Enviado de Trump vai a Caracas e exige que Maduro aceite deportados

Internacional
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O enviado de Donald Trump à Venezuela, Richard Grenell, chegou a Caracas nesta sexta-feira, 31, para se reunir com Nicolás Maduro. Segundo a Casa Branca, o objetivo é convencer o ditador a aceitar a repatriação de todos os criminosos venezuelanos "sem impor condições" e libertar "imediatamente" os cidadãos americanos presos pelo chavismo. Caso contrário, segundo os EUA, "haverá consequências".

A Casa Branca esclareceu, no entanto, que a visita não deve ser vista como se os EUA estivessem dando legitimidade ao terceiro mandato de Maduro. No primeiro governo de Trump, ele liderou uma campanha de "pressão máxima" contra a Venezuela, em um esforço para derrubar o regime chavista.

Mas desde que Trump voltou ao poder, há dúvidas sobre como seu relacionamento com Maduro pode evoluir, especialmente em razão da necessidade de cooperação para sua campanha de "deportação em massa" de imigrantes. "Esperamos que todos os países do planeta cooperem com os EUA", disse ontem a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt.

De acordo com ela, Grenell foi à Venezuela com duas "diretrizes" de Trump. "Primeiro, ele foi instruído a identificar um local e garantir que os voos de repatriação de cidadãos venezuelanos que violaram as leis de nosso país, aterrissem na Venezuela", disse. "Em segundo lugar, garantir que todos os detidos pelos EUA na Venezuela voltem para casa."

Mauricio Claver-Carone, o enviado especial de Trump para a América Latina, seguiu a mesma linha. Ontem, ele declarou em entrevista coletiva que o governo americano espera que Maduro "leve de volta os criminosos e membros de gangues venezuelanos exportados".

"Grenell também insistirá que os reféns americanos retidos na Venezuela devem ser libertados imediatamente", disse Claver-Carone. "Do contrário, haverá consequências, porque isso não é uma negociação em troca de alguma coisa."

Volta

Claver-Carone garantiu que a visita de Grenell "não muda" as prioridades do presidente americano "com relação à Venezuela e ao que ele gostaria de ver no país". Ele insistiu que a Venezuela "tem de aceitar os criminosos, que são sua responsabilidade".

Não está claro, no entanto, se receber os membros deportados do Tren de Aragua seria uma concessão tão grande de Maduro, já que muitos especialistas suspeitam que a gangue tenha relações com o chavismo - tanto que, desde 2023, o regime sinaliza disposição de cooperar com os americanos na extradição dos criminosos.

Já a libertação dos americanos presos na Venezuela é diferente e pode virar uma moeda de troca da ditadura, se de fato Grenell estiver negociando com o regime - o que o governo americano nega.

Outro problema nas ameaças dos EUA é que resta à diplomacia americana pouca margem de manobra na Venezuela, já que o chavismo é alvo de sanções de vários tipos. O único setor que tem sido poupado de restrições é a indústria do petróleo, que o governo americano tem sido cauteloso em punir.

Pressão

O tema é sensível, porque a Chevron, gigante petrolífera americana, tem licença para explorar petróleo na Venezuela. Na semana passada, Trump disse que seu governo, provavelmente, interromperia a compra de petróleo da Venezuela, o que poderia pressionar o preço dos combustíveis nos EUA.

Ontem, o jornal Financial Times informou que a Chevron está tentando proteger sua licença. O CEO da empresa, Mike Wirth, disse que está em contato com a Casa Branca. "Se a Chevron for forçada a sair da Venezuela, a China e a Rússia ganharão influência no país, que é membro da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo)", disse Wirth. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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A ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), lidera o ranking de aprovação entre os chefes de Ministérios do governo Lula, de acordo com uma pesquisa da AtlasIntel. O levantamento aponta que Tebet é a mais bem avaliada pelos brasileiros, enquanto o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, registra a maior rejeição.

Com 62% de aprovação, Tebet se destaca como a ministra mais bem avaliada, seguida por Mauro Vieira, das Relações Exteriores, e Macaé Evaristo, dos Direitos Humanos e Cidadania, ambos com 54%. Wellington Dias, responsável pela Assistência Social, aparece com 51%, enquanto Ricardo Lewandowski, da Justiça, soma 47% de aprovação.

Na outra ponta, Juscelino Filho lidera a rejeição, sendo avaliado negativamente por 70% dos entrevistados. Anielle Franco, da Igualdade Racial, aparece em seguida, com 59% de reprovação. Já Fernando Haddad, da Fazenda, Carlos Lupi, da Previdência Social, e André Fufuca, dos Esportes, registram um índice de desaprovação de 55% cada.

A pesquisa ouviu 2.595 pessoas entre os dias 24 e 27 de fevereiro. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, com um nível de confiança de 95%.

O levantamento também questionou os entrevistados sobre a necessidade de uma reforma ministerial no governo Lula. A maioria, 58%, afirmou que o presidente deve promover mudanças na equipe, enquanto 30% defenderam a manutenção dos atuais ministros e 12% não souberam opinar.

