Trump escolhe Pam Bondi como procuradora-geral após desistência de Matt Gaetz

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O presidente eleito dos Estados Unidos Donald Trump nomeou, nesta quinta-feira, 21, Pam Bondi, ex-procuradora-geral da Flórida, como procuradora-geral do país, horas depois de seu primeiro indicado, Matt Gaetz, ter desistido da nomeação.

 

Pam Bondi é uma antiga aliada de Trump e estava na equipe jurídica do presidente eleito durante seu primeiro julgamento de impeachment, quando foi acusado - mas não condenado - de abusar de seu poder ao tentar condicionar a assistência militar dos EUA à Ucrânia à investigação do então ex-vice-presidente Joe Biden pelo país.

 

Ela também estava entre um grupo de republicanos que apareceu para apoiar Trump em seu julgamento criminal por suborno em Nova York, que terminou em maio com uma condenação por 34 acusações de crime.

 

Ela foi presidente do America First Policy Institute, um think tank criado por ex-funcionários do governo Trump.

 

"Por muito tempo, o Departamento de Justiça partidário foi usado contra mim e outros republicanos - Isso acabou," disse Trump em uma postagem nas redes sociais. "Pam irá redirecionar o Departamento de Justiça para seu propósito original: combater o crime e tornar a América segura novamente."

 

O filho de Trump, Donald Trump Jr., disse à Fox Business no domingo, 17, que a equipe de transição tinha alternativas em mente para seus indicados controversos caso não fossem confirmados.

 

A rápida escolha de Pam Bondi ocorreu cerca de seis horas após Gaetz se retirar. Ele se afastou da nomeação em meio às repercussões de uma investigação federal sobre tráfico sexual, que levantou dúvidas sobre sua capacidade de ser confirmado como o principal agente da lei federal do país.

 

Esse anúncio encerrou um turbulento período de oito dias, durante o qual Trump tentou usar sua vitória eleitoral decisiva para forçar os republicanos do Senado a aceitarem indicações polêmicas, como Gaetz, que havia sido investigado pelo Departamento de Justiça antes de ser indicado na semana passada.

 

A decisão pode aumentar o escrutínio sobre outros indicados controversos de Trump, incluindo Pete Hegseth, escolhido para o Pentágono, que enfrenta acusações de agressão sexual, as quais nega.

 

"Embora o momento fosse favorável, está claro que minha confirmação estava injustamente se tornando uma distração para o trabalho crítico da Transição Trump/Vance," disse Gaetz, republicano da Flórida, em comunicado. "Não há tempo a perder com uma disputa desnecessária em Washington. Assim, retiro meu nome da consideração para procurador-geral. O Departamento da Justiça de Trump precisa estar pronto desde o primeiro dia," acrescentou.

 

Horas depois, Gaetz postou nas redes sociais que espera "continuar lutando para salvar nosso país," acrescentando: "Talvez de um cargo diferente."

 

Trump, em outra postagem, declarou: "Agradeço muito os recentes esforços de Matt Gaetz em buscar aprovação como procurador-geral. Ele estava indo muito bem, mas, ao mesmo tempo, não queria ser uma distração para a administração, pela qual tem muito respeito. Matt tem um futuro brilhante, e mal posso esperar para ver todas as grandes coisas que ele fará!"

 

Se confirmada pelo Senado liderado pelos republicanos, Bondi se tornaria instantaneamente um dos membros de maior destaque do Gabinete de Trump, dada a ameaça do republicano de buscar retaliações contra adversários e a preocupação dos democratas de que ele tente submeter o Departamento de Justiça à sua vontade.

 

Bondi herdaria um Departamento de Justiça que deverá se voltar fortemente para os direitos civis, a aplicação da lei corporativa e os processos contra centenas de apoiadores de Trump acusados na revolta de 6 de janeiro de 2021 no Capitólio dos EUA - réus que Trump prometeu perdoar./AP

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O presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), defendeu nesta quarta-feira, 30, uma "solução equilibrada" para o tarifaço a produtos brasileiros promovido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O parlamentar saiu em defesa do Poder Judiciário, "elemento essencial para a preservação da soberania nacional, que é inegociável".

