Na briga com bolsonaristas por vice de Nunes, Leite quer ser cacique nacional do União Brasil

Política
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Atualmente na briga com bolsonaristas para ser indicado ao cargo de vice na chapa do prefeito Ricardo Nunes (MDB) na corrida eleitoral de outubro, o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite (União), almeja voos maiores para o futuro. Um dos nomes mais influentes da política paulistana, ele quer ampliar seu poder e tornar-se um articulador nacional do União Brasil. O movimento, segundo aliados, passaria por mais espaço no partido e também por um cargo eletivo em Brasília a partir de 2026. A possibilidade mais citada é o Senado Federal.

Na Câmara desde 1997, Leite tem repetido nos últimos meses que não vai disputar o oitavo mandato como vereador e que seu objetivo na próxima eleição é ser vice do emedebista, mas a possibilidade é considerada remota neste momento. A vaga foi prometida ao PL e a indicação precisa ser aprovada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O nome preferido de Bolsonaro é o do ex-comandante da Rota, coronel Mello Araújo, mas o ex-presidente já disse à vereadora Sonaira Fernandes (PL) para ficar de prontidão. Também estão no páreo a vereadora Rute Costa (PL), a delegada Raquel Galinatti (PL), o secretário Aldo Rebelo (MDB) e o deputado estadual Tomé Abduch (Republicanos).

"O Milton seria um bom nome, conhece a cidade, conhece a Câmara, mas depende de uma construção partidária entre os partidos da base", diz Isac Félix, líder do PL no Legislativo municipal, acrescentando que um dos objetivos do presidente da Câmara é aumentar a atividade no partido "Ele quer ser dirigente partidário a nível de Valdemar (Costa Neto, presidente do PL), de (Gilberto) Kassab, de Antônio Carlos Rodrigues".

Milton Leite é apontado como uma espécie de sucessor de Rodrigues no Palácio Anchieta. O deputado federal foi presidente do antigo PR (atual PL), senador, ministro do governo Dilma Rousseff e presidente da Câmara Municipal da capital paulista por quatro anos.

Só foi ultrapassado pelo próprio Leite, que chegará ao total de seis anos como presidente ao final de 2024: após um mandato entre 2017 e 2018, ele está desde 2021 no comando da Casa. Para isso, alterou a Lei Orgânica duas vezes acabando com o limite de reeleições. Até então, a tradição era que os presidentes fossem reeleitos somente uma vez, totalizando dois anos na Presidência.

"Os partidos aliados decidirão isso no momento oportuno", disse Milton Leite ao responder por escrito perguntas enviadas pelo Estadão. "Eu e meus filhos já somos membros da Direção Nacional do partido. Não posso conversar sobre cargos no partido se já os tenho", acrescentou.

Um exemplo da atuação de Milton Leite se deu na privatização da Sabesp. No início de abril, ele disse em um café da manhã com jornalistas que o projeto não tinha votos para ser aprovado na Câmara Municipal e listou uma série de mudanças que precisavam ser feitas no texto - todas no sentido de aumentar os investimentos na capital e repasses à prefeitura.

Também dizia que era preciso que a privatização garantisse recursos para a construção de habitações sociais e regularização de moradias nas proximidades das represas Billings e Guarapiranga, na Zona Sul, base eleitoral do presidente da Câmara.

O próprio Leite capitaneou as negociações com o governo Tarcísio de Freitas, que escalou Kassab, secretário de Governo, para as conversas. Um mês depois, as reivindicações foram aceitas, o texto alterado e a privatização da Sabesp foi aprovada em dois turnos com uma margem de 20 votos. Uma liminar chegou a suspender o resultado da votação diante da falta de estudos e da realização de audiências públicas para discutir o tema, mas a decisão foi derrubada dias depois pelo presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).

A tendência é que a Família Leite, como o clã é conhecido na Zona Sul, cresça na próxima eleição: além dos filhos Alexandre Leite (União), deputado federal, e Milton Leite Filho (União), deputado estadual, o presidente da Câmara de SP lançou assessores como pré-candidatos a vereador: Silvão Leite, seu chefe de gabinete que pegou o sobrenome "emprestado", e Silvinho Ricardo, chefe de gabinete na Subprefeitura de M'Boi Mirim, um dos redutos de Milton Leite.

