ONU alerta que 14 mil bebês podem morrer de fome em Gaza; Israel limita entrada de ajuda

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Apesar da entrada altamente limitada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, cerca de 14 mil bebês podem morrer de forma nas próximas 48 horas, alertou o subsecretário para temas humanitários da ONU Tom Fletcher. O primeiro caminhão com suprimentos entrou no território nesta segunda-feira, 19, depois de mais de dois meses de bloqueio, mas agentes humanitários alertam que a quantidade está longe da ideal.

Fletcher afirmou, em entrevista à Rádio 4 da BBC, que cinco caminhões com ajuda humanitária entraram entre segunda e terça depois que o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu permitiu a entrada "mínima" de ajuda. Segundo o subsecretário, a ajuda entrou contendo principalmente nutrição para bebê, mas ainda não alcançou os civis.

"Quero salvar o máximo possível desses 14.000 bebês nas próximas 48 horas", disse. Segundo ele, a entrada de cinco caminhões é apenas "uma gota no oceano", especialmente em comparação com as quantidades permitidas em cessar-fogo anteriores.

Ele espera que mais 100 caminhões entrem nas próximas horas, mas observa que a distribuição será desafiadora e arriscada para os agentes humanitários. "Mas é isso que fazemos, continuamos. Vai ser frustrante, seremos prejudicados e correremos riscos enormes. Mas não vejo ideia melhor do que fazer entrar as comidas para bebê", disse.

O subsecretário foi questionado sobre como havia chegado ao número de 14 mil. "Temos equipes fortes em campo", respondeu. "É claro que muitas delas foram mortas. Mas ainda há muitas pessoas no local. Elas estão nos centros médicos, nas escolas, tentando avaliar as necessidades".

Em entrevista a uma rádio israelense na terça, o líder da um dos partidos de oposição Yair Golan disse que Israel "mata bebês por hobby". "Um país são não se envolve em combates contra civis, não mata bebês como hobby e não estabelece para si o objetivo de expulsar uma população", disse.

Netanyahu, respondeu em uma publicação no X, onde o acusou de "ecoar os mais desprezíveis libelos de sangue antissemitas contra os soldados das FDI e o Estado de Israel." "A FDI é o exército mais moral do mundo, e nossos soldados estão lutando uma batalha pela nossa existência", escreveu.

Entrada de ajuda

Nesta terça, 20,outras dezenas de caminhões entraram em Gaza pela passagem de Kerem Shalom, segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Oren Marmorstein. Entre os suprimentos estariam farinha, alimentos para cozinhas comunitárias, fórmulas para bebês e medicamentos.

Organizações em Gaza, no entanto, não confirmaram imediatamente se receberam os produtos. Marmorstein disse que Israel continuará permitindo a entrada de dezenas de caminhões com ajuda humanitária por dia - bem menos do que os 600 caminhões diários que entraram durante o último cessar-fogo.

Netanyahu permitiu a entrada de ajuda humanitária depois de 11 semanas de bloqueio, observando que ela seria ao "nível mínimo", depois de muita pressão de aliados. Segundo ele próprio, seus aliados não poderiam apoiar Israel enquanto "imagens de fome" viessem de Gaza.

As críticas à conduta de Israel se intensificaram na segunda-feira, quando os aliados Canadá, França e Reino Unido ameaçaram com "ações concretas" contra o país, incluindo sanções, e pediram a Israel que interrompesse suas novas ações militares "afrontosas" em Gaza. Netanyahu rejeitou as críticas, afirmando que se tratava de "um prêmio enorme" para o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que atrairia mais violência.

O ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Noël Barrot, denunciou a "violência cega" do governo israelense em Gaza, que, segundo ele, transformou o território palestino em um "lugar de morte".

Pressão de aliados

Nesta terça, o governo britânico disse que está suspendendo as negociações comerciais com Israel e impôs novas sanções contra os assentamentos na Cisjordânia, ao mesmo tempo em que critica as ações militares de Israel em Gaza.

O secretário de Relações Exteriores, David Lammy, disse que o acordo comercial existente no Reino Unido está em vigor, mas o governo não pode continuar as discussões com um governo israelense que segue o que ele chamou de políticas flagrantes na Cisjordânia e em Gaza.

Lammy disse que o ciclo persistente de violência dos colonos israelenses extremistas na Cisjordânia exigia ação. "O governo israelense tem a responsabilidade de intervir e interromper essas ações agressivas", disse. "Sua constante omissão está colocando as comunidades palestinas e a solução de dois Estados em perigo."

O anúncio foi feito depois que o primeiro-ministro britânico Keir Starmer intensificou suas críticas a Israel, dizendo que o nível de sofrimento das crianças em Gaza era "completamente intolerável" e repetiu seu apelo por um cessar-fogo.

"Quero deixar registrado hoje que estamos horrorizados com a escalada de Israel", disse Starmer ao Parlamento do Reino Unido.

As medidas de Londres representam a mais dura repreensão a Netanyahu desde que o governo trabalhista suspendeu dezenas de licenças de exportação de armas para Israel em setembro, e ocorrem em um momento em que ministros das Relações Exteriores europeus em Bruxelas também consideram uma proposta para revisar, e potencialmente suspender, a cooperação comercial da União Europeia com Israel. A iniciativa está sendo liderada pela Holanda, vista como um dos aliados próximos de Israel no bloco, com apoio de países como a França.

Israel recebeu inicialmente amplo apoio internacional para erradicar os terroristas do Hamas após o ataque surpresa do grupo que matou cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis, em 7 de outubro de 2023, e fez 251 prisioneiros.

