Hamas liberta mais três reféns na Faixa de Gaza em troca de 183 prisioneiros detidos por Israel

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O grupo terrorista Hamas libertou, na manhã deste sábado, 8, mais três reféns na Faixa de Gaza. Os civis foram soltos em troca de 183 prisioneiros palestinos detidos por Israel, como parte de um cessar-fogo que suspendeu temporariamente a guerra no território.

Inicialmente, os reféns foram levados a um palco, onde um combatente do Hamas mascarado segurava um microfone enquanto cada um deles fazia uma declaração diante do público. Nas liberações anteriores, os reféns não foram forçados a falar.

Depois, Israel confirmou que suas forças receberam os três reféns israelenses. Eles serão levados para tratamento médico e se reunirão com seus parentes após 16 meses em cativeiro.

A proposta do presidente dos EUA, Donald Trump, de transferir a população palestina para fora de Gaza - apoiada por Israel, mas fortemente rejeitada pelos palestinos e pela maior parte da comunidade internacional - não parece ter impactado a atual fase da trégua, que deve durar até o início de março.

No entanto, essa proposta pode complicar as negociações para a segunda e mais difícil fase, quando o Hamas deverá libertar dezenas de outros reféns em troca de um cessar-fogo duradouro. O grupo pode relutar em liberar mais cativos - sua principal moeda de troca - se acreditar que EUA e Israel estão determinados a esvaziar Gaza, o que, segundo grupos de direitos humanos, violaria o direito internacional.

Reféns a serem libertados neste sábado

Segundo Hamas e Israel, os reféns soltos neste sábado são: Eli Sharabi, 52 anos; Ohad Ben Ami, 56 anos; e Or Levy, 34 anos. Todos foram sequestrados durante o ataque liderado pelo Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, que deu início à guerra.

Os três reféns pareciam muito magros e pálidos enquanto combatentes armados do Hamas os conduziam de uma van branca para um palco montado na cidade de Deir al-Balah.

Na manhã de sábado, dezenas de combatentes do Hamas mascarados e armados, alguns dirigindo caminhonetes brancas com metralhadoras montadas, se posicionaram no local da troca, próximo à principal rodovia norte-sul de Gaza Central. Uma pequena multidão de espectadores se reuniu no local, sendo mantida à distância por uma fileira de combatentes do Hamas.

Esta é a quinta troca de reféns por prisioneiros desde o início do cessar-fogo, em 19 de janeiro. Até o momento, 18 reféns e mais de 550 prisioneiros palestinos foram libertados.

A primeira fase do cessar-fogo prevê a libertação de 33 reféns e quase 2 mil prisioneiros, o retorno de palestinos ao norte de Gaza e um aumento na ajuda humanitária ao território devastado. Na semana passada, palestinos feridos puderam sair de Gaza para o Egito pela primeira vez desde maio.

Quem foi libertado neste sábado?

Sharabi e Ben Ami foram sequestrados no Kibutz Beeri, uma das comunidades agrícolas mais atingidas pelo ataque do Hamas. Levy foi capturado no festival de música Nova, onde se abrigava em um cômodo seguro quando os militantes chegaram.

A esposa e as duas filhas adolescentes de Sharabi foram mortas no ataque de 7 de outubro. Seu irmão Yossi, que também foi sequestrado, morreu em cativeiro. A esposa de Levy também foi assassinada. Seu filho, agora com três anos, tem sido cuidado por parentes nos últimos 16 meses.

Ben Ami, pai de três filhos, foi sequestrado junto com sua esposa, Raz. Ela foi libertada durante um cessar-fogo de uma semana em novembro de 2023.

Entre os 183 prisioneiros palestinos que serão libertados por Israel neste sábado, há 18 condenados à prisão perpétua por ataques mortais, 54 cumprindo penas longas e 111 palestinos de Gaza detidos após o ataque de 7 de outubro. Todos são homens, com idades entre 20 e 61 anos.

Enquanto Israel os considera terroristas, os palestinos os veem como heróis que lutam contra a ocupação israelense. Praticamente todo palestino conhece alguém que já foi preso.

Mais de 100 reféns foram libertados durante um cessar-fogo de uma semana em novembro de 2023. Mais de 70 ainda estão em Gaza, e Israel afirma que 34 foram mortos no ataque inicial ou morreram em cativeiro. O Hamas confirmou que oito dos 33 reféns previstos para serem libertados na primeira fase da trégua já estão mortos.

