Casa Branca nega culpa em tragédia com 103 mortos

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A Casa Branca rejeitou nesta segunda-feira, 7, qualquer responsabilidade pelas mortes causadas pelas enchentes no Texas. Especialistas questionam se os cortes federais, incluindo funcionários do Serviço Nacional de Meteorologia (NWS, na sigla em inglês), teriam relação com a falta de alertas à população. Ontem, a porta-voz de Donald Trump, Karoline Leavitt, disse que enchentes são "um ato de Deus", e não do governo.

 

"Os alertas foram emitidos, mas as pessoas estavam dormindo, porque a enchente ocorreu nas primeiras horas da manhã", disse Leavitt. "As enchentes são um ato de Deus. Não é culpa do governo que elas tenham ocorrido quando ocorreram."

 

Investigação

 

Alguns especialistas, no entanto, indicam que o escritório do NWS em San Antonio, que supervisiona os avisos emitidos no condado de Kerr, um dos mais afetados pela enchente, estava sem o meteorologista que coordena os alertas - o funcionário que desempenhava a função estava entre as centenas que aceitaram ofertas de demissão voluntária do governo, em abril.

 

Chuck Schumer, líder dos democratas no Senado, enviou ontem uma carta ao inspetor-geral do Departamento de Comércio, Roderick Anderson, pedindo a abertura de uma investigação sobre as vagas abertas no NWS.

 

Enquanto republicanos e democratas politizam a crise, equipes de emergência continuaram ontem as buscas por desaparecidos nas regiões mais atingidas. Centenas procuravam sobreviventes, alguns dos quais foram encontrados agarrados a árvores e flutuando em móveis. Com o passar do tempo, porém, os resgates se transformam em missões de recuperação. O número de mortos chegou a 103, incluindo 27 crianças e monitores de um acampamento cristão para meninas localizado às margens do Rio Guadalupe.

 

O presidente americano escalou uma tropa de choque para lidar com a crise. Um deles é o senador texano Ted Cruz, que ontem disse que o momento não é de apontar culpados. "Depois que terminarmos a busca e o resgate, naturalmente haverá um período para dizer o que aconteceu, qual a linha do tempo e o que poderia ter sido feito."

 

Ajuda

 

Trump, segundo o senador, prometeu dar tudo o que o Estado do Texas pedir para minimizar a tragédia. O presidente viajará para os locais mais afetados pelas enchentes no fim da semana, segundo a Casa Branca, que não deu mais detalhes sobre a agenda.

 

A NBC News informou ontem que 5 milhões de pessoas que vivem na região central do Texas ainda estão sob alertas de inundação, incluindo residentes de San Angelo, Killeen, Kerrville, San Antonio e Austin. Tempestades continuam a afetar partes do Estado que já estão saturadas pelas chuvas.

 

Prejuízos

 

As inundações repentinas no Rio Guadalupe e em partes da região montanhosa do Texas, no fim de semana do feriado de 4 de Julho, causaram um prejuízo estimado de US$ 18 bilhões a US$ 22 bilhões, segundo a AccuWeather. A tempestade tornou-se uma das mais mortais nos EUA nos últimos 100 anos.

 

"Esse é o mais recente desastre em uma área com longo e trágico histórico de inundações repentinas mortais e destrutivas", disse Jonathan Porter, meteorologista da AccuWeather. "Os danos, os impactos no turismo, o custo dos esforços de busca, a limpeza, bem como o pagamento de seguro após essa catastrófica inundação terão consequências econômicas duradouras na região." (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira, 10, traz Portaria da Secretaria-Geral da Presidência da República, que instituiu o Programa "Governo na Rua" e cria o Grupo de Trabalho Técnico com a finalidade de estudar, diagnosticar e propor projetos de atuação para ampliar a política de participação social. "O Programa tem como finalidade primordial promover a ampliação e o aprofundamento da participação social e da democracia, por meio da atuação direta nos territórios", diz o artigo 2º da portaria assinada pelo ministro Guilherme Boulos.

A ideia do programa é promover escuta ativa, diálogo social e divulgação direta das políticas públicas no País, "de modo a fortalecer a presença do governo federal junto à sociedade e ampliar o acesso das pessoas aos serviços e programas públicos". As diretrizes do Programa são: transversalidade das políticas públicas; inclusão e diversidade; equidade territorial; inovação na participação social; e promoção da cidadania.

