EUA oferecem acordo com Síria para Israel encerrar guerra com Hamas

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O presidente dos EUA, Donald Trump, vem aumentando a pressão pelo fim do conflito em Gaza e ofereceu como incentivo para Israel a possibilidade de um acordo para normalizar as relações do país com a Síria, em troca do fim da guerra com o Hamas. A informação foi publicada nesta segunda-feira, 7, pelo jornal Israel Hayom, citando fontes do governo americano, pouco antes da visita do premiê israelense, Binyamin Netanyahu, à Casa Branca.

 

A reportagem afirma que o presidente americano enviou ontem um negociador para Damasco para firmar o acordo que teria os EUA como fiadores. O jornal israelense, no entanto, não cita o nome do enviado de Trump nem diz com quem ele se reunirá.

 

O enviado dos EUA à Síria, Tom Barrack, estava ontem em Beirute. Steve Witkoff, enviado para o Oriente Médio, foi despachado ontem para as negociações no Catar. O presidente sírio, Ahmed al-Sharaa, está nos Emirados Árabes Unidos.

 

Mudança

 

Ontem, como sinal de boa vontade, a Casa Branca revogou a designação de organização terrorista do Hayat Tahrir al-Sham (HTS), um grupo que já foi ligado à Al-Qaeda e é liderado por Sharaa, que assumiu o controle da Síria, em dezembro.

 

Sírios e israelenses já estão envolvidos em negociações "avançadas", mediadas pelos EUA, para reduzir as tensões na fronteira entre os dois países. Israel e Síria estão tecnicamente em estado de guerra desde 1948, quando ambos os países foram criados.

 

Os sucessivos governos em Damasco nunca reconheceram a existência de Israel e os dois países se envolveram em três conflitos abertos: a Guerra Árabe-Israelense, de 1948, a Guerra dos Seis Dias, de 1967, e a Guerra do Yom Kippur, de 1973. As coisas mudaram, no entanto, desde que a ditadura de Bashar Assad caiu em dezembro. A oposição síria assumiu o controle da maior parte do país, agora comandado por Sharaa, que vem se apresentando como um líder moderado e pragmático.

 

Novos tempos

 

"Os tempos dos bombardeios intermináveis devem acabar. Nenhuma nação prospera quando seus céus estão cheios de medo. A realidade é que temos (Síria e Israel) inimigos comuns e podemos desempenhar um papel importante na segurança regional", afirmou Sharaa, em junho, em referência ao Irã - Assad era apoiado pelo regime iraniano.

 

Em maio, Sharaa se reuniu por 40 minutos com Trump, em Riad, na Arábia Saudita, um encontro impensável até bem pouco tempo. Na ocasião, o presidente americano saiu encantado, dizendo que o sírio era "bonito e durão", e pediu a normalização das relações com Israel.

 

Mas a tarefa não será fácil. O governo de Netanyahu exige o reconhecimento da soberania israelense sobre as Colinas do Golan, território sírio ocupado em 1967. Na semana passada, Sharaa afirmou que quer de volta pelo menos um terço do território para um acordo avançar. "Não existe esse negócio de paz de graça", afirmou.

 

Invasão

 

Outra questão é o que fazer com o território sírio ocupado por Israel durante os momentos finais do regime de Assad. Nos últimos meses, os israelenses já expulsaram moradores e construíram dez bases militares dentro da Síria - uma delas no Monte Hermon, ponto mais alto da Síria - e não parecem dispostos a devolver o território. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Três dos quatro ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) votaram pelo recebimento da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Eduardo Tagliaferro, que foi assessor de Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Com isso, será aberta uma ação penal e ele será transformado em réu.

Ele foi acusado de agir contra a legitimidade do processo eleitoral e atuar para prejudicar as investigações de atos como os de 8 de janeiro de 2023. Tagliaferro está na Itália. O governo brasileiro já iniciou um processo de extradição contra ele.

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O ex-assessor responderá por quatro crimes: revelar ou facilitar a divulgação de um fato que o servidor público tem conhecimento em razão do seu cargo e que deve permanecer secreto; coação no curso de processo judicial; tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito; e tentar impedir ou dificultar investigação contra organização criminosa.

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Após instaurada a ação penal, as investigações serão aprofundadas, com a produção de provas e o depoimento do acusado, de testemunhas de defesa e de testemunhas de acusação. Ao fim das apurações, a Primeira Turma vai realizar o julgamento final, que pode ser pela condenação ou absolvição do réu.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro disse no sábado, 8, que o Congresso Nacional está "de joelhos em frente ao Supremo Tribunal Federal" e que o Judiciário governa o País. Ela também defendeu o nome do marido, Jair Bolsonaro, como "única opção" para 2026, ignorando o fato de ele estar inelegível.

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Michelle está cotada para ser candidata a presidente da República em 2026, mas Bolsonaro ainda não bateu o martelo sobre quem será seu herdeiro político. Dentro da família, Michelle sofre a concorrência do senador Flávio Bolsonaro, um dos filhos do ex-presidente.

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No mesmo evento, Michelle disse que o marido "tem vivido dias muito difíceis". Segundo ela, Bolsonaro sofre de soluços desde que passou pela última cirurgia. "Ele chega a exaustão, ele tem vários problemas de saúde decorrente dessa última cirurgia, por ele não ter tido tempo para se recuperar, paz de espírito para se recuperar, um ambiente favorável", afirmou.

Apesar dos lamentos, Michelle demonstrou no discurso esperança com dias melhores. "Um abismo foi puxando o outro. Ele tem vivido dias muito difíceis, tendo todos os seus direitos violados. Mas essa injustiça vai acabar, eu creio", declarou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste domingo, 9, que "a ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e Caribe", em um sinal indireto às ameaças promovidas pelo governo dos Estados Unidos contra a Venezuela. Ele afirmou que "democracias não combatem o crime violando o direito internacional".

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"A ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e Caribe. Velhas manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais. Somos região de paz e queremos permanecer em paz. Democracias não combatem o crime violando o direito internacional", declarou.

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Em seu discurso, Lula também citou a realização da COP30, em Belém, e mencionou o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês). Disse que o fundo "é solução inovadora para que nossas florestas valham mais em pé do que derrubadas" e que a "transição energética é inevitável".

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