Trump critica Putin após ataque a Kiev, mas não muda proposta de paz

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Donald Trump criticou Vladimir Putin na quinta-feira, 24, após um ataque russo matar 12 pessoas em Kiev. "Vladimir, pare!", postou o americano em sua rede social. Apesar da reprimenda, ele não mudou a proposta dos EUA para um acordo de paz, que inclui o reconhecimento da anexação da Crimeia pela Rússia e a entrega de outros territórios, algo que o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, disse ser inaceitável.

 

A crítica incomum de Trump a Putin, no entanto, não significa uma mudança de direção. Pouco depois, durante encontro com o premiê da Noruega, Jonas Gahr Stoere, na Casa Branca, o presidente americano foi pressionado por jornalistas a dizer o que a Rússia poderia ceder na negociação com os EUA. "Acabar com a guerra", afirmou Trump. "Não tomar a Ucrânia toda já é uma grande concessão."

 

Zelenski interrompeu uma viagem à África do Sul em razão dos ataques de ontem. "Já se passaram 44 dias desde que a Ucrânia concordou com um cessar-fogo total e com a interrupção dos ataques. E já se passaram 44 dias desde que a Rússia continuou a matar nosso povo", afirmou o presidente ucraniano. "Os ataques devem ser interrompidos imediata e incondicionalmente."

 

O bombardeio de ontem a Kiev foi o maior e mais mortal desde julho do ano passado. Duas crianças estavam entre os mortos e pelo menos 90 pessoas ficaram feridas. A Rússia também realizou ontem ataques contra as cidades de Kharkiv e Pavlohrad.

 

Destruição

 

Logo nas primeiras horas da madrugada, Kiev foi atingida por ondas de drones, mísseis balísticos e guiados. Explosões sacudiram prédios e fizeram mais de 16 mil pessoas se abrigarem nas estações de metrô. Quando o sol nasceu, nuvens de fumaça cobriam a capital.

 

O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, disse que equipes de resgate haviam encontrado um sobrevivente entre os escombros e recuperado três corpos. Zelenski informou que duas das vítimas eram um irmão e uma irmã - Nikita, de 21 anos, e Sofia, de 19. Entre os feridos estavam seis crianças e uma mulher grávida.

 

De acordo com Zelenski, a Rússia disparou mísseis norte-coreanos KN-23. Um deles explodiu contra um prédio de apartamentos no bairro de Sviatoshinski, na capital da Ucrânia. Imagens de vídeo mostraram o míssil mergulhando no edifício, seguido por uma enorme explosão e um estrondo.

 

Insatisfeito

 

O ministro do Interior da Ucrânia, Ihor Klimenko, ordenou uma operação de resgate no local do ataque, envolvendo cães e socorristas. "Os celulares podem ser ouvidos tocando sob as ruínas. A busca continuará até que todos sejam retirados. Temos informações de que duas crianças estão desaparecidas", disse.

 

Trump reagiu aos bombardeios russos: "Não estou feliz com os ataques em Kiev. Não é necessário. O momento é muito ruim. Vladimir, pare! Cinco mil soldados estão morrendo por semana. Vamos fechar um acordo de paz!" No dia anterior, no entanto, ele havia criticado Zelenski por não apoiar a proposta americana, considerada favorável à Rússia.

 

Constituição

 

Trump acusou Zelenski de prolongar o sofrimento dos ucranianos e de fazer declarações "muito prejudiciais" ao cessar-fogo. O presidente da Ucrânia afirmou que reconhecer a Crimeia como russa e ceder territórios aos russos violaria a Constituição ucraniana. Ele defende uma trégua antes que qualquer acordo possa ser negociado. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O novo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, afirmou na tarde deste sábado, 8, em São Paulo, que governadores bolsonaristas "preferem fazer demagogia com sangue, ao tratar todo mundo da comunidade como se fosse bandido". Boulos disse que essa é a visão dos governadores do Rio, Cláudio Castro (PL), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de outros chefes de Executivo estadual apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ele lançou no Morro da Lua, região de Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, o Projeto Governo na Rua, que tem a finalidade de ouvir a população e levar as manifestações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Boulos declarou também que a questão do combate ao crime é antiga, mas que Luiz Inácio Lula da Silva é quem tomou a iniciativa de tentar resolver com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública e o projeto de lei antifacção. Conforme o ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência, com essas propostas aprovadas, o governo federal terá mais atribuições e responsabilidades para o enfrentamento ao crime.

