Declaração de Lula sobre Israel é grito de protesto e crítica dirigida a Netanyahu, diz Padilha

Internacional
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O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou na noite desta segunda-feira, 19, que a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que comparou a ação de Israel na Faixa de Gaza com o Holocausto é "um grito de protesto" contra a violência que acontece na região. Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Padilha pontuou que as críticas de Lula não foram ao povo judeu, mas o governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

 

Para o ministro, "o grande fato diplomático" do dia é a posição dos Estados Unidos, que apresentaram nesta segunda para o Conselho de Segurança Organização das Nações Unidas (ONU) uma proposta de cessar-fogo entre Palestina e Israel, e não o "espetáculo" de Netanyahu.

 

"O grande fato político diplomático do dia de hoje não é o espetáculo diplomático que tentou fazer o chefe de governo atual Netanyahu", disse o ministro. Ao comentar sobre o cessar fogo proposto pelos EUA, Padilha chamou o posicionamento de histórico e "quase inédito".

 

"Até os Estados Unidos, que sempre foram um aliado histórico de Israel, que vetou a proposta de resolução apresentada pelo governo brasileiro no Conselho de Segurança [...] até os Estados Unidos reconhecem hoje que não é possível admitir a continuidade da operação militar pelo primeiro ministro Netanyahu", disse. "Torço para a posição dos EUA acabe com obstáculos na ONU para cessar-fogo de Israel", completou

 

Lula criticou no domingo, 18, durante entrevista coletiva em Adis Abeba, capital da Etiópia, a operação israelense contra o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza. Lula fez um paralelo entre a morte de palestinos com o extermínio de judeus feito pelo líder da Alemanha nazista, Adolf Hitler. Durante o regime nazista, que ocorreu entre 1933 e 1945, 6 milhões de judeus foram mortos.

 

Em resposta à fala de Lula, Netanyahu disse, neste domingo que "comparar Israel ao Holocausto nazista e Hitler é cruzar uma linha vermelha". "As palavras do presidente do Brasil são vergonhosas e sérias. São sobre banalizar o Holocausto e tentar ferir o povo judeu e o direito Israelense de se defender."

 

Outra consequência das declarações do presidente brasileiro veio nesta segunda-feira. O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, afirmou que Lula é considerado persona non grata em Israel enquanto não se desculpar pelas falas.

 

Impeachment

 

As falas de Lula geraram, por parte da oposição, um pedido de impeachment, processo que também foi minimizado por Padilha. "Ele não vai progredir, de tão desqualificado que ele é", afirmou, dizendo que, para 2024, o Executivo tem a expectativa de repetir o "bom sucesso" da relação entre o governo federal e o Congresso Nacional.

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A Justiça do Distrito Federal negou nesta segunda-feira, 24, uma ação por danos morais movida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contra o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP). Bolsonaro pedia uma indenização de R$ 50 mil e retratação pública por falas que o ligariam ao assassinato da ex-vereadora Marielle Franco. A defesa do ex-presidente ainda pode recorrer da decisão.

O juiz Júlio César Lérias Ribeiro, do 6º Juizado Especial Cível de Brasília, entendeu que os fatos descritos no processo estavam prescritos. Eles ocorreram entre 2018 e 2021, mas o prazo para ações de indenização por danos morais é de três anos. A informação é do portal Metrópoles.

Na decisão, o magistrado escreveu que as declarações de Boulos não ultrapassaram os limites da crítica política. Elas também estariam protegidas pelo direito à liberdade de expressão e pela imunidade parlamentar do deputado federal, já que ocorreram no exercício do mandato.

Na ação, Bolsonaro apresentou publicações do X (antigo Twitter) e uma entrevista de Boulos à CNN, em que ele teria feito "ilações" e "acusações" sobre uma suposta participação do ex-presidente no assassinato da então vereadora do PSOL.

Na entrevista, Boulos disse: "O que levaria Bolsonaro, se não tivesse nada a esconder em relação ao assassinato da Marielle Franco, a colocar sob sigilo telegramas do Itamaraty que tratam do caso Marielle? Quem deve teme!".

Já em postagens na rede social, o deputado escreveu: "O pacote 'anticrime' de Moro reforça sombrias aproximações entre o governo Bolsonaro e Duterte, das Filipinas que é acusado de, no passado, ter liderado 'esquadrões da morte', semelhantes à milícia suspeita de matar Marielle Franco e de ter ligações com a família de Bolsonaro".

O juiz ressaltou que as declarações foram feitas em perfis institucionais de Boulos, "utilizadas exclusivamente para divulgar sua atividade político-parlamentar". As falas, segundo o magistrado, estariam relacionadas ao debate político e cobertas pela garantia da imunidade parlamentar.

Bastante aplaudida, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, discursou por mais de 30 minutos em evento nesta terça-feira, 25, no Palácio do Planalto, em que fez questão de cumprimentar diversos integrantes da equipe do ministério, Fiocruz e órgãos relacionados à pasta. A cada citação, Nísia recebia aplausos da plateia. Ao final da fala, a ministra assinou parcerias para fortalecimento da produção e inovação de vacinas e biofármacos e pediu para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estava sentado, se levantasse para participar de fotos com os documentos assinados.

"Presidente, venha você também, presidente", disse a ministra. O evento ocorreu nesta terça-feira, 25, no Palácio do Planalto e acontece diante da expectativa de que a ministra seja demitida da pasta. O presidente não discursou.

"Agradeço ao presidente e a todos que participaram dessa iniciativa, por chegarmos a esse resultado", disse a ministra, ao final da fala. "Muito obrigada e viva o SUS", concluiu o discurso. Nísia, então, foi aplaudida de pé.

Em um determinado momento do discurso, o embaixador Fernando Igreja, chefe do cerimonial da Presidência, foi até o chefe do Executivo e o entregou uma pasta. Na conversa, que durou alguns instantes, Lula apontou para o relógio. Em diversas cerimônias, Lula já contou que combinou com os ministros do governo de não falarem por mais de cinco minutos em eventos. A fala de Nísia, porém, ultrapassou 30 minutos.

A chefe da Saúde também foi ovacionada ao chegar à cerimônia. Ao ser anunciada, as pessoas da plateia gritaram e bateram fortes palmas, em um sinal de apoio ao seu nome no governo.

A expectativa é de que Lula converse nesta terça-feira com a ministra para falar sobre sua demissão do cargo. O favorito para ocupar a chefia da Saúde é o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

Pesquisa CNT divulgada nesta terça-feira, 25, mostrou que 69,4% dos brasileiros não tiveram conhecimento sobre a eleição realizada para a escolha dos presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, em fevereiro deste ano. De acordo com a sondagem, somente 28,8% dos brasileiros tiveram conhecimento da realização das eleições para esses cargos, e um total de 1,8% não soube ou não respondeu.

O levantamento indicou ainda que, para 68,6% dos brasileiros, a escolha dos presidentes do Senado e da Câmara afetam diretamente a vida da população. Na opinião de 21,5% dos entrevistados, essas eleições não afetam diretamente a população, e 9,5% não souberam ou não responderam.