Israel e Hamas negociam plano de paz de Trump no Egito: o que esperar do encontro?

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Oficiais israelenses e do grupo terrorista Hamas irão iniciar conversas indiretas em um resort no Egito nesta segunda-feira, 6, para negociar a primeira fase do plano do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para o fim da guerra na Faixa de Gaza.

 

Existem muitos detalhes incertos sobre a diretrizes apresentadas por Trump, incluindo o desarmamento do grupo terrorista - uma demanda chave israelense - e a futura governança de Gaza. O presidente americano está buscando um acordo sobre Gaza e espera iniciar um processo de paz no Oriente Médio que poderia remodelar a região.

 

As negociações indiretas ocorrerão no resort do Mar Vermelho de Sharm el-Sheikh, onde a delegação israelense, liderada pelo principal negociador Ron Dermer, está prevista para chegar nesta segunda-feira, segundo o gabinete do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu. A delegação do Hamas, liderada por Khalil al-Hayyah, chegou no domingo ao Egito.

 

As negociações se concentrarão na primeira fase do plano, que inclui a retirada parcial das forças israelenses, bem como a libertação dos reféns mantidos pelo Hamas em Gaza em troca de prisioneiros palestinos mantidos em prisões israelenses.

 

O enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, e o genro do presidente Trump, Jared Kushner, também devem participar das negociações, segundo o veículo estatal egípcio al-Ahram.

 

Na sexta-feira, 3, o grupo terrorista Hamas aceitou parcialmente o plano de Trump, que é apoiado por toda a comunidade internacional. Segundo o plano, o Hamas liberaria os últimos 48 reféns - cerca de 20 são considerados vivos - em três dias. O grupo também renunciaria ao poder e se desarmaria.

 

De acordo com o Canal 12 de Israel, o Hamas deve exigir a libertação de prisioneiros notórios que estão em prisões israelenses, que estão cumprindo penas pelo planejamento de diversos atentados terroristas que mataram israelenses.

 

Espera-se que as negociações no Egito avancem rapidamente, embora alguns oficiais do Hamas tenham alertado que mais tempo pode ser necessário para localizar corpos de reféns enterrados sob os escombros.

 

O presidente egípcio Abdel-Fattah el-Sisi elogiou os esforços de Trump.

 

"Um cessar-fogo, a devolução de reféns e detidos, a reconstrução de Gaza, e o início de um processo político pacífico que leva ao estabelecimento e reconhecimento de um estado Palestino significam que estamos no caminho certo em direção à paz duradoura e estabilidade sólida", ele disse.

 

Ele enfatizou a importância de preservar o "sistema de paz" elaborado pelos EUA no Oriente Médio desde a década de 1970, o qual ele disse que "serviu como uma estrutura estratégica para a estabilidade regional".

 

Israel reduz bombardeios

 

O intenso bombardeio de Gaza por Israel precisaria cessar para que os reféns israelenses possam ser liberados. Tel-Aviv diz que está em grande parte atendendo as exigências de Trump para o fim dos bombardeios.

 

As Forças de Defesa de Israel (FDI) apontaram que estão realizando principalmente ataques defensivos para proteger suas tropas, embora dezenas de palestinos tenham sido mortos desde sábado, 4, segundo o ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas e não diferencia civis de combatentes.

 

O Exército de Israel anunciou nesta segunda-feira que eliminou "uma célula terrorista armada com dispositivos explosivos e morteiros" que, no domingo, pretendia atacar soldados israelenses. Também destruiu outra "célula terrorista" que lançou um morteiro, lesionando um soldado, assim como uma estrutura de onde um míssil antitanque foi lançado contra maquinário de engenharia do Exército israelense.

 

Desde o começo da guerra, mais de 67 mil pessoas morreram na Faixa de Gaza, segundo autoridades de saúde do território. O conflito começou no dia 7 de outubro de 2023, quando terroristas do Hamas invadiram o sul de Israel e mataram 1,2 mil pessoas.

 

250 pessoas foram sequestradas e mais de 100 foram libertadas em acordos de cessar-fogo. 8 reféns foram libertados em operações de resgate e dezenas morreram em cativeiro. Com informações da Associated Press.

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O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Partido dos Trabalhadores são os principais adversários da direita brasileira, e que é contra eles que as forças políticas do campo conservador devem se concentrar. A declaração foi dada à Folha de S.Paulo após confronto entre o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e o senador e presidente do PP, Ciro Nogueira.

"Confesso que acompanhei muito por cima essa polêmica. Tenho concentrado minhas energias em cuidar de Minas. Na política, meus adversários são Lula e o PT. Creio que eles sejam os adversários de toda a direita. É com eles que a direita deve brigar", afirmou Zema.