Ao Estadão, Antônio Carlos Rodrigues diz que a pretensão do "amigo" e "parceiro" é mesmo se tornar articulador na política nacional. "Ele tem um filho federal e um filho estadual. Para ele, só caberia o Senado", afirmou. "Mas muita água ainda vai rolar neste período".

O deputado defende que Leite seja vice tanto de Nunes quanto do que chama de "outro lado", em referência a uma sinalização de alas do PL e do União Brasil que levantaram a possibilidade de romper com o atual prefeito e lançar ou apoiar outro candidato, como Pablo Marçal (PRTB). Questionado, Leite é taxativo: "Tenho compromisso com o prefeito Ricardo Nunes".

Ele, porém, desconversa ao falar sobre o Senado. "A eleição atual ainda é algo distante, muito mais distante está 2026 para falar sobre qualquer tipo de candidatura", diz.

Segundo aliados de Bolsonaro, o movimento para romper com Nunes não conta com o endosso do ex-presidente. "Vejo notícias plantadas por negociantes de plantão que querem, com elas, praticamente chantagear/extorquir cargos, espaços e verbas do prefeito", escreveu Ricardo Salles na rede social X. Ele teve que abrir mão da própria pré-candidatura para o PL apoiar a reeleição do prefeito.

Além do peso do PL e dos bolsonaristas, a Operação Fim da Linha também teria enfraquecido o pleito de Milton Leite para ser vice de Nunes. A operação mirou empresas de ônibus que atuam no transporte público de São Paulo e teriam ligações com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Leite foi listado como testemunha pelo Ministério Público na investigação contra os dirigentes da Transwolff, que teria recebido R$ 54 milhões da organização criminosa. A Promotoria não detalhou as razões pelas quais quer ouvir o presidente da Câmara.

"Não comento ilações. Tenho 30 anos de vida pública sem nenhum tipo de processo. O fato é que, até agora, não recebi nenhum contato do Ministério Público para depor como testemunha", afirmou Milton Leite.

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O futuro chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, chegou a um acordo para que os Verdes retirem o veto à proposta de flexibilizar as rígidas regras contra o endividamento e aumentar os gastos com defesa. O anúncio ocorre no momento em que o compromisso dos Estados Unidos com a segurança dos aliados europeus é cada vez mais incerto, dada a aproximação entre Donald Trump e Vladimir Putin.

O debate sobre o acordo, que uniu conservadores, sociais democratas e verdes, destacou a urgência de expandir os gastos em defesa. A proposta deve ser levada à votação na Câmara Baixa do Parlamento alemão na próxima terça-feira.

Ignorando décadas de ortodoxia orçamentária, a União Democrata-Cristã, de Friedrich Merz, e o Partido Social Democrata, prováveis aliados no próximo governo propõem flexibilizar o chamado "freio da dívida", que só permite novos empréstimos equivalentes a 0,35% do PIB. O plano é aumentar os gastos com defesa e criar um fundo especial de 500 bilhões de euros (R$ 3,1 trilhão) para renovar a infraestrutura alemã nos próximos 12 anos.

Como concessão aos Verdes, o acordo inclui ainda 100 bilhões de euros (R$ 624 bilhões) do fundo de investimentos para gastos relacionados ao clima - o dobro dos 50 bilhões que estavam previstos. Essenciais para aprovação, eles resistiram ao plano e aumentaram suas demandas nos últimos dias.

Durante o debate parlamentar, na quinta-feira, a bancada criticou Merz por rejeitar repetidamente suas recomendações anteriores de reformar a "freio da dívida" para facilitar investimentos na economia e no combate às mudanças climáticas.

As negociações envolveram a expansão do escopo dos gastos em defesa e a inclusão de dispositivos para garantir que o fundo especial seja usado para novos investimentos e não apenas para financiar projetos já aprovados - preocupação expressada pelos Verdes.

Agora, com aval da bancada ambientalista, Friedrich Merz pode contar com a maioria de dois terços necessária para aprovar as mudanças constitucionais que permitirão o programa de gastos sem precedentes.

