Após ser baleado na cabeça, pré-candidato a presidente da Colômbia começa neurorreabilitação

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O senador colombiano Miguel Uribe Turbay, pré-candidato à presidência do país, iniciou reabilitação neurológica após recentes intervenções médicas, informou na segunda-feira, 14, a clínica onde ele está hospitalizado há mais de um mês. Uribe foi baleado em um comício político em junho.

 

A Fundação Santa Fé de Bogotá informou em comunicado que, após realizar uma ressonância magnética, tomografia computadorizada e Doppler, os médicos decidiram iniciar um protocolo de neurorreabilitação, embora a clínica tenha esclarecido que o prognóstico neurológico continua reservado.

 

A neurorreabilitação é um processo médico no qual diversas disciplinas buscam facilitar a recuperação das capacidades físicas e cognitivas do paciente. O neurocirurgião Remberto Burgos de la Espriella explicou à Associated Press que a neurorreabilitação pode levar meses ou anos e progride à medida que o paciente desperta para a necessidade de integrar especialistas como fisioterapeutas, neuropsicólogos e fonoaudiólogos.

 

Como foi o atentado

 

Uribe foi baleado em 7 de junho enquanto fazia um discurso de campanha em um parque no oeste de Bogotá. Desde então, ele permanece na clínica, e seu prognóstico é considerado extremamente sério, embora ele tenha continuado a melhorar.

 

A clínica indicou que o candidato permanecerá na unidade de terapia intensiva em ventilação mecânica, sob sedação e com monitoramento neurológico constante.

 

Burgos de la Espriella explicou que, sob sedação, a neurorreabilitação pode ajudar nos movimentos automáticos dos quatro membros, incluindo o pescoço, mas tem limitações para progredir em estágios como a terapia da fala.

 

"Minha maior preocupação pessoal é a recuperação funcional. A sobrevivência é importante, claro, mas, para nós, o aspecto complementar é saber até que ponto o paciente se recuperará", disse o neurocirurgião.

 

A evolução médica de Uribe é um "milagre" para sua esposa, María Claudia Tarazona. Ela disse ao programa de televisão Los Informantes no domingo, 13, que, após o ataque, foi informada de que ele havia entrado em "morte cerebral", o que significa que ele sobreviveria apenas algumas horas. No entanto, os médicos deram-lhe um relatório encorajador pouco depois. "Voltei à clínica e disseram-me: 'é outro paciente, outro cérebro, e o Miguel está recuperado.'"

 

Processo judicial

 

Quatro pessoas supostamente envolvidas na execução e no planejamento do ataque ao político conservador foram presas. Entre eles, um menor acusado de atirar nas costas do pré-candidato e o suposto principal planejador do ataque, Elder José Arteaga Hernández, conhecido como "El Costeño".

 

No entanto, as autoridades estão investigando o motivo do ataque. Eles descartaram a possibilidade de um atirador solitário e afirmaram que as evidências apontam para um plano estruturado no qual mais pessoas ainda não foram capturadas.

 

Uribe é um dos mais proeminentes oponentes no Congresso do presidente Gustavo Petro, primeiro esquerdista a governar a Colômbia. Por isso, o ataque chocou um país que já enfrentou cartéis de drogas e grupos insurgentes que tinham como alvo candidatos presidenciais e autoridades de alto escalão.

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A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro disse no sábado, 8, que o Congresso Nacional está "de joelhos em frente ao Supremo Tribunal Federal" e que o Judiciário governa o País. Ela também defendeu o nome do marido, Jair Bolsonaro, como "única opção" para 2026, ignorando o fato de ele estar inelegível.

"A gente tem visto um Congresso de joelhos em frente ao STF, isso é uma tristeza para a gente, porque, hoje, só quem governa é o Judiciário", disse Michelle em um evento do PL Mulher em Londrina (PR). "Os nossos deputados aprovam leis e se não tiver em concordância, eles anulam", concluiu.

No dia anterior, a defesa de Jair Bolsonaro saiu derrotada do julgamento de um recurso à condenação do ex-presidente por tentativa de golpe de Estado. Ele deve começar a cumprir a pena de 27 anos e três meses de prisão ainda neste ano.

Herança política de Bolsonaro ainda indefinida

Michelle está cotada para ser candidata a presidente da República em 2026, mas Bolsonaro ainda não bateu o martelo sobre quem será seu herdeiro político. Dentro da família, Michelle sofre a concorrência do senador Flávio Bolsonaro, um dos filhos do ex-presidente.

