Arte preta no acervo de Alicia Keys e Swizz Beatz é exibida ao público nos EUA

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A estrela mundial do R&B Alicia Keys e seu parceiro, o influente produtor de hip-hop Swizz Beatz, são dois apaixonados por arte. A coleção do casal, composta principalmente de obras de artistas negros americanos, ou da "diáspora africana", poderá ser apreciada pelo público no Museu do Brooklyn, em Nova York, a partir deste sábado, 10.

A exposição recebe o nome de "Gigantes". Não apenas pelo tamanho de algumas obras, mas porque "nós queremos que vocês vejam os gigantes, em cujos ombros nos apoiamos", destacou a ganhadora de 16 Grammys, os mais populares pela canção Fallin' (2001), ou pela icônica Empire State of Mind, parceria com Jay-Z.

Os "gigantes" de Alicia Keys e Swizz Beatz incluem nomes como o pintor nova-iorquino Jean-Michel Basquiat (1960-1988), o fotógrafo maliano Malik Sidibé (1936-2016) e o fotógrafo e cineasta americano Gordon Parks (1912-2006), que documentou a segregação racial e o movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos.

A exposição também apresenta trabalhos de artistas contemporâneos, como Kehinde Wiley e Amy Sheldon, conhecidos por seus retratos de Barack e Michelle Obama, na National Portrait Gallery de Washington, onde predominam figuras negras.

Outro destaque é o pintor de Botsuana radicado nos Estados Unidos Meleko Mokgosi, cujas pinturas monumentais da exibição "Bread, Butter and Power" (Pão, Manteiga e Poder) exploram as relações de poder e gênero nas sociedades do sul da África.

A coleção de Keys e Beatz também inclui Kwame Brathwaite (1938-2023), fotógrafo do movimento "Black is Beautiful", e Jamel Shabazz, que capturou em suas lentes a atmosfera em torno do movimento hip-hop em Nova York.

Pioneiro

Nascido no Bronx, Swizz Beatz, cujo nome verdadeiro é Kasseem Daoud Dean, é DJ e produtor. Seu primeiro sucesso veio antes dos 20 anos, quando lançou a carreira do rapper DMX.

Nessa época, começou a adquirir obras de arte e, agora, é considerado um pioneiro na exposição de artistas negros - alguns dos quais tiveram um aumento significativo em seus preços, nos últimos anos.

Muito próximo do Museu do Brooklyn, Swizz Beatz faz parte de seu conselho de administração.

Entre os artistas com obras em exposição, está o ex-jogador de futebol americano e pintor Ernie Barnes (1938-2009). Seu acrílico sobre tela Sugar Shack, que aparece na capa do álbum I Want You, do falecido "Príncipe do Soul" Marvin Gaye, atingiu US$ 15,2 milhões (R$ 75,9 milhões) em um leilão de 2022. Esse valor é dez vezes superior ao inicialmente estimado.

"Coletamos artistas de todo o mundo. A razão pela qual nos concentramos em artistas pretos (...) é porque nossa própria comunidade não colecionava esses gigantes", explica Swizz Beatz, em um vídeo.

"Mundo muito mais complexo"

A exposição também ilustra a tentativa das instituições culturais de alcançar um público mais jovem e diversificado.

"Na história da arte, as narrativas sempre tendem a se concentrar em histórias 'eurocêntricas'. A maioria dos museus enfrenta o fato de que essas histórias impregnaram suas coleções por gerações, até séculos", explica a curadora de arte moderna e contemporânea do Museu do Brooklyn, Kimberli Gant.

"Por meio das exposições que apresentam e das obras de arte que adquirem, (os museus) tentam mostrar que o mundo é muito mais complexo. É muito mais desorganizado. Tem mais nuances, talvez, do que mostraram as coleções que conservaram por muito tempo", acrescentou.

No sábado, durante a abertura ao público, a coleção de Alicia Keys e Swizz Beatz substituirá uma exposição sobre outro ícone da cultura hip-hop em Nova York, o cineasta Spike Lee.

Isso acontece enquanto o Museu Whitney de Manhattan presta homenagem ao pintor Henry Taylor, adorado por estrelas da música como Rihanna e Jay-Z, e que retrata a vida dos americanos negros.

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A ministra Gleisi Hoffmann, que assumiu a Secretaria de Relações Institucionais nesta semana, defendeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva que vem sendo criticado por ter afirmado que escolheu uma "mulher bonita" para fazer a articulação política do governo e diminuir a distância de governo e Congresso. Ela reiterou o histórico do presidente de incentivar que mulheres ocupem posições de poder.

"Gestos valem mais que palavras. E o presidente Lula tem um histórico que o credencia junto na luta das mulheres por espaços de comando e poder. Foi o presidente que incentivou uma mulher a ser presidente da República, o presidente que incentivou uma mulher a ser presidenta do seu partido, que nomeou presidenta da Caixa, do Banco do Brasil, STM (Superior Tribunal Militar), que mais nomeou ministras. Esse histórico do presidente diz tudo", afirmou a ministra em breve conversa com jornalistas após reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta quinta-feira, 14.

