Leão XIV e Rei Charles III rezam juntos em gesto não feito desde ruptura religiosa há 500 anos

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O rei Charles III e a rainha Camilla rezaram nesta quinta-feira, 23, com o Papa Leão XIV em uma visita histórica ao Vaticano para estreitar as relações entre a Igreja Anglicana e a Igreja Católica.

 

No momento de rezar com o pontífice, o monarca britânico e Camilla sentaram-se em tronos dourados no altar elevado da Capela Sistina, em frente ao "Juízo Final" de Michelangelo, enquanto o Papa Leão XIV e o arcebispo anglicano de York presidiam um serviço ecumênico.

 

O evento marcou a primeira vez desde a Reforma que os líderes das duas igrejas cristãs, divididos há séculos por questões que agora incluem a ordenação de mulheres sacerdotes, rezaram juntos.

 

A música que acompanhava refletia uma herança musical anglicana e católica compartilhada: hinos eram cantados por membros do coro da Capela Sistina e por membros visitantes de dois coros reais: o coro da Capela de São Jorge do Castelo de Windsor e o coro infantil da Capela Real do Palácio St.James.

 

Caso Jeffrey Epstein

 

A visita ao Vaticano ocorre em meio a um contexto delicado para o monarca britânico, pois seu irmão Andrew enfrenta novas e comprometedoras revelações no caso do escândalo sexual de Jeffrey Epstein.

 

Na sexta-feira, 17, o Príncipe Andrew renunciou ao uso do seu título real, o Duque de York, completando uma queda em desgraça que começou há quase seis anos com uma desastrosa entrevista televisiva sobre suas ligações com o criminoso sexual condenado Epstein. O príncipe, de 65 anos, já havia sido afastado desde 2019 dos atos públicos da família real devido ao caso.

 

O escândalo que há muito tempo persegue o irmão do rei foi retomado esta semana, após a publicação de um livro de memórias de Virginia Giuffre, acusadora de Epstein. Andrew negou as alegações de Giuffre.

 

O Palácio de Buckingham e o governo do Reino Unido estão sob pressão para retirar formalmente de Andrew seu ducado e título principesco, e expulsá-lo da mansão de 30 cômodos perto do Castelo de Windsor, onde ele mora.

 

Visita para fortalecer os laços entre duas igrejas

 

Os anglicanos se separaram da Igreja Católica em 1534, quando o rei inglês Henrique VIII teve seu casamento anulado. Embora os papas tenham construído relações calorosas com a Igreja da Inglaterra e a Comunhão Anglicana em geral, durante décadas, em um caminho rumo a uma maior unidade, as duas igrejas permanecem divididas.

 

O culto na Capela Sistina, no entanto, marcou um novo passo histórico em direção à unidade e incluiu leituras e orações focadas no tema unificador de Deus, o criador.

 

Mais tarde, nesta quinta-feira, o rei Charles III também recebe formalmente um novo título e reconhecimento em uma basílica pontifícia que mantém fortes laços tradicionais com a Igreja da Inglaterra, a Basílica de São Paulo Fora dos Muros. O título de "Confrade Real" é um sinal de comunhão espiritual sendo retribuído pelo monarca britânico: Leão XIV recebeu o título de "Confrade Papal da Capela de São Jorge, no Castelo de Windsor".

 

Na basílica, o monarca britânico receberá uma cadeira especial decorada com seu brasão, com a exortação em latim "Ut Unum Sint" (Que sejam um), o mantra da unidade cristã. A cadeira permanecerá na basílica para uso do rei Charles III e seus herdeiros, disseram autoridades.

 

O cardeal Vincent Nichols, arcebispo católico de Westminster, disse que a visita do rei britânico fortalece o relacionamento estabelecido pela rainha Elizabeth II, que veio a Roma seis vezes durante seu reinado, incluindo durante o Ano Santo de 2000.

 

"O Papa Leão XIV e o rei Charles III reunidos diante de Deus em oração é um exemplo de uma cooperação genuína e profunda", disse ele à Associated Press. Ele lembrou que o rei Charles III aceitou seu papel constitucional como governador supremo da Igreja da Inglaterra, "mas também seu papel na proteção da liberdade religiosa e do importante papel da fé na sociedade em todo o seu reino".

 

A visita ocorre poucas semanas após a eleição da primeira mulher arcebispa de Canterbury , Sarah Mullally. Ela não se juntou ao rei e à rainha no Vaticano, pois ainda não havia sido formalmente empossada como líder espiritual da Igreja da Inglaterra. Em seu lugar, estava o arcebispo de York, o Reverendíssimo Stephen Cottrell.

 

Visita ocorre em meio a tensões na Comunhão Anglicana

 

Enquanto o rei lida com as tensões internas relacionadas ao escândalo Epstein, a eleição de Mullally agravou as tensões dentro da Comunhão Anglicana no exterior. A Comunhão Anglicana tem mais de 85 milhões de membros espalhados por 165 países, sendo o arcebispo de Canterbury considerado o "primeiro entre iguais" entre seus bispos. Mas, após a nomeação de Mullally, um cisma de longa data na Comunhão Anglicana parece estar próximo de uma ruptura definitiva.