Quando perguntados sobre o impacto dessas possíveis alterações, 51% acreditam que trocas na equipe podem melhorar o governo, ao passo que 29% consideram que não haveria diferença significativa, e 20% não souberam responder.

Entre as prioridades para uma eventual reforma, a melhoria na articulação política foi apontada como a mais urgente, mencionada por 34% dos entrevistados. Em seguida, aparecem a busca por maior eficiência na gestão pública (28%) e a substituição de ministros com altos índices de rejeição (22%).

O presidente Lula deu início a sua reforma ministerial na última semana. Nísia Trindade deixou o comando do Ministério da Saúde, sendo substituída por Alexandre Padilha, que, por sua vez, abriu espaço para Gleisi Hoffmann assumir a Secretaria de Relações Institucionais.

O Brasil caiu seis posições no ranking global de democracia (Democracy Index) de 2024, elaborado pela empresa de inteligência da The Economist, ficando agora no 57º lugar.

No capítulo dedicado ao Brasil, intitulado 'democracia brasileira em risco', o estudo afirma que a polarização política aumentou na última década e gerenciar o impacto das plataformas de mídia social na democracia brasileira tem sido problemático, o que levou a Suprema Corte a "passar do limite".

O documento diz que a questão chegou ao auge em agosto de 2024, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) ordenou o bloqueio à empresa de mídia social X porque representava uma "ameaça direta à integridade do processo democrático" antes das eleições locais nacionais de outubro de 2024.

"Restringir o acesso a uma grande plataforma de mídia social dessa forma por várias semanas não tem paralelo entre países democráticos. A censura de um grupo de usuários ultrapassou os limites do que pode ser considerado restrições razoáveis à liberdade de expressão, especialmente no meio de uma campanha eleitoral", argumenta o texto. E acrescenta: "Tornar certos discursos ilegais, com base em definições vagas, é um exemplo de politização do judiciário".

Na sequência, a The Economist cita um levantamento do Latinobarómetro de 2023 sobre liberdade de expressão que apontou que 64% dos brasileiros afirmaram que ela "é mal garantida ou não é garantida", porcentual que estaria acima da média regional de 45%.

Além disso, 62% dos brasileiros dizem que não expressam suas opiniões sobre os problemas que o País enfrenta, ficando atrás apenas de El Salvador e bem acima da média regional de 44%.

A pontuação do Brasil, segundo a pesquisa, também foi afetada negativamente por novos detalhes da "suposta tentativa de golpe" em 2022 contra o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e membros do STF, que teria sido organizado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e membros do alto escalão das Forças Armadas, que negam irregularidades.

"O plano de golpe também sugere que há uma tolerância perturbadora à violência política no Brasil que está ausente em democracias mais consolidadas", afirma a pesquisa.

O ranking de democracia da The Economist é liderado pela Noruega, seguido pela Nova Zelândia e Suécia. Coreia do Norte, Mianmar e Afeganistão ocupam as três ultimas posições, de uma lista de 167 países.

O procurador Carlos Alberto de Souza Almeida, que atua junto ao Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM), foi condenado a devolver R$ 4,5 milhões que recebeu em salários retroativos e indenização.

O Estadão busca contato com o procurador.

O valor engloba vencimentos referentes ao período em que aguardou ser convocado no concurso público (1999-2005) e uma indenização por dano moral pela "nomeação tardia".

O montante a ser restituído aos cofres públicos pode chegar a R$ 7 milhões considerando juros e correção monetária. Como a decisão foi tomada na primeira instância, ele pode recorrer.

Carlos Aberto só foi classificado depois de conseguir anular judicialmente questões da prova, o que ocorreu em dezembro de 2005, seis anos após o concurso. Em um dos ofícios no processo, ele chegou a renunciar "a quaisquer efeitos pecuniários que lhe possam atribuir a sentença".

Em 2018, quando já estava no cargo, o procurador deu entrada em um processo administrativo para receber "vencimentos e outras parcelas remuneratórias conexas, não percebidas no período de 17/06/1999 a 30/12/2005", além da indenização por dano material.

O pedido foi aprovado pelo Tribunal de Contas do Amazonas e as parcelas foram depositadas entre outubro de 2018 e outubro de 2019.

A juíza Etelvina Lobo Braga, da Vara da Fazenda Pública de Manaus, afirma na sentença que o procurador "agiu de forma temerária e com prática duvidosa, quando postulou direitos aos quais ele mesmo já havia expressamente renunciado".

A decisão afirma ainda que a ordem de pagamento do Tribunal de Contas é "flagrantemente indevida".

"A nomeação e posse decorrente de ordem judicial, bem como ulterior exercício no cargo de Procurador de Contas, do requerido Carlos Alberto de Souza Almeida, não se deram de forma tardia, mas sim por ordem judicial, que não deveria gerar direito à indenização, razão pela qual houve equívoco e ilegalidade da Corte de Contas, que não atentou, também, à renúncia expressa firmada nos autos pelo candidato", diz a sentença.