Supremo invalida promoção de juízes por tempo de serviço

Política
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Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram, por unanimidade, invalidar uma norma do Estado do Amazonas que estabelecia o tempo de serviço público como critério de desempate para a promoção de juízes.

A decisão foi tomada durante uma sessão virtual de julgamento encerrada no dia 27 de outubro. Os ministros julgavam a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 6761, ajuizada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

O ministro Kassio Nunes Marques, relator do caso, destacou que a Constituição Federal prevê "tratamento uniforme" do regime funcional da magistratura a partir de lei complementar de caráter nacional.

Segundo a jurisprudência do Supremo, até que essa lei seja editada, o Estatuto da Magistratura é regulado pela Lei Orgânica da Magistratura (Loman), de 1979.

Nunes Marques observou que a Lei Complementar 17/1997, do Estado do Amazonas, "inovou na matéria ao fixar como critério o maior tempo de serviço público, em caso de empate na antiguidade". Para efeito de comparação, a Lei Orgânica da Magistratura estabelece a precedência do juiz mais antigo na carreira.

Ele ressaltou que "não é possível adotar critério não relacionado ao desempenho da função jurisdicional para aferir a antiguidade do magistrado na promoção na carreira".

PRECEDENTE. O ministro relator observou, ainda, que o STF tem declarado inconstitucionais normas estaduais que criam disciplina em desacordo com as regras da Lei Orgânica da Magistratura. Em março passado, a Corte derrubou leis estaduais sobre limite de idade para ingresso, critérios de antiguidade e permutas no universo da toga.

As ações também haviam sido ajuizadas pela PGR, contestando normas dos Estados do Acre, do Espírito Santo, de Minas Gerais e do Rio Grande do Norte. As leis fixavam critérios para o ingresso na carreira de juiz de Direito, para a aferição da antiguidade de magistrados ou para permutas.

Na ocasião, o Supremo também entendeu, por unanimidade, que a fixação desses critérios sem respaldo na Lei Orgânica da Magistratura Nacional é inconstitucional e que a matéria não deveria ser submetida à autonomia dos Estados e de seus respectivos Tribunais, por haver uma opção constitucional expressa. As ações foram relatadas por dois outros ministros - Luís Roberto Barroso, atual presidente da Corte, e Gilmar Mendes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Após sua segunda visita aos Estados Unidos em dois meses, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que um acordo nuclear com o Irã só seria aceitável se incluísse a "explosão de todas as instalações nucleares" e o "desmonte de todo o equipamento sob supervisão americana, com execução americana".

"Estamos de acordo que o Irã não deve ter armas nucleares. Isso pode ser alcançado por meio de um acordo, mas somente se for um acordo no estilo da Líbia", disse Netanyahu. "A segunda opção é que isso não aconteça, que eles apenas atrasem as negociações, e então a opção passa a ser militar. Todos entendem isso", acrescentou, sugerindo que, sem medidas radicais, um conflito seria inevitável.

Além do Irã, o premiê destacou outros temas discutidos com o presidente Donald Trump ontem, incluindo a guerra em Gaza. "Estamos determinados a eliminar o Hamas e, ao mesmo tempo, determinados a trazer todos os nossos sequestrados de volta", afirmou. Netanyahu também rebateu críticas sobre sua gestão da crise dos reféns, citando o apoio público de Trump: "Esse homem trabalha o tempo todo para libertar os sequestrados".

Sobre o futuro de Gaza, Netanyahu revelou que Israel está em contato com países dispostos a receber palestinos. "No fim das contas, é isso que precisa acontecer", disse, sem detalhar quais nações estariam envolvidas. Outro ponto abordado foi a preocupação com a Turquia, que busca estabelecer bases militares na Síria. "Isso representa um perigo para Israel", alertou Netanyahu, afirmando que pediria ajuda a Trump, se necessário.

Por fim, o premiê mencionou compromissos econômicos, afirmando que Israel reduzirá seu déficit comercial com os EUA. "É o mínimo que podemos fazer por um presidente que faz tanto por nós", concluiu, encerrando o que classificou como uma visita "muito boa e calorosa".

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, afirmou que o país "rejeitará categoricamente" qualquer ação militar unilateral dos Estados Unidos em seu território.

Durante coletiva de imprensa, Sheinbaum destacou que esse tipo de medida "não resolveria nada", ao ser questionada sobre uma eventual decisão do presidente americano, Donald Trump, de usar drones em ataques a cartéis de drogas no México como forma de combater o tráfico na região da fronteira.

