Blinken negocia plano para o pós-guerra em Gaza com Emirados e Arábia Saudita

Internacional
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O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, abriu o seu terceiro dia de visita ao Oriente Médio com reuniões para evitar que a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas se transforme em um conflito regional.

 

Blinken encontrou nesta segunda-feira, 8, com o líder dos Emirados Árabes Unidos, Sheik Mohammed bin Zayed, antes de viajar para a Arábia Saudita para ter uma reunião com o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman, com o objetivo de obter apoio dos principais líderes árabes em um esforço para reduzir a escalada de tensões na região e preparar o futuro da Faixa de Gaza após o fim do conflito.

 

Com o Sheik Mohammed em Abu Dhabi, Blinken "enfatizou a importância de evitar uma maior propagação do conflito e enfatizou o compromisso contínuo dos EUA em garantir uma paz regional duradoura que garanta a segurança de Israel e promova o estabelecimento de um Estado palestino independente", disse o Departamento de Estado.

 

Blinken chegou a Abu Dhabi depois de reuniões semelhantes no Catar, Jordânia, Turquia e Grécia, onde obteve promessas desses países de considerarem contribuir para o esforço de planejamento para a reconstrução e governança do enclave palestino após o fim dos combates.

 

O território está parcialmente destruído após mais de três meses de guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas. No dia 7 de outubro, terroristas do Hamas invadiram o território israelense e mataram mais de 1.200 pessoas no sul do país, além de terem raptado mais de 200 pessoas. Após o maior ataque terrorista da história de Israel, as forças israelenses iniciaram uma ofensiva no enclave palestino, com bombardeios aéreos e ofensiva terrestre.

 

Apoio

 

O apoio financeiro dos Emirados Árabes Unidos e da Arábia Saudita será essencial para o sucesso de qualquer plano para o futuro do enclave palestino e autoridades dos EUA disseram que Blinken, em sua quarta viagem à região desde o início da guerra em outubro, esperava superar a resistência árabe inicial a considerar cenários para o futuro da Faixa de Gaza. Os países árabes têm pressionado por um cessar-fogo imediato e pelo fim das mortes de civis antes de discutir tais planos.

 

Mas depois das primeiras reuniões na sua última viagem, Blinken disse que tem conversado com autoridades sobre as contribuições que poderiam fazer para os planos pós-guerra e sobre como usar a sua influência para conter os atores envolvidos no conflito.

 

"Este é um conflito que pode facilmente aumentar, causando ainda mais insegurança e ainda mais sofrimento", disse Blinken aos jornalistas durante uma conferência de imprensa conjunta em Doha com o ministro das Relações Exteriores do Catar, Sheik Mohammed bin Abdulrahman Al Thani.

 

Os países árabes tem criticado a ofensiva israelense em Gaza e têm evitado o apoio público ao planejamento a longo prazo do futuro do enclave palestino, argumentando que os combates precisam acabar para que estas discussões possam começar.

 

Em Amã, no domingo, 7, o rei Abdullah II da Jordânia "alertou sobre as repercussões catastróficas" da guerra em Gaza, e apelou para que Washington pressionasse Tel-Aviv a concordar com um cessar-fogo imediato.

 

Outra prioridade para Blinken é aumentar a assistência humanitária a Gaza. Em Amã, Blinken visitou o armazém de coordenação regional do Programa Alimentar Mundial, onde caminhões estão sendo carregados com ajuda humanitária e serão enviados ao enclave palestino, através dos postos de fronteira de Rafah, no Egito, e Kerem Shalom, em Israel.

 

"Estamos determinados a fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para melhorar a situação dos homens, mulheres e crianças em Gaza", disse Blinken. Da Arábia Saudita, Blinken viajará para Israel, Cisjordânia e Egito na terça e quarta-feira, antes de retornar a Washington.

 

Cessar-fogo

 

Israel recusou-se a concordar com um cessar-fogo e, em vez disso, os EUA apelaram a "pausas humanitárias" temporárias específicas para permitir a entrada de ajuda humanitária.

