Abertura de capital da rede social de Trump pode render R$ 15 bi ao ex-presidente

Internacional
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Donald Trump está retornando ao mercado de ações, e está prestes a receber um pagamento considerável por isso. Os acionistas da Digital World Acquisition Corp., uma empresa de fachada de capital aberto, aprovaram um acordo de fusão com a empresa de mídia de Trump em uma votação na sexta-feira, 22. Isso significa que o Trump Media & Technology Group, cujo principal produto é o site de rede social Truth Social, começará a ser negociado em breve no mercado de ações Nasdaq.

 

Trump deverá deter a maior parte da empresa combinada, ou seja, quase 79 milhões de ações. Multiplique esse valor pelo preço de fechamento das ações da Digital World na sexta-feira, de US$ 36,94, e o valor total de sua participação poderá chegar a quase US$ 3 bilhões (R$ 15 bilhões).

 

A luz verde chega em um momento em que o presumível candidato republicano à presidência está enfrentando sua batalha legal mais cara até o momento: uma sentença de US$ 454 milhões em um processo por fraude. No entanto, Trump não poderá sacar os lucros do negócio imediatamente, a menos que o conselho da empresa faça alterações em uma cláusula de "lock-up" que impede que os membros da empresa vendam ações recém-emitidas por seis meses. A campanha presidencial de Trump não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

 

Quando uma empresa de fachada de capital aberto concorda em comprar uma empresa privada, a empresa-alvo assume seu lugar em uma Bolsa de Valores quando a combinação é aprovada pelos acionistas. Se a atividade recente das ações da Digital World for alguma indicação, os acionistas da Trump Media poderão ter uma viagem turbulenta. Muitos dos investidores da Digital World são pequenos investidores que são fãs de Trump ou estão tentando lucrar com a mania em torno do ex-presidente, em vez de grandes investidores institucionais e profissionais.

 

Esses acionistas ajudaram as ações a mais do que dobrar este ano, na expectativa de que a fusão fosse concretizada. Mas, na sexta-feira, as ações perderam quase 14%. A incursão anterior de Trump no mercado de ações não terminou bem.

 

A Trump Hotels and Casino Resorts abriu seu capital em 1995 com o símbolo DJT - o mesmo símbolo com o qual a Trump Media será negociada. Em 2004, a empresa de cassinos de Trump entrou com pedido de proteção contra falência e foi retirada da Bolsa de Valores de Nova York. Antes da aprovação de sexta-feira, os registros regulatórios da Digital World listaram muitos dos riscos que seus investidores enfrentam, bem como os riscos do proprietário da Truth Social quando a Trump Media também abrir seu capital.

 

Um risco, segundo a empresa, é que Trump teria o direito de votar em seu próprio interesse como acionista controlador - o que nem sempre pode ser do interesse de todos os acionistas.

 

A Digital World também citou a alta taxa de fracasso de novas plataformas de mídia social, bem como a expectativa da Trump Media de que perderia dinheiro com suas operações "em um futuro próximo".

 

A Trump Media perdeu US$ 49 milhões nos primeiros nove meses do ano passado, quando obteve apenas US$ 3,4 milhões em receita e teve que pagar US$ 37,7 milhões em despesas com juros.

 

Os acionistas da DWA também votaram na sexta-feira para aprovar uma lista de sete pessoas, incluindo o filho do ex-presidente Donald Trump Jr. para ocupar assentos no conselho da Trump Media. Entre as outras pessoas estão o ex-deputado republicano Devin Nunes, que também será o CEO da empresa; Robert Lighthizer, que atuou como representante comercial de Trump nos EUA; Linda McMahon, que dirigiu a Administração de Pequenas Empresas durante o governo Trump; e Kashyap "Kash" Patel, assessor de segurança nacional da Casa Branca durante o governo Trump.

 

A Trump Media e a Digital World anunciaram pela primeira vez seus planos de fusão em outubro de 2021. Além de uma investigação federal, o acordo enfrentou uma série de ações judiciais que levaram à votação de sexta-feira.

 

A Truth Social foi lançada em fevereiro de 2022, um ano depois que Trump foi banido das principais plataformas sociais, incluindo Facebook e Twitter, a plataforma agora conhecida como X, após a insurreição de 6 de janeiro no Capitólio dos EUA. Desde então, ele foi readmitido em ambas, mas manteve a Truth Social como um megafone para sua mensagem. Trump promoveu a Truth Social em uma postagem na rede de mídia social na noite de quinta-feira, dizendo: "A TRUTH SOCIAL É MINHA VOZ E A VERDADEIRA VOZ DA AMÉRICA!!! MAGA2024!!!".

