Carnaval 2024: 1º dia de desfiles tem homenagens a Adriano Imperador e parque do Ibirapuera

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De Adriano Imperador ao Parque do Ibirapuera, a primeira madrugada de desfiles do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo 2024 foi, em grande parte, marcada por homenagens. Grande parte das escolas deu destaque ainda para a ancestralidade africana, o que escancarou as diferenças de investimento entre algumas agremiações.

Os pontos altos ficaram por conta de Dragões da Real, Acadêmicos do Tatuapé, Mancha Verde e Rosas de Ouro. Também se apresentaram Barroca Zona Sul, Independente e Camisa Verde e Branco - esta última de volta ao Grupo Especial após 11 anos.

Os desfiles do primeiro dia começaram pontualmente às 23h15 de sexta-feira, 9, e se estenderam por toda a madrugada deste sábado, 10, em um vibrante Sambódromo do Anhembi, na zona norte da capital paulista. Ao contrário do ano passado, em que o carnaval foi marcado por fortes chuvas na cidade, desta vez o clima ficou ameno durante toda a noite.

Camisa Verde e Branco

"Axé, a Verde e Branco voltou": foi embalada por esse verso, um dos destaques do samba enredo Adenla, o Imperador nas terras do Rei, que a Camisa Verde e Branco abriu a noite de desfiles. Segundo a agremiação, o objetivo era mostrar que "meninos e meninas nascidos em comunidades podem alcançar voos tão longe quanto os que podem sonhar".

À frente do último carro da tradicional escola da Barra Funda, estava um convidado especial: Adriano Imperador. Ex-jogador da Seleção Brasileira e de times como Inter de Milão, Flamengo e São Paulo, ele foi ovacionado ao passar pelo Anhembi. No fim do desfile, os próprios foliões da agremiação se enfileiraram para tirar foto com o ídolo.

Segundo a presidente da agremiação, Erica Ferro, a ideia era representar Adriano recebendo uma coroa de Oxóssi ao fim da apresentação. "Fiz uma promessa que, se a Camisa voltasse pro grupo de elite, a gente iria falar de Oxóssi", disse. Ela disse que foi difícil conter a emoção após o desfile. "Até agora não consigo acreditar que a Camisa voltou. Estou em choque."

Barroca Zona Sul

Embalada pelas cores verde e rosa, a Barroca Zona Sul fez uma homenagem ao cinquentenário da agremiação, com o samba enredo Nós nascemos e crescemos no meio de gente bamba. Por isso que nós somos a faculdade do samba. 50 anos de Barroca Zona Sul. A escola foi fundada em 7 de agosto de 1974.

O destaque da escola ficou por conta das homenagens feitas a Geraldo Sampaio Neto, o "Borjão", histórico ex-presidente da agremiação que morreu no começo deste ano. "Se escola está onde está, foi graças a ele", disse Ewerton Sampaio, o "Cebolinha", presidente da agremiação e filho de Borjão.

Ele afirmou ainda que a escola buscou retratar os carnavais mais históricos de sua história durante o desfile de 50 anos, recordando desfiles que já abordaram desde tradições indígenas a orientais. Outro ponto alto do desfile da Barroca Zona Sul foi a participação da rainha de bateria, Juju Salimeni (ex-Pânico na TV).

Dragões da Real

A escola Dragões da Real, que teve como samba enredo África, uma constelação de reis e rainhas, foi a agremiação que apresentou alguns dos carros alegóricos mais imponentes da noite. A escola retratou desde os baobás até outros elementos da flora e da flora do continente, além figuras emblemáticas, como Cleópatra.

A escolha envolveu um extenso trabalho de pesquisa, conta um dos integrantes da agremiação. "A escola tinha uma sede de fazer um enredo afro, e a diretoria queria falar de uma África que é pouco falada", disse Rafael Villares, enredista da Dragões da Real.

"Deixamos as alegorias para falar das mulheres, trazendo a força do matriarcado africano. Então cada um dos carros trazia a ideia do feminino", afirmou. Alguns carros alegóricos chegaram até 15 metros de altura, em desfile que contou com as mãos do carnavalesco Jorge Freitas, que já se sagrou campeão do Grupo Especial com escolas como Gaviões da Fiel, Rosas de Ouro e Mancha Verde.

