alhata, o chefe das Forças de Segurança, Bahajat Abu-Sultan, e o responsável por assuntos de segurança, Yasser Mousa.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou a ligação telefônica realizada na manhã desta quarta-feira, 19, com o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky. "Concluí uma excelente ligação com Zelensky. A conversa durou cerca de uma hora", afirmou o republicano em seu perfil no Truth Social.

E destacou: "Grande parte da discussão foi baseada na ligação de ontem com o presidente Vladimir Putin, para alinhar as demandas e necessidades tanto da Rússia quanto da Ucrânia."

Trump acrescentou que está tudo "muito bem encaminhado" após a conversa com Zelensky.

O presidente norte-americano informou que "uma descrição precisa dos pontos discutidos" será compartilhada em breve pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, e pelo conselheiro de Segurança Nacional, Michael Waltz.

As Forças de Defesa de Israel (FDI) negaram nesta quarta-feira, 19, que Tel-Aviv tenha bombardeado um armazém da Organização das Nações Unidas (ONU) na Faixa de Gaza. O ministério da Saúde do enclave palestino, que é controlado pelo Hamas, acusou Israel de bombardear o local e alegou que um funcionário da ONU morreu em decorrência do bombardeio, que também teria deixado quatro feridos.

"Ao contrário dos relatos, as FDI não atacaram um complexo da ONU em Deir el Balah. O Exército pede que os meios de comunicação tenham cautela em relação a relatos não verificados", disse a Unidade de Porta-vozes das FDI em uma declaração. A ONU ainda não comentou o episódio.

Na noite de segunda-feira, 17, Israel voltou a bombardear a Faixa de Gaza após afirmar que o grupo terrorista Hamas não está disposto a seguir negociando a continuidade do cessar-fogo e a libertação de reféns. De acordo com o ministério da Saúde de Gaza, que não diferencia civis de terroristas, mais de 400 pessoas morreram por conta dos bombardeios.

'Apenas o começo'

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O Hamas disse que pelo menos seis oficiais foram mortos nos ataques ao longo da terça-feira, 18. Entre os mortos estão o chefe do governo civil do Hamas, um funcionário do Ministério da Justiça e dois chefes de agências de segurança.

O Exército de Israel também ordenou o deslocamento da população que mora no leste de Gaza, indicando que Israel poderia iniciar novas incursões terrestres no território. O retorno aos bombardeios impulsionou Netanyahu politicamente, já que o partido de extrema direita liderado por Itamar Ben-Gvir retornou ao governo com a quebra da trégua.

Um alto funcionário do Hamas afirmou a Associated Press (AP) que o retorno de Israel a guerra equivale a uma "sentença de morte" para os reféns israelenses. 59 sequestrados permanecem no enclave palestino, sendo que o governo israelense acredita que apenas 24 estão vivos.

Por meio de relatos de reféns libertados, famílias de pelo menos 13 sequestrados receberam informações de que seus entes queridos estão vivos desde o inicio do cessar-fogo em janeiro. Alguns reféns apareceram em vídeos publicados pelo Hamas, como Evyatar David e Guy Gilboa-Dalal, que foram levados a "cerimônia" de libertação de outros sequestrados durante a primeira fase da trégua, em um sinal claro de tortura psicológica.

O grupo terrorista também publicou um vídeo de despedida dos irmãos argentinos Eitan e Yair Horn antes da libertação de Yair no dia 15 de fevereiro. O Estadão entrevistou o pai dos argentinos, Itzik Horn, para uma reportagem especial de um ano da guerra entre Israel e Hamas. (Com informações da Associated Press).