Nara Leão ganha nova biografia

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Roberto Menescal costuma dizer que Nara Leão era a cantora "mais inteligente" do Brasil. O compositor fala com propriedade, afinal, ambos vitorienses radicados desde cedo no Rio de Janeiro, conheceram-se ainda na infância, tiveram aulas de violão com o mesmo professor e foram amigos e companheiros de trabalho de uma vida toda.

É justamente essa inteligência a que Menescal se refere - não está restrita ao intelecto, mas também à capacidade de Nara se mover dentro da música brasileira de maneira particularmente racional - que o jornalista Tom Cardoso destrincha no recém-lançado perfil Ninguém Pode com Nara Leão - Uma Biografia.

A ideia do livro nasceu há pouco mais de dois anos com o incentivo do crítico Tárik de Souza, que assina o prefácio. "Eu achava que a Nara era um pouco apagada, cantora de bossa, mas ele foi desconstruindo essa ideia. Foi a personagem que mais me surpreendeu, não tinha nada de frágil, uma cantora da música popular, e não apenas da bossa. Uma mulher que largou tudo e foi estudar psicologia", diz o autor, que já biografou nomes como Sócrates, Sérgio Cabral Filho e Paulo Machado de Carvalho.

Cardoso parte da (já batida) rixa entre Elis Regina (1945-1982) e Nara (1942-1989) para mostrar como a segunda estava longe de ser purista e sempre antenada no que estava por vir. Elis, que, desde 1965, ganhara um programa de televisão, O Fino da Bossa, após se consagrar como vencedora do I Festival de Música Brasileira com Arrastão, viu a audiência do seu musical semanal cair pelas tabelas com o avanço da Jovem Guarda, comandada por Roberto Carlos e sua turma.

Elis, então, ao lado de Edu Lobo, Jair Rodrigues, Geraldo Vandré e o futuro tropicalista Gilberto Gil, saiu pelas ruas do centro de São Paulo em uma passeata de prestígio à música brasileira que entrou para a história como a Passeata Contra a Guitarra Elétrica, em 1965. Nara achou tudo um horror. O ocorrido alimentou a troca de farpas entre as duas por meio da imprensa.

Anos antes, Nara, chamada de musa da bossa nova, deu as costas para a turma que ensaiava no apartamento de seus pais, o advogado Jairo Leão e a professora Tinoca, de frente ao mar de Copacabana, e surpreendeu a todos ao gravar em seu disco de estreia, Nara, de 1964, sambas de Zé Kéti, Carlota e canções engajadas de Carlos Lyra e Vinicius de Moraes.

A versão consagrada é a de que Nara rompeu com a bossa ao terminar seu namoro, em 1961, com o produtor e letrista Ronaldo Bôscoli, um dos líderes do movimento e responsável por torná-lo comercial, após ser traída. Cardoso, discorda.

"Não podemos reduzi-la a isso. Ruy (Castro, autor de livros como 'Chega de Saudade' e 'A Onda Que Se Ergueu no Mar') é meio que dono da história da bossa, mas acho que ele contou a versão do ponto de vista do Bôscoli. Não foi uma desilusão amorosa que moveu a Nara. Sem fazer muito barulho, de maneira muito natural, ela era totalmente de vanguarda. Quando todo mundo esperava que ela gravasse os sucessos da bossa em seu primeiro disco, Nara, que àquela altura já estava envolvida com o pessoal do CPC (Centro Popular de Cultura) e do Cinema Novo, foi buscar os compositores do morro", diz.

Cardoso também esmiúça o entrevero que Nara teve com o Exército, em 1966, dois anos após o Golpe de 1964. Em uma entrevista ao jornal Diário de Notícias, Nara defendeu a extinção do exército e disse que o Brasil tinha outras prioridades como construir escolas e hospitais. Também afirmou que os militares podiam entender de canhão, mas não sabiam nada de política.

Os militares não gostaram nada do que leram. O pai de Nara foi convocado para das explicações à sede do Ministério da Guerra. Jairo Leão não abaixou a cabeça. Disse que a filha era maior de idade e livre para dizer o que pensava.

Mais tarde, quando a AI-5 aumentou a perseguição aos opositores da ditadura, Nara, já casada com o cineasta Cacá Diegues, mudou-se para Paris, no fim de 1969, depois de dar por encerrada a carreira de cantora. Lá, na vida cotidiana, com a primeira filha, Isabel, nos braços, faz as pazes com a bossa nova e grava uma verdadeira antologia do gênero, Dez Anos Depois, com 24 canções, a maioria de Tom Jobim.

A vida e carreira de Nara já foram temas de outras duas biografias. A primeira escrita pelo jornalista (e amigo da cantora) Sérgio Cabral, Nara Leão - Uma Biografia, foi lançada em 2000. Outra, de 2008, pelas mãos do também jornalista Cássio Cavalcante, com o título de Nara Leão: A Musa dos Trópicos, tem quase 700 páginas.

