UE pede aos cidadãos que armazenem suprimentos para 3 dias em caso de crise

Internacional
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A União Europeia (UE) pediu na quarta-feira, 26, que os cidadãos de todo o continente estoquem alimentos, água e outros itens essenciais para durar pelo menos 72 horas, à medida que a guerra, os ataques cibernéticos, as mudanças climáticas e as doenças aumentam as chances de uma crise.

O apelo aos 450 milhões de cidadãos da UE ocorre enquanto o bloco de 27 nações repensa sua segurança, especialmente após o governo Trump alertar que a Europa deve assumir mais responsabilidade por sua própria defesa.

Nos últimos anos, a UE enfrentou a covid-19 e a ameaça da Rússia, incluindo suas tentativas de explorar a dependência europeia do gás natural para enfraquecer o apoio à Ucrânia. O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, alertou que a Rússia pode ser capaz de lançar outro ataque na Europa até 2030.

"As ameaças que a Europa enfrenta hoje são mais complexas do que nunca, e todas estão interligadas", disse a comissária de Preparação e Gestão de Crises, Hadja Lahbib, ao apresentar uma nova estratégia para lidar com desastres futuros.

Embora a Comissão Europeia queira evitar parecer alarmista, Lahbib afirmou que é importante "garantir que as pessoas tenham suprimentos essenciais para pelo menos 72 horas em uma crise". Ela listou alimentos, água, lanternas, documentos de identificação, medicamentos e rádios de ondas curtas como itens a serem armazenados.

Lahbib também disse que a UE deve construir uma "reserva estratégica" e estocar outros recursos críticos, incluindo aviões de combate a incêndios; equipamentos médicos, energéticos e de transporte; e ativos especializados contra ameaças químicas, biológicas, radiológicas e nucleares.

Os planos da UE são semelhantes aos já existentes na França, Finlândia e Suécia.

No ano passado, a Suécia atualizou seus conselhos de emergência civil da época da Guerra Fria "para refletir melhor a realidade da política de segurança atual", incluindo instruções sobre o que fazer em caso de ataque nuclear.

Nem todos os países da UE têm o mesmo nível de preparação para crises, e a Comissão também quer incentivá-los a coordenar melhor suas respostas em caso de emergência. "Não podemos mais depender de reações improvisadas", disse Lahbib.

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O Partido dos Trabalhadores (PT) lançou uma campanha nas redes sociais em que defende o aumento da cobrança de impostos de pessoas de alta renda, que chama de "super-ricos". As peças, que usam inteligência artificial (IA), causaram reação na oposição.

Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais e um dos nomes cotados à eleição presidencial de 2026, publicou uma paródia em resposta, substituindo os "super-ricos" por "Lula, Haddad e Janja".

Em vídeo publicado pelo PT pela primeira vez na quinta-feira, 26, e repercutido nos dias seguintes por filiados e apoiadores, há uma representação de uma balança desproporcional. De um lado, diversas pessoas vestidas com uniformes ou roupas simples. Do outro, três homens vestindo terno e gravata.

"Para manter as contas equilibradas, o governo vai passar a taxar quem sempre pagou pouco ou quase nada. Os super-ricos. Bilionários, bancos e plataformas de apostas", diz a campanha. Ainda há tentativa de emplacar o slogan: "Taxação BBB: bilionários, bancos e bets".

Após a repercussão, Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais, publicou um vídeo em paródia, na qual os "super-ricos" são substituídos pelo que chama de "governo".

"De um lado, Lula, Haddad e Janja. E, do outro, o povo sendo esmagado", diz a narração, que também busca outro significado ao slogan petista: "É o BBB: mais um 'blá-blá-blá' do governo Lula".

Na quarta-feira, 25, o Congresso derrubou o decreto do presidente Lula que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Desde então, o presidente e o governo têm apostado no discurso de que a medida seria uma forma de "justiça tributária".

Como mostrou a Coluna do Estadão, Lula, os ministros do PT e a cúpula do partido não vão baixar o tom contra o Congresso. A avaliação predominante entre os aliados fiéis do presidente foi que, apesar da derrota na pauta, o governo venceu o debate público nas redes com o discurso de pobres x ricos. E a ordem é aumentar essa polarização.

Petistas lançaram pelo menos três hashtags sobre o tema nos últimos dias: "Ricos paguem a conta"; "Congresso inimigo do povo" e "Haddad tem razão". Esta última é referência à entrevista do ministro da Fazenda à TV Record. No trecho que viralizou, Haddad questiona o aumento da carga tributária e diz que o governo está fazendo justiça social.

Nesta quinta-feira, Lula também publicou uma história em quadrinhos para defender que o governo federal não está aumentando impostos, mas fazendo "justiça tributária" ao cobrar mais dos mais ricos. O material também foi divulgado pela primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja.

Pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira, 27, aponta que mais da metade dos brasileiros tem vergonha dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o levantamento, 58% dos entrevistados dizem se envergonhar dos ministros do Supremo, enquanto 30% declaram ter orgulho do tribunal.

O levantamento se baseia em respostas à pergunta: "você tem mais orgulho do que vergonha ou mais vergonha do que orgulho" de uma série de instituições. Foram ouvidas 2.004 pessoas em 136 municípios, entre 10 e 11 de junho. A margem de erro é de dois pontos porcentuais, para mais ou para menos.

