Rússia forneceu mísseis de defesa aérea à Coreia do Norte em troca de tropas, diz Coreia do Sul

Internacional
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A Rússia forneceu mísseis de defesa aérea à Coreia do Norte em troca do envio de tropas para apoiar os esforços de guerra da Rússia contra a Ucrânia, afirmou uma alta autoridade sul-coreana nesta sexta-feira, 22.

 

Os EUA, a Coreia do Sul e a Ucrânia dizem que a Coreia do Norte enviou mais de 10 mil soldados para a Rússia em outubro, alguns dos quais começaram a se envolver em combate recentemente.

 

Shin Wonsik, conselheiro de segurança nacional do presidente Yoon Suk Yeol, disse a um programa de TV da SBS nesta sexta-feira que a Coreia do Sul descobriu a ação russa para reforçar a rede de defesa aérea em Pyongyang.

 

Observadores especializados dizem que a Coreia do Norte provavelmente sente a necessidade urgente de aumentar as capacidades de defesa aérea para a capital depois que o país acusou a Coreia do Sul de lançar panfletos de propaganda sobre Pyongyang no mês passado.

 

A Coreia do Norte ameaçou tomar medidas militares se os panfletos fossem lançados novamente. Já o exército da Coreia do Sul se recusou a confirmar se estava ou não por trás dos supostos voos de drones.

 

Shin diz que a Rússia também deu assistência econômica à Coreia do Norte e várias tecnologias militares, incluindo aquelas necessárias para ajudar o Norte a construir um sistema confiável de vigilância espacial.

 

Durante uma cúpula com o líder norte-coreano Kim Jong-un no ano passado, o presidente russo Vladimir Putin disse que Moscou estava disposta a ajudar o Norte a construir satélites.

 

A Coreia do Norte colocou seu primeiro satélite espião em órbita em novembro do ano passado, mas especialistas estrangeiros questionam se esse satélite pode produzir imagens militarmente significativas. A tentativa do Norte de lançar um segundo satélite espião falhou em maio.

 

Seul e Washington expressaram preocupações sobre possíveis transferências russas de tecnologia nuclear e de mísseis sensíveis para a Coreia do Norte. Shin não disse se a Rússia já transferiu tal tecnologia. Apesar disso, especialistas disseram ser improvável que a Rússia o faça no estágio inicial da implantação de tropas do Norte.

 

A agência de espionagem da Coreia do Sul disse aos legisladores na quarta-feira que a Coreia do Norte havia enviado recentemente sistemas de artilharia adicionais para a Rússia também. No mês passado, o Serviço Nacional de Inteligência disse que a Coreia do Norte havia enviado mais de 13 mil contêineres de artilharia, mísseis e outras armas convencionais para a Rússia desde agosto de 2023 para repor seus estoques de armas em declínio.

 

No início desta semana, a Coreia do Norte e a Rússia chegaram a um novo acordo para expandir a cooperação econômica após negociações de alto nível em Pyongyang, de acordo com a mídia estatal dos países. Fonte: Associated Press.

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O anúncio de sanções da Lei Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes repercutiu nas redes sociais de autoridades. Enquanto políticos ligados ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saíram em defesa do magistrado, a oposição celebrou a punição.

O governo dos Estados Unidos aplicou punições ao magistrado brasileiro nesta quarta-feira, 30. A Lei Magnitsky impõe sanções como proibição de entrada nos Estados Unidos e bloqueio de bens no país.

O líder do governo Lula na Câmara, José Guimarães (PT-CE), chamou as sanções de "conspiração da família Bolsonaro contra o Brasil". "Isso não é apenas uma afronta a um ministro do Supremo - é um ataque direto à democracia brasileira e à nossa soberania nacional!", disse o petista.

No mesmo sentido, a ministra-chefe da secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT-PR), chamou as sanções de "ato violento e arrogante". "Mais um capítulo da traição da família Bolsonaro ao País", disse a ministra.

O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) qualificou como "gravíssimo" o uso da Lei Magnitsky contra Moraes. Para o petista, as sanções não se restringem ao ministro e são também um "ataque ao Brasil".

