'Clara sensação de que ia morrer': Brasileiro relata desespero durante terremoto na Tailândia

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O biólogo brasileiro Lucas Campos, de 36 anos, estava no 24° andar do prédio onde trabalha, em Bangkok, na Tailândia, quando sentiu os primeiros efeitos do terremoto que atingiu o sudeste asiático na última sexta-feira, 28. O epicentro do sismo foi na região da cidade de Mandalay, em Mianmar, a cerca de 1.230 quilômetros de onde ele estava. Vivendo na Ásia há dois anos, foi a primeira vez que ele sentiu medo de morrer devido aos efeitos de um tremor de terra.

"Eu tive a clara sensação de que ia morrer, que tudo ia acabar", disse Campos durante chamada de vídeo com o Estadão. "Uma vez, passei por uma experiência de perigo extremo quando estive na Amazônia, a bordo de uma embarcação que quase naufragou ao passar por uma região de encontro de rio com um mar revolto", lembra. "Foi extremamente tenso, mas eu achava que, por saber nadar, tinha alguma chance. Ontem (sexta, durante o terremoto), tive a certeza de que tudo iria acabar", diz.

O sismo próximo de Mandalay foi registrado com uma magnitude de 7.7. Em Mianmar, o terremoto destruiu prédios, pontes, monumentos e templos religiosos. Pela TV Estatal do país, hoje governado por uma junta militar, o Exército informou que 1.644 pessoas morreram e outras 3.408 ficaram feridas. O número de desaparecidos é de 139, conforme dados registrados até a noite deste sábado, 29 (horário de Brasília).

Dissipada pela distância, a força do terremoto na Tailândia foi sentida em menor escala. Mesmo assim, as ondas sísmicas foram suficientes para derrubar um prédio de 33 andares, que estava em construção. Na ocorrência, 17 pessoas morreram, 32 ficaram feridas e 83 ainda estão desaparecidas. Segundo o biólogo, a população local também viveu algo inédito. "Meus colegas de trabalho que estão na faixa dos 45, 50 anos, me disseram que nunca tinham passado por algo parecido antes".

'Prédio fez um movimento de pêndulo'

Funcionário de uma empresa multinacional que presta consultoria ambiental, Lucas Campos foi contratado há um mês para trabalhar no escritório tailandês da companhia, localizado em um prédio comercial no centro financeiro de Bangkok.

Por volta das 13h20 do horário local de sexta (1h20 da madrugada no Brasil), ele percebeu os primeiros sinais do terremoto quando viu os lustres da sua sala se mexerem. Segundos depois, notou que toda a estrutura do prédio também se movia de um lado para outro: "Era como se fosse um pêndulo", descreve.

Obrigados a evacuar, todos os funcionários do edifício - que reúne escritórios de outras empresas - tiveram que descer pela mesma escada de emergência. O prédio continuava em movimento de pêndulo, de forma intercalada com alguns segundos de estabilidade. "Eu tive que tomar cuidado para não me desequilibrar e tropeçar nos degraus", lembra.

A situação se agravou quando o excesso de pessoas que desciam as escadas criou gargalos que estagnaram a evacuação por completo. "Travou tudo. Foi nessa hora que eu fiquei mais preocupado. Eu olhei para o lado e vi uma rachadura na parede. E, como estava tudo parado, pensei que não daria tempo de chegar no térreo antes do prédio desabar", relata o biólogo.

'Avisa minha família'

No começo, o brasileiro chegou a mandar áudios e mensagens à esposa para alertá-la da situação. Confiante de que daria tempo de sair do prédio em segurança, não chegou a enviar nenhum tipo de aviso de risco mais grave. Mas, com a evacuação emperrada e a sensação de perigo escalando, o brasileiro elevou o tom da preocupação na mensagem. "Eu disse: 'Se acontecer algo, avisa minha família. Te amo'", diz.

Antes de evacuar o prédio, mesmo no desespero e na pressa de sair, Campos lembrou de pegar a mochila em que guardava o seu passaporte. "Na pior das situações, alguém me identificaria", explica.

Bangkok voltou à normalidade de forma rápida

O intervalo entre ver os lustres balançando e pisar no térreo do edifício foi de 10 a 15 minutos. "O tempo pode parecer curto, mas, numa situação como essa, dura uma eternidade". Já na rua, viu que todos os ocupantes dos demais prédios dos arredores também tiveram que ser evacuados, e notou que o transporte público, sobretudo metrô e o skytrain (um trem que funciona sobre elevados), tinha sido interrompido.

Pelo que o brasileiro pôde constatar, o abastecimento de água e luz não chegou a ser afetado. Restaurantes, lojas de conveniência e supermercados, que fecharam as portas depois do terremoto, já estavam funcionando normalmente na manhã de sábado.

Campos relata ainda que alguns colegas de trabalho tiveram danos nas estruturas de seus apartamentos, e que o escritório da sua da empresa também está com rachaduras. Todo o prédio acabou sendo interditado. "Meu computador está lá, por exemplo. Agora, tenho que esperar as orientações para saber como trabalhar de casa", diz o biólogo, que se sente aliviado: "Foi bem tenso, mas estou bem".

Vínculo com Mianmar

Entre 2019 e 2020, Lucas Campos morou em Mianmar no escritório da mesma consultoria, já desativado nos dias de hoje, em Yangon. Passado o episódio, ele tem buscado fazer contato com ex-colegas nativos que moram no país para ter mais detalhes da situação. No entanto, não conseguiu ainda ter um retorno.

"Tentei contato por WhatsApp com um amigo, que já não me responde faz um tempo. Então, provavelmente ele mudou de número. Mas, tentei também via LinkedIn, só que também não tive retorno por enquanto", comentou o biólogo. "Não sei também até que ponto há um possível corte de internet por lá, por mais que essa não seja a hora para isso. Não sei o que esperar de um país governado por uma junta militar".

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