Mas a paciência com Israel está se esgotando após mais de 53.000 mortes de palestinos, a maioria mulheres e crianças, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, que não diferencia entre civis e combatentes em sua contagem. O mais recente ataque israelense matou mais de 300 pessoas nos últimos dias, disseram autoridades de saúde locais. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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O novo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, afirmou na tarde deste sábado, 8, em São Paulo, que governadores bolsonaristas "preferem fazer demagogia com sangue, ao tratar todo mundo da comunidade como se fosse bandido". Boulos disse que essa é a visão dos governadores do Rio, Cláudio Castro (PL), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de outros chefes de Executivo estadual apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ele lançou no Morro da Lua, região de Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, o Projeto Governo na Rua, que tem a finalidade de ouvir a população e levar as manifestações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Boulos declarou também que a questão do combate ao crime é antiga, mas que Luiz Inácio Lula da Silva é quem tomou a iniciativa de tentar resolver com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública e o projeto de lei antifacção. Conforme o ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência, com essas propostas aprovadas, o governo federal terá mais atribuições e responsabilidades para o enfrentamento ao crime.

"A gente acredita que o combate ao crime tem que fazer da maneira correta, como a Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, para pegar o peixe grande, não o bagrinho. O peixe grande está na Avenida Faria Lima, não na favela", acredita.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), divulgou neste sábado, 8, a pauta da Casa para a próxima semana, com a inclusão do projeto de lei antifacção - texto encaminhado pelo governo ao Congresso na esteira da megaoperação que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro. A proposta é relatada pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP), secretário de segurança de São Paulo.

Motta marcou a primeira sessão deliberativa da Casa da semana para terça-feira, 11, às 13h55. A sessão será semipresencial, conforme decidido pelo presidente da Câmara em atenção a pedido de líderes partidários. Isso significa que os deputados poderão votar a distância nas sessões dessa semana, sem precisarem estar em Brasília.

A pauta também contém outros projetos relacionados à Segurança Pública, como o que aumenta a destinação da arrecadação com jogos de apostas de quota fixa (bets) para o financiamento da segurança pública. O relator de tal projeto é o deputado Capitão Augusto (PL-SP).

Outro projeto na lista de serem debatidos pelos parlamentares é o que condiciona a progressão de regime, a saída temporária e a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva à coleta de material biológico para obtenção do perfil genético do preso. O relator é o deputado Arthur Maia (União-BA).

Ainda consta na pauta a discussão de um projeto que altera o Código Tributário Nacional para tratar de normas gerais para solução de controvérsias, consensualidade e processo administrativo em matéria tributária e aduaneira. A tramitação em regime de urgência da proposta foi aprovada no último dia 21. O relator é o deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG).

O sócio-fundador da SPX Capital, Rogério Xavier, alertou neste sábado, 8, para a situação fiscal explosiva do Brasil. Com o juro real perto de 11% e o atual nível de endividamento, o País corre risco de quebrar se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) for reeleito e não mudar suas políticas. Por outro lado, pode virar a página caso eleja um candidato de centro-direita, escapando do duelo Lula versus Jair Bolsonaro e colocando um ponto final no ciclo pós-ditadura.

"O País quer uma coisa diferente dessa oferta que foi nos dada nos últimos anos, que aponte para o futuro. Chega de Bolsonaro, chega de Lula, está bom", disse Xavier, durante painel na conferência MBA Brasil 2025, em Boston, nos Estados Unidos.

Segundo ele, Lula e Bolsonaro representam um período "do nós contra eles" que o Brasil vive desde o fim da ditadura. "Temos uma alternativa de acabar com esse ciclo já no ano que vem", disse, sem mencionar um candidato específico. Na sua visão, qualquer candidato da direita hoje pode ser a 'cara' do centro-direita nas eleições de 2026, mas que ainda não é hora de se colocar. "Vai apanhar", afirmou.

Xavier prevê uma eleição "super acirrada", em que não será possível saber o vencedor das urnas nem 24 horas antes do pleito. E, nesse ambiente, a situação fiscal d Brasil pode se deteriorar ainda mais, com o governo petista gastando mais para vencer a disputa. Na sua visão, "o Brasil está em risco".

"A gente está criando um endividamento muito alto e que é explosivo. 11% de juro real para um país que já tem uma dívida desse tamanho, a gente quebra", alertou. "A gente está se aproximando muito perto do encontro com a dívida", acrescentou. Uma eventual piora da situação fiscal do Brasil pode levar credor da dívida brasileira a questionar a vontade do País de honrá-la. "Dívida é capacidade vontade. A capacidade está ficando em dúvida e já tem um pouco de dúvida se (o governo) tem muita vontade de pagar mesmo".

Ao falar a estudantes brasileiros de MBA no exterior, ele analisou o histórico dos partidos políticos no Brasil para reforçar a cobrança da sociedade por uma proposta nova. Na sua visão, o PT "morreu", assim como o PSDB perdeu relevância nacional. No entanto, o Partido dos Trabalhadores tem o Lula, que é "muita coisa", mas demonstra um "egoísmo brutal" ao continuar sendo presidente e não dar oportunidade para outros.

"A reeleição é um câncer no Brasil. O incentivo do político é se reeleger. Virou uma profissão", criticou o gestor. "O político deveria servir as pessoas, servir o povo. Não se servir", emendou.

Segundo ele, é importante que o ciclo pós-ditadura termine para que o Brasil aponte para o futuro. Mesmo que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro tenha surpreendido para cima nos últimos anos, sob a ótica de crescimento, quando comparado a outros emergentes, o Brasil "ficou para trás", na sua visão. "O Brasil nunca teve horizonte, nunca teve previsibilidade", concluiu.

*A repórter viajou a convite da MBA Brasil