Putin ordena produção em série de míssil hipersônico Oreshnik, testado na guerra na Ucrânia

Internacional
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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou a produção em série do novo míssil hipersônico russo, apelidado de Oreshnik. A arma foi utilizada pela primeira vez nesta quinta-feira, 21, contra uma fábrica militar da Ucrânia, e surpreendeu pela capacidade de carregar mais de uma ogiva e atingir múltiplos alvos.

Em reunião com autoridades militares nesta sexta-feira, 22, Putin descreveu o uso na Ucrânia como bem-sucedido e disse que a nova arma mostra a superioridade militar da Rússia no conflito. Segundo ele, nenhum sistema de defesa em operação é capaz de interceptar o míssil Oreshnik ("Avelã", em russo), que viaja a uma velocidade dez vezes superior à velocidade do som.

O líder russo já havia falado sobre o Oreshnik nesta quinta, depois de a Ucrânia acusar a Rússia de lançar um míssil balístico intercontinental (ICBM), uma arma de longo alcance com capacidade para carregar múltiplas ogivas nucleares. Em um discurso na TV, Putin disse que se tratava de um novo míssil de médio alcance e que a decisão de utilizá-lo foi uma resposta ao uso de armas dos Estados Unidos e do Reino Unido em ataques da Ucrânia realizados dentro do território russo.

Nesta sexta, ele elogiou os cientistas e os militares russos e disse que o Oreshnik é "vital" para o país. "Temos que iniciar a produção em série. A decisão (...) já foi tomada", declarou. "O sistema Oreshnik não é uma arma estratégica, em todo caso, não é um míssil balístico intercontinental, não é um meio de destruição em massa, inclusive porque também é uma arma de alta precisão", acrescentou.

Os vídeos do ataque russo na Ucrânia com o Oreshnik mostram que a arma é capaz de atingir mais de um alvo num mesmo ataque. Isso acontece pela capacidade do míssil carregar mais de uma ogiva, de modo semelhante ao ICBM. Segundo Putin, as ogivas utilizadas não eram nucleares e sim tradicionais. Os danos causados por elas são causados pela velocidade hipersônica com que atingem o solo.

Segundo o Kremlin, as autoridades ocidentais foram avisadas sobre o teste do Oreshnik antes do ataque através dos canais de dissuasão de ameaça nuclear, que fazem o aviso automaticamente. Por causa das ogivas múltiplas, a Ucrânia chegou a acusar a Rússia de realizar um ataque com o ICBM, que pode carregar ogivas nucleares. As autoridades ocidentais negaram de imediato.

Na reunião com os militares, Putin ainda afirmou que nenhum outro país possui uma arma semelhante ao Oreshnik no momento. "Ninguém no mundo tem essas armas ainda. Sim, mais cedo ou mais tarde aparecerá noutros países líderes, sabemos quais os desenvolvimentos que estão a ser realizados. Mas será amanhã, ou em um ano, ou em dois. E temos esse sistema hoje. E isso é importante", declarou.

Doutrina nuclear

O uso de mísseis balísticos intercontinentais é bem mais grave do que outros tipos de armamento por conta das ogivas nucleares que estes mísseis podem transportar. O lançamento destas armas seria um lembrete da capacidade nuclear da Rússia e uma sinalização de uma possível escalada ainda maior na guerra.

Na terça-feira, 19, A Ucrânia disparou seis mísseis ATACMS fabricados nos EUA contra a região russa de Bryansk. O lançamento ocorreu dias depois de o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ter permitido o uso de mísseis de longo alcance fabricados nos EUA em ataques dentro do território russo.

Também no dia 19 de novembro, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou uma revisão da doutrina nuclear russa que amplia as circunstâncias nas quais Moscou pode lançar um ataque atômico contra a Ucrânia e a Otan. O líder russo declarou que um ataque com armas convencionais à Rússia por qualquer nação que seja apoiada por uma potência nuclear será considerado um ataque conjunto ao seu país.

De acordo com as mudanças, um grande ataque à Rússia com mísseis convencionais, drones ou aeronaves poderia atender aos critérios para uma resposta nuclear, assim como um ataque à Belarus ou qualquer ameaça crítica à soberania da Rússia.

Nesta quinta-feira, 21, Putin voltou a falar sobre a possibilidade de usar armas contra os países que fornecem as armas para a Ucrânia utilizar dentro do território russo. "Consideramos que temos o direito de usar as nossas armas contra alvos militares dos países que permitem o uso das suas armas contra os nossos alvos", disse. "No caso de uma escalada de ações agressivas, responderemos de forma igualmente decisiva e espelhada", acrescentou. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, afirmou que os indiciamentos de Jair Bolsonaro e mais 36 outras pessoas pela Polícia Federal, após investigação sobre tentativa de golpe de estado, são "fatos graves" e que "devem ser apurados, mas a democracia brasileira é maior do que isso tudo".