Com a disputa interna da direita indefinida, a ex-primeira-dama preferiu dizer que "a única opção para presidente da República da direita chama-se Jair Messias Bolsonaro". Ela disse que, se isso não acontecer, será "o verdadeiro golpe que o Judiciário está dando no povo de bem, no povo brasileiro".

No mesmo evento, Michelle disse que o marido "tem vivido dias muito difíceis". Segundo ela, Bolsonaro sofre de soluços desde que passou pela última cirurgia. "Ele chega a exaustão, ele tem vários problemas de saúde decorrente dessa última cirurgia, por ele não ter tido tempo para se recuperar, paz de espírito para se recuperar, um ambiente favorável", afirmou.

Apesar dos lamentos, Michelle demonstrou no discurso esperança com dias melhores. "Um abismo foi puxando o outro. Ele tem vivido dias muito difíceis, tendo todos os seus direitos violados. Mas essa injustiça vai acabar, eu creio", declarou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste domingo, 9, que "a ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e Caribe", em um sinal indireto às ameaças promovidas pelo governo dos Estados Unidos contra a Venezuela. Ele afirmou que "democracias não combatem o crime violando o direito internacional".

O governo de Donald Trump tem usado como pretexto para intensificar sua presença militar no Caribe o combate ao narcotráfico. Nos últimos meses, destruiu barcos que trafegavam pela região alegando que se tratava de embarcações de traficantes. Os tripulantes foram mortos.

O discurso de Lula foi feito na Cúpula Celac-União Europeia em Santa Marta, na Colômbia. O presidente brasileiro disse que a América Latina é uma "região de paz" e pretende continuar assim.

"A ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e Caribe. Velhas manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais. Somos região de paz e queremos permanecer em paz. Democracias não combatem o crime violando o direito internacional", declarou.

Segundo Lula, a "democracia também sucumbe quando o crime corrompe as instituições, esvaziam espaços públicos e destroem famílias e desestruturam negócios". O presidente brasileiro disse que garantir "segurança é dever do Estado e direito humano fundamental" e que "não existe solução mágica para acabar com a criminalidade". O presidente defendeu "reprimir o crime organizado e suas lideranças, estrangulando seu financiamento e rastreando e eliminando o tráfico de armas".

Lula citou a última reunião da cúpula Celac-União Europeia, há dois anos, em Bruxelas. Disse que, naquela época, "vivíamos um momento de relançamento dessa histórica parceria", mas, "deste então, experimentamos situações de retrocessos".

O petista criticou a falta de integração entre os países latinoamericanos. Afirmou que "voltamos a ser uma reunião dividida" e com ameaças envolvendo o "extremismo político".

"A América Latina e o Caribe vivem uma profunda crise em seu projeto de integração. Voltamos a ser uma região dividida, mais voltada para fora do que para si própria. A intolerância cria força e vem impedindo que diferentes pontos de vista possam se sentar na mesma mesa. Voltamos a viver com a ameaça do extremismo político, da manipulação da informação e do crime organizado. Projetos pessoais de apego ao poder muitas vezes solapam a democracia", afirmou.

Em seu discurso, Lula também citou a realização da COP30, em Belém, e mencionou o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês). Disse que o fundo "é solução inovadora para que nossas florestas valham mais em pé do que derrubadas" e que a "transição energética é inevitável".

O petista também lamentou o tornado que atingiu a cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, e manifestou suas condolências às vítimas da tragédia climática dos últimos dias.

O novo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, afirmou na tarde deste sábado, 8, em São Paulo, que governadores bolsonaristas "preferem fazer demagogia com sangue, ao tratar todo mundo da comunidade como se fosse bandido". Boulos disse que essa é a visão dos governadores do Rio, Cláudio Castro (PL), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de outros chefes de Executivo estadual apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ele lançou no Morro da Lua, região de Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, o Projeto Governo na Rua, que tem a finalidade de ouvir a população e levar as manifestações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Boulos declarou também que a questão do combate ao crime é antiga, mas que Luiz Inácio Lula da Silva é quem tomou a iniciativa de tentar resolver com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública e o projeto de lei antifacção. Conforme o ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência, com essas propostas aprovadas, o governo federal terá mais atribuições e responsabilidades para o enfrentamento ao crime.

"A gente acredita que o combate ao crime tem que fazer da maneira correta, como a Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, para pegar o peixe grande, não o bagrinho. O peixe grande está na Avenida Faria Lima, não na favela", acredita.