Já o Grupo de Trabalho Técnico será instituído para a fase de estudo, diagnóstico e desenho do Programa. Caberá ao grupo fazer um diagnóstico de problemas e análise para verificar se os modelos atuais de implementação e participação social são coerentes com as diretrizes do governo.

Terá ainda que analisar os arranjos de implementação das políticas públicas federais nos Estados, municípios e no Distrito Federal; propor princípios, diretrizes e orientações para o funcionamento e a articulação de mecanismos e instâncias democráticas de diálogo e participação social. Caberá ao grupo de trabalho apresentar proposta de norma para a execução e institucionalização do Programa "Governo na Rua" como programa permanente da Secretaria-Geral da Presidência.

A Portaria define ainda o prazo de 60 dias para o Grupo de Trabalho Técnico, prorrogáveis por igual período, para apresentar o relatório final com as propostas de diretrizes e o ato normativo de institucionalização e execução do programa.

Três dos quatro ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) votaram pelo recebimento da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Eduardo Tagliaferro, que foi assessor de Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Com isso, será aberta uma ação penal e ele será transformado em réu.

Ele foi acusado de agir contra a legitimidade do processo eleitoral e atuar para prejudicar as investigações de atos como os de 8 de janeiro de 2023. Tagliaferro está na Itália. O governo brasileiro já iniciou um processo de extradição contra ele.

A votação começou no plenário virtual na sexta-feira, 7, e deve ser oficialmente encerrada na próxima sexta-feira, 14. Votaram até agora Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin. Falta o voto de Cármen Lúcia.

O ex-assessor responderá por quatro crimes: revelar ou facilitar a divulgação de um fato que o servidor público tem conhecimento em razão do seu cargo e que deve permanecer secreto; coação no curso de processo judicial; tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito; e tentar impedir ou dificultar investigação contra organização criminosa.

"A participação do denunciado manifestou-se de forma engendrada com a organização criminosa que atuava com o objetivo de praticar golpe de Estado, reforçando a campanha de deslegitimação das instituições mediante vazamento de informações sigilosas e criação de ambiente de intimidação institucional", escreveu Moraes no voto.

Após instaurada a ação penal, as investigações serão aprofundadas, com a produção de provas e o depoimento do acusado, de testemunhas de defesa e de testemunhas de acusação. Ao fim das apurações, a Primeira Turma vai realizar o julgamento final, que pode ser pela condenação ou absolvição do réu.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro disse no sábado, 8, que o Congresso Nacional está "de joelhos em frente ao Supremo Tribunal Federal" e que o Judiciário governa o País. Ela também defendeu o nome do marido, Jair Bolsonaro, como "única opção" para 2026, ignorando o fato de ele estar inelegível.

"A gente tem visto um Congresso de joelhos em frente ao STF, isso é uma tristeza para a gente, porque, hoje, só quem governa é o Judiciário", disse Michelle em um evento do PL Mulher em Londrina (PR). "Os nossos deputados aprovam leis e se não tiver em concordância, eles anulam", concluiu.

No dia anterior, a defesa de Jair Bolsonaro saiu derrotada do julgamento de um recurso à condenação do ex-presidente por tentativa de golpe de Estado. Ele deve começar a cumprir a pena de 27 anos e três meses de prisão ainda neste ano.

Herança política de Bolsonaro ainda indefinida

Michelle está cotada para ser candidata a presidente da República em 2026, mas Bolsonaro ainda não bateu o martelo sobre quem será seu herdeiro político. Dentro da família, Michelle sofre a concorrência do senador Flávio Bolsonaro, um dos filhos do ex-presidente.

Com a disputa interna da direita indefinida, a ex-primeira-dama preferiu dizer que "a única opção para presidente da República da direita chama-se Jair Messias Bolsonaro". Ela disse que, se isso não acontecer, será "o verdadeiro golpe que o Judiciário está dando no povo de bem, no povo brasileiro".

No mesmo evento, Michelle disse que o marido "tem vivido dias muito difíceis". Segundo ela, Bolsonaro sofre de soluços desde que passou pela última cirurgia. "Ele chega a exaustão, ele tem vários problemas de saúde decorrente dessa última cirurgia, por ele não ter tido tempo para se recuperar, paz de espírito para se recuperar, um ambiente favorável", afirmou.

Apesar dos lamentos, Michelle demonstrou no discurso esperança com dias melhores. "Um abismo foi puxando o outro. Ele tem vivido dias muito difíceis, tendo todos os seus direitos violados. Mas essa injustiça vai acabar, eu creio", declarou.