Fachin, que participou de uma aula magna promovida pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) na sede do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4), defendeu o cumprimento dos ritos processuais com rigor.

"Os indícios revelados até agora demonstram uma gravidade que é real e tudo isso deve ser visto nas etapas devidas, da forma adequada, com respeito ao devido processo, ampla defesa e todas as garantias que a Constituição e as leis preveem aos indiciados, acusados e depois para os réus, se vier uma ação penal", declarou.

Para Fachin, a investigação da Polícia Federal mostra que "as forças civis do Brasil estão, na sua grande maioria, maduras suficientes para entender que processo eleitoral, resultado das eleições, obediência à soberania popular fazem parte da democracia".

De acordo com a PF, os 37 indiciados estão ligados à tentativa de manter Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições 2022. O plano da suposta organização criminosa previa até o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de seu vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

Quando questionado por jornalistas sobre o indiciamento de Bolsonaro, Fachin afirmou que "o fato de se tratar de um ex-presidente da República, nesse sentido, é menos relevante do que os fatos que estão sendo averiguados".

Na avaliação do ministro do STF, as investigações também não geraram nenhuma "turbulência institucional" e que elas "estão cumprindo seu papel".

O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) pediu uma medida cautelar para suspender os salários de militares indiciados pela Polícia Federal (PF) nesta semana por envolvimento em uma trama golpista. O pedido será analisado pelo TCU. A representação se baseia em matéria publicada pelo Metrópoles que diz que o governo gasta R$ 8,8 milhões ao ano com os 25 militares que teriam ajudado a planejar a tentativa de golpe de Estado, segundo a PF. Ao todo, 37 pessoas foram indiciadas.

"Não se mostra razoável e legítimo que o Estado continue a despender valiosos recursos públicos com o pagamento de régias remunerações a esses indivíduos agora indiciados por esses graves crimes, que podem somar penas privativas de liberdade de até vinte e oito anos", argumenta o subprocurador-geral do MP-TCU, Lucas Furtado.

Furtado também pediu que o TCU decrete a indisponibilidade de bens e solicite à Advocacia-Geral da União a apreensão do patrimônio dos 37 investigados no montante de R$ 56 milhões. O valor corresponde à estimativa dos prejuízos causados nos atos golpistas de depredação das sedes dos três Poderes em 8 de janeiro de 2023. Para Furtado, há "direta conexão entre a tentativa de golpe de Estado e as depredações".

O presidente da Câmara Municipal de Castro (PR), cidade localizada a cerca de 160 quilômetros de Curitiba, Miguel Zahdi Neto (PSD), conhecido como Neto Fadel, matou a tiros o empresário Guilherme de Quadros Becher, seu vizinho, após uma discussão na noite da última quarta-feira, 20.

De acordo com a Polícia Civil, o desentendimento começou quando Becher foi até o portão de Fadel para reclamar do barulho das crianças que brincavam na casa do vereador, onde acontecia uma confraternização.

Durante a discussão, o empresário sacou duas armas e disparou em direção às pessoas presentes. Fadel, que possui porte de arma, reagiu e atingiu Becher. A vítima foi socorrida com vida, mas morreu no hospital.

A Polícia Militar confirmou que Fadel possui um certificado de porte de arma de fogo válido até dezembro deste ano, além de registro regular da arma utilizada, conforme informado pelas autoridades.

O delegado Luís Gustavo Timossi afirmou à RPC, afiliada da TV Globo no Paraná, que o vereador foi liberado sem ser autuado por ter agido, em princípio, em legítima defesa. Ele se baseou nos relatos das testemunhas e por outros elementos encontrados no local.

Timossi também afirmou que pretende ouvir outros familiares de Becher e aguardar o resultado da perícia das armas dos envolvidos e o laudo do IML, que identificará se houve ou não excesso de disparos em direção ao empresário.

A defesa de Fadel afirma que ele agiu em legítima defesa, prestou socorro à vítima e permaneceu no local até a chegada das autoridades.

Já a defesa da família de Becher afirmou que os parentes estão abalados e lamentou que o vereador não tenha sido preso em flagrante, ressaltando que a detenção deveria ter sido mantida até que depoimentos adicionais fossem colhidos e o laudo de necropsia fosse concluído.

Fadel é empresário e está em seu segundo mandato como vereador na cidade de pouco mais de 73 mil habitantes. Durante esse período, assumiu por duas vezes interinamente a chefia do Executivo da cidade. Neste ano, concorreu à prefeitura, mas recebeu 17.900 votos (45,54% dos votos válidos) e foi derrotado por Dr Reinaldo (MDB), que teve 21.409 votos (54,46% dos votos válidos).