Aliança opositora da Venezuela registra candidato provisório após veto a Corina

Internacional
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A principal aliança opositora da Venezuela, a Plataforma Unitária Democrática (PUD), conseguiu registrar uma candidatura para as eleições presidenciais de 28 de julho, após denunciar obstáculos no sistema de inscrição, informou nesta terça-feira, 26, a autoridade eleitoral, controlada pelo chavismo. A PUD disse que fez um registro provisório de outro nome, que pode ser substituído após 1º de abril.

 

Elvis Amoroso, presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), anunciou o nome de Edmundo González Urrutia na lista de candidatos inscritos e depois o do partido Mesa da União Democrática (MUD), que absorveu a atual Plataforma Unitária Democrática (PUD). Corina Yoris, indicada por María Corina Machado para ser a candidata, ficou de fora sem que até agora tenha sido apresentada alguma explicação.

 

A PUD disse que registrou provisoriamente Edmundo González Urrutia dada a "clara impossibilidade" de nomear Corina Yoris. Por meio da rede social X (antigo Twitter), a oposição disse que tomou essa decisão para se manter dentro da rota eleitoral.

 

"Decidimos registrar provisoriamente o presidente do conselho do partido Mesa da União Democrática, o cidadão Edmundo González Urrutia, a fim de preservar o exercício dos direitos políticos que correspondem à nossa organização política até que possamos registrar nossa candidatura unida", disse.

 

González Urrutia poderá ser substituído a partir de 1º de abril, desde que não tenha nenhuma sanção administrativa ou impedimento previsto em lei, e que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) admita a candidatura que o substitua.

 

Na madrugada desta terça, a oposição denunciou que as autoridades eleitorais não permitiram o registro da candidatura de Corina Yoris, negando-lhe acesso ao sistema de inscrição.

 

O prazo para inscrição havia iniciado na quinta-feira, 21, e acabou às 23h59 de segunda-feira, 25. As candidaturas deveriam ser feitas em um site do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). A Plataforma Unitária exigiu que o prazo fosse estendido, mas o presidente do CNE havia descartado os pedidos iniciais de prorrogação.

 

Mas na tarde desta terça, a PUD informou que conseguiu registrar o novo nome depois que o órgão eleitoral lhe concedeu um novo período de horas para realizar o processo, sem esclarecer quantas,

 

Desde que foi confirmado o dia 28 de julho como data das eleições - mesmo dia do aniversário de Hugo Chávez - a oposição vinha denunciando o apertado prazo para inscrições. Especialmente considerando que a oposição teria de decidir até lá um nome para substituir Corina Machado, inabilitada de concorrer a cargos públicos por 15 anos. A homônima Corina Yoris foi anunciada na sexta-feira, 22.

 

Crítica do Brasil

 

Por causa do impedimento de Corina Yoris, o ministério das Relações Exteriores criticou a ditadura de Nicolás Maduro. "Com base nas informações disponíveis, observa que a candidata indicada pela Plataforma Unitaria, força política de oposição, e sobre a qual não pairavam decisões judiciais, foi impedida de registrar-se, o que não é compatível com os acordos de Barbados. O impedimento não foi, até o momento, objeto de qualquer explicação oficial", disse a chancelaria, em nota.

 

O comunicado, no entanto, ressalta que o Planalto é contra a retomada de sanções à Venezuela, como sinalizado no começo do ano por autoridades americanas.

 

É a primeira vez desde o início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o governo critica abertamente a ditadura chavista.

 

Conforme antecipou a Coluna do Estadão, o Planalto estava irritado com a posição chavista. No ano passado, Maduro e a oposição assinaram um acordo, com apoio do Brasil, dos Estados Unidos e da União Europeia, que previa eleições livres e justas na Venezuela.

 

Apesar do acordo, Maduro inabilitou María Corina Machado, a principal líder da oposição na disputa. A decisão provocou críticas de americanos e europeus. A diplomacia brasileira, no entanto, avaliou na ocasião que era necessário esperar o desenrolar das movimentações políticas na Venezuela.

 

Em nota, o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, repudiou a declaração do Itamaraty sobre as eleições e disse que o comunicado parecia "ter sido ditado pelo Departamento de Estado dos EUA, onde são emitidos comentários carregados de profundo desconhecimento e ignorância sobre a realidade política na Venezuela".

 

A chancelaria cita nominalmente Lula. "O governo bolivariano agradece as manifestações de solidariedade do presidente Lula da Silva, que de maneira direta e sem ambiguidades condenou o bloqueio criminoso e as sanções impostas de forma ilegal pelo governo dos Estados Unidos", diz o texto.

 

Outro candidato

 

O governador do estado venezuelano de Zulia, o opositor Manuel Rosales, disse nesta terça-feira que apresentou sua candidatura para as eleições para preencher o vácuo depois que a PUD não conseguiu registrar a historiadora Corina Yoris. Rosales, que é ex-adversário de Hugo Chávez, registrou seu nome no último minuto e vai concorrer sem o apoio expresso de Corina Machado, essencial para ter chances de vitória

 

"Estive na PUD o tempo todo, fomos promotores das eleições primárias, apoiamos os resultados, apoiamos María Corina Machado", disse Rosales em entrevista coletiva. No entanto, ele disse que não poderia "fechar a porta" para os venezuelanos e deixá-los sem escolha.

 

Corina Machado ratificou que permanecerá na corrida eleitoral, sem explicar como fará isso, dada a impossibilidade de registrar sua candidatura dentro do prazo estabelecido pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Em relação à candidatura de Rosales, a ex-deputada evitou responder e insistiu em várias ocasiões que sua candidata e a da PUD ainda é Corina Yoris, apesar de ela não ter conseguido se registrar no sistema do CNE.

 

Este é o melhor cenário para Nicolás Maduro, que disputará um terceiro mandato de seis anos em meio a baixíssimos índices de popularidade.

 

"Maduro sabe que perde para qualquer candidato da oposição que consiga a unidade e eleve o espírito de participação cidadã", explicou à AFP o analista político Yoel Lugo. "O pior cenário para a oposição é manter o tom de tensão interna [...] aliado à divisão e desmoralização do voto".

 

Além de Maduro e Rosales, candidatou-se o ex-reitor eleitoral Enrique Márquez, que foi membro da PUD, mas agora se autodenomina independente, junto com outros nove candidatos que se apresentam como antichavistas, embora sejam rotulados pela oposição tradicional como "escorpiões", termo usado na Venezuela para denominar "colaboracionistas" do partido no poder.

 

O CNE tem agora a última palavra após os prazos para as impugnações. A entidade deve aprovar as candidaturas e Elvis Amoroso, seu presidente, anunciou que será comunicado o balanço das candidaturas recebidas. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Em outra categoria

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, disse nesta terça-feira, 6, durante evento com empresários do agronegócio, que a regularização fundiária tem avançado e está sendo tratado como prioridade pelo Estado. Ao referir-se a campanhas de ocupações coordenadas de propriedades rurais, como o "carnaval vermelho", o governador afirmou que em São Paulo só tem "carnaval verde e amarelo".

Mencionando avaliações de que seria impossível realizar a regularização fundiária no Pontal do Paranapanema, no extremo oeste do Estado de São Paulo, Tarcísio disse que 50% dos assentamentos já estão regularizados. "A gente vem trazendo isso como uma grande prioridade do governo", comentou em discurso feito durante a abertura de fórum realizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Após acrescentar que não basta só fazer a regularização fundiária, o governador de São Paulo disse que tem trabalhado para fazer com que a agroindústria trabalhe junto com os assentados.

As deficiências de infraestrutura e de falta de irrigação, conforme Tarcísio, estão sendo resolvidas com financiamento. Na esteira da privatização da Sabesp, ressaltou, São Paulo vai dar "a grande virada de chave" com o maior programa de saneamento básico em áreas rurais de sua história. Conforme Tarcísio, graças à atração de capital privado, serão investidos no Estado R$ 70 bilhões em saneamento até 2029.

"Nenhum Estado da federação vai fazer esse esforço, vai fazer o que nós estamos fazendo aqui. E isso, obviamente, já é possível porque a gente está atraindo muito capital privado", declarou Tarcísio, num discurso no qual abordou as oportunidades que se abrem ao Brasil em meio à guerra comercial deflagrada pelo governo americano. "Neste momento, a desorganização global nos abre as portas. Temos o melhor agro do mundo."

O governador disse também que o agronegócio brasileiro, em especial o paulista, será o primeiro a se descarbonizar completamente. O Estado de São Paulo, assinalou, vai ser o primeiro Estado a substituir completamente o diesel, a começar pelas lavouras, que vem empregando mais máquinas e equipamentos movidos a biometano e etanol.

Se as eleições para governador de São Paulo fossem hoje, Tarcísio de Freitas (Republicanos) seria reeleito para mais um mandato no Palácio dos Bandeirantes. Segundo o novo levantamento da Paraná Pesquisas divulgado nesta terça-feira, 6, nos dois cenários em que o atual governador aparece como um dos possíveis candidatos, ele vence com mais de 20 pontos porcentuais de diferença para o segundo colocado. O governador também é o mais citado no cenário espontâneo, em que os nomes não são apresentados ao eleitor.

No primeiro cenário estimulado, Tarcísio tem 42,1% das intenções de voto ante o segundo colocado, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), com 21,1%. Em terceiro, aparece a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), que tem ganhado projeção com a campanha pelo fim da escala de trabalho 6x1, com 9,4% das menções.

Na sequência estão o ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT), com 5,5%, o prefeito tiktoker de Sorocaba (SP) e correligionário de Tarcísio, Rodrigo Manga (Republicanos), com 4,8%, e o ex-prefeito de Santo André Paulo Serra (PSDB), com 4%. O empresário Filipe Sabará (Republicanos), coordenador do plano de governo de Pablo Marçal (PRTB) nas eleições do ano passado pelo comando da capital paulista, aparece com 0,8%. Os que não souberam ou não responderam são 4,1%, e outros 8,2% votariam branco ou anulariam o voto.

Tarcísio afirma que sua intenção é concorrer à reeleição em São Paulo em 2026. Contudo, é um dos principais nomes cotados pela direita para substituir Jair Bolsonaro (PL) na disputa à Presidência. O ex-presidente está inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até 2030.

Nas pesquisas de intenção de voto ao Planalto, Tarcísio e a mulher de Bolsonaro, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), são os nomes mais fortes para concorrer contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Como mostrou o Estadão, o governador já afirmou em conversas reservadas que não vai se desincompatibilizar em abril do próximo ano (prazo máximo para quem concorrerá nas próximas eleições sair do atual cargo que ocupa) porque não quer perder o controle sobre o próprio destino. Tarcísio avalia não haver garantia de que Bolsonaro indicará um nome para sucedê-lo na eleição de 2026 com tanta antecedência. Mesmo assim, vem marcando presença nas manifestações bolsonaristas e tem colado sua imagem como braço direito do ex-presidente.

Em um segundo cenário, em que Alckmin não é listado, mas sim, o ministro do Empreendedorismo, Márcio França (PSB), as posições permanecem inalteradas, apenas com variações numéricas. Tarcísio mantém a liderança, com 46,5%, e França tem 11,9% das intenções de voto. Há duas semanas, o ministro afirmou que pretende disputar o governo de São Paulo no ano que vem.

Quando Tarcísio não é listado e seu nome dá lugar ao do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), o emedebista também fica à frente de França, com 29,5% ante 16,2%. Já quando nem prefeito nem governador estão entre os nomes disponíveis, França pontua 20,6% das intenções, mas brancos e nulos (ou nenhum candidato) é a maior porcentagem, com 25%. Esse é o único cenário em que presidente nacional do PSD e secretário de Tarcísio, Gilberto Kassab, é listado, e teria o voto de 6,7% dos entrevistados.

Cenário espontâneo

No cenário espontâneo da pesquisa, em que os entrevistados devem indicar um nome sem ter acesso a uma lista de possíveis candidatos, Tarcísio aparece com 18,8% das menções. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), tem 1,2%, empatado com o vice-presidente Geraldo Alckmin.

A pesquisa entrevistou 1.700 eleitores, em 85 municípios paulistas, entre os dias 1º e 4 de maio. A margem de erro é de 2,4 pontos porcentuais, e o índice de confiança de 95%.

Aprovação de gestão

A pesquisa também perguntou aos eleitores se aprovam ou desaprovam a administração do governador paulista até o momento. São 66,8% os que dizem aprová-la. Outros 28,9% dizem desaprovar o governo.

O índice pouco variou de acordo com a série histórica da pesquisa, desde novembro do ano passado, quando 68,8% aprovava a gestão de Tarcísio, e 26,7% desaprovava.

Para 49,5%, o trabalho do governador está "ótimo" ou "bom", enquanto 18,4% consideram "ruim" ou "péssimo".

O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados deve analisar nesta terça-feira, 6, o pedido que pode levar à suspensão cautelar do mandato e à abertura de um processo de cassação do mandato de Gilvan da Federal (PL-ES). No último dia 1, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), assinou uma representação contra Gilvan pela suposta quebra de decoro parlamentar ao ofender a ministra Gleisi Hoffmann (PT).

"As falas do representado excederam o direito constitucional à liberdade de expressão, caracterizando abuso das prerrogativas parlamentares, além de ofenderem a dignidade da Câmara dos Deputados, de seus membros e de outras autoridades públicas", diz o documento assinado pelo presidente da Câmara.

O documento afirma que Gilvan proferiu manifestações "gravemente ofensivas e difamatórias contra deputada licenciada para ocupar cargo de ministra de Estado [Gleisi], em evidente abuso das prerrogativas parlamentares, o que configura comportamento incompatível com a dignidade do mandato".

Quais os próximos passos?

Primeiro, o Conselho deve avaliar o pedido de suspensão cautelar do mandato do deputado Gilvan, por um período de seis meses. Posteriormente, será iniciado o processo de instrução, que pode resultar na cassação do mandato. Cabe recurso por parte de Gilvan caso a votação vá a plenário.

O local exato da reunião, marcada para às 11 horas, ainda não foi definido. O deputado Ricardo Maia (MDB-BA) foi designado como relator do caso.

Relembre o caso

Durante sessão da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, realizada no dia 29, o deputado proferiu comentários considerados abertamente insultuosos, desrespeitosos e pejorativos em relação à ministra Gleisi. Ainda naquela ocasião, Gilvan também protagonizou um desentendimento com o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do partido na Câmara.

O documento assinado por Motta argumenta que o deputado do PL ofendeu a ministra ao vinculá-la ao termo "amante", numa referência a uma alcunha que teria sido atribuída à petista em um suposto esquema de favorecimento envolvendo a empresa Odebrecht. Além disso, o parlamentar utilizou a palavra "prostituta" ao fazer tais declarações.

Gilvan fazia referência a chamada "lista da Odebrecht", relacionada à Operação Lava Jato, em 2016. Nessa "super planilha", o nome de Gleisi aparecia entre os de 279 políticos de 22 partidos, sob a suspeita de ter recebido repasses ilegais da construtora.

Dias antes, em discussão na Comissão de Segurança Pública sobre um projeto para desarmar a segurança da Presidência da República, Gilvan da Federal afirmou desejar a morte de Lula.

"Por mim, eu quero mais é que o Lula morra. Eu quero que ele vá para o 'quinto dos inferno' (sic). É um direito meu", disse o deputado federal. "Nem o diabo quer o Lula. É por isso que ele está vivendo aí. Superou o câncer... Tomara que tenha um 'ataque cardíaco'. Porque nem o diabo quer essa desgraça desse presidente que está afundando nosso País. E eu quero mais é que ele morra mesmo. Que andem desarmados. Não quer desarmar cidadão de bem? Que ele ande com seus seguranças desarmados", prosseguiu.

Após a repercussão negativa e pedidos de investigação sobre a conduta do parlamentar, ele pediu desculpas.