 

Uma organização de primatas anglicanos conservadores - que representa a maioria dos membros da comunhão, principalmente na África - anunciou que está rejeitando todos os vínculos burocráticos que historicamente conectaram a Comunhão Anglicana.

 

A Global Fellowship of Confessing Anglicans (Irmandade Global de Anglicanos Confessantes, em livre tradução), conhecida como Gafcon, diz que está formando uma nova estrutura, embora afirme que ela representa a histórica Comunhão Anglicana em uma forma "reordenada".

 

A declaração denunciou as posições de afirmação LGBTQ de alguns setores da Comunhão Anglicana como precipitantes da ruptura, uma referência às posições assumidas pela Igreja da Inglaterra e pela Igreja Episcopal dos Estados Unidos. Mas seguiu de perto outra declaração da Gafcon lamentando a nomeação de Mullally, afirmando que muitos acreditam que apenas homens podem ser bispos e rejeitando seu cargo como um ponto definidor da unidade anglicana.

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Pesquisa AtlasIntel/Bloomberg divulgada nesta sexta-feira, 24, aponta que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceria a disputa pela Presidência ainda em primeiro turno nas eleições de 2026. Contra todos os oponentes da direita, o petista tem 51% das intenções de voto ou mais.

Em cenário onde o principal adversário da direita é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), Lula tem 51,3% das intenções de voto, seguido por Tarcísio, com 30,4%. Em seguida, aparecem o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), com 6%, o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), com 3%, e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), com 2,5%. Brancos e nulos somam 5% e 1,9% dos entrevistados não souberam ou não quiseram responder.

Em comparação com a última pesquisa, divulgada no mês passado, Lula abriu uma distância de 3,1 pontos porcentuais. Antes, ele tinha 48,2% enquanto Tarcísio aparecia com os mesmos 30,4%.

Já em cenário onde a principal adversária de Lula é a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), Lula tem 51%, enquanto ela surge com 26,2%. Em seguida, pontuam Caiado (9,1%), Ratinho Júnior (5,1%) e Zema (4,6%). Não souberam ou não quiseram responder são 0,8% e outros 3,2% indicaram voto em branco ou nulo.

Em sondagem sem Michelle e Tarcísio, Lula tem 51,3% e é seguido por Caiado (15,3%), Zema (10,6%) e Ratinho Júnior (10,4%). Nesta hipóteses, os brancos e nulos sobem para 9,4% e 3,4% dos entrevistados não quiseram ou não souberam responder.

A AtlasIntel/Bloomberg também avaliou um cenário onde Lula não disputa e é substituído pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). Nesta hipótese, Haddad tem 43,1% e é seguido por Tarcísio (30,1%), Caiado (7%), Ratinho Júnior (3,5%) e Zema (2,6%). Brancos e nulos somam 10,8% e 2,9% dos entrevistados não souberam ou não quiseram responder.

Segundo turno

Em cenário de segundo turno contra Tarcísio, Lula tem 52% das intenções de voto, enquanto o governador de São Paulo aparece com 44%. Brancos, nulos e entrevistados que não quiseram ou não responder somam 5%.

Contra Michelle Bolsonaro, Lula tem os mesmos 52%, contra 43% da ex-primeira-dama. Novamente são 5% os que votariam em branco, ou nulo e os que não souberam ou não quiseram responder.

Em segundo turno contra Zema, o petista venceria com 52%, contra 35% do mandatário mineiro. Outros 14% não quiseram, ou não souberam responder, ou indicaram voto em branco/nulo.

Contra Caiado, o governador de Goiás surge com 36% das intenções de voto, contra 52% do presidente. Os que indicaram voto em branco, ou nulo e os que não souberam ou não quiseram responder são 12%.

No cenário contra Ratinho, os mesmos 12% dos entrevistados optaram pelo voto em branco/nulo, ou não quiseram, ou não souberam responder. Nesta hipótese, Lula tem 51% das intenções de voto, enquanto o governador do Paraná surge com 37%.

Reedição de 2022

A sondagem também simulou uma reedição do primeiro e do segundo turnos das eleições presidenciais de 2022. Se o primeiro turno ocorresse hoje, Lula teria 48,8% das intenções de voto, contra 41,3% do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível até 2030 após revezes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes (PSDB) teria 3,1% e a ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), aparece com 2,3%. Outro candidato do pleito foi escolhido por 1,4% dos entrevistados. Brancos e nulos somam 2,7% dos entrevistados e 0,4% não quiseram ou não souberam responder. O primeiro turno de 2022 terminou com Lula com 48,4% e Bolsonaro com 43,2% dos votos válidos. Tebet teve 4,2% e Ciro, 3%.

