Vettel critica mineração na Amazônia, incentiva reciclagem e revela sentir saudades da F-1

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Aposentado desde o fim de 2022, Sebastian Vettel está de passagem pelo Brasil nesta semana. E não apenas para acompanhar de perto do GP de São Paulo de Fórmula 1. O tetracampeão mundial conheceu a Amazônia, a convite do líder indígena Raoni, catou lixo na rua para incentivar a reciclagem e revelou, em entrevista ao Estadão, que ainda sente falta da F-1.

"Tem várias coisas das quais sinto falta na F-1, principalmente a competição mesmo. Mas eu escolhi me aposentar e não estou arrependido até agora", disse o alemão de 37 anos, dono de três vitórias na etapa brasileira do calendário da F-1.

Vettel desembarcou no Brasil no início da semana, mas passou longe do Autódromo de Interlagos. Ele foi visitar a Amazônia a convite de Raoni. O lendário líder indígena, que já concorreu ao prêmio Nobel da Paz duas vezes, é conhecido pela defesa da floresta e suas comunidades, principalmente no Parque Indígena do Xingu.

"Passamos algum tempo perto do Rio Xingu. Conheci os caiapós, fui convidado pelo líder Raoni e Megaron. Eles compartilharam a história deles comigo, as lutas e os esforços que enfrentaram nos últimos anos. Me contaram como eles aprenderam a viver em harmonia com a natureza ao longo de várias gerações. E como agora estão sofrendo para manter suas comunidades vivas e intactas diante da pressão que vem de fora, principalmente a pressão sobre a (propriedade da) terra", afirmou Vettel ao Estadão.

Nas redes sociais, ele compartilhou fotos na companhia de Raoni e do cacique caiapó Megaron Txucarramãe. "Pude aprender muitas coisas com eles", disse o ex-piloto da F-1, encantado após sua primeira visita à Floresta Amazônica.

"Ver a Amazônia do topo, voando por cima dela, foi uma grande e bonita experiência. Era tudo verde. De alguma forma, acho que todos nós temos uma conexão com a natureza. Mesmo que a gente passe boa parte do nosso dia no meio do concreto, cercado de prédios, se você tem a oportunidade de fazer uma caminhada no meio do verde, numa floresta, você sente a energia positiva da natureza. Então, você pode imaginar a energia que eu senti na Amazônia, cercado de árvores por todos os lados!".

Vettel criticou a transformação da floresta em pastos e também em minas, em busca de ouro. "Fiquei devastado por ver a floresta sendo retirada, como se estivesse sendo comida de fora para dentro. Há uns pedaços de terra sem floresta, como se fossem retirados com precisão numa cirurgia. São pedaços em que a floresta foi trocada por campos, me pareceu muito antinatural. Estão destruindo a terra para construir minas, na tentativa de encontrar ouro."

"São muitos problemas dos quais precisamos estar cientes, primeiramente. Precisamos ouvir as pessoas. Claro que não podemos culpar essas pessoas que vão todos os dias a essas minas procurar ouro. É o trabalho que eles têm, é assim que conseguem pagar suas contas e sustentar suas vidas e suas famílias. Precisamos olhar a imagem maior e entender a situação", completou.

RECICLAGEM

Já em São Paulo, Vettel liderou uma ação de sustentabilidade, sua principal bandeira desde a aposentadoria na F-1, junto a Coopercaps, a ONG Pimp my carroça e o Instituto Ayrton Senna. O alemão convidou amigos, jornalistas, integrantes do seu fã-clube e até a família Senna para catar material reciclável na rua, numa disputa entre equipes. As irmãs Bianca e Lalali Senna participaram da atividade, assim como o ator Caio Castro.

"O que estamos fazendo hoje é falar sobre as pessoas que possivelmente não tiveram as mesmas chances que você e eu. Esse é um assunto do qual precisamos falar", disse Vettel, que relacionou questões ambientais com sociais. "Falamos de muitas coisas aqui, mas de alguma forma todas estão conectadas."

O alemão aprovou o desempenho dos grupos, que recolheram 260 quilos de lixo reciclável ao longo de uma hora. Um catador sozinho junta, em média na cidade de São Paulo, 300 quilos de material reciclável ao longo de um dia.

"Foi impressionante ver o que as pessoas fazem aqui nesta cooperativa. Homens e mulheres vão para as ruas todos os dias catar lixo. Não fazem isso para nos ajudar, mas porque precisam sobreviver. E fazem isso recebendo muito pouco dinheiro. Hoje conseguimos criar uma situação que nos faz refletir sobre esse assunto", disse o tetracampeão mundial.