 

Os EUA têm pressionado Israel há semanas para permitir a entrada em Gaza de maiores quantidades de alimentos, água, combustível, medicamentos e outros fornecimentos, e o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma resolução no dia 22 de Dezembro apelando a um aumento imediato nas entregas. Há três semanas, Israel abriu o posto de fronteira de Kerem Shalom, acrescentando um segundo ponto de entrada para ajuda a Gaza depois de Rafah.

 

Ainda assim, a taxa de entrada de caminhões de ajuda humanitária não aumentou significativamente. Esta semana, uma média de cerca de 120 caminhões por dia entraram através de Rafah e Kerem Shalom, segundo dados da ONU, muito abaixo dos 500 caminhões de mercadorias que entravam diariamente antes da guerra e muito abaixo do que os grupos de ajuda dizem ser necessário.

 

Quase toda a população de 2,3 milhões depende desta ajuda humanitária. Um em cada quatro palestinos em Gaza passa fome e os demais enfrentam níveis críticos de fome, segundo a ONU. Mais de 85% das pessoas em Gaza foram deslocadas de suas casas por conta da ofensiva israelense. Fonte: Associated Press.

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O governo federal anunciou nesta sexta-feira, 2, a escolha de Wolney Queiroz para o comando do Ministério da Previdência Social. A nomeação foi oficializada em edição extra do Diário Oficial da União. Em um longo histórico político, Wolney tem alinhamento com pautas caras ao PT, mas teve desgaste recente quando se aproximou do PL nas eleições municipais de seu reduto eleitoral.

Wolney ocupava o cargo de secretário-executivo da Previdência desde o início do atual governo, posição considerada o segundo posto mais importante dentro de um ministério. A mudança ocorre após a saída de Carlos Lupi, que pediu demissão em meio à crise gerada por investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) sobre descontos irregulares em benefícios pagos pelo INSS em montante que pode chegar a R$ 8 bilhões.

Segundo informações da GloboNews, Wolney Queiroz estava presente quando o então ministro Carlos Lupi foi informado sobre o aumento de denúncias de descontos não autorizados em aposentadorias e pensões. Apesar da gravidade do problema, Lupi não tomou providências imediatas, conforme as atas das reuniões. A informação foi revelada pelo "Jornal Nacional" e confirmada pelo Estadão.

Trajetória

Com informações do site da Câmara dos Deputados, é possível recuperar um longo histórico da vida pública de Wolney. Nascido em 1972 em Caruaru (PE), ele é filiado ao PDT desde 1992. Iniciou a carreira política como vereador em sua cidade natal, onde presidiu a Câmara Municipal. Em 1995, assumiu o primeiro de seis mandatos consecutivos como deputado federal por Pernambuco.

Durante sua atuação no Congresso Nacional, foi vice-líder do PDT em diferentes períodos entre 1995 e 2013, liderou a bancada do partido entre 2020 e 2022 e chefiou o bloco de oposição ao governo Jair Bolsonaro em 2022. Também presidiu a Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público, além de participar de comissões como Constituição e Justiça, Defesa do Consumidor e Desenvolvimento Urbano.

Em votações de grande repercussão, votou contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Foi contrário à PEC do Teto de Gastos e à Reforma Trabalhista no governo Michel Temer, e apoiou a abertura de investigação contra o então presidente Temer em 2017.

Ainda entre as posições sobre projetos, Queiroz votou contra a reforma da Previdência em 2019, posicionando-se de forma crítica à proposta. Mas também esteve envolvido em episódios que geraram críticas. Em 2021, foi criticado por parte do PDT por votar a favor da PEC dos Precatórios no primeiro turno de votação. Mas votou contra a medida no segundo turno. A PEC permitiu ao governo adiar o pagamento de dívidas judiciais para abrir espaço no orçamento público para a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Filho do ex-prefeito José Queiroz (PDT), mantém influência na política local de Caruaru. Em 2023, confirmou que o partido lançaria seu pai como candidato à prefeitura de Caruaru. Por outro lado, a aproximação com o PL, em articulações políticas em Jaboatão dos Guararapes, provocou desconforto em setores do governo e dentro do próprio PDT, colocando em debate sua permanência em cargos na administração federal.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva exonerou Carlos Lupi do cargo de ministro da Previdência. Como novo titular da Pasta, foi nomeado Wolney Queiroz, que era secretário-executivo do ministério.