A fala da ministra repete boa parte dos argumentos que ela usou em uma publicação no X nesta quinta-feira, 13. Gleisi disse estar indignada com a postura da extrema-direita de bolsonaristas. "Eles se utilizam disso para fazer um jogo baixo, sujo, sórdido, quando, na realidade, eles, sim, eles e Bolsonaro, sempre foram contra as mulheres. Sempre foram discriminatórios, sempre foram misóginos e machistas. Isso a gente não pode aceitar. Isso vai ter resposta", afirmou.

A declaração de Lula foi dada na quinta-feira, 12, e motivou uma série de ataques de opositores que o acusam de ter sido machista.

O vice-prefeito de São Paulo, Ricardo Mello Araújo (PL), afirmou nesta quarta-feira, 12, que a concentração de dependentes químicos no bairro do Belém, na zona leste da cidade, é "culpa" do padre Júlio Lancellotti, que "está fazendo um desserviço" na região. O padre repercutiu a declaração do vice-prefeito, afirmando estar "perplexo".

O comentário foi feito por Mello Araújo numa publicação no perfil dele no Instagram. A captura de tela da declaração circula nas redes sociais na manhã desta quinta-feira, 13.

O vice-prefeito disse ter se baseado em relatos de moradores do Belém. A Prefeitura de São Paulo foi procurada para comentar, mas não se pronunciou.

O comentário foi realizado em uma publicação em que Mello Araújo mostra um imóvel invadido na rua dos Gusmões, no centro da cidade, que será demolido para a construção de habitações sociais.

Uma seguidora do vice-prefeito convidou-o a visitar a "nova Cracolândia" do bairro do Belém. Ao que o vice-prefeito responde: "culpa do Lancelot (sic), está fazendo um desserviço".

A região da Luz ainda concentra o maior "fluxo" da Cracolândia, como é conhecida a concentração de dependentes químicos, mas outros bairros da capital paulista, como o Belém, têm registrado o aumento de "fluxos" locais.

O padre Júlio Lancellotti rebateu o comentário em uma publicação no Instagram nesta quinta. "Perplexo com comentário do vice prefeito de São Paulo @melloaraujo10 que me coloca em situação de risco", escreveu.

Padre foi pivô de pedido de CPI

Em janeiro de 2024, o padre Júlio Lancellotti foi pivô de um pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal de São Paulo. O vereador Rubinho Nunes (União Brasil) propôs a instalação de uma "CPI das ONGs" na Câmara paulistana. A comissão, segundo o pedido de abertura, pretendia investigar entidades sem fins lucrativos que recebem recursos públicos da Prefeitura paulistana.

Apesar de não ter o nome citado no requerimento de instauração, Rubinho Nunes propagou que, uma vez instalada, a CPI teria como um dos alvos Júlio Lancellotti. A menção ao padre repercutiu de forma negativa e emperrou um acordo entre os líderes da Casa para a instalação da comissão.

Em março, a proposta de Rubinho teve o escopo alterado para uma investigação contra abuso e assédio sexual contra pessoas vulneráveis, usuárias de drogas e em situação de rua na capital, mas não avançou desde então.

Ricardo Mello Araújo foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para compor a chapa de Ricardo Nunes (MDB) nas eleições de 2024. Ele é ex-comandante da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), braço da Polícia Militar paulista especializado no combate ao crime organizado.

Em 2020, durante o governo Bolsonaro, Mello Araújo foi nomeado pelo então presidente para a direção da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), entreposto de alimentos localizado na capital paulista, administrado pelo governo federal.

Mello Araújo foi cotado para assumir uma secretaria municipal de forma acumulativa ao cargo de vice. As pastas de Projetos Estratégicos e de Transportes emergiram como opções ao ex-policial, mas as nomeações não foram adiante. Em janeiro, a Prefeitura afirmou que, apesar da continuidade de Edsom Ortega no comando dos Projetos Estratégicos, o secretário atuaria em conjunto com Mello Araújo.

O Congresso Nacional analisa nesta quinta-feira, 13, o projeto de resolução que cria novas regras sobre emendas parlamentares e o funcionamento das consultorias de Orçamento do Congresso. A proposta é o item único da pauta da sessão convocada pelo presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), para as 10 horas. A sessão, no entanto, ainda não havia começado por volta das 11h20.

O projeto tem o objetivo de regulamentar alguns pontos acertados com o Supremo Tribunal Federal no fim de fevereiro. Há, porém, trechos polêmicos que podem reduzir a transparência sobre o Orçamento.

Como mostrou o Estadão, o texto diminui a fiscalização sobre as emendas ao criar a figura do "Secretário Especial de Orçamento Público".

Indicado pelo presidente do Senado, esse secretário terá controle sobre os consultores de Orçamento da Câmara e do Senado, caso o texto seja aprovado como está. Hoje, os consultores têm autonomia e com frequência apontam problemas em projetos e questões no tema. No novo modelo, o trabalho deles estará submetido às "políticas e critérios" do novo Secretário Especial, indicado pelo presidente do Senado.

Entidades que atuam no tema da transparência da administração pública publicaram nota criticando o projeto de resolução para disciplinar as emendas parlamentares. Para a Transparência Internacional, a Transparência Brasil e o Contas Abertas, as regras propostas por Alcolumbre representam a "volta à época dos anões do Orçamento, agora com cifras bilionárias". No ano passado, o Congresso destinou quase R$ 45 bilhões em emendas parlamentares.