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No Outubro Rosa, mês dedicado ao combate da doença, oncologista da Imuno Santos esclarece estratégicas de prevenção e tratamento

O que você faria se pudesse prever um tumor? Com o avanço da ciência e tecnologia, já é possível saber, antes mesmo da apresentação de sintomas, se uma pessoa tem ou não predisposição para a doença. Neste mês de conscientização do câncer de mama, que deve afetar mais de 73,6 mil mulheres no Brasil em 2025, segundo o Ministério da Saúde e o Inca (Instituto Nacional de Câncer), o rastreamento genético é uma potente aliada da medicina. 

A oncologista da Imuno Santos, Suelli Monterroso, explica que o exame é um complemento importante aos métodos tradicionais, como a mamografia, ultrassonografia e ressonância magnética. ”O teste genético pode ser feito para identificar mutações hereditárias no DNA que possam evoluir para doenças cancerígenas, neurológicas e cardíacas. Isso permite escolhas estratégicas, como antecipação e aumento da frequência de análises de rastreamento, o que amplia as chances de cura em casos de detecção de tumores em estágios iniciais”, destaca.

Outra medida para quem possui alta probabilidade de ter neoplasia mamária, são as cirurgias preventivas redutoras de risco. A mastectomia, por exemplo, remove uma ou ambas as mamas e reduz em até 90% as chances do diagnóstico de câncer de mama em quadros de mutações genéticas ou forte histórico familiar. 

Homens também são afetados

Embora o câncer de mama seja mais comum em mulheres, homens também podem desenvolver a doença. No Brasil, desconsiderando  os tumores de pele não melanoma, é o que mais acomete mulheres. Apesar de representar apenas 1% dos casos, o sexo masculino também faz parte do universo de suscetívis a doença. O diagnóstico raro, se comparado a incidência no público feminino (1 a cada 8 mulheres), alerta para a importância da atenção redobrada. 

“A presença de um nódulo, geralmente duro, irregular e indolor, é o sintoma mais encontrado nos consultórios. Entretanto, os mamilos podem apresentar indícios como edema cutâneo na pele, dor, descamação, ulceração, secreção papilar e hiperemia. Por isso, é fundamental que todos criem o hábito de fazer o autoexame em momentos como o do banho, em que a sensibilidade é maior”, enfatiza a oncologista. 

Redução de mortalidade

De acordo com o Governo Federal, o câncer de mama é a primeira causa de morte por tumor em mulheres no Brasil e em 2023 registrou mais de 20 mil óbitos pela doença. No entanto, graças a ampliação da faixa etária para a realização de mamografia pelo SUS (Sistema Único de Saúde), a tendência é que essa mortalidade seja reduzida. 

Agora, as mulheres de 40 a 49 anos têm direito a mamografia pelo SUS, mesmo que não apresentem anomalias. Outra novidade é que o rastreamento ativo será realizado a cada dois anos até os 74 anos de idade. Até então, o exame preventivo era obrigatório entre 50 e 69 anos. A ação de combate é fundamental, considerando que o envelhecimento é um fator de risco e cerca de 60% dos casos de câncer de mama são diagnosticados nesta fase da vida. 

Tratamento

O diagnóstico de câncer de mama só é confirmado mediante a biópsia. O tratamento adequado varia de acordo com o tipo e estágio do tumor, e pode consistir em procedimentos como cirurgia (cirurgia conservadora da mama ou mastectomia), quimioterapia, imunoterapia, radioterapia e hormonioterapia.

Dados apontam que 72% dos brasileiros sofrem de distúrbios do sono; médico alerta para os riscos à saúde e ensina hábitos simples que fazem diferença na hora de descansar



Muitas pessoas encaram o sono como um luxo ou uma perda de tempo. No ritmo acelerado da vida moderna, sacrificar algumas horas de descanso parece uma forma de ser mais produtivo. No entanto, segundo especialistas, essa visão é um equívoco. A ciência tem mostrado que o descanso noturno tem um impacto em diversos aspectos da nossa saúde, tanto física quanto mental.

De acordo com estudos realizados pela Fiocruz em 2023, 72% da população brasileira tem alguma doença relacionada ao sono. O sono de qualidade é um dos pilares mais importantes para uma boa saúde, tão imprescindível quanto a alimentação saudável e a prática regular de exercícios. 

“Durante o sono, o corpo não está parado, mas sim em um estado de reparo e regeneração. É nesse período que o sistema imunológico se fortalece, aumentando nossa capacidade de combater infecções. A privação crônica de sono está relacionada a um maior risco de desenvolver problemas de saúde graves, como obesidade, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares”, comenta o neurologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Edson Issamu Yokoo.

Além dos benefícios físicos, o sono desempenha um papel na saúde mental e cognitiva. Ele é fundamental para a consolidação da memória e para o processamento de informações que acumulamos ao longo do dia. 

“Uma boa noite de sono melhora a capacidade de aprendizado, a concentração e a resolução de problemas. A falta de sono, por sua vez, pode levar a problemas como irritabilidade, ansiedade e até mesmo quadros de depressão”, explica o médico.

