Índia ordena que companhias aéreas inspecionem modelos da Boeing após acidente da Air India

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O órgão regulador da aviação da Índia ordenou na segunda-feira, 14, que as companhias aéreas que operam vários modelos da Boeing vistoriem os interruptores de controle de combustível, dias depois que uma investigação sobre o acidente do avião da Air India no mês passado descobriu que eles estavam desligados, deixando os dois motores sem combustível.

 

A Diretoria Geral de Aviação Civil da Índia declarou que a diretriz se aplica ao Boeing 787 Dreamliner e a algumas variantes do Boeing 737. As companhias aéreas devem concluir as inspeções e apresentar suas conclusões ao órgão regulador até a próxima segunda-feira, 21.

 

Um relatório preliminar sobre o acidente da Air India, que matou 260 pessoas na cidade de Ahmedabad, no noroeste do país, constatou que os interruptores se deslocaram em um segundo, o que cortou o fornecimento de combustível para ambos os motores.

 

O material, divulgado na semana passada, não apresentou nenhuma conclusão sobre o motivo da queda do avião. Ele também não disse como os interruptores poderiam ter mudado da posição de funcionamento para a de corte durante o voo. O movimento dos interruptores de controle de combustível permite e corta o fluxo de combustível para os motores do avião.

 

Queda logo após decolagem

 

O Boeing 787-8 Dreamliner caiu em 12 de junho, logo após a decolagem. Ele matou todas as 242 pessoas a bordo, com exceção de uma, e 19 pessoas no solo.

 

O relatório, emitido pelo Departamento de Investigação de Acidentes Aeronáuticos da Índia, observou um aviso de 2018 da Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos, que recomendou que as companhias aéreas que operam modelos da Boeing inspecionem o recurso de travamento dos interruptores de corte de combustível.

 

De acordo com o material, as gravações de voz da cabine de comando capturaram um momento de confusão entre os pilotos, com um deles perguntando ao outro por que havia cortado o combustível. "O outro piloto respondeu que não havia feito isso", diz o relatório.

 

Alguns especialistas em aviação na Índia especularam que o acidente tenha sido causado por erro humano com base no relatório preliminar. Pelo menos duas associações de pilotos comerciais rejeitaram tais alegações.

 

A Associação de Pilotos Comerciais da Índia, em um comunicado divulgado no domingo, 13, disse que estava "profundamente perturbada por narrativas especulativas (...) particularmente a insinuação imprudente e infundada de suicídio do piloto".

 

O CEO da Air India, Campbell Wilson, disse nesta segunda-feira que o relatório preliminar sobre a queda do avião com destino a Londres não encontrou problemas mecânicos ou de manutenção na aeronave e em seus motores.

 

Em um memorando interno para a equipe da companhia aérea visto pela reportagem, Wilson disse que o material afirmava que todas as tarefas de manutenção obrigatórias da aeronave haviam sido concluídas.

 

"Não houve nenhum problema com a qualidade do combustível e nenhuma anormalidade na decolagem. Os pilotos foram aprovados em seu teste obrigatório de respiração antes do voo e não houve observações relativas ao seu estado médico", disse ele na nota.

 

Após o acidente, as autoridades indianas ordenaram verificações mais profundas de toda a frota de Boeing 787 Dreamliner da Air India para evitar futuros incidentes. A companhia aérea tem 33 Dreamliners em sua frota.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste domingo, 9, que "a ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e Caribe", em um sinal indireto às ameaças promovidas pelo governo dos Estados Unidos contra a Venezuela. Ele afirmou que "democracias não combatem o crime violando o direito internacional".

O governo de Donald Trump tem usado como pretexto para intensificar sua presença militar no Caribe o combate ao narcotráfico. Nos últimos meses, destruiu barcos que trafegavam pela região alegando que se tratava de embarcações de traficantes. Os tripulantes foram mortos.

O discurso de Lula foi feito na Cúpula Celac-União Europeia em Santa Marta, na Colômbia. O presidente brasileiro disse que a América Latina é uma "região de paz" e pretende continuar assim.

"A ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e Caribe. Velhas manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais. Somos região de paz e queremos permanecer em paz. Democracias não combatem o crime violando o direito internacional", declarou.

