O presidente dos EUA, Donald Trump, disse nesta quarta-feira, 29, que assinará um decreto ordenando ao Pentágono e ao Departamento de Segurança Interna que preparem as instalações de Guantánamo para abrigar 30 mil imigrantes ilegais. A prisão tem sido usada para prisioneiros militares, incluindo os envolvidos nos ataques do 11 de Setembro.
Segundo Trump, a base da Marinha dos EUA em Cuba seria usada agora para conter os "piores criminosos ilegais que ameaçam o povo americano". Ele não ofereceu mais detalhes. "Alguns deles são tão ruins que não podemos confiar em seus países de origem para retê-los, porque não queremos que eles voltem", disse o presidente, na Casa Branca, durante assinatura da primeira lei aprovada pelo Congresso no seu governo, direcionada à repressão à imigração.
A Baía de Guantánamo já foi utilizada no passado como um centro de detenção de migrantes interceptados em balsas no mar enquanto tentavam chegar aos EUA, incluindo nas décadas de 80 e 90, quando milhares de haitianos foram enviados para lá. O governo de Joe Biden também usou a instalação para abrigar um pequeno número de imigrantes, antes que fossem reassentados em terceiros países.
Terrorismo
Oficiais do Pentágono, de acordo com o Wall Street Journal, disseram que não estavam cientes do plano. Abrigar milhares de migrantes exigiria a construção de moradias temporárias e outras instalações na base.
Durante a "guerra ao terror", o governo de George W. Bush criou uma instalação de segurança máxima na base para suspeitos de terrorismo que se tornou notória depois que detentos e advogados denunciaram torturas e violações de direitos por interrogadores americanos.
Atualmente, há 15 prisioneiros detidos no local, com idades entre 45 e 63 anos. Eles são do Afeganistão, Indonésia, Iraque, Líbia, Paquistão, Arábia Saudita, Somália e Iêmen. Um deles é um rohingya apátrida. Outro, palestino.
O decreto de Trump é o passo mais recente em seu esforço para expulsar imigrantes. O presidente não disse por quanto tempo as pessoas ficarão em Guantánamo. A lei diz que o governo não tem permissão para deter pessoas indefinidamente por infrações de imigração, se não planeja deportá-las.
Venezuelanos
A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, decidiu revogar uma extensão de 18 meses concedida por Biden, que protegia da deportação 600 mil venezuelanos. Com a diretriz, Trump fecha ainda mais o cerco à imigração, atingindo pessoas que estavam em situação legal.
Ainda ontem, a Casa Branca voltou atrás e invalidou o memorando que havia suspendido financiamentos, subsídios e empréstimos a ONGs, escolas, hospitais e outras instituições, incluindo ajuda externa. Uma juíza havia bloqueado o decreto na terça-feira. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Trump pretende usar Guantánamo para deter 30 mil imigrantes ilegais
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