A preferência político-partidária se mostrou relevante para a pesquisa. Apoiadores declarados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), atualmente réu em ação julgada pela Primeira Turma da Corte, que analisa sua participação em trama golpista após as eleições de 2022, se mostraram ainda mais negativos com relação ao STF, com 82% dos entrevistados declarando ter vergonha do Tribunal.

Já entre os eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 52% têm orgulho dos ministros, enquanto 36% têm vergonha; 12% dos entrevistados não se posicionaram.

O pior índice para a Corte - 91% contra 5% - está entre os entrevistados simpatizantes do PL, partido de Bolsonaro que foi alvo de uma multa de R$ 22,9 milhões por "litigância de má-fé", após a tentativa de anular os votos de 279,3 mil urnas eletrônicas nas eleições de 2022.

Entrevistados que declararam preferência pelo PT mostram o oposto e com uma diferença estatística menor: 53% de orgulhosos contra 36% de pessoas que sentem vergonha do tribunal.

A preferência religiosa dos entrevistados também indica diferenças. Católicos têm 33% de orgulho dos magistrados, enquanto os envergonhados são 56%. No grupo dos evangélicos, 66% dizem ter vergonha dos ministros e 22% sentem orgulho.

A pesquisa ainda revela que, entre as pessoas que consideram o atual governo ótimo ou bom, 57% afirmam ter orgulho do STF. Já entre os que consideram a gestão do presidente Lula ruim ou péssima, apenas 10% sentem orgulho dos ministros.

Os índices de rejeição ao STF são similares aos dos outros Poderes. 56% dos entrevistados declararam sentir vergonha do presidente Lula, 59% disseram ter vergonha dos deputados atuais e 59% sentem vergonha dos senadores. A pesquisa ainda apontou que 55% dos brasileiros tem mais orgulho do que vergonha dos militares.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou para condenar a 17 anos de pena Fábio Alexandre de Oliveira, homem que foi filmado sentado na cadeira do ministro durante os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

Oliveira, que é mecânico, aparece em vídeos sentado na cadeira do ministro gritando frases ofensivas, como: "Cadeira do Xandão aqui, ó! Aqui ó, vagabundo! Aqui é o povo que manda!". A defesa diz que o acusado apenas exerceu seu direito constitucional de manifestação e que não há provas de materialidade e autoria dos crimes imputados.

Na gravação, ele utiliza luvas, para dificultar sua identificação datiloscópica, e mantém uma máscara de proteção contra gases sobre suas pernas. Para o Ministério Público Federal (MPF), o uso dos equipamentos demonstra "intenção e preparação para a prática de atos de que poderiam resultar em confronto com as forças de segurança pública que guarneciam os prédios invadidos".

Moraes votou para condenar Oliveira à pena de 17 anos, sendo 15 anos e 5 meses de reclusão e 1 ano e 6 meses de detenção, além de 100 dias de multa - cada um fixado no valor de um terço do salário mínimo.

As penas foram aplicadas pelos crimes de: tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; tentativa de golpe de Estado; dano qualificado ao patrimônio público; deterioração do Patrimônio tombado; e associação criminosa armada.

Para Moraes, está comprovado, tanto pela ampla investigação realizada pela Polícia Federal quanto pelas provas documentais e audiovisuais constantes dos autos, que Oliveira "participou ativamente das manifestações antidemocráticas que antecederam os eventos de 8 de janeiro de 2023, aderindo, desde então, ao intento golpista".

"Suas manifestações públicas, sua presença nos locais invadidos, o uso de equipamentos para dificultar identificação, bem como as comunicações com outros envolvidos, evidenciam que instigou, apoiou e legitimou a atuação das massas que, no dia 8 de janeiro de 2023, invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes da República, com o objetivo de depor o governo legitimamente constituído e abolir o Estado Democrático de Direito", diz o ministro.

O ministro sustenta que os elementos constantes dos autos comprovam que a conduta não foi "episódica, tampouco passiva ou neutra, mas sim engajada, voluntária e com forte adesão ao propósito criminoso de ruptura da ordem constitucional".

Nas alegações finais, apresentadas em março deste ano, a defesa de Fábio Alexandre de Oliveira voltou a questionar a competência do Supremo Tribunal Federal para julgar o caso e alegou cerceamento de defesa. No mérito, afirmou que não há provas de materialidade e autoria dos crimes imputados, alegando que o réu não participou da invasão ou depredação dos prédios públicos. A defesa também negou que tenha havido dolo específico, sustentando que o acusado apenas exerceu seu direito constitucional de manifestação e que, mesmo admitindo presença nas imediações do Congresso Nacional, não há prova de ingresso ou de ação violenta.

Segundo Moraes, o interrogatório de Oliveira revelou contradições importantes entre suas declarações e as provas presentes nos autos, especialmente no que diz respeito à postura de espontaneidade e ausência de dolo por ele alegada.

"Apesar de afirmar que não ingressou em prédios públicos e que o vídeo teria sido feito para lembrança", admitiu estar ciente da situação de confronto, relatando que chegou à Praça dos Três Poderes por volta das 17h e que já havia "agitação" no local, inclusive com disparos de bombas e movimentação intensa de policiais", diz o ministro.

Moraes foi o primeiro a votar no caso, e ainda faltam os votos dos demais ministros da Primeira Turma para a conclusão do julgamento.