O leitor mais atento perceberá que há diferentes relatos para um momento importante da vida da cantora. Os primeiros sintomas da doença que matou a cantora - um tumor no cérebro - apareceram em 1979. Quase seis anos depois do primeiro diagnóstico, participado pelo médico ao pai de Nara, a cantora ainda não sabia - ou preferiu não tomar conhecimento - da doença que lhe causava tonturas e lapsos de memória.

Após consulta e exames nos Estados Unidos, Nara pediu a Miguel Bacelar, seu empresário, que lhe contasse qual era a doença que tinha. De acordo com o narrado por Cabral, a conversa se deu dentro de um táxi. No texto de Cardoso, a revelação foi feita a Nara na sala de seu apartamento, no bairro do Leme.

Como Nara, uma mulher que sempre teve as rédeas da vida bem firmes em suas mãos, por opção ou excesso de proteção, ficou alheia a tudo, impedida até de tomar decisões de onde ou com quem se tratar? Cardoso opina: "É uma história delicada. O pai sempre foi muito centralizador. Nara, apesar dos sintomas, continuava a produzir, fazer shows e discos. Penso que, da parte dela, também teve aquela história de empurrar com a barriga. Foi tudo muito estranho. Ela tinha consciência de que as pessoas ao seu redor sabiam, mas não queria falar da doença", comenta.

Além de detalhes da doença que matou Nara em 7 de junho de 1989, aos 47 anos, Cardoso, que optou por privilegiar fatos ligados à carreira da cantora, avança em outros dois acontecimentos da vida íntima de Nara. Um deles é o suicídio de Jairo, pai da artista, no apartamento que morava, em 1981 - algo que Cabral não detalhou.

Da vida amorosa, traz à tona o envolvimento de Nara com o poeta Ferreira Gullar (1930-2016), em 1965. A cantora, segundo consta no livro, chegou a pedir que o escritor, à época, casado com a produtora Tereza Aragão, a acompanhasse por uma viagem que pretendia fazer pelo interior do Brasil. O romance não evoluiu, mas a amizade permaneceu.

Em tempos de música digital, no qual informações e fichas técnicas dos álbuns são raras, Ninguém Pode com Nara Leão peca por não trazer em seus anexos a discografia atualizada da cantora - muitos de seus discos ganharam faixas extras quando foram reeditados em CDs há vinte anos. Também há coletâneas importantes que chegaram ao mercado com raridades e um box que trouxe três apresentações ao vivo de Nara.

NINGUÉM PODE COM NARA LEÃO

Autor: Tom Cardoso

Editora: Planeta (240 págs., R$ 49,90 papel, R$ 30,90 e-book)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Barbra Streisand anunciou que lançará um álbum de duetos com alguns do maiores nomes da música. O disco The Secret of Life: Partners, Volume Two será lançado em 25 de junho e terá 11 faixas.

Entre as parcerias, estão artistas como Paul McCartney, Bob Dylan, James Taylor, Sting, Seal, Tim McGraw, Mariah Carey e Ariana Grande. A coletânea será composta de músicas originais e de covers.

A canção que abre o disco é um cover de The First Time Ever I Saw Your Face, interpretado ao lado de Hozier (de hits como Too Sweet e Take Me To Church), e já está disponíveis nas principais plataformas de streaming.

A música foi originalmente escrita pelo artista folk inglês Ewan MacColl para sua mulher, Peggy Seeger, mas já teve uma outra interpretação de sucesso na voz de Roberta Flack, que morreu em fevereiro de 2025.

A música também fez grande sucesso por ter sido a trilha sonora de uma cena íntima entre Clint Eastwood e Donna Mills no filme Perversa Paixão, de 1971.

"Sempre adorei cantar duetos com artistas talentosos. Eles me inspiram de maneiras únicas e diferentes... e tornam nosso tempo no estúdio uma alegria", disse Streisand em um comunicado. "Eu admiro todos eles... e espero que vocês gostem de ouvir nossas colaborações tanto quanto eu gostei de gravar com todos os meus maravilhosos parceiros", disse a cantora

Veja a lista de canções e parcerias:

- The First Time Ever I Saw Your Face, com Hozier

- My Valentine, com Paul McCartney

- To Lose You Again, com Sam Smith

- The Very Thought of You, com Bob Dylan

- Letter to my 13-year-old Self, com Laufey

- One Heart, One Voice, com Mariah Carey e Ariana Grande

- I Love Us, com Tim McGraw

- Secret O' Life, com James Taylor

- Fragile, com Sting

- Where Do I Go From You?, com Josh Groban

- Love Will Survive, com Seal

(Com informações da Associated Press)

Centenas de cachorros da raça dachshund - aquela apelidada de "salsicha" - e seus tutores se reuniram no Parque da Cidade de Budapeste, na Hungria, nesta quinta-feira, dia 1º, na tentativa de bater o recorde do maior passeio de cães de uma única raça já realizado no país.