Bastaram alguns segundos para os juízes de um tribunal de apelações de Nova York (EUA) perceberem que o homem em um vídeo, prestes a apresentar um argumento em um processo, não apenas não tinha diploma de direito, como também nem existia de verdade.

O mais recente capítulo da chegada da inteligência artificial ao mundo jurídico aconteceu em 26 de março, sob a cúpula de vitrais do Tribunal de Apelação da Primeira Divisão Judicial da Suprema Corte do Estado de Nova York, onde um painel de juízes estava prestes a ouvir Jerome Dewald, autor de um processo trabalhista.

"O apelante enviou um vídeo para sua argumentação", disse a juíza Sallie Manzanet-Daniels. "Ok. Vamos assistir agora ao vídeo." Na tela apareceu um homem sorridente, com aparência jovem, cabelo estilizado, camisa social e suéter.

"Com a devida vênia, excelências," começou o homem. "Venho hoje aqui humildemente, representando-me em causa própria, perante um painel de cinco ilustres juízes." "Ok, espere um momento," disse Manzanet-Daniels. "Esse é o advogado do caso?". "Eu que gerei isso. Essa pessoa não é real," respondeu Dewald.

Era, de fato, um avatar gerado por inteligência artificial. A juíza não ficou nada satisfeita. "Seria bom saber disso quando você fez a solicitação. Você não me informou, senhor," disse Manzanet-Daniels, antes de gritar para desligarem o vídeo. "Não gosto de ser enganada," acrescentou, antes de permitir que Dewald prosseguisse com seus argumentos.

Dewald posteriormente escreveu uma carta de desculpas ao tribunal, dizendo que não teve intenção de causar nenhum dano. Ele não tinha advogado representando-o no processo, então precisava apresentar seus argumentos legais por conta própria. E achou que o avatar conseguiria fazer a apresentação sem os seus costumeiros murmúrios, gaguejos e tropeços nas palavras.

Em entrevista à Associated Press, Dewald contou que solicitou permissão ao tribunal para exibir um vídeo gravado, e então usou um produto criado por uma empresa de tecnologia de São Francisco para criar o avatar. Inicialmente, ele tentou gerar uma réplica digital de si mesmo, mas não conseguiu fazer isso antes da audiência. "O tribunal ficou realmente irritado com isso," admitiu Dewald. "Eles me deram uma bela bronca."

Daniel Shin, professor adjunto e diretor assistente de pesquisa do Centro de Tecnologia Jurídica e Judiciária da Faculdade de Direito William & Mary, disse que não ficou surpreso ao saber que Dewald usou uma pessoa falsa para apresentar argumentos em um tribunal de apelações em Nova York. "Do meu ponto de vista, isso era inevitável," afirmou.

Ele disse que seria improvável um advogado fazer algo assim, por causa da tradição, das regras do tribunal e do risco de ser descredenciado. Mas indivíduos que se apresentam sem advogado e pedem permissão para falar ao tribunal geralmente não recebem orientações sobre os riscos de usar um vídeo sintético para apresentar seu caso.

Dewald disse que tenta acompanhar a tecnologia, e recentemente assistiu a um webinar patrocinado pela Associação Americana de Advogados (ABA) sobre o uso de IA no mundo jurídico.

Outros casos

Mesmo advogados de verdade já tiveram problemas com o uso equivocado da inteligência artificial. Em junho de 2023, dois advogados e um escritório de advocacia foram multados em US$ 5 mil cada por um juiz federal em Nova York, depois de usarem uma ferramenta de IA para fazer pesquisa jurídica, e acabarem citando casos jurídicos fictícios inventados pelo chatbot. O escritório alegou que cometeu um "erro de boa-fé" ao não entender que a IA poderia inventar informações.

Mais tarde naquele mesmo ano, mais decisões judiciais fictícias geradas por IA foram citadas em documentos legais apresentados pelos advogados de Michael Cohen, ex-advogado pessoal do ex-presidente Donald Trump. Cohen assumiu a culpa, dizendo que não sabia que a ferramenta do Google que estava usando para pesquisar questões jurídicas também era capaz de gerar chamadas "alucinações de IA".

Esses foram erros, mas a Suprema Corte do Arizona começou intencionalmente, no mês passado, a usar dois avatares gerados por IA - semelhantes ao que Dewald usou em Nova York - para resumir decisões judiciais ao público. No site do tribunal, os avatares, chamados "Daniel" e "Victoria", dizem estar ali "para compartilhar as notícias do tribunal".