"A gente acredita que o combate ao crime tem que fazer da maneira correta, como a Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, para pegar o peixe grande, não o bagrinho. O peixe grande está na Avenida Faria Lima, não na favela", acredita.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), divulgou neste sábado, 8, a pauta da Casa para a próxima semana, com a inclusão do projeto de lei antifacção - texto encaminhado pelo governo ao Congresso na esteira da megaoperação que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro. A proposta é relatada pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP), secretário de segurança de São Paulo.

Motta marcou a primeira sessão deliberativa da Casa da semana para terça-feira, 11, às 13h55. A sessão será semipresencial, conforme decidido pelo presidente da Câmara em atenção a pedido de líderes partidários. Isso significa que os deputados poderão votar a distância nas sessões dessa semana, sem precisarem estar em Brasília.

A pauta também contém outros projetos relacionados à Segurança Pública, como o que aumenta a destinação da arrecadação com jogos de apostas de quota fixa (bets) para o financiamento da segurança pública. O relator de tal projeto é o deputado Capitão Augusto (PL-SP).

Outro projeto na lista de serem debatidos pelos parlamentares é o que condiciona a progressão de regime, a saída temporária e a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva à coleta de material biológico para obtenção do perfil genético do preso. O relator é o deputado Arthur Maia (União-BA).

Ainda consta na pauta a discussão de um projeto que altera o Código Tributário Nacional para tratar de normas gerais para solução de controvérsias, consensualidade e processo administrativo em matéria tributária e aduaneira. A tramitação em regime de urgência da proposta foi aprovada no último dia 21. O relator é o deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG).

O sócio-fundador da SPX Capital, Rogério Xavier, alertou neste sábado, 8, para a situação fiscal explosiva do Brasil. Com o juro real perto de 11% e o atual nível de endividamento, o País corre risco de quebrar se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) for reeleito e não mudar suas políticas. Por outro lado, pode virar a página caso eleja um candidato de centro-direita, escapando do duelo Lula versus Jair Bolsonaro e colocando um ponto final no ciclo pós-ditadura.

"O País quer uma coisa diferente dessa oferta que foi nos dada nos últimos anos, que aponte para o futuro. Chega de Bolsonaro, chega de Lula, está bom", disse Xavier, durante painel na conferência MBA Brasil 2025, em Boston, nos Estados Unidos.

Segundo ele, Lula e Bolsonaro representam um período "do nós contra eles" que o Brasil vive desde o fim da ditadura. "Temos uma alternativa de acabar com esse ciclo já no ano que vem", disse, sem mencionar um candidato específico. Na sua visão, qualquer candidato da direita hoje pode ser a 'cara' do centro-direita nas eleições de 2026, mas que ainda não é hora de se colocar. "Vai apanhar", afirmou.

Xavier prevê uma eleição "super acirrada", em que não será possível saber o vencedor das urnas nem 24 horas antes do pleito. E, nesse ambiente, a situação fiscal d Brasil pode se deteriorar ainda mais, com o governo petista gastando mais para vencer a disputa. Na sua visão, "o Brasil está em risco".

"A gente está criando um endividamento muito alto e que é explosivo. 11% de juro real para um país que já tem uma dívida desse tamanho, a gente quebra", alertou. "A gente está se aproximando muito perto do encontro com a dívida", acrescentou. Uma eventual piora da situação fiscal do Brasil pode levar credor da dívida brasileira a questionar a vontade do País de honrá-la. "Dívida é capacidade vontade. A capacidade está ficando em dúvida e já tem um pouco de dúvida se (o governo) tem muita vontade de pagar mesmo".

Ao falar a estudantes brasileiros de MBA no exterior, ele analisou o histórico dos partidos políticos no Brasil para reforçar a cobrança da sociedade por uma proposta nova. Na sua visão, o PT "morreu", assim como o PSDB perdeu relevância nacional. No entanto, o Partido dos Trabalhadores tem o Lula, que é "muita coisa", mas demonstra um "egoísmo brutal" ao continuar sendo presidente e não dar oportunidade para outros.

"A reeleição é um câncer no Brasil. O incentivo do político é se reeleger. Virou uma profissão", criticou o gestor. "O político deveria servir as pessoas, servir o povo. Não se servir", emendou.

Segundo ele, é importante que o ciclo pós-ditadura termine para que o Brasil aponte para o futuro. Mesmo que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro tenha surpreendido para cima nos últimos anos, sob a ótica de crescimento, quando comparado a outros emergentes, o Brasil "ficou para trás", na sua visão. "O Brasil nunca teve horizonte, nunca teve previsibilidade", concluiu.

*A repórter viajou a convite da MBA Brasil