Xi Jinping fala em defender 'verdadeiro multilateralismo' e manifesta preocupação com guerras

Internacional
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O presidente da China, Xi Jinping, aproveitou sua declaração após o encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para exaltar o multilateralismo. Segundo ele, é um "consenso" que China e Brasil continuem estreitando colaborações nos fóruns internacionais, como os eventos das Nações Unidas, do G20 e dos Brics.

No Palácio da Alvorada, residência oficial de Lula, Xi Jinping também abordou temas que são constantemente pauta do presidente brasileiro, como o pedido de cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza. Ao mencionar que o mundo está "longe" de ser um lugar "tranquilo" neste momento, em meio a guerras e inseguranças, o líder da China também afirmou que os países devem reunir "mais vozes" que advoguem pela paz e procurem viabilizar uma solução política para a crise na Ucrânia.

"Só quando abraçarmos a visão de segurança comum, abrangente, cooperativa e sustentável é que trilharemos um caminho de segurança universal. Sobre a crise na Ucrânia, enfatizei várias vezes que não existe solução simples para um assunto complexo. China e Brasil emitiram os entendimentos comuns sobre resolução política para a crise na Ucrânia e criaram o grupo de amigos da paz", disse Xi em referência ao grupo anunciado em setembro, em Nova York.

No momento em que a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos gera temores sobre o futuro do multilateralismo, o reforço dos fóruns internacionais teve destaque na declaração do líder da China - país que deve sofrer com mais barreiras comerciais a partir do novo mandato do republicano norte-americano.

"É nosso consenso que China e Brasil continuem estreitando colaboração nos fóruns multilaterais como os das Nações Unidas, G20 e Brics, enfrentando a fome e a pobreza, conflitos regionais, mudanças climáticas, segurança cibernética entre outros desafios tradicionais e não tradicionais de segurança, dando nova contribuição para paz e desenvolvimento do mundo", disse Xi, segundo quem a China gostaria de tratar com o Brasil e demais países da América Latina e Caribe novos patamares de cooperação no próximo ano, que marca o décimo aniversário do fórum China-Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos).

Sobre a crise humanitária em Gaza, o líder chinês afirmou que a situação está se deteriorando, manifestando preocupação também com a "segurança regional gravemente impactada". "Estamos profundamente preocupados, e a comunidade internacional tem que fazer um maior empenho. Para resolver a crise atual é preciso focar na Palestina. Apoiamos o cessar-fogo imediato e a assistência humanitária garantida, a implementação da solução de dois estados e os esforços incessantes para uma solução duradoura", afirmou.

Xi concluiu a declaração afirmando que a China está disposta a trabalhar com o Brasil e defender "firmemente o verdadeiro multilateralismo". "Vamos buscar desenvolvimento, cooperação e justiça em vez de pobreza, confrontação e hegemonia e vamos construir um mundo melhor", finalizou.

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O sócio-fundador da SPX Capital, Rogério Xavier, alertou neste sábado, 8, para a situação fiscal explosiva do Brasil. Com o juro real perto de 11% e o atual nível de endividamento, o País corre risco de quebrar se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) for reeleito e não mudar suas políticas. Por outro lado, pode virar a página caso eleja um candidato de centro-direita, escapando do duelo Lula versus Jair Bolsonaro e colocando um ponto final no ciclo pós-ditadura.

"O País quer uma coisa diferente dessa oferta que foi nos dada nos últimos anos, que aponte para o futuro. Chega de Bolsonaro, chega de Lula, está bom", disse Xavier, durante painel na conferência MBA Brasil 2025, em Boston, nos Estados Unidos.

Segundo ele, Lula e Bolsonaro representam um período "do nós contra eles" que o Brasil vive desde o fim da ditadura. "Temos uma alternativa de acabar com esse ciclo já no ano que vem", disse, sem mencionar um candidato específico. Na sua visão, qualquer candidato da direita hoje pode ser a 'cara' do centro-direita nas eleições de 2026, mas que ainda não é hora de se colocar. "Vai apanhar", afirmou.

Xavier prevê uma eleição "super acirrada", em que não será possível saber o vencedor das urnas nem 24 horas antes do pleito. E, nesse ambiente, a situação fiscal d Brasil pode se deteriorar ainda mais, com o governo petista gastando mais para vencer a disputa. Na sua visão, "o Brasil está em risco".

