Palestinos famintos invadem centro de distribuição de comida em Gaza

Internacional
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O caos se instalou nesta terça-feira, 27, no segundo dia de operações de entrega de ajuda humanitária de um novo grupo apoiado pelos EUA na Faixa de Gaza, quando palestinos desesperados invadiram um centro de distribuição de alimentos. Tropas israelenses dispararam tiros de advertência, fazendo com que muitos fugissem em pânico.

Um jornalista da agência Associated Press (AP) relatou ter ouvido tiros de tanques e armas israelenses e viu um helicóptero militar disparando sinalizadores. O exército afirmou que suas tropas dispararam tiros de advertência na área externa do centro, mas que tinha estabelecido o "controle da situação". Pelo menos três palestinos ficaram feridos, segundo a AP.

O centro de distribuição, nos arredores da cidade de Rafah, no extremo sul de Gaza, foi inaugurado no dia anterior pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF), designada por Israel para assumir as operações de ajuda humanitária.

A ONU e outras organizações rejeitaram o novo sistema, alegando que ele não será capaz de atender às necessidades dos 2,3 milhões de habitantes do território e permite que Israel use os alimentos como arma para controlar a população e forçar seu deslocamento. Eles também alertaram para o risco de atrito entre tropas e população.

Bloqueio

Os palestinos estão desesperados por comida depois de quase três meses de bloqueio israelense que levou Gaza à beira da fome. Testemunhas disseram que um pequeno grupo se dirigiu ontem ao centro da GHF e recebeu caixas com alimentos da cesta básica, incluindo açúcar, farinha, macarrão e tahine. À medida que a notícia se espalhou, um grande número de homens, mulheres e crianças correu para o local.

À tarde, centenas de milhares de palestinos já estavam concentrados no centro de distribuição. Vídeos mostram a multidão afunilada em longas filas em passagens de cercas de arame. Testemunhas disseram que cada um foi revistado e teve seu rosto escaneado para identificação antes de receber as caixas.

Logo, a multidão aumentou e o tumulto começou, com gente derrubando a cerca e pegando caixas. Os funcionários do local foram forçados a fugir, segundo testemunhas. "Não houve ordem, todo mundo correu para pegar comida. Houve tiros e nós fugimos", disse Hosni Abu Amra, que aguardava ajuda. "Fugimos sem levar nada que nos ajudasse a superar essa fome."

Protocolo

Em comunicado, a GHF afirmou que, devido ao grande número de palestinos, a equipe seguiu seus protocolos de segurança e "recuou", retomando as operações posteriormente. Um porta-voz do grupo disse que nenhum tiro foi disparado pela organização.

A GHF utiliza empreiteiros privados armados para proteger os centros e o transporte de suprimentos. O local fica estrategicamente próximo de posições militares israelenses no Corredor Morag, uma faixa que atravessa o território e isola Rafah do restante da Faixa de Gaza.

O grupo de ajuda humanitária montou quatro centros de distribuição, dois dos quais começaram a operar na segunda-feira, 26 - ambos na região de Rafah. O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, comentou sobre a turbulência no local. "Houve uma perda de controle momentânea. Felizmente, conseguimos controlar tudo", afirmou o premiê.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai destinar R$ 100 milhões para um plano nacional para enfrentamento aos desastres naturais que será desenvolvido juntamente com a Marinha e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). A parceria foi oficializada em Belém, nesta sexta-feira, 7, durante cerimônia que homenageou Pedro Teixeira, militar português do período colonial que liderou a primeira expedição fluvial subindo o rio Amazonas.

Estiveram presentes o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante; o Comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen; a diretora do Cemaden, Regina Célia Alvalá; e a ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos. A cerimônia ocorreu no espaço interno do navio Atlântico, ancorado no porto de Belém e que funcionará como base de operações e apoio logístico das Forças Armadas durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30).

A ideia da parceria é unir esforços técnicos, científicos e institucionais para fortalecer a capacidade nacional de prevenção, monitoramento e resposta aos eventos climáticos extremos, cada vez mais recorrentes.

"Estamos tendo desastres extremos cada vez mais frequentes e intensos. Estamos desenvolvendo esforços de prevenção, com programa de descarbonização e outras iniciativas. Mas nós também temos que nos preparar para a resposta.

Salvar vidas em primeiro lugar e recuperar as estruturas, as comunicações, a economia", afirmou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. De acordo com Mercadante, a expectativa é de que, com base nas estudos que serão realizados, o plano nacional esteja concluído em outubro do próximo ano.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou neste sábado, 8, que o relatório do deputado Guilherme Derrite (PP-SP) para o projeto de lei antifacção enviado ao Congresso pelo Executivo "preserva avanços" do texto do governo federal e "endurece as penas contra o crime".