Cessar-fogo continua, mas segunda fase é incerta

Não está claro se Israel e Hamas já começaram a negociar a segunda fase do cessar-fogo, que prevê a libertação dos reféns restantes e a prorrogação indefinida da trégua. A guerra pode ser retomada no início de março se não houver um acordo.

Israel afirma que continua comprometido em destruir o Hamas, mesmo após o grupo militante ter reassumido o controle de Gaza poucas horas depois do último cessar-fogo. Um importante parceiro de extrema direita da coalizão do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu defende a retomada da guerra após a primeira fase da trégua.

O Hamas diz que não libertará os reféns restantes sem o fim da guerra e a retirada total de Israel de Gaza.

No ataque de 7 de outubro que deu início à guerra, cerca de 1,2 mil pessoas, a maioria civis, foram mortas. Desde então, mais de 47 mil palestinos foram mortos nos bombardeios e ofensivas terrestres de Israel, sendo mais da metade mulheres e crianças, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, que não especifica quantos dos mortos eram combatentes.

O exército israelense afirma ter matado mais de 17 mil militantes, sem apresentar provas. Israel responsabiliza o Hamas pelas mortes de civis, alegando que seus combatentes operam em áreas residenciais.

Milicianos de alta patente estão entre os prisioneiros palestinos libertados

Dos prisioneiros de segurança que serão soltos neste sábado, cinco são de Jerusalém Oriental, 14 da Faixa de Gaza e os outros 53 da Cisjordânia ocupada. Sete serão transferidos para o Egito antes de uma possível deportação.

Ao todo, 47 prisioneiros serão libertados da prisão de Ofer, na Cisjordânia, e entregues à custódia palestina no ponto de passagem de Betunia, perto do centro administrativo de Ramallah, onde parentes, amigos e apoiadores se preparam para recebê-los.

Os prisioneiros palestinos foram detidos por crimes que vão desde atentados a bomba até envolvimento com grupos militantes, em alguns casos há décadas.

Entre eles está Iyad Abu Shakhdam, de 49 anos, preso há quase 21 anos por envolvimento em ataques do Hamas que mataram dezenas de israelenses durante a revolta palestina dos anos 2000. Um dos ataques mais conhecidos foi um atentado suicida em um ônibus na cidade israelense de Beersheba, em 2004, que matou 16 pessoas, incluindo uma criança de quatro anos.

Outro prisioneiro libertado é Jamal al-Tawil, político proeminente do Hamas na Cisjordânia ocupada e ex-prefeito da vila de al-Bireh, vizinha de Ramallah.

Ele passou quase duas décadas entrando e saindo de prisões israelenses. O exército informou que sua última prisão foi em 2021, por suposta participação em distúrbios violentos e tentativas de fortalecer a presença do Hamas na Cisjordânia. Ele foi colocado em detenção administrativa, um regime que permite prisões sem acusação formal ou julgamento por períodos de seis meses, renováveis indefinidamente.

Israel capturou a Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental na guerra do Oriente Médio de 1967. Os palestinos reivindicam os três territórios para a formação de um futuro Estado./AP

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Ao tomar a decisão, o juiz ainda dispensou o uso de tornozeleira eletrônica, alegando que o Estado de Minas Gerais não dispunha do equipamento, mas que o réu não poderia ser prejudicado pela situação.

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O relógio quebrado por Antônio tem origem francesa. Confeccionado por Balthazar Martinot e André Boulle, existem apenas duas peças como esta no mundo, uma no Brasil e outra no Palácio de Versalles, na França.

O relógio foi trazido ao Brasil por D. João VI, em 1808. A peça foi um presente da coroa francesa à portuguesa. Nas semanas seguintes ao 8 de Janeiro, a Embaixada da Suíça ofereceu ajuda ao governo federal para restaurar a peça, por deter conhecimento histórico na relojoaria. O item foi consertado e retornou ao Brasil um ano depois.

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O militar afirma que a estratégia da PGR foi 'desproporcional', uma vez que ele 'optou voluntariamente por colaborar com as investigações, prestando esclarecimentos amplos, objetivos e úteis ao deslinde dos fatos'.

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