Milei suaviza tom e diz que Lula será bem-vindo na cerimônia de posse

Internacional
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O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, vai aos poucos deixando para trás o discurso de candidato e adotando uma retórica mais moderada. Nesta quinta, 23, ele agradeceu a mensagem do líder chinês, Xi Jinping, que o felicitou pela vitória na eleição de domingo, e disse que Luiz Inácio Lula da Silva seria bem-vindo em sua cerimônia de posse, no dia 10.

 

Lula e Xi foram alvos preferenciais de Milei durante a campanha. O libertário chegou a dizer que não faria comércio com os chineses, dizendo que Xi era um "assassino". Lula foi chamado de "comunista" e "ladrão". O problema é que China e Brasil são os maiores parceiros comerciais da Argentina.

 

Em 2022, a China investiu US$ 1,34 bilhão na Argentina e o governo de Xi aceitou receber em yuans pelos produtos exportados para os argentinos, que preservariam suas reservas em dólar. O comércio bilateral com o Brasil chegou a US$ 28,4 bilhões no ano passado, sendo que os brasileiros são responsáveis por 14% das exportações da Argentina.

 

Mudança

 

"Se Lula vier (à posse), será bem-vindo", disse Milei, em entrevista ao canal Todo Noticias. "Ele é o presidente do Brasil." A declaração acompanha falas da futura chanceler de Milei, Diana Mondino. Ela afirmou que gostaria que Lula estivesse na cerimônia e disse que ele seria convidado.

 

O Itamaraty não comentou a mudança de tom do presidente eleito da Argentina, mas ministros de Lula descartam a possibilidade de o presidente participar da posse, especialmente em razão da presença de Jair Bolsonaro, convidado por Milei, que levará um comitiva recheada de aliados.

 

A menos de três semanas da cerimônia, Milei também vem desmontando os obstáculos que armou durante a campanha com relação à China. Ontem, ele respondeu em tom conciliatória a uma mensagem enviada por Xi, que expressava disposição em trabalhar com a Argentina.

 

No X (ex-Twitter), o presidente eleito publicou uma imagem da tradução da carta. "Agradeço ao presidente Xi Jinping as felicitações e votos de felicidades que me enviou", escreveu Milei. "Envio-lhes os meus mais sinceros votos de bem-estar do povo da China."

 

A partir do dia 10, quando toma posse, Milei terá de tomar algumas decisões importantes de política externa, uma delas é o grau de envolvimento da Argentina com o Mercosul. Três dias antes da cerimônia, no dia 7, Lula passará a presidência rotativa do bloco para o presidente do Paraguai, Santiago Peña.

 

'Estorvo'

 

Crítico contumaz do bloco, Milei chamou o Mercosul de "estorvo" e sugeriu a possibilidade de retirar a Argentina. "O Mercosul é uma união aduaneira de má qualidade, que cria distorções comerciais e prejudica todos os seus membros", disse o então candidato libertário. O risco fez diplomatas brasileiros e europeus acelerarem a aprovação de um tratado de livre-comércio entre Mercosul e União Europeia. Não se sabe ainda se eles conseguirão concluir o acordo antes da posse.

 

Outra decisão será o que fazer com o Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que em agosto aprovou a entrada de outros seis membros - incluindo a Argentina. Durante a campanha, Milei desprezou o bloco de países emergentes. "Nosso alinhamento geopolítico é com EUA e Israel", afirmou. Resta saber se ele manterá sua posição depois de assumir o poder. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Em evento do Partido Socialista Brasileiro (PSB) neste domingo, 27, o senador Cid Gomes (PSB) declarou que, no cenário nacional, não pretende adotar uma posição contrária à de seu irmão, o ex-ministro e ex-presidenciável, Ciro Gomes (PDT).

"Eu jamais estarei em lado oposto ao Ciro na questão nacional. Aqui no Ceará a gente tem uma visão diferente, eu o respeito profundamente, mas jamais estarei em lado diferente dele na questão nacional. Penso absolutamente como ele", disse Cid ao jornal jangadeiro.

O possível sinal de reaproximação entre os irmãos vem depois de se distanciarem politicamente. O racha começou ainda nas eleições de 2022, com discordâncias sobre o apoio ao Partido dos Trabalhadores (PT). Enquanto Cid se aproximou da base de apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), consolidando-se como um dos principais aliados do governo federal no Senado e apoiando também a administração estadual de Elmano de Freitas (PT) no Ceará, Ciro manteve uma postura crítica e firme contra o PT, tanto no contexto nacional quanto estadual.

Essa diferença de posicionamento culminou, no início de 2024, na saída de Cid e de seus aliados do PDT e sua filiação ao PSB. A mudança aprofundou a divisão entre os grupos conhecidos como "cidistas" e "ciristas" na política cearense.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu nesta terça-feira, 29, que a defesa do ex-presidente Fernando Collor de Mello apresente exames para comprovar que ele tem Doença de Parkinson. O prazo para resposta é de 48 horas.

A defesa do ex-presidente pediu prisão domiciliar humanitária alegando que ele enfrenta problemas de saúde graves. Antes de decidir sobre o pedido, Moraes vem cobrando laudos médicos que atestem as comorbidades.

Nesta segunda, 28, o ministro pediu "prontuário e histórico médico, bem como os exames anteriormente realizados".

Em novo despacho nesta terça, Moraes cobra a "íntegra dos exames realizados, inclusive os exames de imagens", e manda a defesa explicar por que não há "exames realizados no período de 2019 a 2022, indicativos e relacionados a Doença de Parkinson".

Os advogados advogados Marcelo Bessa e Thiago Fleury alegam que, aos 75 anos, Collor tem "comorbidades graves" e faz uso de medicamentos contínuos. Ao ser ouvido na audiência de custódia, no entanto, o ex-presidente negou ter problemas de saúde ou tomar remédios.

O ex-presidente foi preso para cumprir a condenação de 8 anos e 6 meses em um processo da Operação Lava Jato. Ele está detido no Presídio Baldomero Cavalcanti de Oliveira, em Maceió.

Após 17 dias internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital DF Star, em Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reagiu bem à ingestão de água, chá e gelatina. Segundo o boletim médico divulgado nesta terça-feira, 29, Bolsonaro mantém sinais de movimentos intestinais espontâneos e continua se alimentando pela veia, para obter todos os nutrientes e as calorias que precisa.

O documento também relata que o ex-presidente segue sem dor ou febre, com a pressão controlada e com melhora nos exames de fígado. Não há previsão de alta e visitas seguem restritas, apesar de o ex-presidente já ter recebido o pastor evangélico Silas Malafaia e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.

Nesse período de internação, Bolsonaro também concedeu entrevista à televisão e participou de uma live.

A live, inclusive, motivou o ex-presidente a ser intimado por uma oficial de Justiça na última quarta-feira, 23, por entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) de que ele "demonstrou a possibilidade" de ser avisado da ação penal sobre a tentativa de golpe. No dia seguinte, conforme informou a equipe médica, Bolsonaro teve elevação na pressão arterial e piora nos exames hepáticos.

No dia 13, o ex-presidente foi submetido a uma cirurgia que durou 12 horas para retirar aderências no intestino e reconstruir a parede abdominal. O procedimento foi realizado após Bolsonaro passar mal, no dia 11, em uma agenda no interior do Rio Grande do Norte.

A cirurgia, ainda em consequência da facada que ele levou durante a campanha presidencial de 2018, foi a mais delicada das quais foi submetido até agora.