Os atos foram publicados em edição extra do Diário Oficial da União desta sexta-feira, 2 de maio. A exoneração de Lupi foi feita a pedido.

Mais cedo, o pedetista publicou em suas redes sociais que havia entregado o cargo depois de se reunir com o presidente Lula no Palácio do Planalto. O pedido de demissão ocorreu após o ministro ter sido pressionado pela repercussão da Operação Sem Desconto, deflagrada pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pela Polícia Federal em 23 de abril.

A investigação apura um esquema de deduções indevidas em contracheques de aposentados e pensionistas do INSS. Segundo os investigadores, o total de descontos sem autorização chega a R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. Considerando dados desde 2016, o montante pode chegar a quase R$ 8 bilhões.

A oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso Nacional afirma ter conseguido coletar o número mínimo de assinaturas na Câmara dos Deputados (171) e no Senado Federal (27) para protocolar o requerimento de criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

A deputada federal Coronel Fernanda (PL-MT) diz que o número foi alcançado no final da tarde desta sexta-feira, 2, pouco tempo depois de o ministro da Previdência, Carlos Lupi, pedir demissão do cargo. A ideia do grupo é protocolar o documento na segunda-feira, 5.

"A crise é tão grande que Lupi acabou de pedir exoneração. Acreditamos que ninguém vai ser contra os aposentados. O roubo aconteceu e vamos garantir que os aposentados tenham seus valores devolvidos com juros e correção monetária", afirmou Fernanda. O número mínimo já tinha sido alcançado no Senado nesta quarta-feira, 30. Damares Alves (Republicanos-DF) foi quem fez a coleta nessa Casa legislativa.

A CPMI é um recurso visto pelo grupo como uma forma de contornar o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), caso ele decida não dar abertura ao processo. Deputados já haviam colhido e protocolaram uma CPI do INSS na Câmara nesta quarta-feira, 30.

Neste momento, Motta sinalizou ao líder do PL na Casa, Sóstenes Cavalcante (RJ), que há outros 12 requerimentos que aguardam análise dele e que daria uma resposta no futuro sobre o que faria.

Uma pode ser aberta em sessão do Congresso Nacional, após leitura do presidente Davi Alcolumbre (União-AP). Isso aconteceu, em 2023, com a CPMI do 8 de Janeiro, mobilizada pela oposição.

Lupi pediu demissão nesta sexta-feira, 2, em razão da crescente pressão que envolve o escândalo dos descontos indevidos de aposentados e pensionistas do INSS. Para o lugar de Lupi, Lula convidou o atual secretário-executivo da pasta, Wolney Queiroz, que também é um quadro do PDT de Carlos Lupi.

A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) realizaram, em 23 de abril, a Operação Sem Desconto, fruto de uma investigação que aponta um esquema fraudulento de deduções indevidas em benefícios de aposentados e pensionistas do INSS.

Associações e sindicatos faziam descontos em folha dos benefícios a partir de acordos de cooperação técnica firmados com o INSS. Em muitos casos, as retiradas mensais ocorriam sem qualquer aval ou ciência do beneficiário.

O valor estimado em cobranças irregulares soma R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024, segundo a PF. Se retroagir a data até 2016, esse valor sobe para quase R$ 8 bilhões referentes a descontos sem autorização. Apesar de o esquema não ter sido instituído neste governo, a investigação aponta um salto no volume descontado a partir de 2023.

A investigação da PF não aponta responsabilidade de Carlos Lupi no êxito das fraudes. No entanto, ele tem sido cobrado por uma suposta omissão diante de alertas recebidos desde 2023 de órgãos como o Tribunal de Contas da União (TCU), Controladoria-Geral da União (CGU), do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), de auditores do próprio INSS e da imprensa. O inquérito da PF foi aberto a partir de reportagens do site Metrópoles.

Lupi rechaça as acusações de omissão e alega que uma auditoria realizada pelo órgão seria a "prova cabal" de que ele agiu para evitar desvios indevidos no pagamento de aposentadorias. A auditoria foi realizada depois do surgimento das denúncias.