 

Até o momento, a Trump Media não divulgou os números de usuários da Truth Social. Mas a empresa de pesquisa Similarweb estima que ele tinha cerca de 5 milhões de usuários ativos em dispositivos móveis e na internet em fevereiro. Isso está muito abaixo dos mais de 2 bilhões do TikTok e dos 3 bilhões do Facebook - mas ainda é maior do que outros rivais de "alt-tech" como o Parler, que está fora do ar há quase um ano, mas está planejando um retorno, ou o Gettr, que teve menos de 2 milhões de visitantes em fevereiro.

 

Um mergulho no mercado público significa que a empresa de mídia social de Trump logo terá que divulgar mais detalhes. As empresas privadas são responsáveis perante seus proprietários, enquanto as públicas são responsáveis perante os acionistas que possuem as ações da empresa. Uma vez aberta ao público, a Trump Media será obrigada a informar suas finanças trimestrais, bem como outras notícias relevantes aos órgãos reguladores federais.

 

Nesse sentido, a Truth Social enfrenta alguns dos mesmos problemas que a X vem enfrentando - anunciantes tradicionais que não querem ser associados a discursos de ódio e outros conteúdos controversos./ Fonte: Associated Press.

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Ex-chefe da Casa Civil de Jair Bolsonaro (PL), o senador Ciro Nogueira (PP-PI) visitou o ex-presidente nesta terça, 4, para conversar sobre as eleições de 2026. O encontro ocorreu em Angra dos Reis (RJ), e também contou com a presença do ex-ministro das Comunicações de Bolsonaro, Fábio Faria, e do secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite.

"Vamos que vamos, presidente, vamos voltar", disse Nogueira no vídeo publicado em suas redes sociais, no qual ele mostra Bolsonaro, Derrite e Faria. Na legenda, o senador escreveu ainda: "Uma visita de carnaval com olhar em 2026".

Jair Bolsonaro segue inelegível até 2030. No mês passado, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou ele e mais outras 33 pessoas no inquérito do golpe. Segundo o documento apresentado ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-mandatário articulou para dar um golpe de Estado. O ex-presidente tem até esta quinta-feira para apresentar sua defesa à Corte.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes negou nesta quinta-feira, 6, um novo pedido da defesa do general Walter Braga Netto por mais prazo para apresentar defesa prévia na denúncia contra ele apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por tentativa de golpe de Estado. O prazo termina nesta sexta-feira, 7.

Relator da ação na Corte, Moraes já havia negado o pedido anterior, e a defesa do militar recorreu na quarta-feira, 5. Na nova solicitação, a defesa de Braga Netto solicitou nova análise ou, então, que um novo prazo seja julgado pela Primeira Turma do Supremo.

O general Braga Netto é um dos 34 denunciados pelo planejamento e tentativa de execução de um golpe de Estado, lista que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Eles são acusados de crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito; organização criminosa armada e dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União.

Como se trata da defesa prévia, a apresentação nessa etapa do processo, em que a denúncia ainda não foi aceita, não é obrigatória. Ela funciona como uma tentativa de influenciar o STF a não aceitar a denúncia da PGR. Caso os advogados do ex-ministro da Defesa não se manifestem dentro do prazo, ele fica sem defesa nessa etapa do processo.

Os advogados de Braga Netto, José Luis Oliveira Lima e Rodrigo Dall'Acqua, pediam o dobro dos 15 dias concedidos pelo STF. Entre os argumentos, a ausência de tempo para examinar o grande volume de provas e documentos que serviram de base para a denúncia.

Eles também alegavam que Braga Netto teria o direito de apresentar sua defesa depois do tenente-coronel Mauro Cid, que firmou acordo de delação premiada.

"O agravo regimental não terá efeito suspensivo, de modo que o prazo para a Defesa de Walter Braga Netto apresentar a resposta, nos termos do art. 4º da Lei 8.038/90, se encerrará amanhã, no dia 7/3/2025, às 23h59min", escreveu Moraes.

Ao negar a extensão de prazo no pedido anterior, Moraes entendeu não haver previsão legal para manifestação após o delator. A garantia dada pelo artigo 4 da Lei de Colaboração Premiada, que embasa o pedido, se aplicaria somente após a aceitação ou não da denúncia, quando seria aberta uma ação penal.