"É hora de colocar todos na mesma mesa: governo, Congresso e sociedade e, com a maturidade que o país exige, trabalhar juntos por um projeto que una o Brasil no que realmente importa: garantir segurança à nossa sociedade", escreveu o parlamentar em sua conta no X. "Quando o tema é segurança, não há direita nem esquerda, há apenas o dever de proteger", completou.

Motta afirmou ainda que segurança pública é uma pauta suprapartidária e que vai conduzir as discussões sobre o congresso, "com respeito ao regimento, mas com a firmeza de quem conhece a urgência das ruas". O deputado diz acreditar que o Marco Legal de Combate ao Crime Organizado "encontrou um ponto de unidade".

A declaração ocorre no rescaldo do anúncio, na noite desta sexta, 7, de que Derrite - que se licenciou do cargo de secretário de Segurança Pública de São Paulo para relatar projetos sobre o tema na Câmara - também seria relator do PL antifacção, de autoria do governo Lula. O parlamentar já havia recebido a relatoria de um projeto concorrente, o que propõe equiparar facções a organizações terroristas, de autoria do deputado Danilo Forte (União-CE).

O anúncio gerou fortes críticas de governistas. O líder do PT na Câmara dos Deputados afirmou que a escolha de Derrite como relator do projeto como um "desrespeito" ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Também ressaltou que a decisão "beira uma provocação". Já a ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann, disse que a escolha "contamina o debate com os objetivos eleitoreiros de seu campo político".

Horas depois do anúncio Derrite já publicou seu parecer sobre o tema, que pode ser analisado na Câmara dos Deputados já na próxima semana.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a criação de um mecanismo para troca de dívidas ("debt swaps") dos países em desenvolvimento para aumentar o financiamento para ações climáticas.

Em uma carta de "chamado à ação", divulgada na noite da última sexta-feira, 7, Lula pediu a prevenção às chamadas "medidas unilaterais de comércio" com justificativas ambientais.

O tópico é um tema sensível sobretudo para a União Europeia, que costuma praticar ações protecionistas utilizando supostas infrações ambientais dos países em desenvolvimento como argumento. Lula pede que essa conduta seja evitada para "que o comércio volte a unir as nações, em vez de dividi-las".

O presidente defendeu mais uma vez que sejam implementadas ações concretas para o aumento do financiamento climático por parte dos países desenvolvidos. Lula pede que os países adotem o Roteiro Baku-Belém, produzido pelos presidentes da COP30, André Corrêa do Lago, e da COP29, Mukhtar Babayev, para alcançar a marca de US$ 1,3 trilhão.

No texto, Lula pede que o desembolso feito por fundos como o de Adaptação e de Países de Menor Desenvolvimento Relativo, do Fundo Especial para as Mudanças Climáticas sejam triplicados até 2030.

"Sem o devido apoio financeiro, tecnológico e de capacitação, os países em desenvolvimento não têm as condições necessárias para implementar de forma efetiva metas climáticas", diz o presidente.

Lula defende um "aumento significativo" do financiamento para adaptação climática e que os recursos também possam ser triplicados para que os países em desenvolvimento tenham condições de lidar com os efeitos das mudanças climáticas.

Grande destaque a Cúpula de Líderes, o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) também foi citado pelo presidente. Lula sugere que haja uma ampliação do financiamento para florestas e aportes em mecanismos como o fundo.

O TFFF é um fundo criado para remunerar a preservação de florestas. A ideia é que sejam pagos US$ 4 por hectare preservado. E conquistou US$ 5,5 bilhões em investimentos internacionais durante a Cúpula de Líderes.

Combustíveis fósseis

Em sua carta, o presidente defende novamente a implementação do que foi acordado durante a COP-28, em Dubai. Na ocasião, os países concordaram em promover o afastamento rumo ao fim dos combustíveis fósseis, mas não definiram um cronograma.

Lula defende ainda a "definição de mapas do caminho para, de forma justa e planejada, reverter o desmatamento, superar a dependência dos combustíveis fósseis e mobilizar os recursos necessários para esses objetivos." A íntegra da carta pode ser lida no site do governo federal.

Com o fim do encontro de chefes de Estado no último dia 7, os países se preparam para iniciar a rodada de negociações da COP-30 a partir de segunda-feira, 10. A Cúpula foi considerada bem sucedida pelo governo brasileiro e há expectativa de que o clima favorável se estenda às reuniões da COP-30.