Segundo Lula, a "democracia também sucumbe quando o crime corrompe as instituições, esvaziam espaços públicos e destroem famílias e desestruturam negócios". O presidente brasileiro disse que garantir "segurança é dever do Estado e direito humano fundamental" e que "não existe solução mágica para acabar com a criminalidade". O presidente defendeu "reprimir o crime organizado e suas lideranças, estrangulando seu financiamento e rastreando e eliminando o tráfico de armas".

Lula citou a última reunião da cúpula Celac-União Europeia, há dois anos, em Bruxelas. Disse que, naquela época, "vivíamos um momento de relançamento dessa histórica parceria", mas, "deste então, experimentamos situações de retrocessos".

O petista criticou a falta de integração entre os países latinoamericanos. Afirmou que "voltamos a ser uma reunião dividida" e com ameaças envolvendo o "extremismo político".

"A América Latina e o Caribe vivem uma profunda crise em seu projeto de integração. Voltamos a ser uma região dividida, mais voltada para fora do que para si própria. A intolerância cria força e vem impedindo que diferentes pontos de vista possam se sentar na mesma mesa. Voltamos a viver com a ameaça do extremismo político, da manipulação da informação e do crime organizado. Projetos pessoais de apego ao poder muitas vezes solapam a democracia", afirmou.

Em seu discurso, Lula também citou a realização da COP30, em Belém, e mencionou o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês). Disse que o fundo "é solução inovadora para que nossas florestas valham mais em pé do que derrubadas" e que a "transição energética é inevitável".

O petista também lamentou o tornado que atingiu a cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, e manifestou suas condolências às vítimas da tragédia climática dos últimos dias.

O novo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, afirmou na tarde deste sábado, 8, em São Paulo, que governadores bolsonaristas "preferem fazer demagogia com sangue, ao tratar todo mundo da comunidade como se fosse bandido". Boulos disse que essa é a visão dos governadores do Rio, Cláudio Castro (PL), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de outros chefes de Executivo estadual apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ele lançou no Morro da Lua, região de Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, o Projeto Governo na Rua, que tem a finalidade de ouvir a população e levar as manifestações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Boulos declarou também que a questão do combate ao crime é antiga, mas que Luiz Inácio Lula da Silva é quem tomou a iniciativa de tentar resolver com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública e o projeto de lei antifacção. Conforme o ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência, com essas propostas aprovadas, o governo federal terá mais atribuições e responsabilidades para o enfrentamento ao crime.

"A gente acredita que o combate ao crime tem que fazer da maneira correta, como a Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, para pegar o peixe grande, não o bagrinho. O peixe grande está na Avenida Faria Lima, não na favela", acredita.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), divulgou neste sábado, 8, a pauta da Casa para a próxima semana, com a inclusão do projeto de lei antifacção - texto encaminhado pelo governo ao Congresso na esteira da megaoperação que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro. A proposta é relatada pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP), secretário de segurança de São Paulo.

Motta marcou a primeira sessão deliberativa da Casa da semana para terça-feira, 11, às 13h55. A sessão será semipresencial, conforme decidido pelo presidente da Câmara em atenção a pedido de líderes partidários. Isso significa que os deputados poderão votar a distância nas sessões dessa semana, sem precisarem estar em Brasília.

A pauta também contém outros projetos relacionados à Segurança Pública, como o que aumenta a destinação da arrecadação com jogos de apostas de quota fixa (bets) para o financiamento da segurança pública. O relator de tal projeto é o deputado Capitão Augusto (PL-SP).

Outro projeto na lista de serem debatidos pelos parlamentares é o que condiciona a progressão de regime, a saída temporária e a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva à coleta de material biológico para obtenção do perfil genético do preso. O relator é o deputado Arthur Maia (União-BA).

Ainda consta na pauta a discussão de um projeto que altera o Código Tributário Nacional para tratar de normas gerais para solução de controvérsias, consensualidade e processo administrativo em matéria tributária e aduaneira. A tramitação em regime de urgência da proposta foi aprovada no último dia 21. O relator é o deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG).