Trump: Ucrânia tem problemas de corrupção, mas há 'boa chance' para acordo de paz com Rússia

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste domingo que há "uma boa chance" de que Rússia e Ucrânia cheguem a um acordo de cessar-fogo no conflito entre os dois países, que já dura mais de três anos.

Durante conversa com repórteres a bordo do Air Force One, retornando a Washington após o feriado do Dia de Ação de Graças, Trump disse que Kiev tem "um pouco de problemas" com corrupção. Na última sexta-feira, o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou a renúncia de seu chefe de gabinete, Andriy Yermak, que era também seu principal negociador nas conversas com os EUA. Yermak foi alvo de buscas por investigadores anticorrupção.

"A Ucrânia tem algumas pequenas dificuldades, pequenos problemas. Acho que a Rússia gostaria de ver o fim deles e sei que a Ucrânia também", declarou Trump. Questionado sobre quais tipos de problemas seriam esses, o republicano respondeu que "há uma situação de corrupção ocorrendo, o que não ajuda".

Mas, de acordo com ele, o ocorrido não representa um empecilho às negociações em torno da proposta de paz de Washington para Kiev. "Eu disse que isso está ocorrendo por três anos, certo? Eu estava muito adiantado no cronograma. Mas acho que há uma boa chance de que consigamos fechar um acordo", apontou.

Neste domingo, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, e Jared Kushner, genro de Trump, se reuniram com uma delegação ucraniana em West Palm Beach, na Flórida, para discutir o plano. Após o encontro, que durou quatro horas, Rubio classificou a conversa como produtiva, mas ponderou que ainda há trabalho a ser feito para chegar a um resultado final.

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Integrantes da CPMI do INSS querem se reunir com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça para discutir a concessão de habeas corpus a convocados pelo colegiado. Relator dos processos relacionados aos descontos ilegais a aposentados na Corte, o magistrado tem dado aos investigados o direito de ficar em silêncio diante da comissão e também já impediu depoimentos.

"Eu vou solicitar agenda para que possamos seguir", disse o presidente da comissão, o senador Carlos Viana (Podemos-MG), na sessão desta segunda-feira, 1.º.

Mendonça é alvo de críticas tanto da oposição quanto da base do governo. Os dois lados atribuem às decisões dele a obstrução dos trabalhos.

O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) criticou o fato de o ministro avocar para si a decisão de concessão de habeas corpus. Segundo ele, esses pedidos deveriam ser sorteados entre os integrantes da Corte.

"O que nós estamos observando é que dá de forma reiterada uma blindagem a alguns nomes. Nós não sabemos qual é o critério que está sendo utilizado. É muito desrespeito com esta Casa dizer que o camarada não precisa nem vir aqui", disse.

Pimenta sustentou que o encontro deveria incluir pelo menos presidente, relator e vice-presidente da CPI do INSS, além dos líderes de governo e oposição.

O senador Izalci Lucas (PL-DF) também criticou as medidas. "Isso destrói a CPI. Qual é o papel da CPI? Ter independência. A gente precisa realmente conversar com o ministro para a gente ter uma atuação melhor."

Nesta segunda-feira, 01, o empresário Sandro Temer de Oliveira prestaria depoimento, mas foi beneficiado por decisão que o autorizou a não comparecer ao colegiado. Ele é apontado como operador da Universo Associação dos Aposentados e Pensionistas dos Regimes Geral da Previdência Social (AAPPS Universo) e da Associação de Proteção e Defesa dos Direitos dos Aposentados e Pensionistas (APDAP Prev). As entidades são suspeitas de aplicar descontos ilegais a aposentados e pensionistas.

Ele teria comunicado à cúpula da comissão a informação de que estaria disposto a delatar envolvidos no esquema.

O secretário nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, Mario Sarrubbo, criticou a nova versão do projeto de lei Antifacção, aprovada na Câmara em novembro. O texto havia sido originalmente proposto pelo governo federal, mas foi alterado no Congresso.

"Não adianta só subir a pena. Faz 30 anos que estamos subindo as penas. A Lei dos Crimes Hediondos já tem mais de uma década. O crime deixou de ser local e passou a ser transnacional", afirmou Sarrubbo, em evento em São Paulo nesta segunda-feira, 1º.

O projeto Antifacção prevê aumento de penas para membros de organizações criminosas, com reclusão de 20 a 40 anos, podendo chegar a 66 anos para lideranças. O texto também eleva o cumprimento mínimo de pena em regime fechado (75%).