Já se o segundo turno de 2022 fosse hoje, Lula teria 52%, ante 44% de Bolsonaro. São 4% os que preferem votar em branco/nulo e os que não souberam, ou não quiseram responder. O petista venceu o ex-capitão da reserva por 50,9% contra 49,1% dos votos válidos.

O levantamento da AtlasIntel/Bloomberg ouviu 14.063 brasileiros entre os dias 15 e 19 de outubro através da metodologia de recrutamento digital aleatório (RDR). A margem de erro é de um ponto porcentual e o índice de confiabilidade é de 95%.

O Ministério Público de São Paulo denunciou, na quinta-feira, 23, o deputado estadual Lucas Diez Bove (PL) por perseguição, violência psicológica, violência física e ameaça contra a ex-mulher Cíntia Chagas. O caso corre sob segredo de Justiça. O parlamentar nega.

A promotora Fernanda Raspantini Pellegrino pediu à Justiça que o parlamentar seja preso preventivamente por supostos reiterados descumprimentos de medidas protetivas concedidas à influenciadora digital. O MP confirma que a denúncia foi apresentada na quinta.

Em nota, Cíntia diz que recebe a decisão "com serenidade e inabalável confiança na Justiça".

"Trata-se de um homem público, e é moralmente inaceitável que agressores de mulheres permaneçam investidos em funções de poder. A violência contra a mulher não se circunscreve à esfera privada: constitui crime e afronta à dignidade humana. Que a lei siga o seu curso e que, como sempre, a verdade prevaleça. A todas as mulheres que enfrentam a violência, deixo uma mensagem: não se calem. O silêncio protege o agressor", escreveu.

Em 4 de setembro do ano passado, Cíntia registrou um boletim de ocorrência acusando o ex-marido de violência psicológica e ameaça. Ela relatou que estava em um relacionamento abusivo, que sofria com ciúmes, possessividade e controle do deputado estadual do PL.

Em uma publicação no Instagram à época, Bove negou qualquer agressão contra a ex-mulher. "Hoje meu coração está ferido, jamais esperava isso de quem tanto amei e cuidei. Para começar: eu jamais encostaria a mão para agredir uma mulher", disse o deputado na postagem.

Na quinta, o deputado voltou a se pronunciar nas redes sociais e afirmou que o Ministério Público pediu sua prisão "por ele responder a uma pergunta sobre fatos públicos". Disse que há laudos e depoimentos que indicam ausência de dano psicológico e acusou a ex-esposa de violar o segredo de Justiça.

"Eu, na qualidade de deputado sob a qual estou fazendo estas postagens, sinto vergonha em nome das milhares de vítimas reais de violência que muitas vezes deixam de denunciar justamente pela descredibilização que as falsas denúncias trazem à causa", escreveu.

E acrescentou: "Estou em paz, pois, além de ter a consciência limpa, confio na Justiça e tenho fé que a juíza será justa ao analisar tanto o pedido de prisão quanto a única narrativa que permaneceu de pé (violência psicológica)."

O Primeiro Comando da Capital (PCC) planejava matar ao menos duas autoridades que atuam diretamente contra a facção. A polícia e o MP realizam nesta sexta, 24, uma nova operação contra o núcleo do crime organizado responsável pelas execuções.

Dentre os alvos da facção, estão o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, da região de Presidente Prudente, no interior de São Paulo, e o diretor de presídios Roberto Medina.

Medina e Gakiya são velhos alvos do PCC. Ambos já tiveram seus nomes envolvidos em outros planos da facção. Eles eram apontados pelos criminosos como "cadáveres excelentes", ou seja, vítimas notórias do crime organizado.

Gakiya é um dos principais responsáveis por investigar a facção no País. Ele é membro do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco) do Ministério Público Estadual e atua contra o PCC há mais de 20 anos.

Medina é coordenador das penitenciárias da região oeste de São Paulo, onde está detida a maioria das lideranças do PCC no Estado.

Segundo as investigações, os criminosos monitoraram a mulher de Medina, que teve o carro fotografado. No celular de um dos faccionados, os policiais encontraram prints e áudios que mostram ele negociando fuzis, "além de coletar prints de mapas de georreferenciamento indicando localizações precisas em Presidente Prudente, inclusive, da sede do Ministério Público de Presidente Prudente".

Segundo o MP, a facção tem um esquema rígido de divisão de trabalhos. Cada integrante desempenhava uma função específica, sem conhecer a totalidade do plano, o que dificultava a detecção da trama.

Em coletiva de imprensa no mês passado, o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, comentou sobre o grupo do PCC treinado para matar autoridades.

Chamado de "Restrita Tática", os integrantes aprendem a usar diversos armamentos. "Esses indivíduos desse setor chamado Restrita Tática são aqueles que são treinados para realizar atentados contra autoridades. Então, eles passam por treinamento de diversos armamentos. (...) É o que se tem hoje, infelizmente, e é por isso que a gente não pode subestimar a organização criminosa. Temos que enfrentar as organizações criminosas com muita inteligência e com tolerância zero, porque eles são extremamente perigosos."