A deputada federal Carol de Toni (PL-SC), ex-presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, afirmou que a aplicação da Lei Magnitsky contra Moraes "é a resposta internacional aos abusos, à censura e à perseguição política que o Brasil vive".

O deputado estadual Gil Diniz (PL-SP) celebrou o anúncio da Lei Magnitsky contra Moraes. Gil Diniz é aliado do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e já trabalhou no gabinete do filho "03" do ex-presidente. Para Diniz, as sanções contra Moraes são "resultado direto" de um "trabalho estratégico e silencioso" do brasileiro nos Estados Unidos.

A edição da Lei Magnitsky contra Moraes ocorre após um semestre de atuação de Eduardo nos Estados Unidos. O filho de Jair Bolsonaro é investigado no STF por buscar punições ao País e a autoridades brasileiras como forma de coagir o processo penal contra seu pai, réu por golpe de Estado.

O uso da Lei Magnitsky contra uma autoridade de um país democrático é inédito. Até o momento, a norma só havia sido aplicada contra violadores graves dos direitos humanos, como autoridades de regimes ditatoriais, integrantes de grupos terroristas e criminosos ligados a esquemas de lavagem de dinheiro e de assassinatos em série.

O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, Paulo Azi (União-BA), espera que o julgamento da cassação da deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) ocorra entre agosto e setembro.

O prazo exato dependerá do relator do caso, deputado Diego Garcia (Republicanos-PR), segundo o próprio Azi.

Como relator, Garcia pode pedir que sejam ouvidas testemunhas no caso. A defesa de Zambelli, que pediu o arquivamento da representação, indicou que, se a situação avançar, seria "imperiosa" a oitiva do hacker Walter Delgatti Neto, delator que acusou Zambelli de ter invadido o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

A parlamentar foi condenada a dez anos de prisão por esse episódio.

Garcia tem até cinco sessões para apresentar o parecer, que dependem do número de sessões plenárias realizadas. A Câmara está em recesso e volta apenas na próxima semana. Procurado, Garcia não respondeu aos contatos reportagem.

A defesa também pede as oitivas do general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa que se encontrou com Delgatti; de Michel Spiero, assistente técnico da defesa; do delegado Flávio Vieitez Reis, responsável pelo inquérito, e do policial federal Felipe Monteiro de Andrade, que fundamentou as acusações a Zambelli.

"A efetivação dessas oitivas não é apenas um direito da defesa; é uma condição para a legitimidade e a imparcialidade do processo conduzido por esta comissão", diz Fábio Pagnozzi, advogado da deputada licenciada.

Nesta terça-feira, 29, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), disse que a Casa está adotando as providências possíveis sobre o mandato parlamentar, que tramita na CCJ. "Não cabe à Casa deliberar sobre a prisão - apenas sobre a perda de mandato", disse.

O processo na CCJ foi aberto por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF).

Após a votação na CCJ, caberá ao plenário decidir se cassará Zambelli. São necessários 257 votos para isso.

Zambelli está foragida na Itália, país que tem cidadania, e é alvo de uma mandado de prisão de autoria do ministro Alexandre de Moraes.

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, acusou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de violar seriamente os direitos humanos e abusar da sua posição ao autorizar detenções antes de julgamento e "privar a liberdade de expressão", em comunicado divulgado pelo seu departamento nesta quarta, 30.

Ao contrário do secretário do Tesouro, Scott Bessent, a nota de Rubio não traz menção direta ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Contudo, Rubio acusa Moraes de "engajar em esforços politicamente motivados para silenciar uma crise política ao emitir ordens secretas compelindo plataformas online, incluindo redes sociais dos EUA, a banir contas de indivíduos por postarem discurso protegido".

Segundo ele, Moraes fez detenções arbitrárias com "negação flagrante de garantias de um julgamento justo".

Rubio citou as sanções aprovadas pelo Tesouro contra o juiz brasileiro e disse que os EUA "vão utilizar todos os meios apropriados, efetivos, diplomáticos, políticos e legais para proteger o discurso de americanos contra atores estrangeiros malignos".

Em publicação separada, no X, o secretário de Estado afirmou que este é um "aviso". "Que este seja um aviso para aqueles que pisotearam em direitos fundamentais dos seus compatriotas: vestes judiciais não poderão protegê-lo", escreveu.