Na Câmara, o PL foi relatado pelo deputado federal Guilherme Derrite (PP-SP), que apresentou várias mudanças no texto. Parte das versões foi alvo de críticas por reduzir o alcance de investigação da Polícia Federal. Alessandro Vieira (MDB-SE) será o relator do projeto no Senado.

Sarrubbo também voltou a criticar a megaoperação policial no Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho, que deixou 122 mortos em outubro. Para ele é preciso "subir o morro depois de desidratar as atividades criminosas".

As declarações foram feitas em evento promovido pela Transparência Internacional Brasil e o Insper nesta segunda-feira, 1, em São Paulo, para discutir desafios impostos pela corrupção e pelo crime organizado para os setores público e privado no País.

Sarrubbo participou de um painel ao lado de Ricardo Saadi, presidente do COAF, Samira Bueno, diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, e Marcia Meng, superintendente da Receita Federal em São Paulo.

Integrante do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Sarrubbo defende ampliar o programa piloto do governo federal que visa à ocupação de áreas dominadas pelas facções. A área escolhida fica em Natal, em um bairro atualmente sob influência do Comando Vermelho.

O plano combina a ocupação territorial dos agentes de segurança com ações de cidadania. Os técnicos do governo pretendem levá-lo a outros pontos do País, se for bem-sucedido. De acordo com o secretário, foram realizadas 130 prisões.

"Estamos com políticas públicas equivocadas. Ainda é a velha política de subir o morro e prender, numa resposta midiática. Precisamos de ações integradas com inteligência. Ainda estamos matando as formiguinhas e não entramos no formigueiro", afirmou Sarrubbo.

O secretário acrescentou que não é contrário às intervenções policiais, mas questiona o momento em que elas ocorrem. "Só poderemos subir o morro se desidratarmos a atividade criminosa. Temos de desidratar. Temos de subir, mas quando estiver enfraquecido".

A ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann, disse que o governo enviará nesta segunda-feira, 1, ao Congresso uma medida provisória (MP) que formaliza o acordo do reajuste salarial para as forças de Segurança do Distrito Federal e das Polícias Militares do Amapá, de Rondônia e Roraima. A MP entra em vigor nesta data, de acordo com a ministra.

A informação foi divulgada durante reunião ministerial com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta tarde.

Segundo o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, a MP prevê aumento de quase 24% às forças de segurança que têm seus gastos bancados pelo governo federal.

A ministra da Gestão, Esther Dweck, disse que o reajuste será pago em duas parcelas, a primeira neste ano e a segunda em 2026. Ela também afirmou que há diferenças entre as categorias, mas não apresentou detalhes.

Também será enviado ao Congresso um projeto de lei em regime de urgência sobre as carreiras de servidores do Executivo. Gleisi disse que o projeto é resultado de negociações entre o governo e entidades dos servidores e tem 24 iniciativas sobre "reestruturação e ampliação de cargos, reajustes e gratificações e modernização de gestão".

"Eu tenho certeza que o Congresso Nacional vai tratar com muito carinho essas iniciativas e nós vamos construir esse caminho conjuntamente, como já fizemos em várias matérias que são do interesse do povo brasileiro", afirmou a ministra da SRI.

Dweck também explicou porque o projeto e a MP serão enviados separadamente. "A MP teve que ser nesta segunda, porque o prazo de vigência do acordo era a partir de 1º de dezembro, por isso precisou essa alteração orçamentária. Já o que está no PL, o prazo de vigência é abril de 26, independente da aprovação da lei orçamentária. Portanto, não poderia ir em uma medida provisória, porque a gente não tem nem a Lei de Diretrizes Orçamentárias aprovada, nem a lei orçamentária", afirmou.

Durante a reunião, o ministro Ricardo Lewandowski afirmou que a segurança é uma "prioridade absoluta" do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que a medida provisória assinada nesta segunda-feira, 1º, com reajuste para policiais é uma prova disso.

"A segurança pública é uma prioridade absoluta para o nosso governo. Nós estamos trabalhando intensamente em várias frentes para alcançarmos esse objetivo, mas um dos aspectos desse combate à criminalidade e desse aprofundamento de nossas ações no plano da segurança pública é a valorização dos integrantes das forças de segurança. Valorizar não é apenas entregar armas, equipamentos, mas é cuidar de dar-lhes melhores condições de trabalho", disse Lewandowski.

A declaração foi dada em cerimônia fechada realizada no Palácio do Planalto para assinatura da medida provisória e do projeto de lei. A Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) divulgou as gravações dos discursos.