O acordo de defesa, declarou Merz , foi "uma mensagem clara para nossos parceiros e amigos, mas também para nossos oponentes, os inimigos da nossa liberdade, de que somos capazes de nos defender e estamos totalmente preparados para isso". E acrescentou: "Não faltarão recursos financeiros para defender a liberdade e a paz em nosso continente".

Vencedor das eleições, Merz negocia a formação do novo governo com o Partido Social Democrata, do chanceler, Olaf Scholz. Mesmo antes de assumir como chefe do governo alemão, o conservador está pressionado a aprovar o plano de defesa no Parlamento atual.

Isso porque os partidos de extrema direita e extrema esquerda terão uma minoria de veto quando a próxima legislatura assumir, em 25 de março.

Os opositores ao aumento do "freio da dívida" para gastos com defesa, como o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha, que emergiu como a segunda maior força da Bundestag nas últimas eleições, afirmam que o debate deveria ocorrer após a posse do novo Parlamento.

A ideia de flexibilizar as regras fiscais para expandir os gastos em defesa foi apresentada pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em cúpula convocada às pressas em meio aos sinais de aproximação entre EUA e Rússia. A proposta, aprovada pelos 27 líderes do bloco, prevê a liberação de 800 bilhões de euros para rearmar a Europa. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reafirmou que o cenário geopolítico atual "pode facilmente levar à Terceira Guerra Mundial", mas garantiu que "estamos em uma boa posição para evitar" a "provável" eclosão do conflito. Para o republicano, uma nova grande guerra seria "como nenhuma outra", devido ao possível uso de armas nucleares.

Em discurso no Departamento de Justiça (DoJ, na sigla em inglês), Trump destacou as dificuldades para negociar um cessar-fogo na Ucrânia. "Não é fácil" dialogar com a Rússia, afirmou, mas garantiu que "estamos fazendo um bom trabalho com os russos". "Tive ótimas conversas com a Rússia e a Ucrânia hoje. Vamos conversar com Vladimir Putin para fecharmos um acordo de cessar-fogo de uma vez", acrescentou.

O presidente também assegurou que os EUA irão recuperar os recursos enviados à Ucrânia para financiamento militar por meio de futuros acordos, incluindo o de exploração de minerais. Apesar do apoio militar americano, "que fazem os melhores equipamentos militares do mundo", Trump ressaltou que "muitos soldados ucranianos ainda estão em perigo".

O republicano também prometeu manter as tarifas contra México, Canadá e China até que "a entrada de drogas nos EUA seja interrompida". "Não vamos descansar até combater a entrada de fentanil nos EUA", afirmou.

Trump ainda disse que o governo federal e o DoJ, sob sua gestão, "serão os órgãos que mais combaterão crimes no mundo". Em seguida, agradeceu aliados na Justiça americana, como Pam Bondi, procuradora-geral dos EUA, e Kash Patel, diretor do FBI.

Ele também voltou a criticar Joe Biden e os democratas. "Nossos predecessores transformaram o Departamento de Justiça no 'Departamento de Injustiça'. Estou aqui hoje para declarar que esses dias acabaram e nunca mais voltarão", afirmou.

Sobre as eleições, Trump acusou os democratas de tentarem impedir seu retorno à Casa Branca. "Falharam. Ganhei todos os swing states, ganhei no voto popular. O mapa dos Estados Unidos estava todo vermelho. Mas pelos republicanos, não pelo comunismo. Eles democratas queriam vermelho pelo comunismo", disse.

O Senado norte-americano aprovou definitivamente um projeto de lei que pode aumentar as penalidades para traficantes de fentanil, com 84 votos a favor e 16 contra, todos esses últimos de democratas. A proposta teve forte apoio dos democratas na Câmara, onde muitos estão determinados a combater a distribuição de fentanil após uma eleição em que o presidente dos EUA, Donald Trump, destacou o problema.

Em 2023, quando os republicanos da Câmara aprovaram um projeto de lei semelhante, ele ficou parado no Senado, que era controlado pelos democratas.

Críticos apontam que a proposta repete os erros da "guerra às drogas", que resultou na prisão de milhões de pessoas viciadas, especialmente afro-americanos. Fonte: Dow Jones Newswires.