Hamas entrega a Israel corpos de mãe, criança e bebê da mesma família

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O Hamas entregou a Israel nesta quinta-feira, 20, os restos mortais de quatro israelenses sequestrados durante o ataque de 7 de outubro de 2023, incluindo uma mulher e seus dois filhos pequenos, que se tornaram símbolo da crise dos reféns. Antes de entregá-los à Cruz Vermelha, em um palco, o grupo terrorista exibiu os caixões diante de uma multidão, em uma encenação que incluía provocações e slogans anti-Israel.

 

A entrega teatral ocorreu perto da cidade de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza. Os caixões foram colocados em frente a uma imagem do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu caricaturado como um vampiro, e os dizeres: "O assassino".

 

Cada caixão tinha a foto da vítima. Quando foram levados, Shiri Bibas tinha 33 anos. Seus dois filhos, Ariel e Kfir, tinham 4 anos e 9 meses, respectivamente. O quarto corpo era de Oded Lifshitz, que tinha 83 anos ao ser sequestrado. A poucos metros de distância, um cartaz dizia que, se Israel voltasse à guerra, mais reféns retornariam em caixões.

 

A quilômetros dali, os israelenses assistiram à cena se desenrolar com horror e angústia, em contraste com a catarse evocada pelas recentes libertações de reféns que sobreviveram. Os líderes israelenses prometeram derrotar o Hamas e levar para casa os cerca de 250 reféns que o grupo e seus aliados sequestraram. Mas alguns dos capturados agora estão voltando mortos.

 

"Em nome de Israel, abaixo minha cabeça e peço perdão. Sinto muito por não protegê-los naquele dia terrível. Sinto muito por não levá-los para casa em segurança", disse o presidente israelense, Isaac Herzog.

 

Críticas

 

O Hamas diz que a família morreu em um bombardeio israelense em Gaza, ainda em outubro de 2023. Israel nega e nunca confirmou a morte dos três. Críticos dizem que Netanyahu tem parte da culpa, argumentando que ele continuou sua campanha militar, em vez de negociar um cessar-fogo que teria salvado vidas.

 

Além disso, apesar de mais de um ano de guerra, a exibição de força do Hamas na encenação demonstrou que o grupo ainda está no comando. Dezenas de homens armados - a maioria usando faixas verdes, símbolos do grupo - patrulhavam a área durante a transferência.

 

Volker Türk, alto comissário da ONU para os direitos humanos, chamou a exibição de "abominável e cruel", que "vai contra o direito internacional". Os canais israelenses não transmitiram a entrega. Na Praça dos Reféns de Tel-Aviv, onde muitos se reúnem para assistir às libertações ao vivo, um telão mostrou fotos e vídeos de Lifshitz e da família Bibas.

 

Foi a primeira vez desde o início do cessar-fogo entre Israel e o Hamas que aqueles que retornaram estavam mortos. Os corpos foram levados para um laboratório para identificação formal usando DNA. Em troca dos corpos, Israel libertará um grupo de presos palestinos. O Hamas concordou em soltar outros seis reféns vivos neste sábado, 22, enquanto a primeira fase da trégua se aproxima do fim.

 

Comoção

 

As esperanças em Israel de que a família Bibas retornasse viva se dissiparam nas últimas semanas, quando Shiri não foi libertada com outras mulheres nos estágios iniciais do acordo. A consternação foi grande também na Argentina - país de origem da família.

 

Os quatro viviam a pouco mais de um quilômetro da fronteira de Gaza, no kibutz Nir Oz, uma das comunidades mais atingidas no ataque. Shiri estava escondida com seu marido, Yarden, e seus dois filhos em um abrigo em sua casa quando os terroristas chegaram.

 

Quando eles se aproximaram, Yarden deixou o abrigo para tentar protegê-los, mas acabou capturado. Em Gaza, ele foi mantido em um cativeiro separado de sua família e foi libertado em 1.º de fevereiro, já sob o acordo de cessar-fogo com o Hamas. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O ministro-chefe a Casa Civil, Rui Costa, disse neste domingo que não existe uma nova crise relacionada à suspensão das linhas subsidiadas do Plano Safra 2024/2025, anunciada pelo Tesouro na última quinta-feira, 20, e parcialmente equacionada pelo anúncio de um crédito extraordinário.

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"O Plano Safra foi lançado como uma das pedras centrais da reconstrução nacional. Vamos reorganizá-lo na medida do que está previsto: assegurar a todos, à grande agricultura, a continuidade do financiamento, mas ao pequeno agricultor também", disse o senador a jornalistas, na festa de 45 anos do PT, no Centro do Rio de Janeiro.

Pouco antes, o ministro-chefe a Casa Civil, Rui Costa, negou que exista uma nova crise no governo ligada à suspensão das linhas subsidiadas do Plano Safra 2024/2025. A medida foi anunciada pelo Tesouro na última quinta-feira, 20, e parcialmente equacionada pelo anúncio de um crédito extraordinário de R$ 4 bilhões, que depende da edição e medida provisória.

Randolfe afirmou que o Plano Safra havia sido abandonado pelo governo anterior, de Jair Bolsonaro, e foi retomado por Lula, mas sob o signo da universalização.

"No governo anterior, nem sequer tinha Plano Safra. Hoje temos, e eventuais dificuldades circunstanciais serão corrigidas e ajustadas. O Plano Safra voltou para beneficiar a todos. As circunstâncias serão resolvidas", disse na mesma linha de Rui Costa, que mencionou uma "solução técnico-jurídica" para driblar a não aprovação do orçamento.

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