A defesa do candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022 diz não ter acesso integral às provas, inclusive a processos indicados pela PGR na denúncia e que ainda não teriam sido disponibilizados. Segundo a Agência Brasil, eles disseram que o material recebido teria mais de mil arquivos a menos que o entregue a outra defesa.

O ministro Alexandre de Moraes negou que haja impedimento no acesso integral às provas e afirmou que a defesa "parece não ter consultado os autos".

O Estadão entrou em contato com a defesa do general Braga Netto, mas não havia obtido retorno até a publicação deste texto.

O sucesso de Ainda Estou Aqui, premiado de forma inédita com o Oscar de Melhor Filme Internacional no último domingo, 2, motivou a apresentação de projetos em defesa do cinema nacional no Congresso. Na Câmara dos Deputados existem 14 matérias com a temática, protocoladas entre novembro de 2024 e março de 2025.

Entre as iniciativas, estão incentivos à indústria cinematográfica, sessões solenes e moções de louvor em homenagem ao elenco e à direção do longa-metragem premiado.

O deputado federal Carlos Veras (PT-PE) apresentou na última sexta-feira, 28, um projeto em que sugere a criação da "Lei Ainda Estou Aqui". A proposição institui o Cadastro Nacional de Cinemas Tradicionais - definidos por ele como cinemas de rua, históricos, ou fora dos grandes circuitos de exibição.

O cadastro desses espaços é sugerido pelo parlamentar para facilitar a implementação de políticas públicas visando a manutenção do funcionamento das salas. Conforme a proposta, os locais teriam acesso à distribuição de produções audiovisuais nacionais premiadas desde a semana de estreia.

Segundo o autor, o objetivo é criar condições para que os cinemas tradicionais "disputem de maneira mais justa com as grandes redes comerciais, promovendo diversidade e equilíbrio no mercado cinematográfico". Carlos Veras também cita o fortalecimento do setor audiovisual brasileiro. O projeto deve passar por análise nas comissões da Casa.

As deputadas Luciene Cavalcante (PSOL-SP) e Juliana Cardoso (PT-SP) sugeriram em fevereiro, por meio de projetos de indicação, que o livro Ainda Estou Aqui, de Marcelo Rubens Paiva, seja distribuído de forma gratuita nas escolas brasileiras. O filme de Walter Salles que levou a estatueta do Oscar é baseado no livro.

A indicação é como um parlamentar sugere a manifestação de uma ou mais comissões, ou do Poder Executivo, acerca de um assunto, visando a elaboração de projeto ou a adoção de uma providência.

Já a deputada Adriana Accorsi (PT-GO) propôs a obrigatoriedade da exibição do filme nas escolas de ensino médio da rede pública e privada em todo o território nacional. O projeto de lei prevê a realização de atividades pedagógicas complementares, com foco na "conscientização sobre temas sociais, históricos e de direitos humanos".

Os demais projetos protocolados na Câmara com a temática se referem a pedidos de moções de aplausos ao longa-metragem e ao diretor e a realização de sessões solenes. As reuniões são para homenagear o elenco e a direção do filme e também a família do ex-deputado Rubens Paiva.

No Senado, o líder do PT, senador Rogério Carvalho (SE), protocolou um projeto para incluir o nome de Rubens Paiva no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, que fica no Panteão da Pátria, na Praça dos Três Poderes , em Brasília.

Pedidos para a realização de sessão especial na Casa, apresentados pelos senadores Randolfe Rodrigues (PT-AP) e Leila Barros (PDT-DF), foram aprovados.

'Ainda Estou Aqui'

O filme narra a separação da família Paiva após o desaparecimento de Rubens Paiva durante a ditadura militar, em 1971. Ele foi torturado e morto pelo regime, e seus restos mortais nunca foram encontrados.

O longa se debruça especialmente nos esforços da mulher do ex-deputado, Eunice Paiva, que se tornou uma reconhecida ativista pelos direitos humanos, em especial dos povos indígenas.

Além do Oscar, conquista inédita para uma produção brasileira, a atriz Fernanda Torres, que vive Eunice no longa, conquistou o Globo de Ouro de Melhor Atriz de Drama pela performance. No Festival de Veneza, a obra levou o prêmio de Melhor Roteiro.

Segundo a Agência Nacional do Cinema (Ancine), Ainda Estou Aqui ocupa o terceiro lugar de maior bilheteria nacional desde 2018. O filme de Walter Salles fica atrás de Minha Mãe é uma Peça 3 (2018) e Nada a Perder (2019).