O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), disse seguir disposto a liderar uma candidatura à Presidência da República e por isso buscará unidade a seu projeto "para onde for ou permanecer", em referência a uma possível mudança de partido. Em trecho de entrevista ao programa Canal Livre, divulgado pela Band, ele afirmou também que o Brasil está preparado para eleger uma pessoa da comunidade LGBT+ como presidente.
Em meio aos rumores sobre sua saída do PSDB e possível filiação ao PSB, Leite disse que uma candidatura depende de alinhamento dos objetivos de um grupo. O governador afirmou que, mesmo que sua vontade seja disputar a presidência, entende que não pode sobrepor a aspiração pessoal a um projeto de país.
"Posso afirmar que quero muito ajudar meu país a enfrentar a polarização e, sim, me disponho a liderar um projeto - ou seja, ser, sim, candidato. Mas uma candidatura presidencial não é uma vontade individual ou feita por aspiração pessoal, tem que mobilizar um grupo", disse Leite, no trecho da entrevista.
Questionado sobre o desafio de liderar uma chapa com condições de sair vitoriosa sendo da comunidade LGBT, o governador afirmou não ver obstáculos insuperáveis. Ele citou o próprio exemplo à frente do governo do Rio Grande do Sul, lembrando que já foi reeleito em um Estado considerado conservador. "O que eu sou, na minha orientação sexual, não interfere em absolutamente nada", disse.
Governador critica anistia, mas vê exagero em penas do 8 de Janeiro
O governador também afirmou ser contrário ao projeto que propõe anistia aos participantes dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, mas disse que as penas aplicadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) estão sendo "exacerbadas".
"Não é possível que se entenda que alguém destrua patrimônio público, invada espaços relevantes da República e não tenha nenhuma pena, como propõe um projeto de anistia. Anistia é isso: nenhuma pena para quem cometeu crime", afirmou o governador.
Contudo, ele criticou duramente as penas já aplicadas pelo STF. leite citou o julgamento recente da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, que escreveu "Perdeu, mané" na estátua "A Justiça" durante os atos golpistas.
A cabeleireira foi condenada a 14 anos pela maioria da Primeira Turma do STF após divergência inédita entre os ministros em julgamentos dos envolvidos no 8 de Janeiro. O ministro Luiz Fux defendeu pena de 1 ano e 6 meses, sendo vencido pelos colegas da Suprema Corte brasileira.
Para o governador, a pena proposta por Fux "parece na linha correta". "Anistia não é possível, mas concordar com as penas que estão sendo aplicadas... Elas parecem exacerbadas", afirmou Leite.
Dados do Placar da Anistia, feito pelo Estadão, mostra que 204 dos 513 parlamentares da Câmara defendem abertamente a anistia. No entanto, como mostrou o Estadão/Broadcast, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), informou na última quinta-feira, 24, que o colégio de líderes decidiu adiar a análise do requerimento de urgência para o projeto.
Segundo Motta, líderes que representam mais de 400 parlamentares decidiram que o tema não deveria entrar na pauta da próxima semana. Apenas PL e Novo defenderam que o pedido fosse discutido imediatamente.