O desfile de cães estava sob a observação da Associação de Recordes Húngara, que tinha a tarefa de determinar se o passeio canino poderia ser oficialmente inscrito nos livros de recordes.

István Sebestyén, registrador e presidente da associação, disse à Associated Press (AP) que a organização contaria cuidadosamente o número de cães participantes - um desafio, segundo ele, quando tantos cachorros e humanos estavam reunidos em um mesmo lugar.

"Não costumamos levar dachshunds para passear em grande número, portanto, esse experimento tem de corresponder ao nosso sistema de regras", disse ele.

Os dachshunds foram criados pela primeira vez na Alemanha e continuam sendo uma das raças de cães mais populares da Hungria.

Apelidados de "cães-salsicha" ou "cães-linguiça" por seus corpos longos e baixos, eles foram inicialmente criados para caçar texugos e outras criaturas que cavam tocas. Mas sua natureza leal, curiosa e brincalhona também os tornou populares como animais de estimação para famílias.

Em Munique, Alemanha, em 1972, um dachshund chamado Waldi se tornou o primeiro mascote oficial da história dos Jogos Olímpicos de Verão.

Em setembro do ano passado, a cidade alemã de Regensburg estabeleceu o atual recorde mundial para o maior passeio de cães dachshund, quando centenas de animais da raça desfilaram pelo centro medieval da cidade. Enquanto algumas contagens de Regensburg colocaram o número de cães em 1.175, o Guinness World Records só pôde confirmar 897.

Na quinta-feira, Lili Horváth e seu dachshund de 1 ano, Zabos, participaram do passeio em Budapeste. Ela disse que seu amigo peludo "tem qualidades muito profundamente humanas e é muito leal, ele é realmente uma bomba de amor."

Valeria Fábián, que estava passeando com seu dachshund Zsebi, viu de maneira diferente. "Poucas pessoas são capazes de oferecer o tipo de altruísmo [que ele oferece], porque as pessoas não têm tanto amor e sacrifício próprio quanto um cão pode dar a um humano," ela disse.

Ao final do passeio em busca do recorde, a Associação de Recordes Húngara determinou que 500 dachshunds estiveram presentes - o suficiente para estabelecer o recorde húngaro, mas ainda aquém da marca do Guinness estabelecida em Regensburg.

Os organizadores, não desanimados, prometeram tentar novamente no próximo ano - proporcionando bastante tempo para reunir mais cães para outra tentativa de título. (Com informações da Associated Press).

Neste sábado, 3 de maio de 2025, a Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, será palco de um dos maiores shows da carreira de Lady Gaga. A cantora retorna ao Brasil após sete anos e traz ao país sua turnê mundial “Mayhem”, com um espetáculo gratuito que promete reunir até 2 milhões de pessoas.

O evento integra o projeto “Todo Mundo no Rio”, uma iniciativa da Prefeitura do Rio de Janeiro em parceria com a produtora Bonus Track, que visa consolidar o mês de maio como um período de grandes celebrações culturais na cidade. Inspirado pelo sucesso do show de Madonna em 2024, que atraiu 1,6 milhão de pessoas, o projeto busca transformar a orla de Copacabana em um palco para grandes atrações musicais internacionais. 

Lady Gaga, que havia cancelado sua apresentação no Rock in Rio em 2017 devido a problemas de saúde, expressou entusiasmo por retornar ao país. A cantora, que lançou seu oitavo álbum de estúdio, “Mayhem”, em março deste ano, promete um espetáculo visualmente deslumbrante, com coreografias elaboradas e uma produção que dialoga com a energia única do Rio de Janeiro.

A expectativa é que o show movimente significativamente a economia local. Segundo dados da Booking.com e da Decolar, houve um aumento expressivo na procura por hospedagens e passagens aéreas para o Rio de Janeiro entre os dias 1º e 4 de maio, em comparação com o mesmo período do ano anterior. 

O espetáculo será transmitido ao vivo pela TV Globo, Globoplay e Multishow, permitindo que fãs de todo o mundo acompanhem esse evento histórico.

Para aqueles que desejam participar presencialmente, é recomendável chegar cedo, pois o evento será realizado por ordem de chegada. A organização do evento orienta os participantes a se prepararem para um dia de muita música, emoção e, claro, a energia contagiante de Lady Gaga.

Prepare-se para uma noite inesquecível na orla carioca. Lady Gaga está de volta ao Rio de Janeiro, e a festa promete ser épica!