Um estudo publicado no Psychological Bulletin, da American Psychological Association, apontou por meio da análise de diversos estudos sobre o tema que a privação do sono por uma ou mais noites resulta no aumento de sintomas de ansiedade e preocupação.

“O bem-estar emocional também é regulado pelo sono. Quando dormimos bem, nosso corpo consegue gerenciar melhor os hormônios do humor, permitindo que controlemos nossas emoções para reagir de forma mais equilibrada aos desafios diários. Uma noite mal dormida pode nos deixar mais sensíveis e propensos a mudanças de humor”, aponta o neurologista.

Para entender como o sono funciona, é preciso falar da melatonina. Este hormônio, produzido naturalmente pela glândula pineal no cérebro, é o responsável por regular nosso relógio biológico. 

“A produção desse hormônio aumenta com a escuridão, sinalizando ao corpo que é hora de se preparar para dormir. A luz, especialmente a luz azul de telas de celulares e computadores, suprime a produção de melatonina, o que explica por que usar o celular antes de dormir atrapalha o sono”, comenta Yokoo.

Quebrando alguns mitos sobre o sono

Apesar da importância do sono, muitas crenças populares ainda confundem as pessoas. Segundo o neurologista, é um mito, por exemplo, que se pode compensar a falta de sono no fim de semana. 

“Embora dormir mais ajude a se sentir melhor, a ´dívida de sono’ acumulada durante a semana não é totalmente resolvida e continua a afetar o corpo. Outro mito comum é que roncar é normal. O ronco é um sinal de que existe obstrução física/mecânica parcial  nas vias respiratórias durante o sono. O turbilhonamento do ar quando passa por esta obstrução é que dá o som de ronco”, explica o neurologista.

Segundo o especialista, a apneia é quando existe uma parada respiratória temporária durante o sono, que pode levar à dessaturação de oxigênio sanguíneo. “A presença de ronco aumenta muito a chance de se ter apneia, que leva à consequências variadas no cérebro, desde prejudicar os ciclos do sono até causando pequenas lesões isquêmicas cerebrais, podendo ocasionar à situação de Acidente Vascular Encefálico e crises epilépticas ou demências. Ou seja, o ronco não é um sinal da apneia, mas um potencial causador da condição”, comenta o médico.

Yokoo aponta ainda mais um mito, aquele que diz que o cochilo a tarde sempre é benéfico. Segundo ele, um cochilo curto e bem sincronizado (geralmente de 20 a 30 minutos) pode ser ótimo para melhorar o humor, a atenção e o desempenho. No entanto, cochilos longos ou tirados muito tarde no dia podem atrapalhar o sono noturno. Se você tem dificuldade para dormir à noite, pode ser melhor evitar cochilos.

“Tem também a ideia de que quanto mais tempo você dorme, melhor, que é mito. O ideal para a maioria dos adultos é [dormir] entre 7 e 9 horas por noite. Dormir em excesso consistentemente pode estar associado a problemas como diabetes e depressão”, explica.

O neurologista da Rede de Hospitais São Camilo aponta algumas dicas importantes para melhorar a qualidade do sono:

  • Crie uma rotina: Tente ir para a cama e acordar no mesmo horário todos os dias, até nos fins de semana.
  • Controle o ambiente: Mantenha o quarto escuro, silencioso e com uma temperatura agradável.
  • Desconecte-se: Evite o uso de telas pelo menos uma hora antes de dormir.
  • Relaxe: Realize atividades relaxantes antes de dormir, como ler um livro ou tomar um banho morno.

“Vale ressaltar que priorizar o sono não é um ato de preguiça, mas sim um investimento na sua saúde e bem-estar físico e mental a longo prazo, melhorando a qualidade de vida do paciente”, finaliza o neurologista.

Ministério da Saúde atualiza, nesta quarta (15), o número de notificações de intoxicação por metanol após consumo de bebida alcoólica. Até o momento, 148 notificações foram registradas, sendo 41 casos confirmados e 107 em investigação. Outras 469 notificações foram descartadas. 

O estado de São Paulo concentra 60,81% das notificações, com 33 casos confirmados e 57 ainda em investigação.  

Até a última atualização, apenas os estados de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul haviam registrado casos confirmados. Agora, o estado de Pernambuco também confirmou casos por esse tipo de intoxicação. Com isso, os números de casos confirmados são: 33 em SP, 4 no PR, 3 em PE e 1 no Rio Grande do Sul. 

Em relação aos casos em investigação, São Paulo investiga 57, Pernambuco (31), Rio de Janeiro (6), Mato Grosso do Sul (4), Piauí (3), Rio Grande do Sul (3), Alagoas (1), Goiás (1) e Paraná (1). 

Em relação aos óbitos, 6 foram confirmados no estado de São Paulo e 2 em Pernambuco. Outros 10 seguem em investigação, sendo 4 em SP, 3 em PE, 1 no MS, 1 na PB e 1 no PR.