"A gente está criando um endividamento muito alto e que é explosivo. 11% de juro real para um país que já tem uma dívida desse tamanho, a gente quebra", alertou. "A gente está se aproximando muito perto do encontro com a dívida", acrescentou. Uma eventual piora da situação fiscal do Brasil pode levar credor da dívida brasileira a questionar a vontade do País de honrá-la. "Dívida é capacidade vontade. A capacidade está ficando em dúvida e já tem um pouco de dúvida se (o governo) tem muita vontade de pagar mesmo".

Ao falar a estudantes brasileiros de MBA no exterior, ele analisou o histórico dos partidos políticos no Brasil para reforçar a cobrança da sociedade por uma proposta nova. Na sua visão, o PT "morreu", assim como o PSDB perdeu relevância nacional. No entanto, o Partido dos Trabalhadores tem o Lula, que é "muita coisa", mas demonstra um "egoísmo brutal" ao continuar sendo presidente e não dar oportunidade para outros.

"A reeleição é um câncer no Brasil. O incentivo do político é se reeleger. Virou uma profissão", criticou o gestor. "O político deveria servir as pessoas, servir o povo. Não se servir", emendou.

Segundo ele, é importante que o ciclo pós-ditadura termine para que o Brasil aponte para o futuro. Mesmo que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro tenha surpreendido para cima nos últimos anos, sob a ótica de crescimento, quando comparado a outros emergentes, o Brasil "ficou para trás", na sua visão. "O Brasil nunca teve horizonte, nunca teve previsibilidade", concluiu.

*A repórter viajou a convite da MBA Brasil

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai destinar R$ 100 milhões para um plano nacional para enfrentamento aos desastres naturais que será desenvolvido juntamente com a Marinha e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). A parceria foi oficializada em Belém, nesta sexta-feira, 7, durante cerimônia que homenageou Pedro Teixeira, militar português do período colonial que liderou a primeira expedição fluvial subindo o rio Amazonas.

Estiveram presentes o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante; o Comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen; a diretora do Cemaden, Regina Célia Alvalá; e a ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos. A cerimônia ocorreu no espaço interno do navio Atlântico, ancorado no porto de Belém e que funcionará como base de operações e apoio logístico das Forças Armadas durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30).

A ideia da parceria é unir esforços técnicos, científicos e institucionais para fortalecer a capacidade nacional de prevenção, monitoramento e resposta aos eventos climáticos extremos, cada vez mais recorrentes.

"Estamos tendo desastres extremos cada vez mais frequentes e intensos. Estamos desenvolvendo esforços de prevenção, com programa de descarbonização e outras iniciativas. Mas nós também temos que nos preparar para a resposta.

Salvar vidas em primeiro lugar e recuperar as estruturas, as comunicações, a economia", afirmou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. De acordo com Mercadante, a expectativa é de que, com base nas estudos que serão realizados, o plano nacional esteja concluído em outubro do próximo ano.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou neste sábado, 8, que o relatório do deputado Guilherme Derrite (PP-SP) para o projeto de lei antifacção enviado ao Congresso pelo Executivo "preserva avanços" do texto do governo federal e "endurece as penas contra o crime".

"É hora de colocar todos na mesma mesa: governo, Congresso e sociedade e, com a maturidade que o país exige, trabalhar juntos por um projeto que una o Brasil no que realmente importa: garantir segurança à nossa sociedade", escreveu o parlamentar em sua conta no X. "Quando o tema é segurança, não há direita nem esquerda, há apenas o dever de proteger", completou.

Motta afirmou ainda que segurança pública é uma pauta suprapartidária e que vai conduzir as discussões sobre o congresso, "com respeito ao regimento, mas com a firmeza de quem conhece a urgência das ruas". O deputado diz acreditar que o Marco Legal de Combate ao Crime Organizado "encontrou um ponto de unidade".

A declaração ocorre no rescaldo do anúncio, na noite desta sexta, 7, de que Derrite - que se licenciou do cargo de secretário de Segurança Pública de São Paulo para relatar projetos sobre o tema na Câmara - também seria relator do PL antifacção, de autoria do governo Lula. O parlamentar já havia recebido a relatoria de um projeto concorrente, o que propõe equiparar facções a organizações terroristas, de autoria do deputado Danilo Forte (União-CE).

O anúncio gerou fortes críticas de governistas. O líder do PT na Câmara dos Deputados afirmou que a escolha de Derrite como relator do projeto como um "desrespeito" ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Também ressaltou que a decisão "beira uma provocação". Já a ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann, disse que a escolha "contamina o debate com os objetivos eleitoreiros de seu campo político".

Horas depois do anúncio Derrite já publicou seu parecer sobre o tema, que pode ser analisado na Câmara dos Deputados já na próxima semana.