"O Parlamento acompanha de perto cada desdobramento dessa questão, em conjunto com o Executivo e o Judiciário, para assegurar a proteção da nossa economia e a defesa intransigente das instituições democráticas", diz o posicionamento assinado por Davi Alcolumbre. "O caminho da cooperação internacional deve prevalecer, com o objetivo de restabelecer a confiança mútua e manter a histórica parceria entre as duas nações."

Mais cedo na quarta, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), rechaçou a aplicação de sanções contra autoridades do País. Sem fazer referência ao tarifaço de Trump, Motta frisou que a democracia é sustentada pelo Executivo, pelo Legislativo e pelo Judiciário e que estes devem atuar com "independência e harmonia".

O governo Trump incluiu Alexandre de Moraes na lista de sancionados pela Lei Magnitsky nesta quarta-feira. É a primeira autoridade de um país democrático a ser punida com a medida, criada para restringir direitos de violadores graves de direitos humanos, como condenados por tortura, tráfico humano e assassinatos em série.

Horas depois de sancionar Moraes, o governo americano ratificou a imposição de tarifas de 50% às importações do Brasil. Quase 700 produtos foram incluídos como exceção e serão isentos da taxa. Entre as principais mercadores prejudicadas, estão o café e as carnes. Um cálculo preliminar da consultoria Leme Consultores aponta que as 694 exceções da gestão Trump atenuam os efeitos do tarifaço em 41%.

Uma comitiva de senadores desembarcou nos Estados Unidos no início da semana para tentar reverter a imposição das tarifas. Em nota, a comitiva diz que "todas as agendas da delegação foram voltadas à reconstrução do diálogo político" entre os parlamentares dos dois países. Se confirmadas, as taxas passam a valer a partir de 6 de agosto.

O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, participa nesta quinta-feira, 31, do programa da Ana Maria Braga, na TV Globo. A entrevista ocorre um dia após a oficialização da tarifa de 50% a produtos brasileiros pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Alckmin afirmou que o governo Lula continua com as negociações com os Estados Unidos e a intenção é aumentar o comércio com o país. "Negociações começam hoje", disse.

"Nós não criamos o problema, mas queremos resolver", afirmou o vice-presidente, destacando que um contato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o presidente dos EUA precisa de uma preparação.

"Vamos trabalhar para preservar empregos, produções e para avançar em mercados", afirmou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que a soberania brasileira "aparece em primeiro lugar em nossa Constituição, entre os demais princípios fundamentais" e que ela é que "nos trouxe liberdade e independência". Em publicação no X (antigo Twitter) na manhã desta quinta-feira, 31, Lula disse que é graças à soberania que o País pode "decidir seus rumos, proteger seus recursos, cuidar de seu território e defender seus interesses diante do mundo".

"Sem soberania, o Brasil não existiria. Foi ela que nos trouxe liberdade e independência. E é ela que aparece em primeiro lugar em nossa Constituição, entre os demais princípios fundamentais. Soberania é a autoridade que um povo tem sobre seu próprio destino", disse o presidente. Lula ainda afirmou que a "soberania é, para nós, o direito de construir uma sociedade livre, justa e solidária".

O presidente tem insistido no discurso de defesa da soberania brasileira após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmar a tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil (com uma série de exceções, entre elas o suco de laranja e aeronaves civis) e sancionar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

Lula disse que seu governo vem trabalhando "com esse espírito" e apresentando "ações concretas que devolvem dignidade, fortalecem nossa economia e colocam o Brasil, novamente, no caminho da inclusão e do desenvolvimento". O presidente citou em sua publicação, por exemplo, um vídeo em que fala da queda do desemprego e do aumento da renda do trabalhador brasileiro. Também compartilhou um post sobre a saída do Brasil do Mapa da Fome da Organizações das Nações Unidas (ONU).

"Assumimos a atual gestão com muitos desafios: recolocar o Brasil no cenário internacional, reconstruir políticas públicas que haviam sido desmontadas e tirar o País do mapa da fome. Com senso de compromisso e muito trabalho sério, estamos prosperando", disse.

Segundo o presidente, a soberania de um país não significa ele estar distante das demais nações em termos de cooperação. "A soberania deve ser acompanhada pela cooperação internacional. O mundo enfrenta desafios que nenhuma nação vencerá sozinha, como a fome e a mudança do clima. Desafios comuns exigem ações compartilhadas. Por isso, atuamos para fortalecer o multilateralismo", finalizou.