Independente

A escola de samba Independente foi mais uma a abordar a ancestralidade africana, com samba enredo que recebeu o nome de Agojie, a lâmina da liberdade. A ideia ao abordar a tribo de mulheres guerreiras, que inclusive já foi abordada em filme produzido por Viola Davis, era lançar luz sobre a força feminina, segundo representantes da agremiação.

"Preta, tenha a cabeça sempre erguida / Seja valente e destemida em teu valor / Orgulho dessa cor", diz trecho do canto que embalou a escola na avenida. A bateria da escola se destacou. Os carros alegóricos e os acabamentos das fantasias, no entanto, não chamaram tanta atenção quanto os de outras escolas que abordaram temática parecida.

Acadêmicos do Tatuapé

O Acadêmicos do Tatuapé levou a Bahia para a avenida. A agremiação teve como samba enredo Mata de São João - uma joia da Bahia símbolo de preservação! Entre cantos e tambores. Viva a Mata de São João!, em homenagem ao município baiano conhecido pelas praias do Forte e Imbassaí.

A riqueza dos detalhes e estética dos carros chamou atenção ao longo do desfile. Além disso, o público parecia estar afinado, cantando trechos do samba enredo em alguns momentos.

"A gente faz esses 'apagões' porque, quando você tem a bateria e o carro de som dentro (do sambódromo), eles acabam abafando um pouco a massa de som da escola", disse Eduardo Santos, um dos representantes da escola. "Então, propositalmente a gente faz essas paradas."

Chamaram atenção elementos alegóricos trabalhados para fazer alusão a obras em barro tradicionais da Mata de São João e as transições feitas entre carros, interligando temas como religiosidade e festa de São João. A chegada da escola foi com emoção: os portões se fecharam com 65 minutos e 14 segundos, menos de um minuto antes do limite.

Mancha Verde

A Mancha Verde inaugurou a luz do dia no sambódromo deste sábado. Campeã em 2022, na retomada do carnaval após a pandemia de covid-19, a escola teve como tema deste ano Do nosso solo para o mundo: o campo que preserva, o campo que produz, o campo que alimenta.

O abre-alas, em meio a isso, fez referência à produção de mel por abelhas. Enquanto outros carros deram destaque para a vida no campo e o plantio de alimentos. Elementos dinâmicos também chamaram a atenção, como um sol girando no último carro, além de uma bateria bastante presente puxada por Viviane Araújo.

O recurso de fazer pequenas pausas para o público cantar o samba enredo à capela também foi bastante usado pela agremiação. A torcida da Mancha Verde foi uma das mais presentes no sambódromo, com uso de sinalizadores no começo do desfile e centenas de bandeirinhas distribuídas com as cores da escola.

Rosas de Ouro

Uma das agremiações mais tradicionais de São Paulo, a Rosas de Ouro fechou o primeiro com uma vibrante homenagem aos 70 anos do Parque do Ibirapuera, na zona sul de São Paulo. A escola foi embalada pelo samba enredo Ibira 70 - a Rosas de Ouro é São Paulo no Carnaval 2024. "Nasce com a flores / Quase Privamera / Árvore de Amores / Meu Ibirapuera", diz um trecho.

O desfile, que terminou pouco após as 7h, foi marcado por carros alegóricos bastante criativos. Com destaque para um em que 61 foliões pedalavam suspensos entre ferragens e outro que retratava o planetário do parque com uma escultura a cantora Rita Lee no topo.

"A gente tem uma grande vontade de trazer a Rita Lee para a avenida, de ponta a ponta, com toda a irreverência e história da nossa rainha", disse o vice-presidente da agremiação, Osmar Costa. Enquanto isso não acontece, a escola decidiu retratar a cantora não só no topo do planetário, como também no carro que abriu o desfile.

"Não tem como falar desse lugar (Parque do Ibirapuera) que ela desde pequena frequentava e chamava de 'floresta encantada' sem falar dela. Tanto é que a nossa abertura veio com uma 'floresta encantada' e com a nossa Rita Lee ainda criança", acrescentou o vice-presidente.

A abertura do carnaval no sambódromo contou com a presença do governador de São Paulo em exercício, Felício Ramuth, e do prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes. Entre a noite deste sábado e a manhã de domingo, 11, haverá a segunda rodada de desfiles, com agremiações como Vai-Vai, de volta ao Grupo Especial, e Gaviões da Fiel. Além da Mocidade Alegre, atual campeã.

