Eleição em Curitiba tem apoiados locais de um lado, um federal de outro e ex-governadores

Política
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A disputa pela prefeitura de Curitiba (PR) nas eleições de 2024 deve colocar à prova a força dos apoios dos padrinhos nas máquinas municipal e estadual, de um lado, e federal de outro.

Vice-prefeito e com pouca experiência em cargos políticos, Eduardo Pimentel (PSD) tem com trunfo os apoios acumulados do governador Ratinho Júnior e do prefeito Rafael Greca, estrelas de seu partido no Estado, e do ex-procurador e deputado federal cassado Deltan Dallagnol (Novo), que desistiu de se candidatar para entrar em sua campanha.

De outro lado está o ex-prefeito Luciano Ducci (PSB), que tem uma aliança com o PT e com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em costura feita pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Correndo por fora, velhos conhecidos do eleitorado paranaense: os ex-governadores Beto Richa (PSDB) e Roberto Requião (PMN).

O cenário ganhou contornos um pouco mais definidos após a retirada da candidatura de Dallagnol, que era um dos líderes dos levantamentos e entrou na campanha com o peso de ter sido o segundo deputado federal mais votado da história do Paraná, com 345 mil votos. Em meio a debates jurídicos sobre uma possível inelegibilidade após ser cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele acabou desistindo de concorrer para apoiar Pimentel.

"Assinando uma carta de compromissos em favor de Curitiba e da defesa de pautas, de princípios e valores que são inegociáveis para mim e para nós da direita, que são pautas, princípios e valores que Eduardo compartilha e com os quais ele se compromete", disse Deltan Dallagnol ao anunciar o apoio.

Além dele e de Greca, que se despedirá da prefeitura neste ano após dois mandatos, o governador Ratinho Júnior tem feito um esforço de transferir o capital político a Pimentel desde que seu nome foi definido. Ratinho carrega uma acentuada aceitação à sua gestão. No mês de março, uma pesquisa do instituto Quaest mostrou que cerca de 79% dos paranaenses aprovam o mandato do governador.

O reflexo dos apoiadores de Pimentel o coloca na frente nas pesquisas de intenções de votos. Levantamento do Paraná Pesquisas, divulgada em 14 de maio, mostrou o vice-prefeito liderando na cidade, com 22,9%, seguido por Ducci, com 13,1%, e Ney Leprevost (União Brasil), com 12,8%, superando o ex-governador Roberto Requião (PMN), que alcança 11%.

Para Doacir Quadros, cientista político e professor no Centro Universitário Internacional Uninter, todo o entorno da campanha de Pimentel, embora relevante, pode não ser o suficiente para o eleger. Sua inexperiência política e o desconhecimento da cidade em torno do seu trabalho podem ser desafios no momento da propaganda eleitoral ou até mesmo no debate entre candidatos.

"Ele não tem um capital político-eleitoral estabelecido. Isso pode vir a fazer falta, já que pode ter que enfrentar Beto Richa, Roberto Requião... Já estão consolidados, são políticos que, literalmente, na questão da comunicação, do diálogo, já têm uma experiência", explica.

O PT, através da presidente do partido, Gleisi Hoffmann, declarou apoio do partido ao pré-candidato Luciano Ducci, atitude que gerou desconforto em parcela da legenda, em especial os possíveis pré-candidatos Zeca Dirceu (PT) e Carol Dartora (PT). Dirceu chegou a dizer que iria recorrer ao presidente Lula para reverter a decisão. O partido, porém, fechou a aliança a pedido do vice-presidente Geraldo Alckmin, cumprindo um acordo de apoiar nomes do PSB em Curitiba, Recife, São Luiz e Palmas.

O apoio petista, porém, pode não ser suficiente para transformar Ducci em favorito.

"(O eleitorado de Curitiba) tende a seguir uma cartilha conservadora. Existe uma clara rejeição aos partidos de esquerda e, em especial, ao PT, na história. O PT teve real possibilidade de ter o seu candidato eleito pela última vez em 2000", explica o professor Doacir Quadros, em referência à derrota de Angelo Vanhoni, no segundo turno, para o então prefeito Cássio Taniguchi (PFL). De lá pra cá, Curitiba está cada vez mais à direita, tendo em vista os desdobramentos da Operação Lava Jato, baseada na cidade.

Ducci pleiteia o retorno à cadeira principal da capital paraense, depois de comandar a cidade em 2010 e 2013, após ter sido vice-prefeito do seu atual opositor Beto Richa (PSDB).

Richa, que tentou se aproximar do ex-presidente Jair Bolsonaro em uma frustrada ida ao PL, se manteve no PSDB e lançou sua pré-candidatura em maio.

"Eu não ia migrar para o PL. Eu ia conversar com o PSDB, ver o que era possível fazer. (O PL) é um partido que tem muito mais estrutura que o PSDB, muito mais tempo de televisão. Eu preciso de mais tempo de TV, mais estrutura, ainda mais enfrentando duas máquinas, a municipal e a estadual. Conversei com vários partidos e o que mais me interessou foi o PL", explicou Richa ao Estadão na época.

Correndo por fora na disputa pelo comando da capital paranaense, o deputado estadual Ney Leprevost espera ter um apoio precioso na corrida eleitoral. Principal figura de seu partido no Estado, o senador Sérgio Moro (União Brasil) traz consigo o capital político da eleição ao Congresso em 2022, derrotando candidatos de Lula e Bolsonaro, e dos tempos de Lava Jato. Seu apoio poderia ter um significado importante para o desfecho das eleições. Em entrevista para o Estadão, Ney reafirma que o União Brasil tende a priorizar a capital paranaense. "O União acredita que Curitiba é uma vitrine importantíssima para o partido", disse.

Veja os pré-candidatos a prefeitura de Curitiba:

- Eduardo Pimentel (PSD), vice-prefeito

- Luciano Ducci (PSB), ex-prefeito e deputado federal

- Ney Leprevost (UNIÃO), deputado estadual

- Beto Richa ( PSDB), ex-governador e deputado federal

- Paulo Martins (PL), ex-deputado federal

- Goura ( PDT), deputado estadual

- Cristina Graeml (PMB), jornalista

- Luizão Goulart (Solidariedade), ex-deputado

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Os bombardeios acontecem duas semanas após Trump enviar uma carta aos líderes iranianos oferecendo um caminho para retomar conversas bilaterais sobre o programa nuclear do Irã. Ao mesmo tempo, o presidente americano adotou uma postura mais dura ao reinstituir a designação de "organização terrorista estrangeira" para os houthis e prometeu responsabilizar Teerã pelas ações do grupo rebelde, como parte de sua estratégia de "pressão máxima" contra o regime iraniano. Fonte: Associated Press.