A manifestação acontece em meio à troca de farpas entre Caiado e Ciro Nogueira, ocorrida no último domingo, 5, nas redes sociais. Em entrevista a O Globo, o senador afirmou que há duas candidaturas viáveis da direita para a eleição presidencial de 2026, Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, e Ratinho Júnior (PSD), governador do Paraná. Segundo Nogueira, essas candidaturas dependem do aval do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ronaldo Caiado, que também é pré-candidato à Presidência, não foi citado por Ciro como opção competitiva. Em resposta, ele afirmou que o senador estaria "ansioso" para se colocar como vice na chapa de Tarcísio.

"Se Bolsonaro quiser escolher um porta-voz, certamente será um de seus filhos ou sua esposa, Michelle", escreveu Caiado em seu perfil na rede social X (antigo Twitter), chamando Ciro de "senador de inexpressiva presença nacional".

Ciro Nogueira rebateu: "Me chamou a atenção a enormidade do tamanho (da postagem). Deve estar com tempo livre. Eu não. Sobretudo para polêmicas vazias", escreveu o senador. Procurado pelo Estadão, Caiado não respondeu. Já Ciro manteve as declarações feitas na réplica ao governador.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou nesta segunda-feira, 6, que a escolha do secretário de Estado norte-americano Marco Rubio para dar sequência às negociações com o Brasil foi um "golaço".

Eduardo comentou no X, antigo Twitter, declaração de um ex-embaixador ouvido pelo Uol que analisa que a presença de Rubio nas tratativas "complica o Brasil". "Não complica o Brasil, nos ajuda! A escolha do Presidente Donald Trump só complica o regime de exceção. Golaço!", escreveu em duas postagens, uma em português e outra em inglês.

"O Secretário Rubio conhece bem a América Latina. Sabe muito bem como funciona os regimes totalitários de esquerda na região. Sabe como o Judiciário foi instrumentalizado como ferramenta de perseguição política. Ele não cairá nesse papo furado do regime, de independência de um Judiciário aparelhado", continuou.

Após videoconferência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta segunda, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apontou Rubio para continuar as articulações com o vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Segundo nota do governo Lula, os presidentes conversaram durante 30 minutos "em tom amistoso". Horas antes da realização da videoconferência ter se tornado pública, Eduardo havia ironizado a possibilidade que um diálogo entre os líderes ocorresse.

Também no X, ele comentou uma notícia do jornal Folha de S. Paulo que apontava que Trump não havia designado interlocutores para combinar encontro com Lula. "Se bem me lembro era a agenda do Lula que estava cheia. Eu só fico imaginando qual compromisso um sujeito pode ter mais importante do que poder conversar com o presidente da maior potência econômica mundial...", disse.

Eduardo também publicou reproduções de reportagens com declarações de Marco Rubio sobre o Brasil. Nelas, o secretário norte-americano diz que a aplicação da Lei Magnitsky como sanção foi "aviso" e que "os Estados Unidos responderão adequadamente a essa caça às bruxas", referindo-se à prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

"Eis o designado pelo Presidente Donald Trump para tratar com Alckmin. Tirem suas conclusões", escreveu Eduardo.

Após conversar com Lula, que descreveu como "um bom homem", Trump disse em entrevista coletiva na Casa Branca que pretende "começar a fazer negócios" com o Brasil.

O vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL) criticou nesta segunda-feira a falta de mobilização de lideranças de direita em defesa de anistia a seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que cumpre prisão domiciliar e foi condenado por golpe de Estado.

"Jair Messias Bolsonaro, o principal líder político do país, segue preso ilegalmente, torturado diariamente, enquanto nenhum integrante da chamada 'união da direita' se manifesta com uma única palavra ou ação jurídica e política diante da destruição completa da democracia brasileira", escreveu nesta segunda-feira, 6, em seu perfil no X (antigo Twitter).

A expressão "união da direita" remete a declarações recentes do senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, que defendeu maior união entre os partidos conservadores para evitar derrota eleitoral em 2026.

"Já está passando de todos os limites a falta de bom senso na direita, digo aqui a centro-direita, a própria direita e seu extremo. Ou nos unificamos ou vamos jogar fora uma eleição ganha outra vez", escreveu o senador.

Carlos e o irmão, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), têm demonstrado insatisfação com o recuo da oposição na pressão pela anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro que beneficiaria o ex-presidente.

Na última quinta-feira, 2, Carlos cobrou "firmeza e coerência". "Chega desse papo de 'eu darei indulto se for eleito' para enganar inocentes", afirmou.

As críticas são dirigidas a figuras como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); e de Goiás, Ronaldo Caiado (União). Os três já declararam que perdoariam Bolsonaro caso chegassem à Presidência em 2026.

O relator do projeto de anistia na Câmara, Paulinho da Força (Solidariedade-SP), já disse que a "anistia ampla, geral e irrestrita" defendida por bolsonaristas está descartada em seu parecer, que se limitará à dosimetria, ou seja, na redução das penas fixadas.