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O aguardado show de Lady Gaga na praia de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, teve início na noite deste sábado, 3. É possível assistir ao vivo pela Globo, na TV aberta, pelo canal pago Multishow e pelo streaming Globoplay. Previsto para começar às 21h45, o show contou com um atraso e a cantora apareceu em um vídeo no palco somente por volta de 22h10.

Todo mundo no Rio. Mesmo. Quando ainda faltavam 12 horas para o início do show de Lady Gaga na praia de Copacabana, as filas para ter acesso à Avenida Atlântica já davam voltas nos quarteirões internos do bairro. Por razões de segurança, era preciso passar por um dos 18 pontos de bloqueio para alcançar a orla, instalados desde cedo em ruas transversais aparelhados com detectores de metais e câmeras de reconhecimento facial.

Em experiências anteriores, como o show de Madonna, no ano passado, e o réveillon, as aglomerações só se formaram faltando poucas horas para o início do espetáculo. Mas com Gaga foi bem diferente. Já na manhã de sábado havia fila ocupando dois quarteirões. A temperatura em torno dos 25ºC ajudou. O céu estava claro, o sol brilhando, mas não havia muito calor.

Uma faixa da avenida Nossa Senhora de Copacabana, uma das principais vias do bairro, estava ocupada por fãs na altura do palco. O professor de educação física Humberto Machado, de 38 anos, que veio para o show com um grupo de amigos da Paraíba e do Rio Grande do Norte, contou que ficou na fila para acesso à orla por cerca de meia hora.

"A gente achou que seria rápido para entrar porque ainda era muito cedo", contou o professor. "Mas a fila era impressionante."

O professor e seus amigos levavam água e sanduíches em recipientes de plástico para aguentar por toda a tarde e noite. Recipientes de vidro, líquidos inflamáveis e objetos perfurocortantes estavam proibidos e estavam sendo confiscados nas barreiras.

O bairro, rapidamente apelidado de "Gagacabana", era uma grande festa desde cedo, sem registro de incidentes. Fãs totalmente montados, os "little monsters" (monstrinhos), não paravam de chegar a pé, de ônibus e, principalmente, de metrô, exibindo leques, chapéus e todo tipo de indumentária remetendo à artista, a "mother monster" (mãe monstra).

Em frente ao Copacabana Palace, onde a diva está hospedada, o movimento foi ininterrupto a madrugada inteira, sobretudo depois do ensaio aberto na noite de sábado, em que Gaga cantou mais de dez músicas para deleite de todos que estavam na orla, entre elas grandes sucessos como Abracadabra, Bad romance e Shallow, a mais baixada por fãs no Brasil nas plataformas de streaming.

Antes mesmo do fim da manhã longos trechos da praia já estavam ocupados por fãs marcando lugar na areia para assistir ao show da diva e vendedores ambulantes. E não só. As árvores do canteiro central da Atlântica e mesmo da calçada próxima aos prédios estavam sendo disputadas desde cedo pelos que queriam garantir um lugar 'vip' para assistir ao show.

A tatuadora Aisha Dutra, de 22 anos, e a estudante Lilian Magalhães, de 26 anos, estavam aboletadas em uma árvore desde cedo. Elas são do bairro de Santa Cruz, na zona oeste, mas alugaram um apartamento por temporada em Copacabana, especialmente para estarem perto do show. O plano da dupla era chegar à praia às 5h da manhã deste sábado. Mas como elas só foram dormir de madrugada, depois do fim do ensaio, acabaram chegando à orla às 8h.

"Ontem, durante o ensaio, a gente subiu numa árvore e viu que era a melhor opção, porque tinha gente dormindo na grade desde ontem e não tinha mais lugar perto do palco", explicou a tatuadora, devidamente instalada na árvore.

Na tarde de sexta-feira, 2, a Prefeitura informou que dados consolidados pela Rodoviária Novo Rio e pelo Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão) indicavam a chegada de mais 500 mil visitantes na cidade entre os dias 1º e 3 de maio, superando as expectativas iniciais de 240 mil pessoas. Desse total, 25% seriam turistas estrangeiros.

Há ainda turistas chegando com carros particulares, ônibus fretados e voos pousando no Aeroporto Santos Dumont. A média de ocupação da rede hoteleira é de 86% em toda a cidade, mas em Copacabana chega a 95%.

A Polícia Militar (PM) reforçou o esquema de segurança.

"A novidade para este show são os capacetes brancos, grupos de policiais especializados em patrulhamento de multidão", explicou a tenente-coronel Cláudia Moraes, porta-voz da PM. "Eles vão circular entre as pessoas, sobretudo nos pontos de maior concentração, para evitar furtos de oportunidade de passar uma sensação maior de segurança."

A prefeitura espera a presença de mais de 1,6 milhão de pessoas na praia de Copacabana, onde está montado o palco e as 16 torres com telões de nove metros de altura por cinco metros de largura, permitindo que todos acompanhem o show mesmo à distância. Segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e a Riotur, o evento deve injetar mais de R$ 600 milhões na economia da cidade.

"A cidade está muito cheia mesmo, tem muito turista", assegurou o motorista de uber Gustavo Monteiro, de 33 anos. "É bom para todo mundo. Por mim, tinha um show desse por mês."

Faltando cerca de duas horas para o início do show de Lady Gaga na praia de Copacabana, os pontos de revista montados nas vias transversais de acesso à Avenida Atlântica apresentavam filas de até uma hora de duração.

As maiores eram vistas no acesso da rua Duvivier, o mais próximo ao palco. A fila tinha uma extensão de mais de dois quarteirões. Nos pontos de entrada um pouco mais distantes, como o da Hilário de Gouveia, ainda era possível entrar na orla com apenas 20 minutos de espera.

O enfermeiro Vítor Souza, de 32 anos, que veio de Campos, no interior do Estado, especialmente para o show, contou que ficou por mais de 40 minutos numa fila e acabou desistindo.

Ele conseguiu chegar na praia por meio de uma outra entrada, bem mais distante do palco. "Foi bem mais complicado do que achei que ia ser", contou. "Mas finalmente eu consegui passar."

As filas nos 18 pontos de acesso montados nas ruas transversais à avenida Atlântica começaram a ser formar por volta das 9h da manhã deste sábado, 3. Policiais militares munidos de detectores de metal revistavam as pessoas uma a uma antes de darem acesso à orla. Vidros, explosivos e armas encontrados eram confiscados. Os pontos de acesso também contavam com câmeras de reconhecimento facial.

O perfil oficial do Metrô do Rio de Janeiro fez uma postagem anunciando que o "tempo de viagem está maior" "devido ao grande fluxo do desembarque de clientes na estação Cardeal Arcoverde/Copacabana para o show da Lady Gaga". A empresa recomenda o desembarque pela Siqueira Campos/Copacabana.

O maior show da vida de Lady Gaga

O show desta noite na praia de Copacabana promete ser o maior da carreira de Lady Gaga. A expectativa da Prefeitura é de que pelo menos 1,6 milhão de pessoas estarão reunidas na orla. Até hoje, a apresentação de Gaga com o maior público tinha sido em abril passado, no Festival Coachella, nos EUA, onde reuniu por volta de 100 mil pessoas.

O palco da apresentação desta noite tem nada menos que 1.260 m2, bem maior do que o montado para Madonna no ano passado, que tinha 821 m2. A megaestrutura tem 2,20 m de altura desde a base na areia. Um telão de LED de última geração ficará no fundo do palco.

Gaga vai apresentar um show em cinco atos, com direito a diversas trocas de roupa e um cenário que lembra o de uma peça de teatro - a cantora chama de "ópera gótica". A previsão é de que o espetáculo tenha 2h30 de duração, ao longo das quais Gaga vai contar a história de seu próprio "caos pessoal" ao lutar com sua própria persona, derrotar fantasmas e conseguir renascer.

Pabllo Vittar faz abertura

Uma surpresa para os fãs de Lady Gaga que aguardam o início do show da diva pop. A artista Pablo Vittar, que se apresentou com Madonna no ano passado, está abrindo o show desta noite como DJ.

"É muito louco, parece que estou tendo um deja-vu", afirmou Pablo em uma entrevista concedida à rede de TV CNN antes de subir ao palco, adiantando que pretendia tocar "muito tribal house, muito tech, muito remix e algumas músicas minhas". "Ano passado, com Madonna comemorando 40 anos de carreira, e agora nesse show histórico com a Gaga. Estou muito feliz."